Helena Cristina Afonso De Azevedo Osório Ambientes Decorativos
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Helena Cristina Afonso de Azevedo Osório Ambientes Decorativos Românticos em Casas Nobres do Norte de Portugal Porto 2007 Universidade Católica Portuguesa Escola das Artes Dissertação de Mestrado em Artes Decorativas Ambientes Decorativos Românticos das Casas Nobres do Norte de Portugal Expressões Oitocentistas e sua Permanência até ao século XX Por Helena Cristina Afonso de Azevedo Osório Coordenador do Mestrado e Orientador da Dissertação: Prof. Doutor Gonçalo de Vasconcelos e Sousa Porto 2007 Aos meus pais e avós Aos meus filhos Catarina e Afonso À tia Bia 3 Sumário Abreviaturas e siglas..........................................................................................................5 Introdução..........................................................................................................................6 I. Panorama Político, Económico e Social. Contexto Cultural e Artístico de Portugal e Europa ao Tempo do Romantismo..................................................................................12 I.1. Reflexão sobre o Romantismo............................................................................26 I. 2. O Norte português: Influências brasileiras e britânicas……………………….35 II. Espaços e Soluções Decorativas do Romantismo Europeu e Português....................42 II.1. Mudanças originadas pela obra do Palácio da Pena. O contributo de D. Fernando II......................................................................................................................49 II.2. A predominante influência neoclássica e o Palácio da Ajuda..........................58 III. Conceito de Ambiente Decorativo Romântico e Soluções Adoptadas em Casas Nobres do Norte de Portugal..........................................................................................62 III.1. Casa de Villar de Allen, no Porto: coleccionismo cultivado..........................81 III.2. Casa do Visconde da Gândara, no Porto: um exemplo brasileiro..................95 III.3. Casa do Carmo, em Guimarães: reminiscências régias.................................106 III.4. Paço de S. Cipriano, em Guimarães: regresso às origens..............................115 III.5. Casa de Sezim, em Guimarães: papel de Roquemont...................................127 III.6. Casa da Boavista, em Ponte da Barca: romântico inglês…………………..135 IV. Ambientes Românticos do Norte: as divisões IV.1. Entradas, escadas e corredores........................................................................144 IV.2. Salas e salões (de visita e estar).......................................................................153 IV.3. Salas de jantar, copas e cozinhas.....................................................................162 IV.4. Quartos de dormir............................................................................................169 IV.5. Casas de banho................................................................................................177 IV.6. Varandas e recantos de jardim.........................................................................183 V. Recursos Decorativos nos Ambientes Românticos do Norte V.1. Pintura decorativa e azulejos...........................................................................188 V.2. Tecidos, sanefas e embaces……………………..............................................197 V.3. Estuques............................................................................................................208 V.4. Mobiliário.........................................................................................................212 Conclusão......................................................................................................................221 4 Fontes e Bibliografia.....................................................................................................226 APÊNDICE FOTOGRÁFICO VI. Fotografia Organizada por Casas com Ambientes Românticos no Norte de Portugal VI.1. Casa de Villar de Allen, no Porto....................................................................237 VI.2. Casa do Visconde da Gândara, no Porto.........................................................241 VI.3. Casa do Carmo, em Guimarães......................................................................247 VI.4. Paço de S. Cipriano, em Guimarães...............................................................249 VI.5. Casa de Sezim, em Guimarães.......................................................................250 VI.6. Casa da Boavista, em Ponte da Barca............................................................252 Índice de Figuras...........................................................................................................255 5 Abreviaturas e Siglas (...) Palavra/s omitida/s numa transcrição A.H.M.P. Arquivo Histórico Municipal do Porto Apud. Dentro de Arq.º Arquitecto B.E.S. Banco Espírito Santo C. Cerca de Cap. Capítulo Col. Colecção Coord. Coordenação C.R.E.R.E. Centro de Restauro Estudo e Remodelação de Espaços Doc. Documento Dr. Doutor Dra. Doutora Ed. Edição Eng. Engenheiro F.A.U.P. Faculdade de Arquitectura da Universidade do Porto Fot. Fotografia I.P.M. Instituto Português de Museus I.P.P.A.R. Instituto Português do Património Arquitectónico Lda. Limitada M.N.A.A. Museu Nacional de Arte Antiga M.N.S.R. Museu Nacional de Soares dos Reis Nº Número Ob. Cit. Obra citada Org. Organização P. Página Pp. Páginas Prof. Professor S. São S.d. Sine data S.l. Sine loco St. Santo Soc. Sociedade Ss. Seguintes Vd. Vide Vol. Volume 6 Introdução O século XIX português tem vindo a ser objecto de numerosos estudos, realizados a partir de meados do século XX, cobrindo vários sectores da sua história social, económica, política, cultural. Porém, nem todos os temas foram contemplados. Os ambientes decorativos onde todas as artes se harmonizam, integram-se neste quase esquecimento. Alguns ambientes do Romantismo por nós estudados chegaram intactos aos dias de hoje. Infelizmente, outros foram vítimas de partilhas entre herdeiros e da insustentável manutenção das grandes casas. Frisamos bem a reforma inevitável nos ambientes do século XIX porque a mudança de hábitos tornou imprescindíveis novos compartimentos temáticos e objectos multifacetados para os decorar. Contudo, o respeito pelos ambientes românticos não foi o esperado, até porque a fugaz evolução de gosto, aliada às contingências da sociedade de consumo, arrasou a sua autenticidade. O facto de serem revivalistas pôs em causa a antiguidade. Vamos procurar entendê-lo através dos ambientes românticos apresentados, pois terá chegado a altura de melhor olhar este «estilo novo» ainda considerado de gosto duvidoso e cuja inspiração proveio dos ambientes régios. No Norte, não faltam casas com ambientes característicos deste período. Pena que não se dê o valor da história a um Romantismo que se mantém vivo. As artes oitocentistas vão buscar influências a todas as épocas recriando o passado mais remoto, com o saber artístico, sócio-cultural e já industrializado de então. É esta aprendizagem que nos interessa focar, na medida em que mudou o rumo do estar, viver e sentir a partir de um recuo feito até à Idade Média. Repensando a existência, retirando e acumulando saberes anteriores, o século XIX evoluiu como o resumo das artes e ciências com interpretação própria. Compreendemo-lo não apenas como a grande era das mudanças e invenções mas, quase isolado, à mercê dos olhares e especiais sentires de cada indivíduo inserido numa dada família e camada social. As actividades, riqueza e situação social do chefe das casas, bem como as relações entre os seus membros, influenciavam a estruturação, desestruturação ou reestruturação das famílias, ora reunindo, ora rejeitando membros conjugais ou parentela, e até mesmo criados. A região pode fazer a diferença e não por acaso nos debruçamos sobre ambientes de casas nobres do Norte de Portugal. 7 Parece-nos óbvio que a região acima do rio Douro, historicamente mais fechada e isolada na sua vida privada – sem esquecermos toda a zona duriense e Beira Alta –, tem melhor conservado valores e tradições ancestrais no seio das suas famílias nobres. Pela velocidade das modas, circulação de bens e famílias, adesão a estrangeiros e estrangeirismos, centralização do poder, Lisboa acabou por ser penalizada no que respeita a ambientes oitocentistas intactos. Resta-nos como referência a decoração do Palácio Nacional da Ajuda provavelmente, única no género pois até a decoração do Palácio das Tulherias foi destruída pela comuna de Paris em 18711. Sem esquecer o Palácio da Pena, considerado em 2007 uma das maravilhas de Portugal, o que atesta a popularidade actual destes ambientes. Em casas civis, os ambientes continuam abertos ao estudo não se distanciando do comportamento, gosto e viver de uma sociedade sensível ao mais variado tipo de manifestações artísticas. As casas apresentadas distinguem-se entre rurais e urbanas sendo mistas, em alguns casos, na medida em que confirmamos que «não há uma família urbana como não há uma família rural»2. As casas nobres de Guimarães têm algum destaque nesta nossa dissertação pois, inicialmente, pensamos debruçar-nos sobre ambientes vimaranenses em exclusivo. A abundância, originalidade e riqueza histórico-artística de exemplos a Norte do rio Douro fizeram alterar o nosso rumo, que se estendeu a outras localidades. Optamos por um critério geográfico na sua descrição partindo do Porto para o Alto Minho interior e litoral. Os ambientes da casa do Visconde da Gândara, fundada por brasileiro nobilitado, relacionam-se com os do