Estudos De Egiptologia Vi
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ESTUDOS DE EGIPTOLOGIA VI 2ª edição SESHAT - Laboratório de Egiptologia do Museu Nacional Rio de Janeiro – Brasil 2019 SEMNA – Estudos de Egiptologia VI 2ª edição Antonio Brancaglion Junior Cintia Gama-Rolland Gisela Chapot Organizadores Seshat – Laboratório de Egiptologia do Museu Nacional/Editora Klínē Rio de Janeiro/Brasil 2019 Este trabalho está licenciado com uma Licença Creative Commons - Atribuição-Não Comercial- Compartilha Igual 4.0 Internacional. Capa: Antonio Brancaglion Jr. Diagramação e revisão: Gisela Chapot Catalogação na Publicação (CIP) Ficha Catalográfica B816s BRANCAGLION Jr., Antonio. Semna – Estudos de Egiptologia VI/ Antonio Brancaglion Jr., Cintia Gama-Rolland, Gisela Chapot., (orgs.). 2ª ed. – Rio de Janeiro: Editora Klínē,2019. 179 f. Bibliografia. ISBN 978-85-66714-12-8 1. Egito antigo 2. Arqueologia 3. História 4. Coleção I. Título CDD 932 CDU 94(32) I. Título. Universidade Federal do Rio de Janeiro Museu Nacional Programa de Pós-graduação em Arqueologia CDD 932 Seshat – Laboratório de Egiptologia CDU 94(32) Quinta da Boa Vista, s/n, São Cristóvão Rio de Janeiro, RJ – CEP 20940-040 Editora Klínē 2 Sumário APRESENTAÇÃO ..................................................................................................................... 4 OLHARES SOBRE O EGITO ANTIGO: O CASO DA DANÇA DO VENTRE E SUA PROFISSIONALIZAÇÃO ........................................................................................................... 5 LUTAS DE CLASSIFICAÇÕES NO EGITO ROMANO (30 AEC - 284 EC): UMA CONTRIBUIÇÃO A PARTIR DA ANÁLISE DAS ESTELAS FUNERÁRIAS DE ABIDOS ............................................... 13 DESTINS POSTHUMES AU MOYEN EMPIRE: LES CHANGEMENTS APPORTÉS PAR LES NOTIONS DE LA VIE QUOTIDIENNE DANS L’AU-DELÀ ET LE DEVELOPPEMENT DES CHAMPS POST MORTEM .................................................................................................................... 30 A CRIANÇA NAS REPRESENTAÇÕES MORTUÁRIAS PRIVADAS DO EGITO ANTIGO .............. 44 FILOSOFIA E EDUCAÇÃO NO EGITO ANTIGO ....................................................................... 60 O VISÍVEL E O INVISÍVEL: AS REPRESENTAÇÕES IMAGÉTICAS DOS FARAÓS NO TEMPLO DE KARNAK ............................................................................................................................... 69 EL REGISTRO DE OSIRIS EN TT49: CONTINUIDADES Y CAMBIOS ........................................ 80 A CATEGORIA DE PERSONIFICAÇÃO DIVINA: DEBATES E LEVANTAMENTOS .................... 100 ENCANTAMENTOS AMEAÇADORES NO LIVRO DOS MORTOS .......................................... 108 O EDITO DE HOREMHEB COMO ELEMENTO DE CONSTRUÇÃO IDENTITÁRIA FARAÔNICA ........................................................................................................................................... 124 A CURA PRÁTICA QUE VEM DO PAPIRO: SUBSTÂNCIAS, MÉTODOS E INTERVENÇÕES DOS SWNWS NO EGITO ANTIGO............................................................................................... 138 MÚSICA, POESIA E FILOSOFIA: SOBRE A INFLUÊNCIA DA MÚSICA EGÍPCIA NA CULTURA GREGA DURANTE O PERÍODO DE BRONZE ........................................................................ 154 CONTROLE TERRITORIAL E DOMÍNIO POLÍTICO: A AGRICULTURA E AS BASES SÓCIO- ECONÔMICAS DO EGITO ANTIGO (2.670-2.180 a.C.) ........................................................ 166 3 APRESENTAÇÃO Os tradicionais anais da SEMNA, os Estudos de Egiptologia, se consolidaram no cenário egiptológico nacional como uma publicação imperativa que anualmente reúne as apresentações da supracitada Semana de Egiptologia do Museu Nacional. Em 2019, a sexta edição dos Estudos de Egiptologia apresenta uma grande pluralidade temática de pesquisas que são feitas na América do Sul, sobretudo Brasil e Argentina. Podemos verificar nos anais da Semana de Egiptologia temas que vão do mortuário ao templário, passando pela vida cotidiana da sociedade egípcia antiga em vários momentos de sua longa história. A contribuição significativa dos membros do Laboratório de Egiptologia Seshat nesta edição reforça a importância do Museu Nacional no cenário da Egiptologia latino-americana e a relevância do mesmo para produção de conhecimento científico em nosso país. As demais contribuições de autores de diversas universidades do Brasil e Argentina são igualmente imprescindíveis para que os estudos acerca do antigo Egito sigam dialogando e em franca expansão em toda América Latina. Rio de Janeiro, dezembro de 2019 Os organizadores 4 OLHARES SOBRE O EGITO ANTIGO: O CASO DA DANÇA DO VENTRE E SUA PROFISSIONALIZAÇÃO Amana dos Santos Nesimi Doutoranda – PPGA/Universidade Federal Fluminense (UFF) Resumo: Analisando a dança do ventre, no contexto brasileiro, o discurso da habilitação profissional enfatiza a noção de “origem egípcia da “dança do ventre”, identificando nas representações e eventos elementos que colaborem para a narrativa de uma “origem egípcia da dança”. Os profissionais dessa dança, na maioria das vezes, ao relacionarem o Egito à dança do ventre, referem-se ao Egito Antigo. Nesse sentido, esse artigo objetiva investigar os significados sociais proveniente dessa associação criadora de olhares sobre a dança, o Egito Antigo e o passado. Abstract: Analyzing belly dancing, in Brazilian context, we face a professional speech that localize an Egyptian origin. This fact is easily identified in many representations and events that collaborate with this narrative. In most of the cases, these professionals associated belly dancing not only about Egypt, however, an Ancient Egypt. Thus, this article proposes to investigate the meanings produced in this circumstances that create glances of the dance, about Ancient Egypt and the past. Introdução Inicialmente é necessário ressaltar que esse artigo integra as discussões levantadas na minha dissertação, intitulada “Dança do ventre sem ventre: aspectos de uma profissionalização”, defendida em 2017, no âmbito do mestrado em Antropologia, pela Universidade Federal Fluminense (NESIMI, 2017). Postulando a inexistência da neutralidade na linguagem, já que ela está inserida em contextos dinâmicos e, nesse sentido, carregada de significados e julgamentos, (BECKER, GOFFMAN, 2009) mantenho o termo “dança do ventre”, entre aspas, a fim de destacar que esse próprio termo está em disputa no campo e que revela um certo entendimento sobre a dança. Embora, não seja a intenção nesse artigo tratar especificamente dessas terminologias, é necessário ressaltar que existem profissionais da dança que rechaçam esse nome e preferem chamá-la de “dança oriental”. Como ponto de partida para o debate aqui pretendido, é importante destacar que há um grande distanciamento entre o que o Egito Antigo representa para a Egiptologia e as demais camadas sociais. A Egiptologia, enquanto área de conhecimento científico do século XIX, apreende os seus objetos de pesquisa com finalidade acadêmica. No entanto, isso não afasta a possibilidade de que determinados grupos sociais possam estar entendendo o Egito Antigo de maneira não científica, mas de forma afetiva ou comercial. É justamente essa segunda apreensão que nos interessa, ou seja, a abordagem não acadêmica sobre o Egito Antigo. 5 Antes mesmo de iniciar o trabalho de campo no mestrado, fui aluna de “dança do ventre” durante certo período. O que pude perceber, tanto na época em que fui estudante e, posteriormente, como pesquisadora, foram as referências que eram feitas ao Egito e, em particular, ao Egito Antigo. Essa associação foi uma das motivações para desenvolver a minha pesquisa, pois para o antropólogo não importa revelar a “origem” dos fenômenos sociais, tampouco estabelecer uma relação inquisitorial com os seus interlocutores a fim de confrontar o que eles dizem que é verdade e, o que de fato é ou não verdadeiro. Para o antropólogo, se o grupo diz que determinada coisa é verídica, sua postura como pesquisador inclui levar em consideração aquilo que está sendo falado a sério, com o intuito de perceber os significados decorrentes dessa sentença. Logo, no meu campo de pesquisa, se as bailarinas de “dança do ventre” afirmam que a essa dança se originou no Egito Antigo, é preciso tomar essa afirmação como ponto de partida para perceber o que essa associação revela daquelas dinâmicas sociais que são estabelecidas. No entanto, isso não significa concluir que, de fato, o que elas dizem é a verdade em última instância, pois como se sabe a “dança do ventre” é uma criação Ocidental do Oriente inserida em relações de dominação e exploração do “outro”. Um dos objetivos principais pretendidos é descrever o que as pessoas fazem com aquilo que elas dizem que é verdade, quais são as motivações e o modo como fazem. Nesse sentido, busca-se delimitar o estar no mundo de alguns grupos de “dança do ventre”. Desenvolvimento Em parte, os dados obtidos para essa pesquisa se basearam em Netnografia, ou seja, Etnografia feita pelas mídias sociais (KOZINETS, 2002; MARKHAM, 2004). Além do trabalho de campo em um estúdio de dança no bairro de Campo Grande, Zona Oeste do Rio de Janeiro. Um ponto principal para dar conta de entender a relação do Egito Antigo com a “dança do ventre” é a noção de origem. Essa é uma questão dada pelo campo, inclusive as bailarinas escrevem sobre ela em seus blogs e páginas pessoais em mídias sociais. No entanto, essa preocupação não se restringiu ao campo artístico, sendo possível encontrar alguns poucos trabalhos acadêmicos sobre o assunto. Segundo Simone Martinelli (2011), a polêmica da “dança do ventre” está tanto em seus movimentos como