Câmara Dos Deputados
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Reunião de: 29/10/2020 Notas Taquigráficas - Comissões CÂMARA DOS DEPUTADOS CÂMARA DOS DEPUTADOS DEPARTAMENTO DE TAQUIGRAFIA, REVISÃO E REDAÇÃO 2ª SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA 56ª LEGISLATURA Comissão Externa destinada a acompanhar e promover estratégia nacional para enfrentar as queimadas em biomas brasileiros (REUNIÃO TÉCNICA) Em 29 de Outubro de 2020 (Quinta-Feira) Às 20 horas A SRA. PRESIDENTE (Professora Rosa Neide. PT - MT) - Boa noite a todas e a todos que estão conosco na sala e aos que estão nos acompanhando remotamente nesta 13ª audiência pública. Declaro aberta nossa 13ª reunião da Comissão Externa destinada a acompanhar e promover a estratégia nacional para enfrentar as queimadas em biomas brasileiros. Esta reunião será transmitida pela TV Câmara, Internet, redes dos Deputados da Comissão, e os cidadãos podem participar diretamente por meio do e-Democracia. Solicitamos a todos os presentes que mantenham os microfones desligados. No momento do convite para a fala, o microfone será aberto. Nós temos muita honra de estar iniciando esta 13ª reunião com o objetivo, com o foco muito direto de que a tragédia que o Pantanal e o Brasil sofreram neste ano não se repita nos anos vindouros. Por isso, vamos iniciar a nossa atividade com um vídeo que nos entristece cada vez que o vemos, mas que serve para que comecemos a incrementar, um pouco mais, as reflexões a respeito da tragédia que aconteceu no Pantanal. Peço à equipe técnica que passe o nosso primeiro vídeo da noite. (Exibição de vídeo.) (Exibição de vídeo.) A SRA. PRESIDENTE (Professora Rosa Neide. PT - MT) - Eu acho que o vídeo mostra muito o que aconteceu. Os povos indígenas guató e boe bororo, do Estado de Mato Grosso, assim como os povos de Mato Grosso do Sul, já neste momento, estão sofrendo as consequências do que aconteceu no Pantanal. Quero cumprimentar a companheira Lucélia, que fez um trabalho exemplar aqui no Estado do Mato Grosso, apoiando e defendendo o povo xavante. Foi um trabalho de meses de apoio ao povo xavante. Com certeza, agora teremos que abrir novos flancos de apoio aos povos do Pantanal, que estão passando por essa tragédia. Nós precisamos discutir essa tragédia e avançar. Quero agradecer a todos os nossos artistas que já estão conosco. Daremos continuidade à nossa atividade, informando que esta 13ª audiência, cujo tema é Artistas e personalidades em defesa dos biomas brasileiros, tem como objetivo unir as vozes dessa classe que se engaja na luta, proporciona muita 1/21 Reunião de: 29/10/2020 Notas Taquigráficas - Comissões CÂMARA DOS DEPUTADOS alegria a todo o povo brasileiro e, nos momentos de tragédia, sempre emprestou suas vozes, sempre esteve pronta para colaborar. Neste caso, tratamos da grande tragédia do bioma pantaneiro, o Pantanal, que ocupa 150 mil quilômetros quadrados no nosso Estado, o Mato Grosso, e no Mato Grosso do Sul e 40 mil quilômetros na Bolívia e no Paraguai e que tem diferentes características, mas é a grande planície úmida do mundo. Juntam-se a nós esses artistas para clamar por soluções efetivas na defesa da fauna e da flora dos biomas brasileiros — neste momento, do nosso Pantanal. Ao iniciar, agradeço ao Presidente da Câmara, o Deputado Rodrigo Maia, que foi muito preciso ao criar esta Comissão Externa e tem dado todo o apoio e contribuição para que a Comissão continue seus trabalhos, organize suas audiências e faça um relatório que possa indicar caminhos. Espero que passemos um bom tempo voltados para o problema do fogo nos biomas brasileiros, para que seja de fato atacado e solucionado. Peço ao Deputado Federal Paulo Teixeira que faça a leitura de uma carta que esta Comissão dirige, respeitosamente, aos artistas brasileiros, especialmente aos que receberam o convite e estão aqui conosco. Deputado Paulo Teixeira, por favor. O SR. PAULO TEIXEIRA (PT - SP) - Boa noite, Deputada Professora Rosa Neide, Presidente da nossa Comissão. Cumprimento os nossos colegas, nas pessoas dos Deputados Vander Loubet, Alessandro Molon, Marcelo Freixo, Professor Israel Batista e demais Deputados. Agradeço aos artistas aqui presentes: o Almir Sater, a Tayla Alaya, Marcos Palmeira, Lucélia Santos, Dira Paes, Mateus Solano, Letícia Sabatella, Rainer Cadete, Tetê Espíndola, o Thiago Lacerda, o Renato Braz, a Vera e a Zuleika. Passo à carta, cuja leitura me foi atribuída pela Presidenta Professora Rosa Neide. Carta aos Artistas Emprestem suas vozes e sua arte ao Pantanal O Brasil e o mundo encontram-se estarrecidos com os incêndios sem precedentes que se alastram pelos biomas brasileiros. As lágrimas escorreram com a combinação do “dia do fogo” para destruir a Amazônia com a mais recente destruição do Pantanal, em um cenário em que recordes históricos de desmatamento e incêndios são ultrapassados dia após dia. O nosso Cerrado também não é poupado, lócus do nascimento dos rios que banham o Pantanal; hoje, com suas cabeceiras assoreadas e desmatadas, também a pedir socorro. Como nos orienta o Papa Francisco: cuidar da casa comum é compromisso de todos e todas. E, portanto, não é possível aceitar milhões de hectares queimados, milhares de animais virando cinzas, secas intensas, incêndios criminosos, sinais invertidos e omissão do poder público, matérias (biomassa) carbonizadas carregadas para os rios, ataques ao trabalho científico, povos originários e tradicionais duramente afetados. É preciso formar uma ampla consciência social chamando a responsabilidade da opinião pública, com vigor, para esta realidade. A participação de pessoas amplamente reconhecidas na sociedade por sua atuação — artistas, atletas, intelectuais e várias outras personalidades — é fundamental para chamar a atenção da população e articular forças vivas da sociedade para pressionar, reivindicar e reforçar o compromisso do poder público com soluções sustentáveis para nossos biomas, para garantir ajuda emergencial, para prevenir novos incêndios e para restaurar os quilômetros e quilômetros destruídos. Com artistas e as mais variadas personalidades engajadas, certamente lançaremos luzes sobre os problemas e, de forma coletiva, enfrentaremos as causas e consequências dessa tragédia e, principalmente, disporemos de soluções dialogadas e pactuadas, com responsabilizações claras, para que as tragédias não voltem a se repetir. Nossos artistas e personalidades brasileiras abraçam o Pantanal. Abraçam a causa de defesa de nossos biomas! Serão embaixadoras e embaixadores de uma causa comum. A SRA. PRESIDENTE (Professora Rosa Neide. PT - MT) - Muito obrigada, Deputado Paulo Teixeira. Esta carta será assinada e endereçada a todos os senhores que estão aqui como convidados — assinada por 22 Parlamentares que compõem esta Comissão. 2/21 Reunião de: 29/10/2020 Notas Taquigráficas - Comissões CÂMARA DOS DEPUTADOS Esta audiência de hoje foi organizada especialmente por mim e pelos Deputados Alessandro Molon, Marcelo Freixo, Professor Israel Batista, Pedro Cunha Lima e Paulo Teixeira. Os demais Deputados e todos os assessores se engajam todos os dias nesta luta e estão aqui conosco. Neste momento, peço emprestada uma poesia do nosso conterrâneo, do nosso poeta maior do Pantanal, Manoel de Barros, que passarei a ler. O rio que fazia uma volta atrás da nossa casa era a imagem de um vidro mole... Passou um homem e disse: Essa volta que o rio faz... se chama enseada... Não era mais a imagem de uma cobra de vidro que fazia uma volta atrás da casa. Era uma enseada. Acho que o nome empobreceu a imagem. A partir da imagem, da voz e de tudo que Manoel de Barros fez para divulgar o Pantanal, para enaltecer o Pantanal, que agora nós emprestemos dele todas as virtudes como poeta para continuar na defesa do Pantanal! Para fazer essa defesa, convido também um grande artista pantaneiro que está aqui conosco. E aí os deixamos livres: cada convidado, por um período de 3 minutos a 5 minutos, pode fazer uma declaração, pode fazer uma fala, pode cantar, como melhor aprouver a cada um. Primeiro, convido o nosso artista de Mato Grosso Almir Sater. O SR. ALMIR SATER - Estão me ouvindo? A SRA. PRESIDENTE (Professora Rosa Neide. PT - MT) - Estamos ouvindo, sim. O SR. ALMIR SATER - Pois é, são muito tristes essas imagens, realmente. Não dá para dizer quem foi o culpado disso. São vários fatores. Nós brincamos aqui que o Pantanal é um lugar em que morremos afogados nas águas e morremos de sede na seca, ou queimados. Este é um lugar muito diferente. Nós temos aqui temperaturas altíssimas, assim, de 40 graus com sensação de 50 graus, então qualquer fagulha, qualquer descuido, ascende-se um fogo... Às vezes um foguinho perto de casa dá a sensação de que está queimando o mundo. Imaginem um incêndio dessa proporção. Eu acho que esses heróis que vieram para ajudar a apagar o nosso fogo — vieram do Piauí, de diversos lugares do Brasil — merecem realmente todo o nosso apoio, a nossa consideração, o nosso respeito, porque esse é um trabalho de heróis. Ele não é fácil. O fogo, quando alcança essa potência, essa massa, esse calor absurdo, é quase impossível ser apagado. Vejo aqueles pilotos com avião jogando 20 mil litros de água em cima do Pantanal; às vezes a água nem chega ao chão. Esse é um trabalho muito difícil. Não existe culpado. Acho que nós tínhamos que pensar numa forma de prevenção e discutir com os próprios pantaneiros, com os cientistas, com o pessoal da EMBRAPA o que podemos fazer para diminuir essa combustão, diminuir um pouco esse material que propaga essa combustão com tanta força. É preciso ouvir muito os pantaneiros. Os pantaneiros são pouco ouvidos nessa hora. Eles conhecem isso aqui há muito tempo, preservam o Pantanal há muito tempo. Aqui, graças a todos os santos dos céus e ao trabalho dos pantaneiros da região, não tivemos incêndio, mas acompanhamos o incêndio nas beiras do Rio Paraguai, na região do Amolar, com muita preocupação e com medo. Praticamente toda a nossa vizinhança, todo o pessoal da nossa região, todo mundo estava muito conectado, muito ligado um com outro; em caso de qualquer foco de incêndio, todo mundo corria para ajudar, de todas as fazendas.