Jorge Ben, Tradutor Do Brasil

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Jorge Ben, Tradutor Do Brasil UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA INSTITUTO DE CIÊNCIAS SOCIAIS DEPARTAMENTO DE SOCIOLOGIA JORGE BEN, TRADUTOR DO BRASIL Autor: Marcos Henrique da Silva Amaral Brasília, março de 2020 UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA INSTITUTO DE CIÊNCIAS SOCIAIS DEPARTAMENTO DE SOCIOLOGIA JORGE BEN, TRADUTOR DO BRASIL Autor: Marcos Henrique da Silva Amaral Tese apresentada ao Departamento de Sociologia da Universidade de Brasília (UnB) como parte dos requisitos para a obtenção do título de Doutor em Sociologia. Brasília, março de 2020 UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA INSTITUTO DE CIÊNCIAS SOCIAIS DEPARTAMENTO DE SOCIOLOGIA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM SOCIOLOGIA TESE DE DOUTORADO JORGE BEN, TRADUTOR DO BRASIL Autor: Marcos Henrique da Silva Amaral Orientador: Prof. Dr. Edson Silva de Farias Banca: Prof.ª Doutora Sayonara de Amorim Gonçalves Leal (SOL/UnB) Prof. Doutor Clóvis Carvalho Britto (FCI/UnB) Prof.ª Doutora Núbia Regina Moreira (UESB) Prof.ª Doutora Mariana Mont’Alverne Barreto Lima (UFC) Agradecimentos Ao Programa de Pós-Graduação em Sociologia da Universidade de Brasília – PPG/SOL/UnB pelas condições oferecidas para a realização dessa pesquisa e à Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior – CAPES pela bolsa de estudos disponibilizada entre 2015 e 2019, imprescindível à consecução desta tese. Ao professor Edson Silva de Farias, pela cuidadosa orientação, sempre enriquecedora e encorajadora. Agradeço, sobretudo, pela atenção, pela paciência, pelos diálogos enriquecedores e pela confiança. Admiração. Aos professores Elder Patrick Maia Alves e Eduardo Dimitrov, que compuseram a banca examinadora do meu projeto de doutorado, pelas sugestões de novas leituras e pelas contribuições decisivas que me levaram a reflexões outrora negligenciadas. Aos colegas integrantes do grupo de pesquisas Cultura, Memória e Desenvolvimento – CMD, que contribuíram, a partir de uma enriquecedora interlocução, com meu crescimento pessoal e intelectual. Às professoras Sayonara de Amorim Gonçalves Leal, Núbia Regina Moreira e Mariana Mont’Alverne Barreto Lima, e ao professor Clóvis Carvalho Britto, por terem aceitado dividir seus conhecimentos com vistas ao aperfeiçoamento deste trabalho. Aos profissionais da saúde Renato Brito de Resende, Jamila Vital e Angelo Amaral, que cuidaram de minha saúde e asseguraram que eu chegasse ao fim deste processo relativamente são. Aos colegas de trabalho, direção e equipe técnica da Secretaria de Estado de Educação do Distrito Federal – SEEDF, em especial do Centro de Ensino Médio Ave Branca (CEMAB), do Centro de Ensino Médio de Taguatinga Norte (CEMTN), do Centro Educacional 7 de Taguatinga (CEd 7) e do Centro Educacional 4 de Taguatinga (CEd 4). E, claro, agradeço a todas e todos os estudantes, pelas trocas cotidianas de conhecimentos, sorrisos, reclamações, lágrimas e questionamentos sobre o futuro. Obrigado por me estimularem a ser, a cada dia, um profissional melhor. Às amigas e aos amigos de pós-graduação Saulo Nepomuceno, Isabella Goellner, Bruna Pereira, Guilherme Nogueira, Leonardo Rauta, Bruno Gontyjo, Sérgio Santos, Helder Oliveira e Jonas Valente por terem sido grandes incentivadores, ouvintes, leitores e conselheiros neste trabalho. Amizade que trespassou a Universidade e que certamente foi de suma importância para a consecução deste texto. À superamiga Taís Machado, pela rica interlocução e por cada sugestão de leitura e possibilidades de pesquisa. Muitos caminhos abertos. Às parceiras diárias de biblioteca e de vida, Carolina Vicente e Tauvana Yung, sem as quais este texto provavelmente não teria sido levado a cabo. Conseguimos! À amiga e colega de trabalho Fernanda Souza, que tão importante foi na reta final deste texto, com suas cuidadosas leituras, revisão e sugestões para o engrandecimento do trabalho. Aos amigos Frederico Vianna, Jader Nunes, Raquel Barroso, Luciano Neri, Thamires Castelar, Abílio Gonçalves, Paulo Veríssimo, Aline Falcomer, Ivo Portela, Fefa Nomiyama, Maicon Vasconcelos, Paulo Rogério, Tom Fernandes, Adhemar, Lívia Sant’Anna, Jamile Bilu, Dih Feitosa, Jucélia Martins, Denise Forini, Isabella Biato, Su Lins, Camila Lima, Ricardo Garcia, Victor Abreu, João “Tim” Bezerra, Douglas Teixeira, Gunter Amorim, Juliana Amorim, Deyvid Ribeiro, Bruna Lucena, Luiz Gustavo, Ana Cláudia, Vinicius Fuzeti, Rogério Póvoa, Edijane Amaral, Gabriella Malta, Kamila Figueira e Moabe Amorim pelas sempre encorajadoras conversas e pelo caloroso apoio que tornaram o processo mais ameno. Agradeço a toda minha família, aos primos e primas, tios e tias que não cessaram de enviar sua torcida e seus incentivos quando eu estive prestes a desistir. E às minhas duas avós que, em toda sua sabedoria e pragmatismo, sempre me ensinaram o valor da perseverança e compreenderam meus meses (e anos) de reclusão. À minha irmã Elaine, à minha mãe Goretti e ao meu pai Gilberto, pela paciência, amizade e pelo incansável suporte à minhas incursões pela sociologia. Amo vocês. E um agradecimento especial à minha esposa Vanessa que, além de companheira, é uma inigualável interlocutora intelectual, sendo a primeira a “ler” esta tese antes mesmo que ela tomasse forma de texto. Obrigado por me lembrar que o afeto também faz parte do êxito. Muito amor. Podem argumentar que todos estamos em constante mutação. Sim, também eu não sou o mesmo de ontem. A única coisa que em mim não muda é o meu passado: a memória do meu passado. O passado costuma ser estável, está sempre lá, belo ou terrível, e lá ficará para sempre. (José Eduardo Agualusa) Pensava que o passado tinha pernas longas e corria, sim, e muito, como um obstinado a marcar a sua presença, a sua herança. O passado é uma herança de que não se pode abdicar. (Valter Hugo Mãe) Resumo Este trabalho é movido pelo objetivo de identificar quais são as condições sociais de possibilidade do êxito da obra musical de Jorge Ben, cujos traços estéticos calcam-se na performatização da raça e em seu posicionamento como artista negro, em um mercado de bens simbólicos arregimentado pelo sistema de pureza denominado bossa nova o qual propunha, de forma sumária, que alguns dos elementos acionados por aquele artista ― como a dança e a retomada progressiva de aspectos rítmico-percussivos ― fossem recalcados com vistas à pretensa modernização da canção nacional. A partir dessa inquietação, sumarizou- se o problema de pesquisa fundamental a partir da seguinte indagação: quais são os elementos de sua trajetória que possibilitaram essa “transformação” de artista negro em ídolo de massa negro capaz de alcançar inéditos recordes de vendagens em um mercado fonográfico marcadamente informado por um esquema histórico-racial tecido por indivíduos brancos? A metodologia de pesquisa usada para responder essa questão consiste em uma sociobiografia capaz de encontrar os elos entre os caráteres subjetivo e objetivo da vida e da obra de Jorge Ben, indicando as possibilidades e limites para sua consecução. A adoção de tal angulação teórico-metodológica se fez a partir de um duplo movimento para compreender, de um lado, a incorporação da musicalidade e dos materiais simbólicos experimentados durante sua infância e adolescência nos subúrbios cariocas; e, de outro, como, no contexto de metropolização do Rio de Janeiro e de expansão do mercado de bens simbólicos — especialmente da indústria fonográfica —, essas disposições e memórias foram manejadas em um processo criativo que o guindou à condição de ídolo. Os dados para a consecução dessa proposta são provenientes de análise documental de fontes históricas primárias, notadamente jornais e revistas, e secundárias que, acrescidas da documentação audiovisual possibilitadas por discos e produções televisivas, constituem o corpus empírico da pesquisa. Por fim, o exercício realizado revelou o posicionamento intersticial que possibilitou o ingresso de Jorge Ben no rol de olimpianos modernos: ele faz reverberar, em sua autoria musical, vozes vinculadas a contextos espaço-temporais suburbanos, sustentando sua condição de artista negro ― a qual se ajusta à demanda de um nacionalismo cultural de matriz estatal-mercadológica ―, mas simultaneamente as põe em diálogo com essas novas vozes, operando uma tradução polifônica capaz de conjugar seus interesses simbólico- musicais às possibilidades de ganhos profissionais no mercado fonográfico. Palavras-chave: Artista popular. Cultura popular de massa. Conflitos simbólicos. Relações raciais. Jorge Ben Jor. Abstract This research is motivated by the objective of identifying what are the social conditions of possibility of success of the musical work of Jorge Ben, whose aesthetic traits are based on the performance of the race and in its positioning as black artist, in a market of symbolic goods regimented by the purity system called bossa nova which proposed, in summary form, that some of the elements actuated by that artist as the dance and the progressive resumption of rhythmic aspects were repressed with a view to the supposed modernization of the national song. From this concern, the fundamental research problem was summarized from the following inquiry: what are the elements of its trajectory that have made this “transformation” of a black artist in a black mass idol capable of achieving unprecedented sales records in a phonographic market markedly informed by a historical-racial scheme woven by white individuals? The research methodology used to answer this question consists of a sociobiography capable of finding the links between the subjective and objective characters of life and the work of Jorge Ben, indicating the possibilities and limits for
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