Governança Da Internet Aspectos Da Formação De

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Governança Da Internet Aspectos Da Formação De GOVERNANÇA DA INTERNET: ASPECTOS DA FORMAÇÃO DE UM REGIME GLOBAL E OPORTUNIDADES PARA A AÇÃO DIPLOMÁTICA MINISTÉRIO DAS RELAÇÕES EXTERIORES Ministro de Estado Embaixador Antonio de Aguiar Patriota Secretário-Geral Embaixador Ruy Nunes Pinto Nogueira FUNDAÇÃO A LEXANDRE DE GUSMÃO Presidente Embaixador Gilberto Vergne Saboia A Fundação Alexandre de Gusmão, instituída em 1971, é uma fundação pública vinculada ao Ministério das Relações Exteriores e tem a finalidade de levar à sociedade civil informações sobre a realidade internacional e sobre aspectos da pauta diplomática brasileira. Sua missão é promover a sensibilização da opinião pública nacional para os temas de relações internacionais e para a política externa brasileira. Ministério das Relações Exteriores Esplanada dos Ministérios, Bloco H Anexo II, Térreo, Sala 1 70170-900 Brasília, DF Telefones: (61) 3411-6033/6034 Fax: (61) 3411-9125 Site: www.funag.gov.br EVERTON LUCERO Governança da Internet: Aspectos da Formação de um Regime Global e Oportunidades para a Ação Diplomática Brasília, 2011 Direitos de publicação reservados à Fundação Alexandre de Gusmão Ministério das Relações Exteriores Esplanada dos Ministérios, Bloco H Anexo II, Térreo 70170-900 Brasília DF Telefones: (61) 3411-6033/6034 Fax: (61) 3411-9125 Site: www.funag.gov.br E-mail: [email protected] Equipe Técnica: Henrique da Silveira Sardinha Pinto Filho André Yuji Pinheiro Uema Fernanda Antunes Siqueira Fernanda Leal Wanderley Juliana Corrêa de Freitas Pablo de Rezende Saturnino Braga Revisão: Júlia Lima Thomaz de Godoy Programação Visual e Diagramação: Maurício Cardoso e Juliana Orem Impresso no Brasil 2011 Lucero, Everton. Governança da Internet: aspectos da formação de um regime global e oportunidades para a ação diplomática / Everton Lucero. Brasília: Fundação Alexandre de Gusmão, 2011. 236p. ISBN: 978.85.7631.300-7 1. Governança. 2. Internet. 3. Tecnologia da Informação. CDU 65.011.56 Ficha catalográfica elaborada pela Bibliotecária Sonale Paiva - CRB /1810 Depósito Legal na Fundação Biblioteca Nacional conforme Lei n° 10.994, de 14/12/2004. Dedicatória Dedico esta obra ao saudoso Atanásio Darcy Lucero, meu pai, e à Maria Luiza Fraske, minha mãe, em gratidão pelo apoio sempre firme e amoroso à minha formação e trajetória de vida. No passado, podemos ter acreditado que a melhor preparação para uma carreira em política externa era ter fluência em história europeia, habilidade para falar russo ou francês, entendimento das raízes da ordem mundial. O futuro demanda uma formação diferente. Hoje, os candidatos ideais para o exercício da política internacional devem ser capazes de falar e pensar em termos revolucionários. Devem ter conhecimento aprofundado de alguma área seja China, Internet ou Bioengenharia onde mudança acelerada e imprevisibilidade sejam fatos dominantes da vida. Joshua Cooper Ramo, The Age of the Unthinkable (2009). Agradecimento Este livro não teria sido possível sem a oportunidade única que me brindou o Itamaraty, ao manter e apoiar a formação de alto nível dos diplomatas brasileiros, ao longo de toda a carreira, por intermédio do Instituto Rio Branco. Agradeço à alta chefia do Ministério das Relações Exteriores, à direção do Instituto Rio Branco e, em particular, à Banca de Examinadores do LV Curso de Altos Estudos, pela excelente acolhida e atento escrutínio de minha Dissertação, ora publicada no formato deste livro. É com orgulho e gratidão que integro os quadros da diplomacia brasileira, em que tenho tido, ao longo das duas últimas décadas, a satisfação de oferecer meu esforço e minha contribuição ao Brasil. Agradeço muito especialmente ao Einstein Santos, aos familiares, amigos, colegas, funcionários, chefes e ex-chefes, pela compreensão, paciência e apoio durante o processo de pesquisa e redação do trabalho. Agradeço também aos especialistas em Internet, no Brasil e no exterior, a quem recorri quando necessitei confirmar entendimentos ou aclarar dúvidas que surgiram ao longo do estudo. Nomeá-los todos seria tarefa difícil e arriscada. Por intermédio do Comitê-Gestor da Internet no Brasil (CGI.br), registro meu agradecimento a todos os que dele participam ou participaram, como conselheiros, dirigentes ou funcionários, sempre diligentes e atentos em melhor contribuir para a difusão da Internet no País. 9 EVERTON LUCERO À Fundação Alexandre de Gusmão, agradeço o interesse em publicar esta obra, que espero possa contribuir para ampliar o entendimento do importante papel que a diplomacia tem a desempenhar na inovadora empreitada de buscar soluções para a governança global da Internet. 10 Prefácio Os temas relacionados à gestão, ao uso e à expansão da Internet oferecem oportunidade para ampliar o escopo de participação da diplomacia brasileira no redesenho das instituições de governança global. Novas instâncias decisórias vêm surgindo em decorrência de eixos inovadores de poder que, por sua vez, respondem a processos sociais e políticos derivados do maior acesso à informação, numa sociedade cada vez mais interconectada. A Governança da Internet revela tensões existentes entre o mundo das soberanias nacionais, no modelo westphaliano, e o espaço cibernético criado pela Internet, que não reconhece fronteiras nem jurisdições. As redes sociais e aplicações como Facebook, Orkut, Twitter, YouTube estão definindo novas formas de relações humanas e afinidades culturais, com efeitos sensíveis sobre o modo de organização social e política do mundo contemporâneo. Ao mesmo tempo, introduzem desafios à aplicação da lei, ao combate à criminalidade, às relações de comércio, a regras de propriedade intelectual, às doutrinas de defesa nacional contra ataques cibernéticos e à própria institucionalidade da governança global pela via multilateral, processos cada vez mais dependentes do modo como a Internet é gerida no mundo. Episódios como o wikileaks, o papel das redes sociais nas insurgências do mundo árabe ou as restrições de acesso à informação impostas em alguns países revelam que o tema de Governança da Internet, em sentido amplo, tende a migrar para o centro da agenda internacional. As possibilidades 11 EVERTON LUCERO oferecidas para mobilização on-line em resposta a catástrofes naturais e as oportunidades de ampliação do acesso à informação e aos benefícios da cidadania fazem da Internet ferramenta crucial para o desenvolvimento das sociedades contemporâneas e elevam sua governança à categoria de interesse estratégico para as nações. O regime internacional para a Internet segue em construção. Seu formato e modelo de gestão requerem dos atores interessados em nele influir, inclusive os governos, entendimento de como ele está estruturado e quais os processos que interferem no seu funcionamento. Essa realidade impõe à diplomacia desafio de conhecer e atuar no contexto de regime existente e, ao mesmo tempo, pensar e propor seu contínuo aperfeiçoamento. O Brasil possui modelo genuíno de gestão dos recursos da rede no plano interno, de que participam os setores privado, acadêmico, não governamental e governamental, no âmbito do Comitê-Gestor da Internet no Brasil (CGI.br). Com a estrutura de que dispõe para a gestão no plano interno, o Brasil confere legitimidade e substância à sua atuação externa no tema. Temas caros à sociedade brasileira vêm sendo examinados do modo participativo, a partir de mobilização política e social em torno de ações específicas. É o caso, por exemplo, da solução inovadora que se logrou no País para combater o abuso sexual de crianças e a pornografia infantil na Internet, da qual participaram o Congresso Nacional, o Ministério Público, empresas provedoras de acesso e conteúdo e entidades sociais. Sem a interação e ampla participação da sociedade, teria sido impossível aplicar a lei vigente contra crimes cometidos on-line. O exemplo brasileiro tem despertado grande interesse no plano internacional e gerado capital político-diplomático, mediante a participação informada e coordenada do País nos debates globais sobre o tema. A extensão e a diversidade da pauta de governança da Internet justificam a elaboração de estratégia para o acompanhamento ordenado, pela Chancelaria brasileira, dos temas de interesse nacional. Cabe à diplomacia articular parcerias que reforcem a legitimidade e o peso específico das demandas nacionais nessa área. É função do Itamaraty assegurar que o País defenda e colabore para a construção de regime de governança global que seja transparente, democrático e representativo. A governança da Internet poderá funcionar como protótipo de um modelo de governança global para o Séc. XXI. Por seu crescente peso no cenário internacional, pelas condições de aportar experiência própria e pelas qualificações técnicas e tecnológicas que 12 PREFÁCIO possui, está o Brasil plenamente habilitado a influir nos moldes futuros da governança da Internet. Para tal, o Itamaraty precisa estar apto a incorporar a nova linguagem que surge com o advento da Internet e suas diversas aplicações. Trata-se, em suma, de saber encaminhar essa temática de modo transversal e integrado ao debate sobre governança global. Este trabalho apresenta opções e sugere linhas de ação diplomáticas na matéria, no intuito de contribuir para a inserção do tema de Governança da Internet na pauta da política exterior brasileira. O autor Maio 2011 13 Siglas e abreviações ACTA Anti-Counterfeiting Trade Agreement AfriNIC African Network Information Center AGNU Assembleia Geral das Nações Unidas ALAC At-Large Advisory Committee ANATEL Agência Nacional de Telecomunicações AoC Affirmation of Commitments APC
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