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Versão Oficial INEZITA BARROSO EF86 E S T Ú D I O F - programa número 86

Á U D I O T E X T O

Música-tema entra e fica em BG;

Locutor - A Rádio Nacional apresenta ESTUDIO F, Momentos Musicais da Funarte

Apresentação de Paulo César Soares

Paulo César : - Alô, amigos! No programa de hoje, uma paulistana que desde muito cedo se apaixonou pelas coisas do interior. Por isso, ela trocou o piano pela viola e rodou o país, transformando-se, assim, numa incansável pesquisadora, professora, cantadeira e intérprete de emoções enraizadas que, ainda hoje, traduzem diversos Brasis.

Entra “Marvada Pinga”, fica brevemente e cai em BG.

Paulo César: - (caipira) O Estúdio F –Série Intérpretes vem com o sotaque caipira de Inezita Barroso!

Sobe som e rola inteira

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Paulo César: - Inezita Barroso nasceu Inês Magdalena de Aranha Lima em 4 de março de 1925 na cidade de São Paulo, mais precisamente no bairro da Barra Funda. Com oito anos já se apresentava em rádios e clubes como cantora. Nessa fase, estudou piano e chegou a ser preparada para ser concertista. Mas a paixão pela viola falou mais alto. O fato de ter nascido na capital nunca afastou Inezita do universo caipira. Nas férias, seu programa era passar uma temporada na fazenda com seus tios-avós. Lá, ouvia o cantar daquela gente e também a forma como se tirava sons bonitos de instrumentos simples. Encantada, pediu para aprender. Assim, deu os primeiros passos na carreira marcada pelo cancioneiro folclórico e popular como a valsa "Lampião de gás", de Zica Bergami e Hervé Cordovil.

Entra “Lampião de Gás” e rola inteira.

Paulo César: - Em 1949, Inezita chegou ao Teatro Brasileiro de Comédia pelas mãos de seu cunhado, Maurício Barroso, que era um dos galãs da companhia. No TBC, a cantora fez seu primeiro e grande recital, obtendo uma recepção consagradora. Nessa época, recebeu do diretor Alberto Cavalcanti o convite para fazer cinema. O primeiro filme de Inezita foi “Ângela”, na Vera Cruz, no qual ela interpretava uma nordestina amalucada. Depois, participou de sucessos na telona como “É Proibido Beijar”, “Destino em Apuros”, “O Craque” e “Mulher de Verdade”, pelo qual ganhou o prêmio Saci de melhor atriz. Outro destaque em sua carreira cinematográfica é o filme “Carnaval em Lá Maior”, produção da Record onde ela aparece cantando “Estatutos da Gafieira”, de Billy Blanco.

Entra “Estatutos da Gafieira” e rola inteira. Atenção! Essa faixa tem mais de 7 minutos. Só nos interessa o primeiro minuto, que tem a música. Por favor, descartar o restante.

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Paulo César: - Ao cantar “Estatutos da Gafieira” no cinema, Inezita surgia em cena toda pintada de preto, chamando a atenção de todos os pares que estavam dançando. Mas a grande curiosidade sobre esse número é q ue se trata do lançamento da música de Billy Blanco, depois gravada por vários artistas. Outra música de sucesso lançada por Inezita foi “Ronda”. O clássico de era o lado B do 78 rotações que trazia “Maravada Pinga”, composição de Laureano. Sobre essa gravação de 1953, Inezita deu o seguinte depoimento no programa “Ensaio” da TV Cultura: “Eu fui ao pra gravar “Marvada Pinga”, porque em São Paulo não tinha estúdio. Gostaram muito e me perguntaram o que entraria do outro lado. O Paulo Vanzolini que estava comigo na hora, me olhou assim... meio pedindo..., então eu falei que gravaria “Ronda”. Aí me perguntaram o que era aquilo. Disse que era um samba paulista. Pra que que eu falei isso? Disseram que São Paulo não tinha samba. Mas o Canhoto – que era o dono da regional que nos acompanhava – pediu pra eu cantar. Daí foi aquele sucesso”.

Entra “Ronda” e rola inteira. Atenção! Essa faixa tem mais de 6 minutos. Só nos interessa os DOIS primeiros minutos, que têm a música. Por favor, descartar o restante.

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Paulo César: - Além de Billy Blanco e Paulo Vanzolini, a carreira de Inezita Barroso é marcada por vários outros encontros especialíssimos. Nos tempos de TBC, por exemplo, ela teve a oportunidade de conhecer o ator e diretor italiano Victorio Gassman e também o ator francês Jean Louis Barrault. Ambos levaram seus discos para a Europa e divulgaram seu trabalho nas principais emissoras de lá. A cantora também conheceu Lupicínio Rodrigues e Cecília Meirelles. Da poeta, ela gravou “Berceuse da Onda que Leva o Pequenino Náufrago”, cujos versos foram musicados por Lorenzo Fernandes.

Entra ““Berceuse da Onda que Leva o Pequenino Náufrago” e rola inteira.

Atenção! Essa faixa tem mais de 6 minutos. Só nos interessa os TRÊS primeiros minutos, que têm a música. Por favor, descartar o restante.

Paulo César: - No próximo bloco, Inezita estréia na TV, recebe vários prêmios e se dedica à pesquisa do nosso folclore.

Locutor: - Estamos apresentando Estúdio F, Momentos Musicais da Funarte.

I N T E R V A L O

• Insert Chamada Funarte

5 BLOCO 2

Locutor: - Continuamos com Estúdio F

Entra “Marvada Pinga”, cai em BG e permanece brevemente durante a fala de Paulo César.

Paulo César: - Foi com Túlio Lemos, produtor da Rádio e TV Tupi, que Inezita aprendeu a cantar "O Funeral do Rei Nagô", que fez parte de seu primeiro seu primeiro disco gravado em 1951. Túlio ficou fascinado pela atitude e também pela voz de contralto da cantora. Então, convidou a artista para estrelar uma atração dirigida e escrita por ele. O programa era sobre e, cantando clássicos do poeta da Vila, acompanhada apenas por seu violão, Inezita deu início a uma longa trajetória de sucesso na telinha.

Entra “O Último Desejo” e rola inteira.

Atenção! Dessa faixa só nos interessa os DOIS primeiros minutos e 50 segundos, que têm a música. Por favor, descartar o restante.

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Paulo César: - Depois dessa participação esporádica na TV num programa sobre Noel, Inezita trabalhou por quase um ano na Rádio Nacional de São Paulo, chegando a cantar com orquestras regidas por grandes maestros como Radamés Gnatalli e Lírio Panicali. Nessa época, a Record abriu emissoras de Rádio e TV e, como Inezita já fazia cinema, recebeu um convite para comandar atrações nos dois veículos. Estreou em 1954 e comandou programas por sete anos no canal. Durante esse período, ganhou seis prêmios Roquete Pinto nas categorias rádio, disco e TV. Era assim reconhecido o seu trabalho de difusão da cultura brasileira, descobrindo pérolas do folclore nacional e também gravando clássicos como "Fiz a cama na varanda", de Dilu Melo e Ovídio Chaves.

Entra “Fiz a Cama na Varanda” e rola inteira.

Paulo César: - Além dos seis prêmios Roquete Pinto, Inezita ainda levou, de quebra, um Roquete de Ouro. Mas as premiações não seguraram a cantora na TV. Era uma época em que as atrações exclusivas perdiam espaço para os programas de auditório reunindo vários nomes famosos. Fora da telinha, Inezita então resolveu viajar pelo Brasil inteiro, fazendo shows e também pesquisas. Formada na primeira turma de Biblioteconomia da USP, em conjunto com a carreira musical, Inezita nunca abandonou sua trajetória como pesquisadora, tornando-se não só uma renomada folclorista, mas também professora da cadeira de folclore em instituições de nível superior da capital paulista. Assim, além da mídia, Inezita encontrou outra maneira de difundir um rico acervo que traduz a inventiva anônima de compositores, instrumentistas e cantadores do interior brasileiro.

Entra “Azul Cor de Anil” e rola inteira.

Atenção! Dessa faixa só nos interessa os DOIS primeiros minutos e 52 segundos, que têm a música. Por favor, descartar o restante.

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Paulo César: - Em seu trabalho unindo música e pesquisa, Inezita teve a chance de estar em congressos e palestras com gente, por exemplo, do quilate de Waldemar Henrique – escritor, pianista e compositor, cuja carreira foi marcada pelo estudo e divulgação do folclore amazônico. Ela chegou, inclusive, a ilustrar palestras de Waldemar sobre as lendas indígenas da região amazônica. Entre as histórias da região, a cantora é admiradora confessa da lenda que fala sobre um casal da tribo Macuxi que não se separava, porque se amava demais. O amor era tanto que, quando a esposa índia adoece, seu companheiro passa a carregá-la nas costas por todos os lugares até ela morrer. Aí, ele se enterra vivo ao lado da moça e, na sepultura, nasce o tambatajá, planta que é o amuleto do amor na região amazônica.

Entra “Tambatajá” e rola inteira.

Atenção! Dessa faixa só nos interessa os DOIS primeiros minutos e 40 segundos, que têm a música. Por favor, descartar o restante.

Paulo César: - No próximo bloco, Inezita percorre o Brasil, grava grandes compositores e continua a encantar.

Locutor: - Estamos apresentando Estúdio F, Momentos Musicais da Funarte.

I N T E R V A L O

• Insert Chamada Funarte

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BLOCO 3

Locutor: - Continuamos com Estúdio F

Entra “Marvada Pinga”, cai em BG e permanece brevemente durante a fala de Paulo César.

Paulo César: - Em suas andanças Brasil afora, Inezita conheceu as terras paulistas e suas tradições, percorreu o sul das Minas Gerais e se encantou com as manifestações culturais do norte do país. Já o nordeste foi um mistério que ela demorou um pouco mais para desvendar. Sobre esse encontro, declarou: “Eu era casada com um cearense e não conhecia o nordeste. Mas a família dele sempre falava pra mim sobre os repentistas, as músicas e as danças nordestinas. Então, eu resolvi ir conhecer de perto. Estive primeiro no Ceará e, logo em seguida, em onde conheci o pessoal do Teatro de Amadores. Fiquei apaixonadíssima pelo folclore nordestino em geral”. Curiosamente, nessa sua passagem pelo nordeste, Inezita fez questão de cantar músicas da região Sul para promover um intercâmbio cultural.

Entra “Pezinho” e rola inteira.

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Paulo César: - A música “Pezinho” faz parte do disco "Danças gaúchas" de 1961, considerado por Inezita como um dos mais importantes de sua carreira, pois foi incluído como material básico de estudo no currículo de muitas escolas brasileiras. Entretanto, entre os mais de 60 discos gravados pela cantora ao longo da carreira, há outros destaques que trazem em comum o bom gosto e a coerência da artista na seleção de seus compositores. Na imensa lista de nomes gravados por Inezita figuram criadores como João Pacífico, Raul Torres, Teddy Vieira, Mário Zan, Luiz Vieira, Tião Carreiro, Marcelo Tupinambá, Villa- Lobos, Guerra Peixe, Hekel Tavares, Noel Rosa, Capiba, Catulo da Paixão Cearense, João Pernembuco, Joubert de Carvalho, e Angelino de Oliveira, de quem gravou o clássico “Tristeza do Jeca”. Sobre Angelino e essa música, Inezita contou: “Tive a oportunidade de conhecer o Angelino bem velhinho. Há uma injustiça com ele, pois muita gente não sabe que “Tristeza do Jeca” é dele. Pensam que é folclore paulista. Não é não! “Tristeza do Jeca” é de Angelino de Oliveira!”. Tá falado, Inezita!

Entra “Tristeza do Jeca” e rola inteira

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Paulo César: - Em 1970, Inezita realizou um documentário que representou o Brasil numa exposição no Japão. Dois anos depois, lançou o segundo volume dos "Clássicos da música caipira", no qual interpretou, entre outras canções, "Divino Espírito Santo", de Canhotinho e Torrinha, "Destinos iguais", de Capitão Furtado e Laureano, "Rei do café", de Teddy Vieira e Carreirinho e "Rio de lágrimas", de Piraci, Lourival dos Santos e Tião Carreiro. Sobre “Rio de Lágrimas”, Inezita faz questão de explicar: “Essa é uma composição lá de Piracicaba. Inclusive, todo mundo chama essa música de “Rio de Piracicaba”, mas o nome dela mesmo é “Rio de Lágrimas”. Essa canção pegou tanto que, lá em Piracicaba, agora, é cantiga de criança. Lá, tudo quanto é criança conhece a música e anda cantando ela pela rua”.

Entra “Rio de Lágrimas” e rola inteira.

Atenção! Dessa faixa só nos interessa os DOIS primeiros minutos e 54 segundos, que têm a música. Por favor, descartar o restante.

Paulo César: - A partir de 1980, Inezita Barroso começou a apresentar o programa "Viola minha viola", atualmente no ar pela TV Cultura. Com 29 anos de transmissão ininterrupta, a atração virou referência da musicalidade de raiz. Paralelamente as suas atividades como apresentadora, Inezita, ao longo desse tempo, continuou a gravar jóias do nosso cancioneiro como, por exemplo, discos reunindo de pontos de candomblé a músicas folclóricas do Mato Grosso. Permaneceu também fazendo shows – entre eles o Projeto Pixinguinha - e, ainda hoje, recebe justas homenagens por sua inestimável contribuição à cultura nacional ao incorporar os saberes interioranos e, sobretudo, transmiti-los por meio de relíquias singelas e majestosas.

Entra “Luar do Sertão” e rola inteira.

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Entra música-tema do Estúdio F e fica em BG;

Paulo César: - O programa de hoje foi roteirizado pelo jornalista Cláudio Felicio. O Estúdio F é apresentado toda semana pela Rádio Nacional do Rio de Janeiro e nas Rádios Nacional de Brasília e da Amazônia, emissoras EBC - Empresa Brasil de Comunicações. Os programas da série também são uma das atrações do Canal Funarte. Acessem a nossa rádio virtual. O endereço é www.funarte.gov.br/canalfunarte . Cultura ao alcance de um clique! Você também pode ouvir o programa pelo site da Radiobras: www.radiobras.gov.br . Quem quiser pode escrever para nós, o endereço é: Praça Mauá número 7 - 21 andar, Rio de janeiro - CEP/ 20081-240 Se quiser mandar um e-mail, anota aí: [email protected]

Paulo César: - Valeu Pessoal! Até a próxima!!!

ENCERRAMENTO / FICHA TÉCNICA

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