Morte, Solução De Vida? Uma Leitura Bioética Do Filme Mar Adentro

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Morte, Solução De Vida? Uma Leitura Bioética Do Filme Mar Adentro Morte, solução de vida? Uma leitura bioética do filme Mar Adentro Léo Pessini Resumo: Este artigo analisa o tema da morte assistida a partir de questionamentos levantados na película espanhola Mar Adentro (2004), do cineasta Alejandro Almenabar, sobre o drama do jovem marinheiro espanhol Ramon Sampedro. Além de comover platéias no mundo inteiro, o filme trouxe a público uma série de questionamentos éticos sobre a vida e a morte, dentre as quais destacam-se: qual o valor da vida humana quando marcada por deficiências que tolhem a liberdade e a autonomia? O que fazer quando não se encontra mais motivos para viver? Continuar a viver tentando ressignificar a vida seria possível ou a opção pelo suicídio assistido seria desejável como o fez Ramon Sampedro? Longe de assumir uma postura de juízes, mesmo discordando da solução final, este artigo argumenta pelo direito ao respeito ao qual todo ser humano faz jus. Palavras-chave: Morte. Eutanásia. Distanásia. Respeito. Autonomia. Liberdade. No início de 2005, dois filmes fizeram grande sucesso de crítica e público: Menina de Ouro, produção estadu- nidense, e Mar Adentro, filme espanhol, produzido por Alejandro Amenábar. O último traz às telas a história verídica de Ramón Sampedro. Os dois filmes versam sobre o mesmo tema: a questão da eutanásia, do mor- Léo Pessini rer sem sofrimentos por opção. Professor doutor de teologia moral no mestrado stricto sensu em Bioética do Centro Enquanto esses filmes concorriam a prêmios, desenro- Universitário São Camilo (SP) lavam-se na vida real, com ampla cobertura da mídia, dois casos que acabaram sendo acompanhados em todo o mundo. Num deles, após longa batalha judicial que suspendeu a alimentação que a mantinha viva há 15 anos, a jovem norte-americana Terri Schiavo, em esta- do vegetativo persistente, viria a morrer por inanição. O outro foi a agonia pública do Papa João Paulo II, que após longo calvário causado por doença crônico- degenerativa em fase terminal, Mal de Parkinson, recusa retornar ao hospital, optando por permanecer Revista Bioética 2008 16 (1): 51 - 60 51 em seus aposentos. Suas últimas palavras a determinação férrea de terminar sua vida, foram: deixem-me partir para o Senhor. lutando convictamente na Justiça pelo Consciente da proximidade do final de direito de morrer. Seu caso foi levado aos sua vida, o Papa recusa procedimento dis- tribunais em 1993, numa tentativa para tanásico, ou seja, o prolongamento do conseguir a legalidade da eutanásia na processo de morrer. Espanha, mas o pedido foi negado. Esses filmes e fatos ajudaram a ampliar a Na carta que dirige aos juízes, em 13 de reflexão sobre questões éticas ligadas ao novembro de 1996, Sampedro apresenta processo de morrer, em tempos de cuida- um argumento muito trabalhado no dos sempre mais tecnologizados. Além filme: viver é um direito, não uma obriga- disso, criaram a oportunidade no contex- ção. Ao colocar em cheque a regulação da to acadêmico científico, de promover vida e da morte pelo Estado e pela Igreja, muitas discussões éticas sobre a questão aponta a hipocrisia do Estado laico diante da morte e do morrer, da eutanásia, do da moral religiosa. Em janeiro de 1998, direito de morrer com dignidade, questões em segredo, conseguiu realizar seu inten- jurídicas, religiosas e sociais envolvidas, to, assistido por pessoa amiga, Ramona corroborando, nesse sentido, para muitos Maneiro. Essa amiga, vivida nas telas esclarecimentos1,2,3,4,5. como a personagem Rosa, confessou no início de 2005 ter ajudado Sampedro a Mar Adentro tomar cianureto para morrer. A confissão foi feita sete anos após a morte de Ramón, Iniciemos uma aproximação reflexiva ao quando o delito já estava prescrito e o jul- filme Mar Adentro, obra de arte provocati- gamento inviabilizado. va, que pela dramaticidade incomoda e faz pensar. O título evoca o poema de amor A discussão pública sobre eutanásia Os Sonhos6, escrito por Ramon Sampe- dro, cuja vida é retratada no filme: a histó- O debate de Ramón com a Igreja sobre o ria verídica desse jovem marinheiro espa- direito à eutanásia é estabelecido com nhol que aos 25 anos ficou tetraplégico Padre Francisco, religioso também tetra- após trágico mergulho no mar da costa da plégico, que resolve visitar Sampedro – que Galícia. Ao pular na água projetando-se de está no segundo andar da residência, mas um rochedo, no momento em que a maré como a escada é muito estreita não permi- havia baixado, comprometeu irreversivel- te a passagem da cadeira de rodas do padre. mente a coluna vertebral devido ao choque Os dois então se comunicam com a ajuda da cabeça contra a areia. Após o acidente de um porta-voz, um seminarista, que Ramon viveu praticamente 29 anos (28 corre pateticamente de um lado para o anos, 4 meses e alguns dias), sempre com outro, levando os recados. A discussão 52 Morte, solução de vida? Uma leitura bioética do filme Mar Adentro esquenta e o padre e Ramón passam a se caricatura. Nesse aspecto o filme é par- comunicar aos berros e sem mediação. O cial e tendencioso, intervém a voz da fé sacerdote católico argumenta pela impor- cristã na figura um pouco ridicularizada tância de manter a vida: uma liberdade que do padre paraplégico. Antes de visitar elimina uma vida não é liberdade. Contra- Ramón, o padre pronuncia-se na televi- pondo-se, Ramón proclama a falta de são sobre o caso, sem conhecer a realida- moral da Igreja para falar de respeito à vida de. Diz que se ele estivesse bem cuidado frente ao que ocorreu na Inquisição: uma pela família, certamente não desejaria vida que elimina uma liberdade não é vida. morrer – acusando, assim, os familiares de desleixo. Na visita, recebe o troco de Ramón deixa um testamento onde argu- Manuela, a devotada cuidadora de menta contra a tese da vida como obriga- Ramón, que questiona o dito pelo sacer- ção, sinalizando as tensões e questões de dote na TV: amo-o como a um filho. Não poder que permeiam a vida e a morte: sei se a vida pertence a Deus e não perten- Senhores juízes, negar a propriedade priva- ce a gente, mas sei de uma coisa, você tem da de nosso próprio ser é a maior das men- uma boca muito grande... Bela indicação tiras culturais. Para uma cultura que sacra- de que a relação de ajuda simplesmente liza a propriedade privada das coisas – entre não aconteceu. elas a terra e a água – é uma aberração negar a propriedade mais privada de todas, Se por um lado temos o sacerdote, que nossa Pátria e reino pessoal: nosso corpo, tanto por sua condição física quanto por vida e consciência, nosso Universo. ser representante da doutrina católica tenta dissuadir Ramón da idéia de mor- Há um questionamento da sociedade civil rer, lembrando-lhe dos valores da fé cris- e política como invenções que aprisionam tã, por outro uma personagem se opõe corpos e mentes. Manejar corpos é uma diretamente ao padre, a advogada Júlia, forma de controlar mentes. Fala-se em que quer cuidar do caso de Sampedro. liberdade e direito, mesmo quando para- Portadora de doença degenerativa heredi- doxalmente nega-se a opção de escolher tária (Cadasil), caracterizada por aciden- entre a vida e a morte. Esse direito é tes vasculares freqüentes que conduzem à negado em nome da civilidade e da reli- invalidez e demência, a advogada procura gião. É o que o filme mostra. levar a discussão e legitimação do caso para o plano racional e legal. Ao mesmo No universo das relações entre as tempo, Júlia é o canal entre o espectador pessoas e as poesias, as viagens e toda a vida de Sampedro antes do acidente. Júlia ajuda A relação de ajuda pastoral apresentada Ramón a escrever um livro, publicado no filme pelo padre é uma verdadeira com o título Cartas del inferno6, obra que Revista Bioética 2008 16 (1): 51 - 60 53 deu origem ao filme Mar Adentro. Com sença de uma motivação até certo ponto ele partilha cigarros, troca beijos, afetos, sartriana: ele sente a existência como impossibilidades, desejos, frustrações e a inútil. Júlia tem medo da degradação e morte como finalidade. perda da dignidade na altura em que a doença a transforme em vegetal. Frente a Como interpretar as relações de Ramón essa situação o filme silencia questão com as duas mulheres que com ele desen- muito importante: quem decide da digni- volvem uma relação afetiva, Rosa e Júlia? dade da vida, é o próprio que declara que Rosa, jovem simples e desajeitada, oriun- sua existência perdeu toda a dignidade ou da do contexto rural, entra na vida de não será a tarefa ética dos outros seres Ramón após vê-lo em uma entrevista na humanos, dos acompanhantes, ajudados televisão, na qual expressa o desejo de pela sociedade, de reivindicar e reclamar morrer. O encontro entre eles é confli- esta dignidade do doente, lutando, por tuoso. Ramón a chama de mulher frus- assim dizer, contra a impressão – eventual- trada, que busca conhecê-lo apenas por mente compreensível por parte do doente – piedade, impondo sua agenda racional: de perda de dignidade?7 ser minha amiga é me respeitar. Não me julgue. Dirige-se a ela com palavras duras Da janela, uma paisagem lindíssima se que podem ser a chave para interpretar o descortina, traz o vento a remexer as cor- mistério de sua personalidade: não me tinas e os desejos de liberdade e movimen- ponhas a responsabilidade de dar um senti- to. Daquela abertura da janela, o mundo do à tua vida. É justamente essa mulher, todo se apresenta a Ramón Sampedro. Já Rosa, que vai ser solidária a Ramón na na primeira cena do filme, o espectador é opção de dar um fim à vida.
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