Atividades Pastorais Junho/2018
Total Page:16
File Type:pdf, Size:1020Kb
ação católica ação católica Apresentação Apresentação Apresentação Neste número de Ação Católica damos particular relevo à no- meação de catorze novos cardeais, entre os quais se conta o Bispo de Leiria-Fátima, D. António Augusto dos Santos Marto. A propósito recordamos a origem e história do Colégio Cardinalício e apresen- tamos o elenco dos cardeais portugueses, a partir de Mestre Gil. Saudamos particularmente D. Francisco Senra Coelho e o P. José Tolentino Mendonça. Aquele, porque, nomeado arcebispo de Évora, deixa a Arquidiocese de Braga, onde tem exercido as funções de Bispo auxiliar. Este, porque foi nomeado bispo e bibliotecário arquivista da Santa Sé. Publicamos do senhor D. Jorge homilias proferidas no fim de uma peregrinação ao Sameiro e na celebração do Dia de Santo António, em Vila Nova de Famalicão. Damos notícia de visitas pastorais realizadas pelo senhor D. Nuno Almeida no arciprestado de Cabeceiras de Basto. Publicamos mensagens para o Dia de Oração pela Santificação dos Sacerdotes: da Congregação do Clero e do Arcebispo Primaz. O Diretor Apresentação 1. Tema do Mês Origens e história do Colégio Cardinalício A história dos cardeais começa por estar ligada ao clero de Roma e já vem de longe: o título de cardeal foi reconhecido pela primeira vez durante o pontificado de Silvestre I (314-335). Inicialmente o título de cardeal (do latim ‘cardo/cardinis’, que significa “eixo”) era atribuído genericamente a pessoas ao serviço de uma igreja ou diaconia, reservando-se mais tarde aos responsá- veis das igrejas titulares de Roma e das igrejas mais importantes da Itália e do mundo. Os cardeais nascem do grupo de 25 presbíteros das comuni- dades eclesiais primitivas (títulos) em Roma, nomeados pelo Papa Cleto (séc. I), e dos 7 (posteriormente 14) diáconos que cuidavam dos pobres nas várias regiões da cidade; dos 6 diáconos palatinos (responsáveis pela administração dos seis departamentos do palácio de Latrão, em Roma) e dos 7 bispos suburbicários (as sete dioceses mais próximas de Roma), todos eles conselheiros e colaboradores do Papa. 806 Ação Católica | julho Segundo as notas históricas do “Anuário Pontifício”, a partir do ano 1150 formaram o Colégio Cardinalício com um decano e um Camerlengo, na qualidade de administrador dos bens. O decano é eleito, como se refere no Código de Direito Canónico (Cân. 352, § 2), pelos cardeais com o título de uma Igreja suburbicária (Albano, Frascati, Ostia, Palestrina, Porto-Santa Ruffina e Velletri-Segni). É no século XI que os Cardeais passam a ter uma função mais próxima do que são hoje: em 1050, para contrariar as disputas entre várias famílias de Roma que queriam dominar o papado, o Papa Leão IX (1049-54) chama vários homens que considera capazes de o ajudar a reformar a Igreja. Nove anos depois, Nicolau II decide que o Papa passaria a ser eleito apenas pelos cardeais. No século XII, começaram a ser nomeados cardeais também os prelados que residiam fora de Roma: primeiro os bispos e arcebispos; desde o século XV, também os patriarcas (Bula “Non mediocri” de Eugénio IV, ano 1439); mesmo quando eram padres, os cardeais tinham voto nos Concílios. O número de Cardeais, que por norma nos séculos XIII-XV não era superior a 30, foi fixado em 70 por Sisto V: 6 cardeais- -bispos, 50 cardeais-presbíteros, 14 cardeais-diáconos (Constituição “Postquam verus”, de 3 de dezembro de 1586). No Consistório Secreto de 15 de dezembro de 1958, João XXIII derrogou o número de cardeais estabelecido por Sisto V. O mesmo São João XXIII, com o Motu Próprio “Cum gravissima”, de 15 de abril de 1962, estabeleceu que todos os cardeais fossem “honrados com a dignidade episcopal”. O Beato Paulo VI, com o Motu Próprio “Ad Purpuratorum Patrum”, de 11 de fevereiro de 1965, determinou o lugar dos patriarcas orientais no Colégio Cardinalício. O mesmo Papa, com o Motu Próprio “Ingravescentem aetatem”, de 21 de novembro de 1970, dispôs que ao completarem 80 anos de idade os cardeais deixam de ser membros dos dicastérios da 1. Tema do Mês 807 Cúria Romana e de todos os organismos permanentes da Santa Sé e do Estado da Cidade do Vaticano; além disso perdem o direito de eleger o Papa e, portanto, também o direito de entrar em Conclave. No Consistório secreto de 5 de novembro de 1973, Paulo VI estabeleceu que o número máximo de cardeais com a faculdade de eleger o Papa se fixasse em 120; São João Paulo II, na Constituição Apostólica “Universi Dominici Gregis”, de 22 de fevereiro de 1996, reiterou estas disposições, embora o número máximo de eleitores tenha sido ultrapassado pontualmente pelos últimos pontífices. Os requisitos para serem eleitos são, no essencial, os mesmos que estabeleceu o Concílio de Trento na sua sessão XXIV de 11 de novembro de 1563: homens que receberam a ordenação sacer- dotal e se distinguem pela sua doutrina, piedade e prudência no desempenho dos seus deveres. Hoje, os cardeais “constituem um colégio peculiar, ao qual compete providenciar à eleição do Romano Pontífice”, como refere o Código de Direito Canónico (cânone 349). As funções dos membros do Colégio Cardinalício vão, no entanto, para além da eleição do Papa: qualquer cardeal é, acima de tudo, um conselheiro específico que pode ser consultado em determinados assuntos quando o Papa o desejar, pessoal ou cole- gialmente. Como conselheiros do Papa, os cardeais atuam colegialmente com ele através dos consistórios ordinários ou extraordinários, com a finalidade de fazer uma consulta importante ou tratar de outros assuntos de relevo. Durante o período de “Sé vacante”, após a morte ou renúncia do Papa, o Colégio Cardinalício desempenha uma função central no governo geral da Igreja e no do Estado da Cidade do Vaticano. Os cardeais são considerados “príncipes de sangue” e são trata- dos com o título de “eminência”; segundo os Tratados de Latrão, todos os cardeais que residem em Roma são cidadãos do Estado da Cidade do Vaticano (art. 21). 808 Ação Católica | julho O Consistório Os novos cardeais são criados no Consistório. O termo tem origem na antiga Roma: o “sacro consistório” era o conselho priva- do do imperador formado pelos seus colaboradores mais próximos. Os Consistórios são reuniões do Colégio Cardinalício e dividem-se em ordinários e extraordinários: os primeiros com os cardeais residentes em Roma, enquanto que nos extraordinários devem participar todos os cardeais. O Consistório para a criação de cardeais é o Ordinário Público. Nem todos os nomes dos cardeais são conhecidos com ante- cedência, pois há casos raros em que o nome não é revelado por razões de perigo e, portanto, para o proteger. Os sinais que distinguem a nomeação cardinalícia são a de- signação de uma igreja de Roma (Título ou Diaconia), o anel, em uso desde o século XII, e o barrete vermelho púrpura. Uma cor que carateriza as vestes dos purpurados e retoma o sinal de disponibilidade ao martírio. O Papa Francisco e os cardeais Nos Consistórios realizados pelo Papa Francisco, este recordou a todos os novos cardeais a sua vocação a servir. “Ele não vos chamou para vos tornardes ‘príncipes’ na Igreja, para vos ‘sentardes à sua direita ou à sua esquerda’. Chama-vos para servir como Ele e com Ele. Para servir ao Pai e aos irmãos”, disse no Consistório público de 28 de junho de 2017. 1. Tema do Mês 809 “Amado irmão neo-cardeal – disse em 2016 - o caminho para o céu começa na planície, no dia-a-dia da vida repartida e compar- tilhada, de uma vida gasta e doada: na doação diária e silenciosa do que somos. O nosso cume é esta qualidade do amor; a nossa meta e aspiração é procurar na planície da vida, juntamente com o Povo de Deus, transformar-nos em pessoas capazes de perdão e reconciliação”. Outras significativas palavras do Papa foi no Consistório de 2015 quando recordou aos neo-cardeais que o chamamento é para serem homens de esperança e caridade; no ano anterior tinha dito para serem homens de paz. Com um Quirógrafo de 2013 instituiu o Conselho de Cardeais, chamado C9, para o aconselhar no governo da Igreja universal e propor a revisão da Constituição Apostólica Pastor bonus sobre a Cúria Romana. Cardeais portugueses Elenco dos cardeais portugueses, ao longo dos séculos: 1. Mestre Gil Filho do chanceler Julião, do tempo de D. Afonso Henriques, Mestre Gil (também aparece com o nome de Egídio), foi tesoureiro da Sé de Coimbra e Cónego de Viseu. Foi este o primeiro Cardeal português, criado pelo Papa Urbano IV (1195- 1264). 2. D. Paio Galvão Nasceu em Guimarães. Sendo Mestre de Teologia em Paris, D. Sancho I mandou-o a Roma como embaixador de obediência, tendo sido feito Cardeal, em 1206, por Inocêncio III, com o título de Santa Maria in Septisolio. 810 Ação Católica | julho 3. D. Pedro Julião ou Pedro Hispano O único português que foi Papa. Natural de Lisboa, era de- signado, no seu tempo, como filósofo, teólogo, cientista e médico, e autor de várias obras científicas. Estando em Roma, depois de participar no concílio ecuménico de Lião, tratou o Papa Gregório X de uma doença dos olhos, sendo elevado a Cardeal em 1274. Foi Papa com o nome de João XXI, desde setembro de 1276 a maio de 1277. A importância do seu talento de homem de ciência mereceu-lhe ser referido por Dante, na Divina Comédia (Paraíso, canto XII). A sua morte deveu-se a um desastre na Catedral de Viterbo, cujas obras acompanhava. Ficou ali sepultado. Em março de 2000, por um especial empenho do Presidente da Câmara de Lisboa, João Soares, foi-lhe concedido um lugar mais honroso dentro da catedral, sendo então transladado para a nave central. 4.