Universidade De Brasília Faculdade De Direito Programa De Pós-Graduação Em Direito
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UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA FACULDADE DE DIREITO PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM DIREITO RICARDO MARTINS SPINDOLA DINIZ DIREITO COMO MEMÓRIA: TEMPO E VIOLÊNCIA ÀS MARGENS DE HANNAH ARENDT BRASÍLIA 2018 UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA FACULDADE DE DIREITO PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM DIREITO RICARDO MARTINS SPINDOLA DINIZ DIREITO COMO MEMÓRIA: TEMPO E VIOLÊNCIA ÀS MARGENS DE HANNAH ARENDT Dissertação apresentada como requisito parcial para a obtenção do título de Mestre em Direito pelo Programa de Pós-Graduação em Direito da Universidade de Brasília. Área de concentração: Direito, Estado e Constituição Linha de pesquisa: Constituição e Democracia Orientador: Miroslav Milovic BRASÍLIA 2018 Ficha catalográfica elaborada automaticamente, com os dados fornecidos pelo(a) autor(a) Martins Spindola Diniz, Ricardo Md Direito como memória: tempo e violência às margens de Hannah Arendt / Ricardo Martins Spindola Diniz; orientador Miroslav Milovic. -- Brasília, 2018. 333 p. Dissertação (Mestrado - Mestrado em Direito) -- Universidade de Brasília, 2018. 1. Fenomenologia. 2. Hannah Arendt. 3. Temporalidade. 4. Ontologia. 5. Imaginação. I. Milovic, Miroslav, orient. II. Título. Para Kátia e Ricardo. AGRADECIMENTOS Meus pais demoraram a compreender a vida acadêmica a qual tenho me dedicado e na qual pretendo continuar. Contudo, mesmo sem entender muito bem o projeto dessa escolha, Kátia e Ricardo me deram o apoio necessário para me dedicar integralmente às minhas pesquisas no âmbito do Programa de Pós-Graduação em Direito da Universidade de Brasília. Sem sua ajuda financeira e, eventualmente, emocional, esses dois anos, que se mostraram necessários para o devido desenvolvimento e exploração de parte considerável do investigado, teriam sido muito mais difíceis. Originalmente eu pretendia, em um sucessivo de metas descumpridas, defender este trabalho em muito menos tempo do que aquele que, em parte pelas exigências da investigação, mas também em razão de circunstâncias e decisões institucionais, foi efetivamente dispendido. Nessa série de prolongamentos inesperados talvez só para mim mesmo a atuação dos dois, ao mesmo tempo compreensiva e ansiosa, foi fundamental. O projeto inicialmente apresentado e aprovado e a pesquisa ora apresentada são radicalmente diferentes. Há uma continuidade quanto ao questionado, muito embora os protocolos mobilizados para apreender aquilo que se interroga com vistas ao questionado tenham sido alterados de maneira profunda. Quem possibilitou essa continuidade, no fundo a constância em não perder de vista as questões fundamentais, em meio a um amadurecimento investigativo até mesmo violento foi, sem sombra de dúvidas, o Prof. Miroslav Milovic. Partes significativas dessa investigação, algumas das quais as mais difíceis de levar a cabo, vieram da minha convivência acadêmica e pessoal com o professor, seja nas tradicionais terças-feiras pela manhã, seja nos seus cafés de estimação, seja em sua casa ou ainda acompanhando ele e seu filho na feira do Paraguai em esclarecedoras e inusitadas reuniões de orientação. Conforme me perguntavam a respeito do Prof. Milovic como orientador e como professor, a imagem que veio imediatamente à fala para presentá-lo foi a que vez ou outra já li mobilizarem para Heidegger, a do pensamento vivo imerso na tempestade em solitude. Por conseguinte, os méritos dessa investigação tem sua dívida existencial para com a possibilidade de ser guiado por Miroslav tempestade adentro. Quem passou a exercer uma influência muito grande desde meu último ano na graduação, influência que veio a se intensificar no contexto dessa investigação, seja como inquiridor imaginário e presente, seja como exemplo e motivação, é o Prof. Dr. Saulo de Oliveira Pinto Coelho. Nesse sentido, devo também agradecer ao professor pela oportunidade que me tem sido oferecida de acompanhá-lo cotidianamente no âmbito do Programa de Pós- Graduação em Direito e Políticas Públicas da Universidade Federal de Goiás, como pesquisador assistente. Seus comentários e reflexões, tanto filosóficas quanto pessoais, continuam no modo que me habituei como seu monitor, como raios cortantes seguidos de um clarão que desmantelam e reorganizam o revelado. E, assim sendo, tiveram uma contribuição ímpar para o cuidado na articulação das interpretações e, por vezes, até mesmo na obsessão com o rigor em vários momentos dessa dissertação. Acredito que talvez a principal diferença no estilo dessa investigação para o que já realizei anteriormente seja no cuidado para com a exposição do investigado e na exploração estrategicamente projetada de uma série de recursos para me fazer entendido. Essa disposição teve seu vigor na minha experiência como aluno por duas vezes e monitor em uma terceira oportunidade do Prof. Dr. Alexandre Araújo Costa. Alexandre é um dos professores mais instigantes e imaginativos quem tive a oportunidade tanto de ver em ação quanto contribuir para tanto. Não por menos, essa imaginação, acompanhada de doses constantes de ironia, transparece também em seus textos que me forneceram um caminho de aprendizado de me esforçar, bem ou mal, para render pensamentos muito complexos em poucas frases, o que teve seu valor incomensurável na experiência docente no Instituto de Ensino Superior do Estado de Goiás na qual me vi lançado desde o segundo semestre do meu período junto a Universidade de Brasília. Alguns dos desafios mais densos aos quais meu texto se viu projetado são consequência do meu contato com a obra e pessoa do Prof. Dr. Ari Marcelo Solon. Da proximidade de temas e interesses investigativos – e também do senso de humor – nasceu o hábito quase diário de brigar à distância em torno de textos filosóficos – ou de quebrar o pau, para usar uma expressão do professor. Essas discussões, bem como os escritos do professor, animaram a fase final dessa investigação de um modo que é difícil exagerar, do mesmo modo que a intimidade que ganhei para com seus textos se verteram em questões e rumos investigativos que muito acrescentaram a dissertação. Acho que faço justiça ao escrever que não existe sequer uma citação de Benjamin no texto que não tenha por pressuposto as minhas conversas e leituras com Ari e com seus textos. Afinal, foi em seu respeito que – em um ato de todo inconsequente, se se pensar a economia da escrita da dissertação – me voltei para a leitura das obras completas de Walter Benjamin. E aquele que tinha antes espaço nas notas de rodapé passou a ocupar momentos centrais do texto. A pós-graduação mostrou-se institucionalmente, em grande medida, um deserto burocrático. Não fosse a comunidade de pesquisa da qual pude participar por laços de amizade, muitas das decisões aqui tomadas não teriam vindo à luz e, consequentemente, o resultado final seria tão burocrático e vazio como o grosso do que se produz em três meses passando-se por quatro anos. A convivência com Bruno Prado – e os almoços não programados e ligações de mais de meia hora –, Gabriel Haddad – e o senso de humor mais infalível quanto mais desesperadora a situação –, Gustavo Zatelli – e as discussões sobre interpretação e historiografia ao longo da madrugada –, Luís Jivago – e os desabafos acompanhados de doses de ânimo tarde da noite –, Marina Araújo – e a comunalidade na investigação filosófica – e Nathaly Mancilla – com conversas as mais inusitadas e muito humor inconsequente – foi imprescindível para a emergência desse texto, um verdadeiro oásis no deserto, para seguir com a metáfora, admitidamente arendtiana. Foi especialmente dos confrontos com os historiadores desse grupo de amigos – bem como da frequência eventual às reuniões do grupo Percursos, Narrativas e Fragmentos, liderado pelo Prof. Dr. Cristiano Paixão, de quem também fui aluno – que tive a oportunidade de apreender a especificidade da interpretação e investigações filosóficas e qual é o fundamento da sua prática no contexto do mundo do direito. Logo, é possível dizer que o sentido dos dois primeiros capítulos veio como o esforço de responder ao desafio lançado pela teoria da história e pela prática da historiografia que tem também seu local no Programa de Pós-Graduação em Direito da Universidade de Brasília e que tem muito a lembrar ao filosofar, bem como aprender com ele. Em uma das muitas releituras que acompanharam a escrita dessa dissertação eu acabei notando que muitas das frases que me parecem mais importantes à compreensão do texto aparecem ao final de parágrafos, seções e capítulos. Por isso decidi retomar essa estrutura, não planejada, e terminar esses agradecimentos com quem teve mais participação em minha vida em Brasília, permitindo-me a renovação diária das forças para continuar pesquisando, escrevendo e lecionando. De um lado, essa renovação foi possível por constantemente fazer sentir-me querido em sua família e que hoje consigo dizer minha também, a quem agradeço no nome de Reine e Cid, Pierre e Marie. De outro, por estar ao meu lado na alegria e na tristeza, como se diz, bem como às vezes pacientemente às vezes nem tanto esperar e exigir pelo meu retorno do pensamento, essa dissertação tem, emocional e espiritualmente, como que sua coautoria em Julia Tavares Borges – quem se mudou junto comigo para cá, quem nunca me deixou esquecer do sentido das minhas escolhas e da importância delas, quem, em amor, construiu um mundo só nosso – e, por que não, em nossas duas gatas, Mocha e Frapê. RESUMO RMSD (Diniz, Ricardo Martins Spindola). Direito como memória: tempo e violência às margens de Hannah Arendt. 2018. 333f. Dissertação (Mestrado) – Programa de Pós- Graduação em Direito, Faculdade de Direito, Universidade de Brasília, 2018. A questão desse trabalho diz respeito à relação entre o Direito e a existência. Se existe um modo de se investigar filosoficamente, se o filosofar tem seu lugar, ele se faz distintamente dos esquemas de investigação legados tradicionalmente. Consequentemente, ao interrogar a obra de Hannah Arendt com vistas a sua questão diretriz essa pesquisa se pergunta pelo fundamento e estilo da investigação filosófica. Os três capítulos podem ser lidos em conjunto como uma articulação preliminar de uma quase-fenomenologia da leitura, que termina lançando as bases para se perguntar a respeito da estrutura epocal da interpretação do direito na modernidade.