MANDINGA for EXPORT a GLOBALIZAÇÃO DA CAPOEIRA RICARDO CÉSAR CARVALHO NASCIMENTO Tese De Doutoramento Em Antropologia Janeiro De 2015
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MANDINGA FOR EXPORT A GLOBALIZAÇÃO DA CAPOEIRA RICARDO CÉSAR CARVALHO NASCIMENTO Tese de Doutoramento em Antropologia Janeiro de 2015 Tese apresentada para cumprimento dos requisitos necessários à obtenção do grau de Doutor em Antropologia realizada sob a orientação científica do Professor Dr. Paulo Jorge Granjo Simões e coorientação da Professora Dra. Maria Clara Ferreira de Almeida Saraiva Apoio financeiro da CAPES no quadro das Bolsas de Doutorado Pleno no Exterior. DECLARAÇÃO Declaro que esta tese é o resultado da minha investigação pessoal e independente. O seu conteúdo é original e todas as fontes consultadas estão devidamente mencionadas no texto, nas notas e na bibliografia. O candidato, ____________________ Lisboa, .... de ............... de ............... Dedico este trabalho aos meus pais e às minhas filhas. A eles todo o amor deste mundo. AGRADECIMENTOS Uma só página não seria suficiente para agradecer aos tantos(as) que comigo cooperaram neste trabalho. Agradeço aos meus pais, Sr. Erivan e Dona Ozanira, por sempre apoiarem o filho distante e pelo amor sem fim que irradiam vindo do lado sul do Equador. Um agradecimento especial e profundo a Dona Antónia, mãe, amiga e companheira de longas batalhas. Aos amigos Isabel Ferreira e Fernando Gonçalves que acompanham o meu trabalho desde o mestrado até agora, revendo, lendo, relendo e corrigindo com carinho, paciência e zelo todo o trabalho. Minha dívida para com eles é impagável. Uma palavra de gratidão à Prof.ª Dra. Clara Saraiva, minha coorientadora, que acompanhou a gestação desta pesquisa desde tenra idade até ao final, sem esmorecer de a apoiar. Um agradecimento caloroso ao meu orientador, Prof. Dr. Paulo Granjo, o mestre. Com ele ainda ando a aprender a gingar nos meandros desta arte, a Antropologia. Minha eterna gratidão a este nobre senhor. Uma menção especial ao amigo Wojtek Bacana, jovem capoeirista e sociólogo polaco com quem dialoguei por tantas horas. Ao Contra Mestre Sem Memória do grupo UNICAR e aos seus alunos de Cracóvia. Um agradecimento ao mestre e amigo José Carlos Santana, o Mestre Chapão, senhor de muita sabedoria e dedicação à capoeira de Portugal. Ao Pai Cláudia, sacerdote do Templo ATUPO, pessoa de fé e engajamento espiritual ímpar. Um agradecimento a Dominik Palka, este jovem polaco desconhecido a quem infelizmente não foi possível conhecer nem entrevistar. A todos os capoeiristas e mestres que abriram as suas portas, os seus corações e dividiram comigo as suas angústias e sabedorias, um muito obrigado. Aquele Axé a todos(as). RESUMO MANDINGA FOR EXPORT: A GLOBALIZAÇÃO DA CAPOEIRA Ricardo César Carvalho Nascimento Esta tese de doutoramento resulta de uma investigação antropológica sobre o conceito de mandinga, na prática da capoeira, e a sua importância na globalização desta forma de arte afro-brasileira na Europa. A pesquisa, que foi realizada na Polónia e em Portugal, busca resposta para a seguinte pergunta: Quais os processos geradores da noção atual de mandinga como propriedade imaterial da capoeira, e de que forma a mandinga foi exportada, apropriada e ressignificada nos processos globais da contemporaneidade? A busca por esta resposta compreendeu um trabalho de campo de três anos realizado nos grupos UNICAR (União Internacional de Capoeira Regional) na cidade de Cracóvia, na Polónia, e do Grupo Capoeirarte, na cidade do Porto, em Portugal. Para além de, através do conceito de mandinga, tentar compreender o processo de transnacionalização da capoeira, o trabalho pretende ainda situar a forma como em alguns contextos sociais, culturais e políticos da Europa, os europeus se relacionam com práticas exteriores a sua cultura e, através de processos de ressignificação, se apropriam e nativizam o outro. PALAVRAS-CHAVE: Capoeira, globalização, nativização, hibridismo. MANDINGA FOR EXPORT: THE GLOBALIZATION OF CAPOEIRA Ricardo César Carvalho Nascimento This doctoral thesis is a result of an anthropological research focused on the concept of mandinga, in capoeira and its role in the globalization of this African-Brazilian art form in Europe. The research, which was carried out in Poland and Portugal, asks what contemporary social processes generate the notion of mandinga, as an immaterial property of capoeira, and how has mandinga been exported, appropriated and re- signified in global processes of contemporaneity? In order to respond this question I conducted three years of ethnographic fieldwork with the UNICAR capoeira group (International Union of Capoeira Regional) in Krakow, Poland, and with the Capoeirarte group, in Porto, Portugal. Going beyond the transnational process of capoeira as it manifests itself in the globalization of mandinga, this thesis also aims to situate the ways by which, in some social, cultural and political contexts in Europe, Europeans relate to external cultural practices influence by reframing the process of appropriation constructing ownership and becoming ‘natives’ of other cultures. KEYWORDS: Capoeira, globalization, become native, hybridity. ÍNDICE Introdução ………………………………………………………………………………………………………………….1 PARTE I Capítulo I …………………………………………………………………………………………………………………….8 1.1. Breve reflexão teórica e metodológica …………………………………………………………………8 1.2. Globalização: questões preliminares ……………........................................................11 1.3. As naturezas da globalização ………………………………………………………………………………15 1.4. Globalização: a procura da certidão de nascimento ……………………………………………18 1.5. O nacional e o transnacional ………………………………………………………………………………21 1.6. Entre o local e o global ……………………………………………………………………………………… 25 1.7. Homogeneização, heterogeneização: contradições dos processos globais …………27 1.8. Hibrido-me logo existo ……………………………………………………………………………………….30 1.9. Globalização, estilo de vida e consumo ………………………………………………………………38 1.10. Globalização, etnicidade e consumo …………………………………………………………………40 1.11. Uma comunidade global …………………………………………………………………………………..43 1.12. Etnografias da capoeira …………………………………………………………………………………….46 1.13. Possíveis etnografias da capoeira no contexto das artes marciais …………………….49 1.14. O trabalho de campo e as metodologias utilizadas ….……………………………………….55 Capítulo II ………………………………………………………………………………………………………………...59 2. Introdução …………………………………………………………………………………………………………….59 2.1. As origens da capoeira .……………………………………………………………………………………….60 2.2. Capoeira, capoeiragens e vadiações ……………………………………………………………………68 2.3. A sociedade brasileira em preto e branco …………………………………………………………..72 2.4. A invenção dos símbolos da identidade nacional ………………………………………………..77 2.5. Duas propostas da capoeira moderna …………………………………………………………………84 2.6. De regional a global: a capoeira pelo mundo ……………………………………………………...91 2.7. Fatores de expansão da capoeira …………………………………………………………….…………93 2.7.1. A internacionalização da música popular brasileira ………………………………………….94 2.7.2. A invenção dos grupos de capoeira ………………………………………………………………….97 2.7.3. As viagens internacionais dos grupos folclóricos da Bahia ……………………………....98 2.7.4. A entrada da capoeira no cinema norte-americano …………………………………….…104 2.7.5. Os livros do Mestre Nestor Capoeira ……………………………………………………..………112 2.7.6. A emigração brasileira de capoeiristas nos anos 80 e 90 ….………..………………….113 2.8. Conclusão …..…………………………………………………………………………………………………….130 Capítulo III ………………………………………………………………………………………………………………136 3.1. “Mandinga for export” ……………………………………………………………………………..………136 3.2. Mandingos e mandingas: pessoas, objetos e significados …………………………........142 3.3. Um conceito de mandinga ………………………………………………………………………………..147 3.4. O que dizem os capoeiristas sobre a mandinga ………………………………………………..155 3.5. Uma perspetiva da capoeira no cinema e a formação do Cine Mandinga …………160 3.6. Cine Mandinga: raça, género e identidade nacional ………………………………………….167 3.7. A trilogia do Cine Mandinga ……………………………………………………………………………..170 3.8. Conclusão …………………………………………………………………………………………………………181 PARTE II Capítulo IV …………………………….……..…………………………………………………………………………191 4.1. Introdução ………………………………………………………………………………………………………..191 4.2. A capoeira numa Europa em crise ………………………………………………………………….…195 4.3. Portugal entre o Atlântico e a Europa ……………………………………………………………...199 4.4. Portugal pós 25 de Abril e a introdução da capoeira …………………………………………202 4.5. O Grupo Capoeirarte: do Recife ao Porto ………………………………………………………….209 4.6. Firme, forte e verdadeiro: o axé Capoeirarte colado ao corpo ………………………….215 4.7. Mandinga em verso e prosa: uma performance de género, raça e identidade nacional ………………………………………………………………………………………………………………….221 4.8. Umbandistas e capoeiras: em busca do Axé em Portugal …………………………………227 PARTE III Capitulo V ………………………………………………………………………………………………….…………..241 5.1. A Polónia pós-nazismo e a construção da democracia ………………………………………241 5.2. Cultura e sociedade polacas no contexto pós-comunista ………………………………...243 5.3. Capoeira e cultura na sociedade polaca pós-comunista ……………………………………245 5.4. O profeta da capoeira na Polónia ……………………………………………………………………..248 5.5. O skinhead acólito que se tornou capoeira ……………………………………………………….261 5.6. UNICAR Polónia: os guardiões da Capoeira Regional …………………………………..……269 5.7. Olha a beleza do mar: vivências sensoriais da roda UNICAR ……………………………..279 5.8. O Brasil imaginário que vem do Axé de Cracóvia ………………………………….………….284 5.9. Kombinatorstwo: a mandinga dos polacos no grupo UNICAR …………………………..287 5.10. Exorcismo e possessão na capoeira polaca ……………………………………………………..291 5.11. Conclusão ……..………………………………………………………………………………………………..299 Considerações finais ……………………………………………………………………………………………….302