MATIS E KORUBO: CONTATO E ÍNDIOS ISOLADOS, Relações Entre Povos No Vale Do Javari, Amazônia
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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA CENTRO DE FILOSOFIA E CIÊNCIAS HUMANAS PÓS-GRADUAÇÃO EM ANTROPOLOGIA SOCIAL MATIS E KORUBO: CONTATO E ÍNDIOS ISOLADOS, Relações entre povos no Vale do Javari, Amazônia Florianópolis Abril de 2007 BARBARA MAISONNAVE ARISI MATIS E KORUBO: CONTATO E ÍNDIOS ISOLADOS, RELAÇÕES ENTRE POVOS NO VALE DO JAVARI, AMAZÔNIA Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social da Universidade Federal de Santa Catarina como requisito parcial para a obtenção do título de Mestre em Antropologia Social. Orientador: Oscar Calavia Saez Florianópolis, abril de 2007 Universidade Federal de Santa Catarina Centro de Filosofia e Ciências Humanas Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social Matis e Korubos: Contato e Índios isolados – relação entre povos no Vale do Javari, Amazônia Esta dissertação foi julgada e aprovada para a obtenção do título de mestre em Antropologia Social no Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social da Universidade Federal de Santa Catarina. Florianópolis, 10 de abril de 2007. Prof. Dr. Oscar Calavia Sáez Coordenador do PPGAS BANCA EXAMINADORA Prof. Dr. Oscar Calavia Saez Orientador Prof. Dr. Rafael Menezes Bastos Prof. Dr. César Flávio Gordon Jr. Resumo Este trabalho é um estudo sobre isolamento, contato e relações entre os povos Matis e Korubo, grupos da família lingüística Pano que moram na Terra Indígena Vale do Javari, no estado do Amazonas, Brasil. O isolamento é tratado aqui como uma situação contemporânea e não como algo dado, os povos Matis e Korubo, que estavam até recentemente em isolamento não viviam assim no passado. A pesquisa trata dos relatos Matis e de suas histórias de contatos com os brancos e com os Korubo. Os dados nos mostram que Matis e Korubo possuem uma história comum. O estudo relata como eram e são as relações entre Matis e o grupo Korubo contatado pelo governo brasileiro em 1996. Os Matis trabalharam na frente de atração dos Korubo e, até hoje, são os principais tradutores e intermediários entre estes e os brancos. Entre 1976 e 1978, os Matis sobreviveram à experiência pela qual passam hoje os Korubo, este turbilhão de transformações, doenças e informações novas que advém com o contato. Esta pesquisa apresenta dados atualizados de como vivem os Matis. Palavras-chave: índios da América do Sul – Amazonas, Terra Indígena Vale do Javari, grupo língua Pano, Matis, Korubo, relações inter-tribais, etnologia, etnografia. Abstract The present study is about Isolated Indians, the contact and the relationship between Matis and Korubo, Panoan speaking groups that live in the Terra Indígena Vale do Javari, Amazon state, Brazil. To live in ‘isolation’ is presented here as a contemporary situation. Matis and Korubo, who, until recent years, used to live ´in isolation´, were not so isolated in the past. This research analyses Matis narratives and their contact histories with the white men and with the Korubo. The fieldwork data shows that Matis and Korubo have a common history. The study relates past and recent events concerning the relationship between the Matis and a small Korubo group that was officially contacted by the Brazilian government in 1996. The Matis have worked in the Korubo´s Attraction Front and they keep on being the main translators and intermediate persons between the Korubo and all other surrounding people. Between 1976 and 1978, the Matis have survived the experience now lived by the Korubo, the twist of transformation, sicknesses and new information bursted through contact. This research presents also recent information about the Matis. Key words: Amerindians, South American Indians, Amazon, Terra Indígena Vale do Javari, Panoan speaking group, Matis, Korubo, intertribal relations, ethnology, ethnography. Agradecimentos Este trabalho foi possível graças ao apoio e à ajuda de diversas pessoas e instituições. A todos Matis, agradeço por terem me aceito e recebido em suas comunidades, casas e vidas. Agradeço especialmente a Txema, Bësso, Kaná Ëxkó, Tupá Maria José, Binin Chunu e Tëpi Wassá por terem me dado família, casa, comida, amizade, aulas de como viver na aldeia e falar Matis. Obrigada a Txema, Iva Rapa, Binan Tuku, Iva Wassá, Baritsika, Makë Wassá, Makë Bësh, Txami, Iva Wiku, Kuni Bëtxan, Tumi Makë ‘Civaja’, Tumi Tuku, Binan Mantê, Kuini Chumarapá, Kuini Marubo, Tumë ‘Japonesa’, Kaná (mulher de Binan Mantê) e Bësso (mulher de Txema) pelas diversas conversas, entrevistas e informações. A minhas alunas e alunos Matis, obrigado por terem me ensinado tanto e terem comparecido às aulas. A Baritsika e Damë, obrigada por cuidarem de minha saúde na aldeia e me tratarem da malária. Às mulheres Matis, obrigada por me ensinarem a buscar mandioca, lenha, fazer caiçuma e cozinhar a moda local. Aos homens, obrigada pela caça. Agradeço aos auxílios financeiros da CAPES, do NuTI – Núcleo de Transformações Indígenas/Pronex, da PRPG/UFSC e da PRPE/UFSC foram fundamentais para o desenvolvimento do mestrado e do trabalho em campo. Agradeço a meu orientador Oscar Calavia pela amizade, generosidade e atenção com as quais sempre me brindou. A Oscar e a meus amigos e colegas Laura Perez Gil e Miguel Carid Naveira, gracias pela orientação, sugestões, livros, discussões esclarecedoras e ensinamentos. A Angela Bertho, Lisiane Lecznieski e Myriam Alvarez, obrigada pelas conversas que abriram-me novos horizontes. Agradeço aos demais professores e colegas do PPGAS, pelo incentivo, críticas e contribuições a este trabalho, em especial, Rafael Menezes Bastos, Antonella Tassinari, Márnio Teixeira-Pinto, Miriam Grossi, Esther Jean Langdon, Sérgio Quezada Carrera, Tatyana Jacques, Bruno Ferreira, Magdalena Toledo, Alberto Bys, Camila Codonho e Sônia Lourenço. Aos amigos do CTI – Centro de Trabalho Indigenista – em Tabatinga, Hilton Nascimento (Kiko), Maria Elisa Ladeira, Beatriz Matos e Conrado Von Brixen, meu profundo e sincero obrigada por amizade, abrigo, apoio, informações, conversas e acesso ao acervo de livros e videos. Em especial, meu agradecimento e admiração a Kiko, por seu conhecimento e sua generosidade. Aos companheiros do CIVAJA, Jorge Marubo e Clóvis Marubo, agradeço por terem trocado comigo convite, hospedagem e alimentação para a VI Assembléia por trabalho. Obrigada também aos amigos Victor Mayoruna, Gilson ‘Gaúcho’ Mayoruna, Daniel Mayoruna, Kevin Abensur Mayoruna, Antônio Mayoruna, Raimundo Kanamari, Nonato Kanamari, Kurá Kanamari, Horácio Marubo e Paulo Nascimento Marubo. Em Atalaia, obrigada a Moacir, pela carona no canoão. Ao pessoal da FUNAI em Tabatinga e Atalaia do Norte, obrigada, especialmente Idnilda Obando, Jean Heródoto de Salles, Beto Marubo e Francisca Batista. Em Brasília, obrigada a Marcelo Coelho, José Meirelles, Raimundo Lopes, Cláudio Romero e Armando Soares Filho. Obrigada também a Sydnei Possuelo. Em meu thuisfront, a Frank e Victoria Marina Koopman, obrigada por tudo. Frank, obrigada também pela arte das ilustrações e pelo mapa. Para a Victoria talvez tenha sido difícil começar o segundo ano de vida e ficar tanto tempo longe da mãe, mas espero que quando minha filha crescer, goste tanto da floresta, dos Matis e de gente diferente da gente quanto eu. Le veritable voyage de découverte ne consiste pas à chercher de noveaux paysages, mais à avoir de noveaux yeux. Marcel Proust (1871 – 1922) Sumário Resumo.............................................................................................................................4 Abstract.............................................................................................................................5 Agradecimentos................................................................................................................6 Convenções......................................................................................................................11 Siglas................................................................................................................................12 Mapa da TI Vale do Javari...............................................................................................13 Mapa da aldeia Aurélio....................................................................................................14 Introdução.......................................................................................................................15 1. Pesquisa 1.1 Objetivos....................................................................................................................19 1.2. Fases da pesquisa......................................................................................................19 1.3. Considerações sobre a chegada ao campo/floresta...................................................20 1.4. Gincana da autorização.............................................................................................22 1.5. Trocas – como pagar pelo campo.............................................................................24 1.6. Financiamento...........................................................................................................27 1.7. Etnografia..................................................................................................................27 1.8. Local e tempo no campo............................................................................................29 2. Isolados e contatados 2.1. Isolados......................................................................................................................30 2.2. O contato, pela sociedade nacional............................................................................35