Do Uaçá ao Iaco: uma travessia pelas pesquisas sobre mulheres e gênero entre os povos indígenas do norte amazônico brasileiro1 Gicele Sucupira (UNIR)

A rota

Percorrer brevemente pesquisas de pós-graduação da área de ciências humanas desenvolvidas com povos indígenas situados no norte amazônico brasileiro que se dedicaram a pensar mulheres e/ou gênero é o objetivo deste texto. O ponto de partida desta jornada são as teses e dissertações produzidas em universidades da região norte, isto é, nos estados do , Amapá, Amazonas, Pará, Rondônia, e . Quando pertinente, também serão mencionados trabalhos de graduação e especialização, bem como projetos de pesquisas e artigos com os quais nos deparamos na rota desse levantamento.

Longe de ser uma revisão exaustiva, o levantamento iniciou no ano de 2012, ano em que fui viver na Amazônia e fiquei curiosa para conhecer as produções sobre gênero na região. O ponto de partida foi o Catálogo de Teses e Dissertações da CAPES, antes da criação da Plataforma Sucupira.2 Prossegui, posteriormente, na plataforma, nos repositórios e endereços eletrônicos das universidades federais da região norte e nos hiperlinks das produções encontradas. Para a análise, busquei identificar as informações básicas como instituição, ano, programa de pós-graduação, como também a(s) etnia(s) pesquisada(s), a metodologia utilizada e as contribuições originais. O diálogo, existente ou não, com a etnologia indígena, com os estudos de gênero e com intelectuais indígenas, além das noções de gênero, de feminismo e de indígena também foram questões analisadas.3

Ao todo foram identificados 59 trabalhos, 29 produzidos no norte e 31 em outras regiões, especialmente, no sudeste. Dos 29 trabalhos no norte, 4 são pesquisas bibliográficas e críticas literárias, que preferi não incluir na análise e na tabela abaixo (Tabela 1). São 25 produções, 3 teses e 22 dissertações, 3 escritas por mulheres indígenas: Iranilde dos Santos Macuxi, Lea Ramos Macuxi e Eliene Rodrigues Baré.

1 44º Encontro Anual da ANPOCS, GT19 - Gênero e sexualidade pelo interior do Brasil: fronteiras e cartografias. 2 Uma versão preliminar deste levantamento foi apresentada em resumo no Encontro de Mulheres da Floresta (EMFLOR), em 2012. Agradeço à Solange Nascimento pelo incentivo e à Fátima Weiss e à Angela Sacchi pelos comentários. 3 Agradeço à Melissa Santana Oliveira, cujas aulas sobre Antropologia, Estudos de Gênero e Interseccionalidades me motivaram a continuar esse estudo. 1

Tabela 1: Teses e Dissertação sobre Mulheres Indígenas na Instituições de Ensino Superior (IES) no norte do país

Ano Nome IES Programa Etnias

2002 a. SILVA, Socorro UFAM Ciências do Ambiente e Rio Negro Sustentabilidade na Amazônia

2003 b. MATOS, Maria UFAM Sociedade e Cultura na Sateré-Mawé Amazônia

2008 c. MAXIMINIANO, UFAM Sociedade e Cultura na Rio Negro Claudina Amazônia

2009 d. MATA, Nely da UNIFAP Desenvolvimento Regional Wajãpi

e. ARAÚJO, Wagner 2010 UFAM Sociedade e Cultura na Sateré-Mawé Amazônia

2010 f. NASCIMENTO, UFAM Sociedade e Cultura na Sateré-Mawé Solange Amazônia

2010 g. SOUZA, Lady. UNIR Desenvolvimento Regional Várias

2011 h. BARROSO, Milena UFAM Serviço Social Sateré-Mawé

2011 i. CAMARGO, Leila UFRR Letras Macuxi e Wapichana

2012 j. TEIXEIRA, Nilza UFAM Antropologia

2013 k. RAMOS, Léia * UFAM Sociedade e Cultura na Macuxi, Wapichana e Amazônia Patamona

2014 l. FRANK, Nelita UFRR Sociedade e Fronteiras Macuxi e Wapichana

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2015 m. ALEIXO, Mariah UFPA Direito Várias

2015 n. MIRANDA, Vanessa UFAM Saúde, Sociedade e Endemias Sateré-Mawé na Amazônia

2016 o. LIMA, Lilian UFPA Antropologia Apinajé

2016 p. NASCIMENTO, UFAM Sociedade e Cultura na Sateré-Mawé Solange Amazônia

2017 q. FERREIRA, UFAM Antropologia Maryelle

2017 r. RIBEIRO, Barbara. UFPA Educação e Cultura Assurini

2017 s. SANTOS, Iranilde UFAM Antropologia Macuxi dos *

2017 t. VIEIRA, Ivânia UFAM Sociedade e Cultura na Várias Amazônia

2018 u. BARATA, Camille UFPA Antropologia Indefinida

2018 v. RODRIGUES, UFPA Antropologia Xikrin e Assurini Eliene*

2019 w. MOURA, Luana UFRR Sociedade e Fronteiras Várias

2019 x. RODRIGUES, UFRR Antropologia Várias Karolayne

2019 y. XAVIER, Maria UFPA Antropologia Mebengokré/Kayapó'

Fonte: das autoras (2020)

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Mais da metade dos trabalhos encontrados, exatamente 13, foram produzidos na Universidade Federal do Amazonas(UFAM), 6 na Universidade Federal do Pará (UFPA), 4 na Universidade Federal de Roraima (UFRR) e apenas 1 nas Universidades Federais do Amapá (UNIFAP) e de Rondônia (UNIR). Nas Universidades Federais do Acre (UFAC) e do Tocantins (UFT) não localizamos sequer um trabalho sobre mulheres indígenas. Comparadas às outras universidades, há menos trabalhos sobre a questão indígena nestas duas universidades, provavelmente pelo fato dos programas de pós-graduação serem mais recentes (Santos, 2019). Pelo Amapá iniciarei a travessia.

Do Uaçá ao Iaco

Inicio o percurso no extremo no norte do Amapá, nas aguas do rio Uaçá, onde a pesquisadora indígena Ana Manoela Primo dos Santos Soares, indígena Karipuna, está produzindo a sua dissertação ‘Ser indígena e antropóloga: Tecendo pesquisas com as mulheres Karipuna do Amapá’ para o Programa de Pós- Graduação em Sociologia e Antropologia, sob orientação de Claudia Leonor López Garcés, na Universidade Federal do Pará (UFPA). Na mesma universidade, Ana Manoela [3] apresentou o trabalho de conclusão da graduação Ciências Sociais “Mulheres Karipuna do Amapá: Trajetórias de vida das Fam- Iela: uma perspectiva autoetnográfica”, com o apoio do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à (PIBIC/CNPq), que se desdobrou em artigos interessantes (Soares, 2019ª; 2019b; 2019c; 2020).

A dissertação de Ana Manoela será a primeira produzida por uma indígena, como também a primeira se debruçar especificamente sobre as mulheres indígenas em uma região que já foi chão de várias pesquisas produzidas por mulheres como as de Eneida Assis (2012). Mais de 30 anos se passou para a antropóloga e então professora na UFPA revisitar seus diários de campo, escritos nos anos 1970 aos anos 1996 durante sua pesquisa entre os povos Karipúna, Galibi e Palikúr. Eneida enfim problematizou a sua busca inicial pelo universo masculino que obscureceu, por algum tempo, a presença das mulheres no inicio, apesar de estarem sempre por perto. Como mostrarei nessa travessia, revisitas a diários e o retorno ao trabalho de campo com ou sobre mulheres e gênero também foi um movimento que fizeram outras antropólogas, que até então haviam tangenciado o tema em suas pesquisas.

Antonella Tassinari (2016) é outro exemplo. A antropóloga acompanhou a sua orientadora Lux Vidal em pesquisa sobre indígenas no entorno do Uaça ainda nos anos 90 e

4 defendeu uma tese sobre os Karipuna em 1998. Após se aproximar de colegas que pesquisavam gênero e mulheres, passou a refletir sobre o tema a partir em uma pesquisa com Galibi-Marworno nos anos 2000 e em 2019 iniciou uma pesquisa sobre conhecimentos, técnicas e cuidados relacionados à gestação e parto entre os Karipuna e Galibi-Marworno do vale do Rio Uaçá, Oiapoque/AP (Tassinari, 2016).

Pelas correntezas do Rio Oiapoque, Ariana dos Santos(2016), outra mulher indígena Karipuna do Amapá e ex-presidente da Associação na Associação de Mulheres Indígenas em Mutirão nos conduz a importantes reflexões sobre o trabalho comunitária das mulheres indígenas por meio do mutirões, trabalhos coletivos, e sobre a trajetória de algumas dessas mulheres em seu trabalho de conclusão de Educação Escolar Indígena pela Universidade Federal do Amapá (UNIFAP). Ariana também produziu outros artigos em coautoria com seu orientador Tadeu Machado (Santos e Machado, 2019).

Na UNIFAP, encontrei apenas a dissertação (d) no mestrado Integrado em Desenvolvimento Regional escrita por Nely da Mata (2009). É uma pesquisa de cunho etnográfico, segundo a autora, baseada em observação e entrevistas semi-estruturadas com mulheres waiãpi de 31 a 74 anos. A pesquisadora teve como objetivo identificar as práticas e plantas medicinais utilizadas por essas mulheres. A descrição botânica ocupa a maior parte da dissertação e o termo “mulheres indígenas” é utilizado por vezes de um modo generalizador, ao incluir neste mulheres Waiãpi, referidas por vezes como “depoentes”, e mulheres de outras etnias. Generalização presente em outros trabalhos encontrados.

Partindo da Terra Waiãpi, do alto do Rio Jari é possível se aproximar das Terras Indígenas Tucumaque e pelas águas do Rio Purus chegar à divisa com o Pará, onde vivem os . Povo estudado por Lucia Hussak van Velthem, pesquisadora do Museu Paraense Emilio Goeldi, durante mais de três décadas , mas explora brevemente a questão de gênero e das mulheres em artigo sobre as mulheres wayana (1995) que vivem no Rio Paru.

No Pará também nos deparamos com as pesquisas das professoras da Universidade Federal do Pará: Ligia Simonian, Jane Beltrão, Beatriz Matos e Júlia Otero dos Santos. Ligia e Jane coordenam pesquisas amplas sobre mulheres amazônidas que envolvem as indígenas. Ligia escreveu a respeito da violência contra mulher e organização política (Simonian; 1994; 1999; 2001; 2009) a partir de pesquisas com indígenas em Rondônia, em Roraima e no Pará. Beatriz e Júlia, que dialogam mais intensamente com a etnologia indígena, revistaram

5 recentemente o campo para discorrer sobre gênero, constituição da pessoa, parentesco e ritual com Matses no Amazonas e com Karo em Rondônia respectivamente (Santos, 2019, Matos, 2018, 2019).

Duas das seis dissertações identificadas no Pará, de Mariah Aleixo (2015) e de Camille Barata (2018), são desdobramentos do projeto de pesquisa “Violências em contextos cultural e etnicamente diferenciados: a Lei Maria da Penha entre trabalhadoras rurais, indígenas e quilombolas”, coordenado pela professora Jane Beltrão. O projeto, que contou com o apoio do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e da então Secretaria de Políticas para as Mulheres(SPM), foi desenvolvido nos anos de 2010 a 2012 por meio de observação, entrevistas, grupos focais com o fim de identificar como se manifestava a violência contra a mulher no campo, entre trabalhadoras rurais, indígenas e quilombolas, bem como as demandas dessas mulheres em relação a essas situações, utilizando como referencial teórico-metodológico a categoria gênero.

Como pesquisadoras do projeto, Mariah Aleixo (2011) no direito e Camille Barata (2016) nas Ciências Sociais, escreveram seus trabalhos de conclusão de curso, além de artigos em cooautoria com a professora Jane (Aleixo E Beltrão, 2012 E 2013; Barata). Baseada em entrevistas e conversas informais com seis indígenas de quatro etnias e cinco quilombolas no Pará, Mariah (2015), na sua dissertação em direito (m), propôs uma tipologia da violência contra mulher: a violência de tipo um, uma violência de gênero e a violência de tipo 2, uma violência interseccional decorrente de especificidades contextuais e da raça/etnia.

Camille Barata (2018), por sua vez, em sua dissertação (u) para o mestrado em Antropologia não informou a etnia etnografada com o fim de responder ao pedido de anonimato recebido de uma das suas interlocutoras, que, após ter sido procurada por um parente, teve receio com a divulgação dos dados. Esse pedido faz Camille refletir a respeito das narrativas sobre violência em disputa, principalmente, entre homens e mulheres que em circunstâncias diferentes compreendiam a si mesmos como aliados. O impasse a respeito da divulgação de alguns dados, para não suscitar compreensões generalizantes e equivocadas a respeito do homem indígena como potencialmente violento, fez com que Camille optasse por tratar o povo pesquisado como “povo da montanha”.

Alguns impasses também são relatados na dissertação (y) de Maria Alice Xavier (2019), servidora da FUNAI desde 2010, quando refletiu a respeito de sua aproximação no

6 campo e sobre o uso das noções de feminismo e empoderamento para pensar a atuação política das primeiras cacicas. O olhar analítico para essas mulheres fortes Mebengokré/Kayapó e lideranças, eleitas após 2015, é mais apropriado a partir da noção de agência e complementaridade segundo a autora porque mesmo usando o facão para simbolizar a força e a educação escolar como uma ferramenta de luta, têm uma visão coletiva da luta e de apoio aos homens.

Atuando na equipe de saúde indígena, Eliene Rodrigues (2018), indígena do povo Baré e graduada em biomedicina, escreveu sua dissertação (v) sobre antropologia e câncer do colo de útero a partir da sua experiência com as “parentes” Xikrin do Cateté e Assurini do Trocará. Eliene evidencia logo no inicio do trabalho que o seu objetivo é ajudar a fomentar medidas eficazes nas políticas públicas de atenção à saúde da indígena mulher.

O povo Assurini do Trocará também é pesquisado por Barbara Ribeiro (2017) no mestrado em educação (r), no qual discorreu o papel da mulher, e no doutorado em antropologia ainda em andamento que trata das relações homoafetivas . Na dissertação, Bárbara se debruça sobre várias questões como iniciação, violência contra mulher, educação ao buscar identificar o papel da mulher assurini em dialogo com estudos de gênero na educação. No texto há uma menção pontual à dissertação sobre relações de gênero e o sobrenatural entre os Assurini de Lúcia Andrade (1992), escrita para o programa de antropologia social da Universidade de São Paulo. O trabalho foi o primeiro a pensar um povo indígena amazônico a partir de um viés de gênero entre os que estão disponíveis no Catálogo de Teses da Capes.

Na região do baixo Tapajós, Luana da Silva Cardoso, indígena do povo Kumaruara, atualmente escreve sua dissertação e já publicou seu trabalho de conclusão de curso sobre política e cura indígena a partir dos conhecimentos das mulheres kumaruara e da autobiografia da parteira e pajé Suzete Kumaruara. No rio Tapajós ainda nos deparamos a pesquisa de Luana Arantes (2019), doutoranda em Sociedade, Natureza e Desenvolvimento pela Universidade Federal do Oeste do Pará, que escreve sua tese com base em entrevistas com mulheres dos povos Arapium, Borari, Kumaruara, Maytapu e Tapajó que atuam no movimento indígena.

Percorrendo o Pará, subindo o rio Tocantins é possível chegar ao povo Apinajé, onde Lilian Lima (2016) conheceu Maricota Apinajé e escreveu sua etnobiografia em tese (o)

7 defendida no Programa de Antropologia da UFPA. Sobre o povo Apinajé há também pesquisas sobre gênero, mulheres, a educação e a escola, mulheres cacicas, o movimento das mulheres indígenas produzidas por Raquel Rocha (2002), Welitânia Rocha (2019) e por seu orientador André Demarchi.

Nas instituições de ensino no Tocantins não foram localizadas teses e dissertações, como já mencionado. No entanto, há publicações sobre os povos indígenas que vivem no estado. Um exemplo é a tese em Saúde Coletiva na UNIFESP a respeito da experiência vivida com mulheres indígenas tomadas como parteiras tradicionais durante a execução do Programa Trabalhando com Parteiras Tradicionais (PTPT) no Tocantins escrita por Christine Ranier Gusman (2017), professora no departamento de enfermagem da Universidade Federal de Tocantins (UFT) (Gusman, Rodrigues e Vilela, 2017; Gusman et Al, 2015).

No Tocantins, há pesquisas a respeito da cosmologia e gênero entre os Javaé (Patrícia Rodrigues 1993,2008) e das mulheres Karajá (Maristela Torres, 2011), povos que vivem nas imediações do Araguaia na Ilha do Bananal. Na outra extremidade do estado, no rio Tocantins, estão Akwe- sujeitos de pesquisas sobre gênero, dualismo, parentesco e nominação (Clarisse Raposo, 2010, 2019), sobre violência contra mulher e a educação (Maria Santana Milhomem (2009), sobre a identidade e a condição da mulher a partir da psicologia (Thirza Sifuentes, 2007) e sobre a saúde reprodutiva das mulheres e a antropologia da saúde (Karita Rodrigues,2014).

Nos afluentes do rio Tocantins, entre os rios Manoel Alves e Manoel Alves, os Krahô, ensinaram sobre gênero, cultivo e ritual à Ana Gabriela Ibri (2016), sobre a relação das mulheres com água à Francilene Teixeira (2019) e a respeito das mulheres-cabaças, primeiras pessoas a aprenderem com o sol, herói criador do povo, à pesquisadora indígena Creuza Krahô (2017), que registrou e sistematizou para o seu mestrado profissional em Sustentabilidade junto a Povos e Territórios Tradicionais na Universidade de Brasília.

Pelo rio Tocantins se alcança o delta do Rio Amazonas, território dos Sateré-Mawé, povo que é foco de várias pesquisas de pós-graduação apresentadas na UFAM, como a do pesquisador, Wagner Araújo (2010), que se debruçou sobre o tema do trabalho doméstico, e 5 pesquisadoras: Maria Matos (2003) que explorou a atuação da associação; Vanessa Miranda (2015) que também discorreu sobre a associação, a vida na cidade, além de questões de saúde e trabalho; Solange Nascimento (2010,2016), que apresentou a trajetória da tuxaua

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Baku (Zelinda Baruna) em sua dissertação e a analisou mitos na sua tese e Milena Barroso (2011) que tratou da violência contra mulher.

Parte desses trabalhos, 4 exatamente, foram orientados pela professora Iraildes Caldas Torres A professora defendeu sua tese sobre a mulher amazonida em 2003 pela Pontífice Universidade Católica de São Paulo, desde então pesquisa sobre gênero e mulheres na Amazônia e já coordenou nos de 2011 a 2013 o projeto sobre práticas sociais das mulheres sateré-mawé e o enfrentamento da violência doméstica em três comunidades indígenas e nos anos de 2013 a 2015 o projeto sobre gênero, etnicidade, Práticas Sociais e Corporais das Mulheres Sateré-Mawé em duas Comunidades Indígenas. As mulheres Sateré-Mawé, principalmente, as artesãs também foram interlocutoras de Ana Luisa Mauro (2015) quando tentou percorrer o caminho das sementes em sua dissertação defendida na Universidade de São Paulo. No texto, Ana menciona brevemente os trabalhos de pós-graduação da UFAM sobre mulheres indígenas, há muitas considerações aproximadas, mas não há dialogo explicito e referenciado.

Manaus também foi o sítio principal das pesquisas sobre as mulheres sateré-mawé (Wagner Araújo, 2010, Vanessa Miranda, 2015) e sobre as mulheres do alto Rio Negro, como os redigidos por Socorro Silva (2002), que discorreu a vida na cidade, a especificadade do atendimento à saúde e a importância da Associação de Mulheres Indígenas do Alto Rio Negro (AMARN) e de Claudina Maximiano (2008) que descreveu a trajetória das mulheres, a vida na cidade e a atuação da Associação Poterîka’ra Numiâ (APN). A pesquisa de Claudina foi realizada no âmbito do projeto Novas Cartografias Sociais da Amazônia. Já trabalho de Socorro, apresentado no programa de Ciências do Ambiente e Sustentabilidade na Amazônia, foi o primeiro trabalho sobre o tema em instituição no norte, 10 anos depois de trabalhos no sudeste.

Navegando pelo Solimões, encontramos a dissertação de Nilza Teixeira (2012), uma matemática e antropóloga que registrou as posturas corporais em fotografias e as noções matemáticas nos grafismos das artesãs Ticuna vinculadas às associações AMATÜ, MEMATÜ e AMIT do Alto Solimões, sob a orientação de Priscila Faulhaber, A respeito das mulheres ticuna há textos sobre trabalho (Torres, 2007), bolsa família (Erica Moreira, 2017), gênero no ritual da menina moça (Edson Materezio Filho, 2015), trajetória de lideranças (Elizsabeth Ibarra e Liliana Souza, 2017), gênero, parentesco e homoafetividade (Patrícia Rosa, 2015), cujo tema também foi abordado no trabalho de conclusão da indígena ticuna

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Josiane Otaviano Guilherme, que escreveu sobre a relação de dois casais de mulheres. A indígena May Anyely Costa (2015), por sua vez, pesquisou o ritual da menina moça,mas não menciona a questão de gênero na sua dissertação. O termo tampouco aparece na dissertação de Nelly Dollis (2017), indígena que discorre sobre a importância do trabalho manual a partir das palavras de sete mulheres marubo que vivem na Terra Indígena do , nas proximidades do rio Curuçá. Na TI, localizada no extremo oeste do amazonas, há escritos sobre gênero e sexualidade entre (Barbara Arisi, 2010), sobre mulheres matses e gênero (Beatriz Matos, 2019).

Já no complexo hídrico dos rios Amazonas, Madeira e Purus, rio Igapó-Açu, Fernando Fileno (2018), orientando de Marta Amoroso, vê as mulheres mundurucu no lugar de bastião de manutenção e criatividade do coletivo. Com as mulheres que viviam nos Rios Mari-Mari e Canumã no Amazonas, Raquel Diaz- Scopel pesquisou sobre a gestação e o parto.

Voltando ao Rio Negro, há pesquisas sobre a trajetória das mulheres na cidade de São Gabriel da Cachoeira (Cristiane Lasmar, 2002), conhecimentos femininos sobre as roças e a circulação de mulheres tukano, saberes e manivas (Adriana Strappazzon, 2013), as histórias que contam as mulheres (Naiara Bertolini, 2018), as histórias de vida e roça de mulheres em Santa Isabel (Thayna Pinheiro, 2018). Já Fabiane Vinente escreve, desde a graduação, trabalhos sobre migração, associativismo, vida na cidade, alimentação, movimento, saúde reprodutiva, nominação, gênero e pessoa entre mulheres do Rio Negro (2019), além de discutir sobre masculinidade, gênero e militarismo (2011,2018). O tema da saúde reprodutiva também aparece nas pesquisas e textos de Marta Azevedo (2009) cujas pesquisas datam de 1997 a 2003 no Rio Negro.

As pesquisadoras indígenas Braulina , Evelyn Nery, Maria Isabel de Oliveira da Silva e Francineia Baniwa também escreveram sobre a região. Braulina teceu sua monografia de Ciências Sociais a respeito do desafio sociocultural de mulheres Baniwa na contemporaneidade em relação às práticas de saberes, formação, educação e cuidado com o corpo e atualmente escreve sua dissertação de mestrado em antropologia sobre a violência contra mulheres indígenas. Evelyn (2019), por sua vez, descreveu as práticas dos cuidados de saúde na primeira menstruação da mulher do seu povo Waíkhana em Santa Isabel para o seu mestrado Desenvolvimento Sustentável. Maria Isabel (2019), indígena do povo Desana estudante de doutorado em antropologia no Museu Nacional, escreveu sua dissertação sobre

10 mulheres indígenas do Alto Rio Negro em Manaus, artesanato, educação e identidade cultural. Francineia (2020) em seu doutorado em Antropologia Social no Museu Nacional atualmente se debruça sobre a mulher no pensamento e na prática Wakoenai: estudo inter- geracional entre as comunidades e a cidade São Gabriel da Cachoeira

Há também os trabalhos de Maria Luiza Garnelo, pesquisadora da Fiocruz-Amazônia, que desde seu doutorado, em 2002, estuda saúde, principalmente, reprodutiva e coordenou um projeto especifico sobre mulheres, ambiente, saúde alimentação no Rio Negro em parceria com a professora da UFAM Maria Luiza Ortolan Matos, pesquisadora dos movimentos indígenas e associativismo, principalmente, entre mulheres indígenas. Maria Helena Ortolan orientou as dissertações em antropologia Maryelle Ferreira (2017) sobre a associação Yanomami (q) e da indígena macuxi Iranilde dos Santos (2017) sobre violência contra mulheres macuxi (s) em Roraima. Iranilde buscou compreender como as mulheres Macuxi de Surumu concebem as práticas de violência contra mulher a partir de suas próprias narrativas sobre situações vivenciadas por elas ou por outras mulheres de sua comunidade.

Também macuxi, Léa Ramos (2013; 2019) defendeu sua tese sobre as políticas para mulheres indígenas na FUNAI na UnB e sobre a mulher indígena no processo de formação social e cultural e a construção de propostas curriculares para a escola na Comunidade Indígena Araçá da Serra / T. I. Raposa Serra do Sol no Programa de Pós-Graduação em Sociedade e Cultura da UFAM. Como vimos, pesquisadoras de Roraima buscam a pós- graduação no Amazonas e em outros lugares do Brasil, mas já há programas recentes no estado.

Na Universidade Federal de Roraima encontramos 4 dissertações de mestrado. Uma análise das práticas discursivas das mulheres indígenas da cidade de Boa Vista publicada no programa de letras por Leila Camargo (2011), dois trabalhos no mestrado de Sociedade e Fronteiras, o de Nelita Frank (2014) sobre mulheres indígenas Wapichana e Macuxi em deslocamento na fronteira Brasil-Guyana e o de Luana Moura (2019) sobre a Organização das Mulheres Indígenas de Roraima (OMIR), já no mestrado em Antropologia Social Karolayne Rodrigues (2019) discorreu sobre a Lei Maria da Penha no universo indígena. No caminho ainda encontrei os trabalhos de conclusão de curso de história Leane Vieira (2016) sobre A (in)visibilidade das mulheres indígenas na mídia impressa roraimense: reflexões a partir das reportagens do jornal Folha de Boa Vista no curso de história de Solange Santos (2019) sobre o perfil da mulher indígena da etnia Macuxi da Comunidade de Manoá desde o seu

11 nascimento até os dias de hoje, ou seja 1980 a 2019 e a OMIR. A OMIR também é foco de análise da estudante de História Carla Ramalho (2013).

Sobre as mulheres indígenas em Roraima, há as dissertações em História Elaine Arantes (2000) sobre mulheres macuxi: da aldeia para o cenário político indígena e indigenista no século XX e de Maria de Lourdes Gomes (2003;2010) sobre mulheres líderes macuxi no período de 1986-2002. Ainda sobre a organização política de mulheres indígenas que vivem em Roraima há os trabalhos de Ligia Simonian (2001) e de Angela Sacchi(2006) sobre o 'movimento de mulheres indígenas de Roraima' que culminou na criação da Organização das Mulheres Indígenas de Roraima (OMIR).

De volta ao Amazonas, já as margens do Rio Madeira, encontramos o trabalho sobre mulheres Pykahu-Parintintin (Pinheiro, Silva e Silva, 2017) de Maria das Graças Nascimento da Silva, professora do Programa de Pós-Graduação em Geografia da Universidade Federal de Rondônia (UNIR). Coordenadora de um grupo de pesquisa sobre mulheres e gênero, Maria das Graças se aproximou pontualmente da temática indígena durante uma pesquisa coletiva com o povo Pykahu-Parintintin, seguido do seu pós-doutorado, quando passou a pesquisar violência contra mulher indígena na Terra Indígena Rio Guaporé, onde vivem mais de 10 etnias. Nos últimos anos, a professora orienta o doutorado de Helen Alves, cuja pesquisa trata sobre gênero e organização socioespacial na mesma, e o mestrado de Deborah dos Santos, que analisa a Associação de Guerreiras Indígenas de Rondônia (AGIR). Com as orientandas, Maria escreveu sobre violência contra mulheres indígenas (Alves e Silva, 2018), representatividade política (Silva e Alves, 2019) e a AGIR (Tupari et al, 2019), quando contou com a coautoria de Maria Leonice Tupari, indígena e presidente da associação.

Ainda na região de Rondônia, há um artigo sobre as mulheres e corpo a na educação (Almeida e Gomes, 2019) e a longa pesquisa de Andrea Castro (2016, 2019)em que o gênero aparece de forma transversal. Pesquisas nas imediações do rio Guaporé também foram desenvolvidas pela professora da UNIR Arneide Cemin, historiadora e antropóloga. Pioneira nas produções acadêmicas sobre violência contra mulheres no estado, desde 2007 Arneide desenvolve e orienta pesquisas sobre violência contra mulheres indígenas. (Sucupira, 2017). Sob sua orientação, Lady Souza (2010) produziu uma dissertação sobre mulheres indígenas na cidade de Porto Velho apresentada no programa de Desenvolvimento Regional e Meio Ambiente.

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Pelo rio Madeira embarcamos rumo ao rio Ji-Paraná, cidade de mesmo nome, onde está situada a Terra Indígena Igarapé Lourdes, que foi chão para duas pesquisas sobre as mulheres arara-karo: a tese de Júlia Otero dos Santos (2015) ‘Sobre mulheres brabas, parentes inconstantes e a vida entre outros: a Festa do Jacaré entre os Arara (Karo) de Rondônia’, além de um texto sobre mulheres e educação (Maria Alves e Heitor Medeiros, 2016). Atualmente, a professora indígena Angela Arara, desenvolve um trabalho sobre a atuação política das mulheres do seu povo para conclusão do curso em educação intercultural da Universidade Federal de Rondônia.

Angela é orientada por Josélia Gomes Neves, professora da área de educação no Departamento de Educação Intercultural da UNIR. Josélia coordena projetos amplos sobre gênero e mulheres, bem como orientou um trabalho de conclusão de curso em pedagogia sobre violência no contexto indígena de Juliana Kuzma (2015). Em 2019 Juliana apresentou sua dissertação sobre mulheres no ensino superior em Rondônia e no para o mestrado em educação na Universidade Federal de Rondônia. Durante a pesquisa, Juliana entrevistou mulheres Arara Karo, Sabanê, Aikanã e Suruí, estudantes no Curso Educação Intercultural da UNIR, no qual Carma Maria Maritini é professora da área da matemática e também pesquisa sobre as indígenas estudantes para sua tese em educação. Ainda sobre as estudantes do Intercultural, há o trabalho de conclusão de curso de pedagogia de Lizabethe da Silva (2014) sobre mulheres Oro Não, que habitam a região de Guajará- Mirim.

Sobre mulheres Paiter Suruí há pesquisas sobre saúde (Lihsieh Marrero,2007), atuação política (Ribeiro et al, 2016), economia a partir do artesanato (Ferreira, 2018) e uma critica literária sobre o silenciamento e a transgressão das personagens mulheres no livro As Vozes da Origem (Luana Pagung, 2018). Ainda sobre indígenas que vivem no estado, Ligia Simonian (1997) escreveu sobre as mulheres Amundava e Uru-eu-wau-wau anos depois de ter defendido sua teses de doutorado. Já Tarsila Menezes (2015) teceu sua dissertação sobre a relação das mulheres Puruborá da aldeia Aperoy com as plantas.

Na mesma aldeia, a indígena Puruborá, Gisele Montanha (2019), que, escreveu a respeito da história de vida de duas lideranças importantes: sua mãe Hozana e sua avó Emília, quando abordou sobre gênero e empoderamento em trabalho para o curso de Especialização em Gênero e Diversidade na Escola na UNIR. No mesmo ano, outra indígena, Sueli Oro Mon (2019), apresentou, para a conclusão do seu curso em Ciências Sociais, uma

13 pesquisa a respeito da violência contra mulheres indígenas em Porto Velho, cuja analise foi tecida em dialogo intelectuais indígenas.

Pelas águas do Rio Madeira, chegamos ao Rio Abunã que nos leva a terras acreanas. No Acre há aproximadamente 21 trabalhos em torno das questões indígena registrados no Catálogo da Capes e nenhum destes toca nas questões buscadas. No entanto, no endereço eletrônico do Programa de Letras da Universidade Federal do Acre (UFAC) identificamos uma dissertação que tangencia a temática. A dissertação de Liberacy Oliveira (2017) sobre ‘Protagonismo feminino e representações sobre os Movimentos de Mulheres no Acre (1980- 90) trata da influência e da contribuição do movimento de mulheres no Acre (MMA) para o movimento de mulheres indígenas.

Há, entretanto, muitas pesquisas situadas no Acre como trabalhos de Cecília McCallum, professora na Universidade Federal da , desde sua tese (1989) acerca da antropologia gênero, noção de pessoa e organização social entre os do rio Humaitá, sob orientação de Joanna Overing. No alto do Rio Juruá, nos deparamos com a tese em História de Cristina Scheibe Wolff (1998) a respeito da história das mulheres da floresta no período de 1870-1945, a partir da interpretação de documentos judiciais, entrevistas de história oral e bibliografia, em que dedica um dos capítulo a relação entre mulheres indígenas e seringueiros. Já em um dos afluentes do Rio Juruá, o Rio Gregório, encontramos a pesquisa sobre a aprendizagem das mulheres pajés do povo yawanawa (Cynthia Saenz , 2017).

Na derradeira parada, às margens do Rio Iaco, encontramos o do povo Manchinery, cujas mulheres lideranças foram escutadas por Alessandra Manchinery (2019). Alessandra cursa doutorado em Geografia na UNIR e escreveu um artigo sobre a experiência de vida e de luta de lideranças femininas nos movimentos indígenas no Acre em coautoria com seu orientador de mestrado.

Diário de bordo

Navegar pelas produções nortistas sobre gênero e/ou mulheres indígenas me levou a 5 reflexões preliminares:

1ª A maioria das produções de pós-graduação em todo o Brasil que versam sobre mulheres entre indígenas situados no norte amazônico brasileiro é tecida por mulheres, isto é,

14 são pesquisadoras mulheres que nos convidam a pensar sobre esses temas. A única exceção é a pesquisa de Wagner Araújo (2010) sobre trabalho doméstica entre mulheres sateré-mawé;

2ª As pesquisas sobre mulheres indígenas e gênero acompanham o desenvolvimento da pós-graduação norte do país (Santos,2019). Ao contrário das produções do sudeste, que começam a aparecer gradativamente depois dos anos 90, no norte estão concentradas após a primeira década dos anos 2000, após a criação dos primeiros programas (UFAM em 2017, UFPA em 2010...). Na região, em 2018 havia em torno de 244 programas, aproximadamente 5% dos programas no Brasil, metade são de humanidades. Esse quadro se reflete na migração de nortistas para os centros de oferta da pós-graduação, bem como no número de bolsas e titulados (Santos, 2019). A migração de estudantes do norte (Torres, 2003, Moreira, 2017, Rocha, 2019....) está cada vez mais comum também entre as indígenas ( Nery, 2019; Dollis, 2017; Ramos, 2019...);

3ª As produções acadêmicas de indígenas iniciaram e se intensificaram nos últimos 3 anos, provavelmente, devido às políticas de cotas na pós-graduação. É preciso lembrar que a pós-graduação é no Brasil a principal propulsora da pesquisa científica. Parte das pesquisas, que tange à temática das mulheres indígenas e muitas das pesquisas mencionadas acima foram possíveis por meio do apoio da então Secretaria de Políticas para as Mulheres (SPM), do CNPq e Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) por meio de editais para projetos e bolsas.

4ª Na etnologia há um movimento de revisita do campo para reflexão a respeito das mulheres indígenas e/ou gênero como fizeram Eneida Assis, Clarice Cohn, Beatriz Almeida, Antonella Tassinari, Ligia Simonian...;

5ª Os conceitos de gênero, empoderamento, feminismo e agência são mais comuns nos trabalhos publicados em outras regiões. No norte, prevalece a discussão sobre mulheres e gênero é citado pontualmente. Já o conceito de interseccionalidade aparece brevemente em 3 trabalhos.(Aleixo, 2015; Barata,2018; Viera,2017). O diálogo com autores e autoras indígenas começa a parecer ainda timidamente nos últimos dois anos.

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