Rock Way of Life

www.dynamite.com.br Ano XX 2012 - NÚMERO 118 ISSN 1415 - 2460

Direto do Fronte com o GOLPE DE ESTADO

Hellsakura Atual formação, tecnologia e planos futuros Palhaço Paranoide De Maceió conquistando espaço no cenário nacional CMIJ - 500 alunos formados no curso de DJ Entrevista com o Professor Nando Marques E mais: notícias, shows e lançamentos.

Setembro-Outubro / 2012 Setembro-Outubro / 2012 ÍNDICE EXPEDIENTE EDITORIAL 04 Retrospectiva revista Dynamite chega com tudo em novembro, trazendo o que tem Ade melhor na cena independente brasileira! Esse mês, temos os veteranos do Golpe de Estado na capa. A banda que está desde 1985 na estrada, nos contou como foi a criação do novo álbum “Direto do Fronte” e também o processo da entrada dos novos integrantes. 06 Shows Também conversamos com Cherry Sickbeat, líder do Hellsakura e figura conhecida pelos trabalhos com o Okotô e Hats. Ela falou sobre a entrada do Donida (Matanza) no grupo, a turnê no Japão, novos planos e mais turnê pelo exterior. O Palhaço Paranoide está se preparando para lançar o primeiro álbum “Céu dos Elefantes”, também nos contou a respeito do circuito alagoano e a vinda até . 16 Golpe de Estado O CMIJ (Centro de Música e Inclusão para Jovens) está comemorando a realização dos 500 alunos formados no curso de DJ. O professor Nando Marques fez um análise dessa conquista. E claro, tudo o que rolou no cenário independente, resenhas de CDs, resumo dos melhores shows e as notícias mais incendiárias do rock.

Boa leitura!

Marcos Chapeleta – Editor 20 Hellsakura

Expediente DYNAMITE - Edição 118 – Setembro/Outubro/2012 24 CMIJ Publisher e Jornalista Responsável: André “Pomba” Cagni MTB 34553 ([email protected]) Editor: Marcos Chapeleta ([email protected]) Diagramação: Rodrigo “Khall” Ramos ([email protected]) Rádio e TV Online: Marcelo Blanco Barreto ([email protected]) Relações Públicas: André Gomes “Juquinha” ([email protected])

Colaboradores: Alexandre Cintra, Aloísio Ribeiro , Angélica Kernchen, Denis Zanin, Diego Fernando, Dum de Lucca Neto, Fabia Fuzeti, Fabio Mori, Fernando Menechelli, Fernando Montinho,“Flavio El Loco” Ferraz, Greg Tasso , Humberto Finatti, Ique Iahn, Jair Santana, Jeniffer 26 Palhaço Paranoid Souza, Luciano “Carioca” Vitor, Maíra Hirose, Marcel Nadal Michelman, Marcelo Luis dos Santos Coleto, Marcelo Teixeira, Márcio Baraldi, Patrícia Cecatti, Peete Neto e Rodrigo “Khall” Ramos.

Contato: Tel/Fax: (11) 3064-1197 R. 13 de Maio, 363 - Bela Vista - São Paulo/SP - CEP:01327-000 Site: www.dynamite.com.br E-mail: [email protected] Capa: Edu Guimarães

28 Ears Up A Revista Dynamite e o portal Dynamite Online são geridos pela Associação Cultural Dynamite, CNPJ 07.157.970/0001-44, através do projeto Pontos de Cultura da Secretaria de Estado da Cultura do Governo do Estado de São Paulo e do Ministério da Cultura do Governo Federal.

Setembro-Outubro / 2012 03 RETROSPECTIVA

NEWS(Fotos: Divulgação)

m entrevista coletiva, a organização do anunciou as três novas atrações prometidas para a próxi- Ema edição brasileira em 2013, são elas: Metallica, Iron Maiden e Bruce Springsteen. O evento aconteceu diretamente no Cristo Redentor, ponto turístico do . M

epois do lançamento da nova faixa, “Doom DAnd Gloom”, os Rolling Stones confirmaram oficialmente o seu retorno aos palcos. A princípio serão qua- tro shows, dois em Londres e dois em Nova Jersey. As apresentações fazem parte das comemorações dos 50 anos de carreira. M

través de uma ação pro- movida no Facebook, a Aorganização do Lollapal- ooza Brasil revelou as atrações da sua edição em 2013, que acontece nos dias 29, 30 e 31 de março, pós mais de três dé- no Jockey Club, em São Paulo. cadas, Os Mutantes Os headlines da segunda edição apresenta na íntegra brasileira do festival são as ban- A o álbum “Tudo Foi Feito pelo das Pearl Jam, The Killers e The Sol” lançado em 1974. O Black Keys. Além deles, as outras show com a formação original atrações principais são: Queens Of do disco, faz parte do festival The Stone Age, Deadmau5, Planet Psicodália, que acontece no Hemp, A Perfect Circle, The Hives, dia 30 de dezembro na Fazen- Franz Ferdinand, Kaiser Chiefs, da Evaristo, em Rio Negrinho, Flaming Lips e Hot Chip. M Santa Catarina. M 04 Setembro-Outubro / 2012 Setembro-Outubro / 2012 pós circular pela Academia Latina da internet uma resenha Gravação anunciou Afeita em 1976 pelo A o CPM 22 como um cantor Morrissey, onde o dos indicados para a 13ª edição músico com 17 anos criti- do Grammy Latino, o grupo cava o primeiro disco dos concorre na categoria “Melhor Ramones, ele próprio em álbum de rock” com o álbum entrevista para a Billboard, “Depois de Um Longo Inverno”, m entrevista à rádio se justificou, dizendo que foi trabalho independente produzido britânica NME, Noel precipitado ao fazer aqueles pelo guitarrista da banda, Lu- EGallagher definitiva- comentários. M ciano Garcia, ao lado do antigo mente descartou qualquer pos- baixista, Fernando Sanches. M sibilidade de algum retorno do Oasis, mesmo depois das de- clarações de seu irmão, Liam Gallagher, de que a banda po- deria retornar em 2015. M

o final de agosto, o líder do Foo Fighters, Dave Grohl, voltou atrás ao dizer no Reading Festival, NInglaterra, que a banda faria uma pausa. Durante um show em setembro, em Nova York, voltou a citar uma possível parada, mas agora a história ficou realmente séria. Através de um comunicado postado no Facebook, Dave confirmou que a banda vai parar, sem previsão de volta. M Sepultura está tra- balhando em um O documentário sobre a história do grupo. Durante a coletiva de imprensa do festival Porão do Rock, em Brasília, o guitarrista Andreas Kisser, nos contou mais sobre o projeto. Além de imagens at- uais, o documentário terá mate- riais antigos que serão tratados para entrar no projeto. M

que era para ser apenas epois da repercussão um show de reencon- em torno do fecha- O tro do Planet Hemp mento da MTV no Circo Voador, no Rio de D Brasil, a assessoria do canal Janeiro, se tornou numa grande divulgou uma nota negando turnê pelo Brasil. Entre o mês que o Grupo Abril esteja nego- de novembro e dezembro, o ciando sua venda. No comuni- grupo vai passar por diversas cado, ainda reforçaram o bom cidades do país. M resultado da audiência. M Setembro-Outubro / 2012 05 Setembro-Outubro / 2012 Clean”. O ponto fraco do show foi quando ela tocou o tema do filme “Príncipe da Pérsia” divida em 3 partes chatas “I Remain” deu ar de SHOWS descanso, afastando a euforia entre os fãs, acredito que dos pontos altos da noite foi a inclusão da pesada “Citizen of Planet” que triunfa em SAMPA ecoava em um belo arranjo oriental pela casa. Credicard Hall - São Paulo (02/09/2012) Confiante em seu álbum debut, o mega hit “Ironic” foi cantado em Texto e foto: Fernando Montinho coro e com alteração no trecho “It’s meeting the man of my dreams and then meeting his beautiful wife” para husband, quem olhou para epois de um hiato de 4 quatro anos, Alanis Morissette lançou o lado, percebeu que o baixista Cedric agarrou o guitarrista Jason e seu excelente “Havoc and Bright Lights” e com o esse disco o encheu de beijos, dando mais sentindo a alteração do trecho. Da cantora canadense excursiona pelo país até dia 16 de A noite já estava ganha, mas quem é fã de Alanis Morissette setembro. A primeira parada foi em São Paulo com duas noites e sabe que ela não deixa de fora suas baladas e foi assim com a ingressos esgotados. nova “Havoc” que abriu alas para a liga do pão que “Head over Alanis entregou aos fãs todo seu brilho e Feet” faz nos shows. talento ao subir ao palco com sua “Woman Quase no fim a parte pesada foi Down”, poucos sabiam cantar, mas isso não representa por “Celebrity”, uma das mais foi problema. A esperta intercalou hits do seu pesadas do disco que ainda contou com “21 esmagador “” e equilibrou- things”, “” e finalizando o se em uma gaita pra agitar geral em “All I bloco com a incrível “NUMB”, onde Alanis Really Want”, sem muitas novidades, o show deixou o palco por conta dos músicos que seguiu com “” numa versão morna eclodiram sobre seus instrumentos levando onde a trintona não se joga mais pelo palco os fãs ao orgasmo. correndo de um lado para outro, “Guardian” A volta do encore foi marcado por uma foi recebida em coro e por placas, na pista versão chata e sem sal de “Hand in my premium, os fãs levaram o impresso “Ever” e Pocket”, porém salva com “Uninvited” de levantaram durante toda a musica. Intimidada sequencia, onde Alanis soltou a louca pela homenagem, Alanis sorria e ao mesmo esquizofrênica do bate cabelo e transcendeu tempo, seu marido, filmava do backstage a ao fechar a noite. performance e homenagem dos fãs. Como já acontece há mais de uma década Carregada em “Jagged Little Pill”, Alanis o encerramento ficou por conta do grande entregou as não hits “Forgiven e Perfect” e hit “”, excelente musica do disco em seguida empunhou-se de uma guitarra “Supposed Former Infatuation Junkie”, brilhante para deslumbrar os fãs da nova que sempre deixa o clima triste, pois todos geração que foram ao delírio com “Hands sabem que é hora de dizer tchau. M

Clássicos do UB40 e versões Changes” e “My Heart is gone”. Já os clássicos de sua antiga ban- marcam show de Ali Campbell da, que os fãs tanto queriam ouvir, foram lembrados durante todo o show. Entre eles, “Kingston Town”, “Here I Am Baby”, “Cherry On Espaço das Américas/SP – 10/10/12 Baby”, “Red Red Wine” e “The Way You Do The Things You Do”. Texto e foto: Marcos Chapeleta Ali Campbell, com seu timbre de voz marcante, sempre será referência como o vocalista do UB40. Com a sua saída, os dois ela primeira vez no Brasil em apresentação solo, Ali Camp- lados – ele e a antiga banda – saem perdendo com isso. Agora se bell, ex-UB40, fez um show competente no Espaço das tratando de show de reggae, esta foi à plateia mais comportada que Américas, em São Paulo. De terno e com alguns quilinhos P já presenciei, não houve nenhum sinal de fumaça por perto. M a mais, o cantor não decepcionou a plateia com a sua incon- fundível voz. Mesmo com pouco público na casa, Campbell e a atual banda, esbanjou carisma enquanto esteve no palco. Como prometido, o repertório foi composto pelos sucessos do UB40 e algumas versões de clássicos da música, no melhor estilo pop reggae. “Paint It Black” dos Rolling Stones, “Would Lie to You” da dupla, Charlie & Eddie, e a já conhecida versão de “Can’t Help Falling in Love” de Elvis Presley, estiveram no setlist. Destaque para “Purple Rain” do Prince, com um lindo solo de trombone. De sua carreira solo, o músico executou as faixas “Nothing Ever 06 Setembro-Outubro / 2012 Megadeth revive o álbum durante os riffs. Em “Symphony of Destruction”, durante as notas ‘Countdown to Extinction’ de guitarra cantavam alto “Megadeth, Megadeth”, mostrando visivelmente a satisfação dos músicos. O líder Dave Mustaine, Via Funchal - São Paulo (05/09/12) inclusive, mostrou seu lado mais carismático, interagindo com a Texto e foto: Marcos Chapeleta plateia, bem diferente de anos atrás. Seguindo a ordem do álbum, foram executadas as faixas “Foreclosure of a Dream”, “Sweating om o jogo ganho, os americanos do Megadeth resgataram Bullets”, finalizando com “Ashes in Your Mouth”. o clássico álbum “Countdown to Extinction”, lançado em O show não parou por aqui, a banda ainda tocou duas grandes 1992. O público compareceu em peso para assistir a este C músicas importantes: “Peace Sells”, com a presença de Vic show histórico. Antes de tocar o disco mencionado na íntegra, a Rattlehead, mascote da banda, e “Holy Wars… The Punishment banda preparou outros sucessos aos presentes. Due” encerrando a apresentação. M Um pouco mais das 22h, os integrantes atuais, Dave Mustaine (vocal e guitarra), David Ellefson (baixo), Chris Bro- derick (guitarra) e Shaw Dover (bateria), começaram o show com “Trust”, do álbum “Cryptic Writings”, de 1997, música que tocou muito nas rádios nos anos 90. Em seguida foi a vez de “Hangar 18″, do clás- sico “Rust in Peace”, de 1990, e “She-Wolf”. A faixa “A Tout Le Monde”, outra bem conhecida dos fãs fez parte deste início. Teve espaço também para duas canções de “Th1rt3en” disco mais recente da banda, de 2011, “Whose Life (Is It Anyways?)” e “Public Enemy No. 1″. Após mostrar no telão a capa do “Countdown to Extinction”, se inicia os primeiros acordes de “Skin o’ My Teeth”, primeira música do álbum, neste momento os fãs vão ao delírio. O público inclusive foi um show à parte, cantando todas as músicas e fazendo coro

Europe leva fãs fieis Falando em grandes sucessos, a balada “Carrie”, suces- em único show no Brasil so dos anos 80, foi cantada por todos. Destaque também A Seringueira/SP – 23/09/12 para a guitarra de John Norum em “Demon Head” e “Love Texto e foto: Marcos Chapeleta Is Not The Enemy”. Em “Rock The Night”, do clássico disco “The Final Count- ela segunda vez no Brasil, a banda de hard rock, down”, de 1986, o publico cantou bem alto o refrão. Na Europe, levou no último domingo, 23, fãs fiéis até mesma música, ainda rolou um improviso de “Another One a casa de show A Seringueira, em São Paulo, para Bites The Dust”, do Queen. P No bis, o Europe retornou ao palco para encerrar o show divulgar o mais recente álbum, “Bag Of Bones”, de 2012. Eram nítidos os diversos sotaques do país ali presentes. com “Last Look At Eden” e a obrigatória “The Final Count- M Entrando no circuito rocker da cidade, a casa A down”, o maior sucesso do grupo. Seringueira apresentou uma estrutura de qualidade, onde a visibilidade do show é boa em todos os cantos do local. Faltou apenas um pouco de organização na entrada, mas nada que comprometeu a apresentação. Às 20h50, a banda sobe no palco com uma recepção calorosa pela plateia que praticamente lotou o local. Logo no início foi executada faixas do disco “Bag Of Bones”, com o vocalista Joey Tempest arriscando algumas pala- vras em português. Com uma bandeira no pedestal do microfone, Joey mostrou carisma entre os fãs, percorrendo por todo o espaço do palco. Após as três músicas do novo álbum, o repertório foi composto por grandes sucessos da carreira do Europe.

Setembro-Outubro / 2012 07 Show da nova formação do 365 faz nova fase da banda, e não se arrependeram, pois pegaram a banda grande sucesso no Dynamite Pub muito inspirada. Logo vieram as novas composições para apimentar o atual momento: “Destino“, e “Ah Solidão”. Parece até que foram Dynamite Pub/SP - 01/09/12 feitas sob medida para o 365, músicas que são a cara da banda. Texto: Nilson “Rizada” - Fotos: Gregoli Tasso O publico pareceu ter assimilado muito bem esta nova fase, vibrando do começo ao fim. O ponto mais alto da noite, foi durante a música,“ São Paulo”, um dos maiores clássicos do rock nacional, não poderia ser diferente. Levou o Dynamite Pub a uma explosão geral. Todos cantando numa única voz. Foi um momento muito marcante deste grande show, com absoluta certeza! O show do 365 já caminhava para o final, quando tocaram a canção “Até Quando Esperar”, da banda brasiliense, Plebe Rude, continuando com “Canção pra marchar”. A última música do show foi “Grandola Vila Morena”, que teve a participação do Rizada, ex-trompetista, backing, e percussionista do grupo. A faixa faz parte da história de uma cidade, de um país, do poeta Zeca Afonso, e claro , de uma banda chamada 365. banda paulista 365, fez um grande show no Dynamite Pub, Revolução dos cravos Em abril de 1974, soldados liderados por um capitão do Exército durante a festa “ Back To The 80´s”, junto com os maiores deixaram os quartéis rumo à sede do governo. Saudados pela DJ’s da cena oitentista de São Paulo: Wadão (Anny 44), A população, que os presentearam com cravos vermelhos e brancos, eles Silmara (Espectro 80), e Magoo (Madame Satã). marcharam para derrubar uma ditadura que já durava mais de 40 anos A Festa foi apenas um aperitivo para um dos primeiros shows “Passavam 20 minutos da meia-noite de 25 de abril de 1974 desta nova formação do 365, com Neto Trindade (voz e violão), Ari quando os acordes de “Grândola, Vila Morena” começaram a tocar Baltazar (voz e guitara), Miro de Melo (bateria) e Robertinho Pallares numa rádio de Lisboa. Os poucos ouvintes estranharam, afinal, (baixo). Subiram ao palco as 2h, em seguida o publico começou aquela era uma música proibida, cujos versos foram censurados pelo a chamar a banda com gritos, “365, 365, 365″. Foi um momento governo: “Em cada esquina um amigo/ Em cada rosto igualdade/ marcante. Eu com os braços arrepiados, fiz as honras da casa e Grândola, Vila Morena/ Terra da fraternidade.” A canção, que havia apresentei a banda. Lembrando que neste mesmo espaço, atual se tornado um hino dos jovens e intelectuais contra a ditadura que Dynamite Pub, era um dos maiores redutos de punk´s e metaleiros já durava mais de 40 anos, naquela noite, era um sinal: a revolução em meados dos anos 80: O saudoso Carbono 14. começara. A poucos quilômetros de Lisboa, sob o comando do Com muita garra, o 365 mostrou porque veio. O cartão de visita capitão Salgueiro Maia, as tropas do quartel de Santarém começaram foi a música “Peter Gun“, com riffs de guitarras perfeitos, um baixo a movimentar-se. O mesmo ocorria em vários pontos do país”. muito bem acentuado, e uma bateria na pegada, já mostrando Este texto é sobre a famosa história revolucionária portuguesa, grande entrosamento. Logo depois foi a vez de um grande classico que nos enche de orgulho, de amor a uma pátria, uma pátria livre, do 1º disco: “ Way of Life”. Com uma recepção calorosa, a banda onde ditadores que se acharam donos do mundo, foram derrotados entrou na vibe da galera. Daí para frente o show virou uma festa, por um povo. Mas onde entra a banda 365 neste história? Entra com grande confraternização entre os artistas e público. na revolução de uma nova era musical, uma nova formação, um A química parecia uma partida de futebol, com um belo gol de conceito, uma harmonia, uma história do rock nacional que nunca placa logo aos 5 minutos do primeiro tempo. Público fiel e um time será apagada por seus fãs, aqueles que os amam de verdade, jogando pra frente, 100% no ataque. Continuaram com “Nunca mais”, independente de quem está tocando ou cantando. O que importa “Só Armas”, e “Crianças”. ao público é o carinho pela banda chamada 365. Uma história que Um dos fatores de sucesso deste show, foi a participação do mais se parece um vulcão em erupção, jorrando músicas, alegrias, público, que cantou a maioria das musicas. Em “Manha de domingo”, e tristezas, decepções que ficaram no passado. O mais importante foi uma das mais aplaudidas. Pode ter sido pelo teor da letra, que é o presente, a superação. Valeu 365, vocês fizeram um “Back To Ari retratou de forma majestosa, a homenagem aos Mamonas The 80´s“ literalmente, honrando como sempre a historia do rock Assassinas. O Fã clube de Guarulhos também veio prestigiar esta nacional. Valeu !!M 08 Setembro-Outubro / 2012 acorda os Na sequência, assumindo os vocais, Amedeo empunhou mortos em São Paulo sua guitarra suja e distorcida e mandou “Falling Man” Cinetério/SP - 23/09/12 levando as duas dúzias de fãs a loucura. Acho que todo Texto e foto: Fernando Montinho mundo queria uma musica do “Misery is a Buttlerfly” e essa veio pra destruir geral, mas o setlist contou ainda com turnê dos estudanidenses se iniciou em no “Oslo” e “Spring And By Summer Fall” que arrebatou os Coquetel Molotov, seguida para um evento um tanto mortos e vivos ao infinito cósmico. Aquanto sombrio no Cinetério, evento que mistura O power trio funciona muito melhor ao vivo e confesso cinema e musica tendo como tema fundo o cemitério da Vila que não tinha como não ser contagiado por cada acorde Nova Cachoeirinha, em São Paulo. A noite fria de domingo foi do baixo da Kazuo, da guitarra do Amedeo e a junção que introduzida pelo excelente filme “Donnie Darko” onde quem Simone dava ao guiar a orquestra fúnebre ao mandarem passava pelas imediações fica olhando cismado. “Dr. Strangeluv”, “Messenger” ,“Not Getting There”, “SW “ e Às 22 horas o Blonde Redhead subiu ao palco simples “23” foi apocalíptico. pra flagelar os ouvidos dos vivos e dos mortos. Kazuo Apesar de curto não dava pra reclamar o enterro da Makino e sua voz doce foi apoiada pelos gêmeos Amedeo noite foi com “Melody Of Certain Three” que fez o Blonde Pace e Simone Pace em um fabuloso que tinha Redhead perceber que mesmo sem serem conhecidos, baixo, sintetizador, bateria e guitarra, assim formando a podem tocar quando quiserem no Brasil, pois conquistaram execução perfeita para musicas como “Love or Prison” faixa uma plateia que velou suas musicas como se fosse o do elogiado “Penny Sparkle” oitavo da carreira deles. ultimo dia de suas vidas. M

Setembro-Outubro / 2012 09 Cobertura do festival 2005, para cobrir o então nascente festival Grito Rock, o blog percebeu Até o Tucupi - Manaus a mesma situação (aquele mar de bandas copiando e mal NXZero e Por: Humberto Finatti - Foto: Coletivo Difusão CPM22, ou então Angra ou Shaman, argh!). Descobrir o Vanguart no meio de todo aquele horror rocker foi mesmo um achado. Em Manaus, tudo igual: na noite de sexta-feira subiram ao palco do Tucupi cerca de dez bandas. A última, , era a “convidada de honra” e sobre o trio comandado pelo vocalista Gabriel Thomaz, nada a acrescentar: eles fazem o showzaço de sempre, sem nada que possa dito negativamente a respeito da performance deles. Mas aí veio todo o restante, antes. E tome cover de Skid Roll(a) aqui, metal extremo ali, emocore acolá e o quadro estava desenhado, deixando uma séria dúvida no ar: o MELHOR do rock manauara estava representado ali, no palco do festival? Se sim ou se não, pelo menos duas bandas da cidade mostraram ali, em seus sets, que estão anos-luz à frente das outras, aliás, estão mesmo em outra dimensão já. O blog fala da ultra experimental Malbec (que tem um instrumental sólido e poderoso e ótimas músicas, sendo que ela deveria apenas definir de uma vez por todas se canta tudo em português ou inglês) e ep. Foi à edição 2012 do festival local Até o Tucupi. O evento foi do trio A Luneta Mágica, com suas referências fodaças de psicodelia, produzido pelo coletivo Difusão, que é ligado à Ong Fora do Eixo. melancolia, rock sessentista, algo de guitar rock e Los Hermanos. E YE o blog, sempre interessado em descobrir ou acompanhar de tudo emoldurando letras belíssimas (algumas, autênticos poemas de perto novas cenas musicais (como faz há quase duas décadas) foi até a desencanto existencial) escritas em português. A Luneta vem sendo capital do Amazonas para ver o Tucupi de perto – ao menos parte dele. fartamente comentada e elogiada aqui nas últimas semanas e com total Explicando: estas linhas rockers virtuais, como é sabido, estão em justiça e merecimento: lançou o melhor disco de rock nacional de 2012 guerra declarada contra boa parte da cúpula (sediada em Sampa) que até o momento e se prepara para desembarcar em São Paulo, em 2013 comanda o FDE, embora mantenha boas relações diplomáticas com – Manaus já ficou pequena demais para o grupo e ele já fez ali tudo o alguns dos coletivos que integram a Ong (caso do Palafita, em Macapá, que era possível. ou do Canoa, em Boa Vista) por entender que o trabalho desses Com todo esse panorama não muito alentador e onde apenas DOIS coletivos é sim honesto, responsável, confiável e digno de nota. Assim GRUPOS realmente chamaram a atenção destas linhas online, o blog sendo, Zap’n’roll foi até Manaus por conta própria (e, não podemos acabou desistindo de acompanhar a segunda noite do Tucupi. Decisão deixar de admitir, contando com algumas parcerias que ajudaram o acertada: além do cansaço pela esbórnia da noite anterior (o zapper, blog na viagem), sem depender de qualquer ajuda eventual do coletivo emérito tomador de destilados, tomou mais de meia garrafa de whisky Difusão. durante os shows que rolaram no evento), caiu um dilúvio em Manaus Se por um lado isso deixou o blog sem passagens aéreas, que deixou a cidade num apagão elétrico por mais de três horas. Foi à hospedagem, alimentação e até credenciamento (desnecessário no conta para o sujeito aqui, apenas ir jantar uma pizza com os seus novos final das contas, já que o evento era aberto ao público e realizado e amados amigos da Luneta, e depois se mandar para cama. em uma rua do centro da capital amazônica), por outro, permitiu à Foi isso. Sobre a parte organizacional do Até o Tucupi, o blog vai reportagem do mesmo trabalhar com mais liberdade. Essa liberdade foi ser honestíssimo: o palco estava bem montado, com bom sistema de que determinou, afinal, que o blogão zapper acompanhasse apenas a som e luz. E é louvável a atitude do Coletivo Difusão que, graças aos primeira noite do Tucupi. Depois do que foi visto/ouvido por lá, julgou-se recursos obtidos junto ao poder público para realizar o evento, ofereceu desnecessário assistir tudo. uma ajuda de custo de R$ 500,00 reais para absolutamente TODOS E o motivo dessa escolha/decisão era muito óbvio: mais uma vez o os grupos que tocaram no festival. Pode não parecer muito, mas é um blog constatou o quanto as referências e influências da garotada que faz avanço em um Coletivo que está DENTRO de uma Ong cuja cúpula da hoje rock independente pelo Brasil afora, são atrasadas e reduzidas a Beiçolândia defende com unhas e dentes a tese de que bandas devem gêneros extemporâneos e já algo cafonas (emocore, metal extremo ou tocar de graça na Rede Brasil de Festivais (apenas um novo nome melódico, pop nacional anos 80). Isso ficou muito evidente na primeira para a velha Abrafin) – ou, no máximo, devem ganhar duas Sol latão noite do festival – e nem vamos colocar em discussão aqui a qualidade de cachê pela apresentação, o que é lamentável, pra dizer o mínimo. das bandas que subiram ao palco, se elas eram ótimas ou péssimas. Daqui, desejamos sucesso para a edição 2013 do Até o Tucupi. O mais evidente no som dos grupos que tocaram lá foi seu enorme * Zap’n’roll viajou a Manaus com o apoio da produtora artística descompasso em relação à informação musical atual (e isso com a paulistana Barravento Artes. E ficou hospedado nos cinco dias em que internet aí, gritando tudo via sites, blogs, YouTube, redes sociais e os esteve na cidade com apoio dos amigos queridos da Luneta Mágica caralho). Um fato que mostra que a situação não mudou nos últimos (Diego, Pablo, Chico e a sempre fofíssima e meiga Karla Sanchez). A anos, no Brasil todo: quando esteve em Cuiabá (Mato Grosso) em todos eles nosso eterno agradecimento!M

10 Setembro-Outubro / 2012 Festival Porão do Rock tempos de Brasília com a canção “1,2,3,4” do Little Quail. Da banda Parte 1 BNegão e os Seletores de Frequência, tocaram “Funk até o Caroço” e Ginásio Nilson Nelson/DF - 07/09/12 “Dança do Patinho”. Em clima de jam session, dessa vez com BNegão Texto e foto: Marcos Chapeleta tocando guitarra, fizeram releituras de Earth Wind & Fire, B-52’s, Pato Banton, Metallica e até Daft Punk. Durante a apresentação, ocorreu um festival Porão do Rock deu início a maratona de shows no feri- problema com o amplificador de Gabriel. Enquanto trocavam o equi- ado de 7 de setembro, no Ginásio Nilson Nelson, em Brasília. pamento, Flávia improvisou com seu baixo, “Wild Side” de Lou Reed, Neste primeiro dia, a cidade mostrou que continua revelando conquistando de vez o público. O Outro momento marcante foi o show histórico dos Raimundos, to- bandas de qualidade, todas mostraram sua personalidade no palco com ótimas performances. cando o álbum “Lavô Tá Novo”, de 1995. Antes de começar, iniciou uma Entre elas, podemos destacar a banda Electrodomesticks. For- vinheta com trechos de músicas bregas dos anos 90, como se tivesse mada só por garotas, elas tocam electro rock, com influências de The trocando de estação de rádio. Em seguida a banda entra no palco e Gossip, Ting Tings e Peaches. Outra apresentação bem interessante tocam na íntegra o disco que contém sucessos como “Eu Quero Ver o foi a dos Dinamites. Os caras tocam um rockabilly bem divertido e Oco”, “O Pão da Minha Prima” e “I Saw You Saying”, o público cantou animado, com o show contagiante. Destaque para a saxofonista todas as faixas em uma só voz. Guiminha, ex-tecnico de som, participou Isa Tequila. O rock instrumental do Passo Largo também animou a de algumas músicas na guitarra. O líder do grupo, Digão, demonstrou plateia, fizeram inclusive um felicidade durante a mix de sucessos do Black apresentação e disse que Sabbath com versões bem estava contente em poder originais. tocar em casa, onde tudo As bandas paulistas tam- começou. bém representaram, fazendo Após a execução das shows marcantes nessa faixas do álbum, os caras primeira noite. O grupo Dan- tocaram “Rebelde Sem iel Belleza & Os Corações Causa”, cover do Ultraje em Fúria caprichou no a Rigor que está no disco visual, levando o seu indie/ “O Embate do Século”. No para o evento. clima de descontração, é Os caras do Claustrofobia chamado ao palco Fred, levaram uma destruição ex-baterista da formação sonora, fazendo o público original, para executar os abrir diversas rodas de hits “Mulher de Fases” e pogo. O Almah fez um show “Puteiro em João Pessoa”. competente, mostrando um outro lado de Edu Falaschi, que buscou Digão fez questão de dizer novas sonoridades e melodias, diferentes do Angra, sua antiga banda. que não tem problema nenhum em tocar com seu antigo companheiro O bacana do PDR Festival é a sua diversidade de sons alternados de banda: “Só não vem quem não quer, só não vem quem já morreu”. nos três palcos montados no Ginásio, um bom exemplo disso foi Para completar a “bagunça”, Alf, ex-Rumbora e Raimundos, assume assistir ao show do Vanguart. Misturando folk com rock e bossa o baixo de Canisso. Depois nos bastidores eram só abraços entre os nossa, a banda de Cuiabá mostrou que no rock definitivamente não músicos, com certeza esse show ficou na história do festival. tem preconceito. Com muitas músicas cantadas pelo público, o grupo apresentou a violinista Fernanda Kostchak, que acrescentou um astral Mais shows marcantes interessante na banda. Os shows internacionais também eram bem esperados pelo público Grande encontros do Porão do Rock. Os uruguaios do Motosierra fizeram um show performático, com direito a uma simulação de vômito do baixista Nesta edição do Porão, tiveram diversas bandas com garotas, com Leonardo “Leito” Bianco. o tradicional Autoramas não foi diferente. A baixista Flávia Couri, como Os americanos do Trivium mostrou suas influências de thrash sempre, mostrou a sua bacana performance futurista. O show do trio metal, fazendo um dos shows mais energético da noite. O vocalista e no festival foi especial. Liderado pelo brasiliense, Gabriel Thomaz, e guitarrista, Matt Heafy, conquistou o público com frases em português o baterista Bacalhau, tiveram como convidado o rapper BNegão. O como “E aí, Brasília?” e “Vocês são foda!”. setlist dos caras, além de executar seus sucessos, também relem- Encerrando a estreia da 15ª edição do Porão do Rock, o quarteto Red brou outros hits de carreira dos integrantes. Com o reencontro de Fang, bem humorados, apresentou a sua pegada stoner rock ao público Bacalhau e BNegão, tocaram alguns sucessos do Planet Hemp como de Brasília. O vocalista e guitarrista, Bryan Giles, em português, desejou “Queimando Tudo” e “Dig, Dig, Dig (Hempa)”, já Gabriel reviveu os um feliz dia 7 de setembro a todos. Destaque ao preciso baterista John Sherman.M Setembro-Outubro / 2012 11 Festival Porão do Rock com diversos momentos da banda contados pelos próprios músicos. Um Parte 2 deles foi sobre o episódio de uma tocha em que André entrava no palco Ginásio Nilson Nelson/DF - 08/09/12 no início de carreira. Esse fato quase incendiou o Colégio Rio Branco, Texto e foto: Marcos Chapeleta em São Paulo. Seguindo a programação da turnê, a banda retorna ao palco para Porão do Rock deu continuidade com a sua segunda e última a execução do álbum “Theatre of Fate”, de 1989. Clássicos como noite do festival, no Ginásio Nilson Nelson, em Brasília. Mais “Living for the Night” e “A Cry From the Edge”, foram cantados por O uma vez diversas bandas de diferentes locais do Brasil e do todos. Um momento emocionante do show foi quando André dedicou mundo, alternaram nos três palcos a faixa “Moonligh” para uma amiga instalados no local. O rock pesado próxima da banda, que não está mais predominou na noite com shows presente entre nós. memoráveis de Sepultura e Viper, Na terceira parte do show rolou bandas que fazem parte da história canções do álbum “Evolution”, de do metal nacional. Com toda a 1992. Neste momento, Pit Passarel experiência de estrada, os caras assume os vocais para cantar a faixa contagiaram a plateia presente. título do disco. André Matos retorna O Sepultura veio na missão de ao palco em seguida para interpretar fazer um dos shows mais energéticos “Rebel Maniac”, e encerram a do festival, e claro que conseguiu. apresentação com o cover de “We Retornando de uma longa turnê pela Will Rock You” do Queen. Algo visível Europa, divulgando o álbum Kairos, nas apresentações do Viper, é a de 2011, a banda optou por resgatar amizade bacana entre os músicos. No final todos se abraçaram no palco nessa apresentação, músicas dos discos “Beneath The Remains”, ao som divertido de “Always Look on the Bright Side of Life”. “Arise” e “Chaos A.D.”, mas também teve espaço para algumas músicas do último disco, assim iniciando o show com “Kairos”, “Mask” e “Dialog”. A Bahia na capital do Brasil Logo depois de uma introdução, começam a execução dos clássicos, “Beneath The Remains” e “Inner Self”, do disco lançado em 1989. Quem pensa que a Bahia é movida pelo axé está muito enganado. Depois disso foi só “porrada na orelha” com músicas do álbum “Arise”, A prova disso foram os shows de Cascadura e Vivendo do Ócio. Os como “Desperate Cry”, “Altered State”, “Substraction”, além da própria caras mostraram que existe sim um circuito rock em Salvador. Devido faixa que leva o nome do álbum, de 1991. Do “Chaos A.D.” lançado em a positiva exposição nos programas da MTV, os garotos do Vivendo do 1993, o Sepultura tocou músicas que não costuma estar no setlist, como Ócio levaram uma galera mais nova para o Porão do Rock. A música de “Amen” e “We Who Are Not As Others”, além das obrigatórias “Refuse/ trabalho “Nostalgia” foi aplaudida por todos. Resist” e “Territory”. Destaque ao excelente trabalho de iluminação na apresentação. A cada música tocada de um determinado álbum, as Diversidade musical no Porão luzes se alternavam nas cores vermelha, laranja e azul, criando o clima de cada disco. Como no dia anterior, a diversidade de sons continuou presente O Sepultura anda numa ótima fase, é visível notar a sintonia entre no segundo dia, e em nenhum momento existiu críticas negativas do os músicos, Derrick Green, interagindo o tempo todo com o público, a público. Karina Buhr mostrou uma performance competente e cheia de cozinha de baixo/bateria, muito bem entrosada entre Paulo Xisto e Eloy atitude. Sua banda também dispensa comentários, com Bruno Buarque Casagrande, e Andreas Kisser com seus solos impecáveis. Falando no (bateria), André Lima (teclados), Guizado (trompete), Mau (baixo), atual baterista, ele literalmente ensurdeceu todos os presentes com o Edgard Scandurra e Fernando Catatau (guitarras), apresentaram um grave do bumbo de sua bateria. Eloy trouxe sangue novo ao Sepultura. som bem psicodélico. O Não Religião levou para Brasília seu clássico Mesmo com a pouca idade, o músico já é bem respeitado. Encerraram punk rock e a banda tradicional da cidade, D.F.C., fez um show bem o show com a tradicional “Roots Bloody Roots”, do álbum “Roots”, de humorado e elogiou o festival pelos seus 15 anos de luta à música de 1996. qualidade. O inglês, Gaz Coombes, mostrou uma apresentação mais Comemorando os 25 anos do lendário álbum “Soldiers of Sunrise”, o intimista, que cairia muito bem em um local menor. O músico tocou Viper levou para o PDR Festival, o show que faz parte da turnê “To Live músicas de sua carreira solo, e também relembrou a sua antiga banda, Again”. Com a formação original, os músicos André Matos (vocal), Pit Supergrass, com “Moving” e “Sit up Straight”. Outra banda de stoner Passarel (baixo), Felipe Machado (guitarra), Guilherme Martin (bateria) rock participou da edição do Porão do Rock 2012. Os californianos e Hugo Mariutti (guitarra), tocaram na íntegra o seu álbum de estreia. do Kyuss Lives!, fizeram um set contendo os quatro álbuns lançados, Abrindo com “Knights Of Destruction”, a banda seguiu a ordem das nove fazendo uma apresentação vibrante. faixas contidas no disco. André relembrou do início do grupo e a história Esta foi mais uma edição do PDR Festival, parabéns a produção do do metal nacional nos anos 80, citando também os amigos do Sepultura. evento pelo profissionalismo, não é por acaso que está em sua 15ª Ao finalizar o disco “Soldiers of Sunrise”, surgiu no telão um vídeo edição. Até o próximo ano, valeu Porão, valeu Brasília!M

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Marylou: Foi feita pelos outros integrantes da época, o cantor disse que apenas acrescentou na letra “Botava ovo pelo cu”. Ciúme: Foi escrita na época em que criaram os direitos iguais entre as mulheres, isso deixou muito marmanjo de cabelo em pé. Jessie Go: É sobre um astro de rock que deixou o sucesso subir à cabeça. conteceu a gravação de mais um programa “Mix Ao Vivo – Eu me Amo: Nos anos 80 virou febre alguns adesivos com Álbuns Clássicos” no Teatro da Mix, em São Paulo. Quem os dizeres “I Love You” ou “I Love New York”, sempre com participou dessa vez foi o grupo Ultraje a Rigor, onde levou A o coração no lugar do “Love”. Na época o músico também toda a sua irreverência. estava lendo um livro sobre letras de músicas românticas que Por ser um programa de auditório, a impressão poderia ser de dizia deixar os ouvintes com baixo astral. Foi então que Roger algo mais formal, com o plateia sentada assistindo a apresentação, resolver inverter a situação, trazendo na letra a alto estima. certo? Errado. O Ultraje a Rigor formado por Roger Moreira (vocal Se você Sabia: É sobre a responsabilidade do homem na hora “H”. e guitarra), Mingau (baixo), Bacalhau (bateria), Marcos Kleine Independente Futebol Clube: Mesmo o líder do Ultraje sendo são (guitarra) e Ricardinho (backing vocal), tirou gargalhadas do paulino, ele garante que a letra não tem relação com a torcida de público o tempo todo, contando as histórias de cada faixa do álbum seu time do coração, e sim a intensão de fazer tudo sozinho, sem “Nós Vamos Invadir sua Praia”, lançado em 1985. depender de ninguém. Outra curiosidade é que essa foi à primeira O líder da banda, Roger, comentou sobre algumas gravação ao vivo da geração de bandas nacionais dos anos 80. A curiosidades, entre elas, como foi elaborar com as composições intensão era registrar a participação da plateia com gritos durante do disco e participações na gravação. Claro, sempre com o as paradas na música. Claro que no Teatro da Mix não foi diferente. espírito divertido da banda. A seguir todas as faixas comentadas. Chiclete: A música não entrou no disco, mas sempre fez parte do Nós Vamos Invadir sua Praia: Surgiu quando a banda paulista foi repertório do Ultraje. Roger disse que essa música era da banda gravar o álbum no Rio de Janeiro, outra ideia partiu do surgimento de Ira!, e os caras não iriam usar mais, então o vocalista pegou. uma nova linha de ônibus que saía dos lugares menos favorecidos, Finalizando as curiosidades, o apresentador relembrou de um indo até as praias da zona sul da cidade. Participaram da faixa fato envolvendo a contracapa do álbum. Uma garota viu a banda amigos de outras bandas, como Lobão e Leo Jaime. Herbert Viana fazendo as fotos e queria de qualquer forma aparecer. Roger não conseguiu chegar a tempo, o cantor Cazuza também não recorda do fato: “Na época não tínhamos photoshop para acertar apareceu. Roger brincou com a ausência de Cazuza: “Depois de ver os detalhes, nem computador era comum. A luz não estava o filme sobre a vida dele eu entendi por onde ele andava”. favorável no dia, precisando mudar de lado sempre. Então a Rebelde Sem Causa: O vocalista comentou que a letra era nossa ‘sereia’ queria aparecer”. Se for reparar bem na imagem, sobre ele mesmo, também usou como referência os playboys, as pernas da garota aparecem ao fundo. A apresentação terminou que costumam ter tudo e continuam reclamando da vida. com um bis da música “Pelado”, virando uma verdadeira festa.M Zoraide: Na época da censura, qualquer deslize, a letra era 14 Setembro-Outubro / 2012 Titãs comenta todas as faixas de Polícia: Tony Belloto se recorda do problema em que ele e ‘Cabeça Dinossauro’ tiveram com a Polícia, quando foram presos. A no Mix ao Vivo música é contra a repressão: “Fala da liberdade, e continua bem Teatro da Mix/SP - 21/08/12 atual, mesmo não existindo mais a ditadura”. Texto e foto: Marcos Chapeleta Estado Violência: Música do , ex-baterista dos Titãs, Tony diz que também se refere à prisão dele com Arnaldo Antunes: “Charles trouxe a letra na época, me recordo dos ensaios sem o Arnaldo, ele ainda estava preso”. Sergio Brito lembra que da última vez que a música foi tocada em um auditório, o público ficou extasiado, quebrando tudo, e brinca: “Se quiserem fazer o mesmo, fiquem a vontade”. Face do Destruidor: A faixa tem por volta de 30 segundos de duração. Cada vez mais próxima nos dias de hoje. Porrada: Sergio Britto fez a música com Arnaldo Antunes. Em tom de ironia, Britto comenta: “Recordo de estarmos fazendo essa música e aparece Roberto de Carvalho, que deve ter sentido um astral zen”. : “As pessoas costumavam ir em casa assistir os ensaios, lembro também do Luiz projeto Mix Ao Vivo – Álbuns Clássicos, teve como Melodia. Nessa época a gente gritava muito”. convidado os Titãs, tocando na íntegra o inovador Tô Cansado: Branco diz que escreveram a música na Oálbum “Cabeça Dinossauro”, lançado em 1986. A madrugada: “Estávamos com o Lobão, próximo ao Jardim apresentação aconteceu no Teatro da Mix, em São Paulo. Botânico no Rio, jogando ping-pong durante a madrugada”. Atualmente formada por Branco Mello, , Sérgio Bichos Escrotos: Paulo Miklos comenta que no primeiro disco Britto, e Mário Fabre, a banda tem viajado o dos Titãs essa música já existia, mas foi censurada: “Mesmo Brasil, tocando as faixas desse LP que rendeu o primeiro disco depois quando entrou no “Cabeça”, a música não podia tocar nas de ouro. Durante a apresentação, os músicos tocaram em rádios, mas a galera gostava e as emissoras tocavam, mesmo clima de jam session, onde trocavam os instrumentos entre si. pagando multa”. Este ano os Titãs comemoram os trinta anos de carreira, Família: Tony comenta: “É uma música bem humorada e lembrando que em outubro terá shows especiais reunindo seus carinhosa, mostra um pouco dos momentos pitorescos da antigos integrantes. família. O disco tem esse certo equilíbrio entre as faixas”. A seguir os integrantes comentam faixa a faixa do disco, : Sergio Britto diz que a faixa faz uma crítica trazendo curiosidades da época, vamos conferir. contra o capitalismo, associa a selva com o mundo moderno: Cabeça Dinossauro: Na época, viajando de ônibus durante “Tem tudo a ver com o conceito do álbum”. a turnê, Paulo Miklos e Branco Mello criaram o trecho da letra Dívidas: Tony lembra que não tocava ela desde a turnê de “Cabeça Dinossauro, Pança de Mamute”. De repente aparece 1986, é uma música antiga que se tornou nova. o Arnaldo Antunes e completou com “Espírito de Porco”. A Paulo Miklos: Completamos 30 anos de estrada, fomos muito batida da música foi uma referência ao ritual dos índios Xingu. além do que imagina na época. Continuamos no gás, lotamos Durante a execução da música no Mix ao Vivo, o baterista todos os lugares tocando o “Cabeça”, estamos muito felizes. Mario Fabre faz um solo de bateria, empolgando toda a plateia. O Que: Tony Bellotto se recorda da gravação da música: AA UU: Com as palavras de Sergio Britto: “Essa é uma das “Usamos bateria eletrônica, foi ideia do produtor Liminha. músicas mais estúpidas da música brasileira. Para nossa Ficamos dois dias de improviso, com o Arnaldo cantando e surpresa, a faixa virou até tema de novela”. experimentando a programação da bateria”. : O apresentador da Mix lembra que na época ao Paulo Miklos: Relançamos agora o “Cabeça” acompanhado executar essa música nos shows, o cantor Arnaldo Antunes da demo, com ela podemos notar a importante participação do deixava o palco. Branco Mello não sabe ao certo qual o motivo Liminha no disco. da atitude do integrante, mas depois que viu o Após a execução do álbum “Cabeça Dinossauro”, a banda cantando junto com a banda essa música, Arnaldo voltou a retornou ao palco e tocou outras canções importantes dos Titãs, participar nas apresentações. “É uma música bem agressiva, entre elas “Lugar Nenhum”, “Aluga-se” (música de Raul Seixas), com a intensão de impor sua opinião”, disse Branco. “Diversão”, “ Flores”, e encerram com “Sonífera Ilha”.M Setembro-Outubro / 2012 15 Golpe de Estado

apresenta sua nova formação

Por: Marcelo Teixeira - Fotos: Divulgação 16 Setembro-Outubro / 2012 onsiderada a maior Dino Linardi: Mais até de Dynamite: Como foi para banda de hard rock dois anos né? você (Dino) chegar e sub- nacional, o Golpe de Roby Pontes: Dois anos e stituir o Kiko, que já é uma ECstado, retorna com o novo meio já com essa formação nova. coisa pesada, pois é um cara trabalho “Direto do Fronte”, Dino Linardi: Tá vendo, tem carismático, e você também trazendo os novos integran- mais uns 25 anos para gente iria substituir um cara lá da tes Dino Linardi (vocal) e empatar, e depois a gente vira ponta que era o Catalau? Roby Pontes (bateria), além o jogo (risos). Como foi o lance de você dos veteranos Nelson Brito Nelson Brito: É, empacotar pegar essa responsa? (baixo) e Hélcio Aguirra (gui- (risos). E aí deu muito certo, Dino Linardi: Então bicho, é tarra). Na ativa desde 1985 e ficou muito legal, começamos a um negócio meio louco, porque com oito discos lançados, os fazer show, show e tocar, tocar, assim, eu não tinha ligação caras mantém o verdadeiro ensaiamos um monte de músi- com o Golpe, por exemplo, rock n’ roll na ativa. cas, e gravamos o disco no como Roby tinha. Ele era um fã Mosh (estúdio). de carteirinha, sabia realmente A Dynamite bateu um papo Dino Linardi: O disco só está e tudo sabe, além de ser um com os músicos sobre a saindo agora, mas já foi grava- grande músico e puta, meu atual formação, como sur- do há um ano. Com um ano de irmão, um cara que gosto pra giu o convite de entraram banda, a gente fez o disco. caramba. Mas assim, eu não no grupo, também de como tinha essa profundidade com foi o processo da gravação Dynamite: Dino, você to- o Golpe que ele tinha. Então, do disco novo, entre outras cava no... acho que isso acabou sendo curiosidades. Dino Linardi: Eu tinha a um pouco mais fácil talvez, en- Johnny Brechó, uma banda tendeu? Depois que você está Dynamite: Como foi o proc- que fiquei 10 anos com ela. Dei envolvido no processo, agora esso da saída do Kiko (Mull- uma estacionada no momento eu olho para trás e fico pensan- er) e do Paulo (Zinner)? porque as coisas eram minhas, do no primeiro show, eu falo, Nelson Brito: Bom, obrigado a maioria das músicas eram mano, aquilo era uma fogueira pela entrevista aqui, somos minhas, a ideologia, agora mesmo, um de nós queima no fãs (da Dynamite) à uns 200 estou com um trampo solo, fogo do inferno (risos). anos. O processo foi que eles inclusive a gente chegou a se Nelson Brito: O Rogério já estavam cansados um pouco conhecer. (Carro Bomba) acabou fazendo dessa vida com a gente, e che- junto, deu uma força, agradecer gou um dia que eles falaram: Dynamite: A gente chegou a ele. Ele foi do Golpe também. “Não dá mais, temos que sair”. se conhecer, mas eu não lem- Pensamos em acabar a banda, brava o nome da sua banda, Dynamite: Só não citei entregar os pontos, mas aí eu e lembro que era uma banda ele (Rogério) porque ficou Hélcio pensamos: “Ainda te- bem legal, acho que devo ter um pouco período, chegou mos umas músicas, queremos o CD lá em casa. a gravar duas músicas do gravar outro disco, então vamos Dino Linardi: É, a gente disco ao vivo né? lá e resolvemos experimentar”. lançou um CD. Roby Pontes: Isso, “Todo Começamos do zero, voltamos Mundo Tem Um Lado Bicho” e a ensaiar no estúdio do Xando Dynamite: E o Roby? “Cada Dia Bate De Um Jeito”, (Zupo, da banda Pedra). Então Roby Pontes: Então, eu não mas ele foi um “Golpista” tam- ligamos paro o Roby Pontes, ele tocava em nenhuma banda bém. falou: “Sei todas as músicas”, de rock n’ roll assim, de viver Dino Linardi: É até hoje né, tanto ao vivo como estúdio, logo o rock n’ roll ainda. Mas eu já sou fã dele, uma pessoa mar- em seguida se não me engano conhecia a galera, conhecia o avilhosa. foi o Pepe que me ligou... Nelsão, o Xando que ajudou a Dino Linardi: Não, acho que incentivar a entrar no Golpe e Dynamite: E você Roby, foi o Xando mesmo... eu estava no meio da galera, como falou que não tocava Nelson Brito: Ah tá, foi o não tocava em banda nenhu- em banda, a responsa de en- Xando também que falou com- ma. Acabei entrando na banda trar de repente é até maior... igo, então eu peguei o telefone que eu era fã pra caramba. Roby Pontes: Para mim, eu e combinamos de fazer um Dino Linardi: O Roby estava acho pior porque é o seguinte, som. Começamos a ensaiar cogitado para entrar no Led o Dino entrou no lugar do Kiko, umas músicas antigas e daí Zeppelin, mas ele preferiu ir do Rogério, que a gente citou pensamos em fazer umas no- para o Golpe né (risos). aqui e do Catalau. Agora o vas, e já estamos à dois anos e Roby Pontes: Brincadeiras a Zinner, nunca tinha saído da estamos aqui. parte (risos). banda, nunca tinha trocado de Setembro-Outubro / 2012 17 baterista. Eu como sempre fui cando as músicas dos caras, Roby Pontes: Então, você fã da banda falei: “Porra, quem e falaram: “Meu, fique aí”. Até imagina para mim como que vai entrar no lugar do Paulo hoje eu não acredito. Uma era, eu falei: “Po, vou entrar, Zinner?”. Mas eu nunca im- banda que sempre fui fã. legal, mas vou ser recebido aginei. Aí fiquei sabendo que o à tomates no palco”. Quase Ivan Busic talvez ia entrar, rolou Dynamite: Eu vi um show isso (risos). Mas até que o uma história né? de você aqui no finado Seven pessoal está gostando, estão Nelson Brito: Tinham uns Beer e no Centro Cultural mais gostando do que tacando boatos... também. tomates. Estou tentando fazer a Roby Pontes: Numa certa Dino Linardi: Você estava minha parte como fã da banda tarde, me liga o Nelson: “E nesse show? e como músico. aí véio, está fazendo o quê? Vem aqui na casa do Xando”. Dynamite: Sim, eu estava. Dynamite: Como foi este Eu não sabia para que, mas Dino Linardi: Caraca, às disco “Direto do Fronte”, por pensei: “Beleza, vamos lá vezes nem eu sei se estava que esse nome? tomar uma cerveja, trocar nesse show. Dino Linardi: Ah bicho, o uma ideia”. Ele falou para Roby Pontes: Olha, próximo lance do “Direto do Fronte”, trazer umas baquetas, inclu- show legal você está convidado foi uma coisa que os qua- sive o Xando também falou para entrar VIP, pelo amor de tro chegaram a um acordo. comigo. Pensei que a gente Deus (risos). Pensamos em outros nomes ia fazer um som, só para também, mas “Direto do brincar. Então ele falou: “Você Dynamite: Eu vou com Fronte” porque é o dia-a-dia. topa entrar para o Golpe?”. certeza (risos). E daí eu Além das gigs e dos shows, Eu já toquei algumas músicas pensei que esses caras iam usamos o “Direto do Fronte” com eles, por eu gostar da entrar com uma responsa como o cotidiano mesmo. Até banda, escutava desde os fudida. E principalmente no o lance que vai em encon- anos 80 e já conhecia algu- caso com o Zinner, consid- tro com o tema da capa. O mas músicas. A gente tocou o erado uma lenda aqui, até o cotidiano de todo mundo, de que no primeiro ensaio, umas Blackmore quando veio para todo o ser humano que está 10, 12 músicas? o Brasil disse que ele toca aqui hoje em dia. Nelson Brito: Não sei, você muito. Está tocando como Roby Pontes: E até mesmo tocava tudo já... o Ian Paice tocava, naquela o “Direto do Fronte” da for- Roby Pontes: Acabei to- época do “Machine Head”. mação nova. 18 Setembro-Outubro / 2012 Nelson Brito: Algumas des- baladas. Aí somos lá conversar Alex junto lá também. sas músicas já estavam pron- com ele, a gente queria gravar Dino Linardi: De tas, já estavam no esquelet- umas duas músicas. Ele foi produção executiva foi o inho, então resolvemos liberar muito legal e falou: “Meu, vocês Fausto Celestino. essas músicas e ver o que gravam rápido? Tó o estúdio”. acontece. A metade do disco A gravação acho que foi em Dynamite: A gravadora, são novas, inéditas. seis dias, uma semana. Aí teve vocês estão lançando pela... que esperar um pouco porque Roby Pontes: Pela Substan- Dynamite: Existe alguma tinha que mixar. Depois o Alex, cial Music versão? o técnico de lá, pegou o disco Roby Pontes: Não, são todas e fez uma mixagem só, ouviu e Dynamite: E como foi, inéditas. Tem algumas músicas disse: “Está pronto”. vocês que escolheram eles que não entraram em outros Roby Pontes: Verdade, foi ou eles que escolheram discos que acabaram entrando assim mesmo. Esse disco foi vocês? agora nesse. Umas duas, três bem correria, a gente gravou Dino Linardi: Eu não sei músicas. em uma semana, a bateria gra- direito, na verdade foi uma vada em um dia. ponte do Hélcio com o Andria Dynamite: As letras, quem Dino Linardi: Acho que nem Busic do Dr. Sin. Parece que está fazendo? foi o lance de correria, acho eles entraram em contato, o Dino Linardi: É todo mundo que foi o lance da gente ter Andria comentou da gravadora de mãos dadas. tudo tão pronto, tão certeiro, e fizeram essa ponte. Roby Pontes: Tipo, menos o que sem brincadeira, os caras Roby Pontes: Foi o Edu... batera (risos). entravam e já terminavam. Dino Linardi: Foi o Edu ou Dino Linardi: Mas eu falo Nelson Brito: Dois dias a o Andria? Não sei, foi um dos isso para todo mundo que gente já tinha tudo. dois. Aí a gravadora entrou o Roby é um super músico. Roby Pontes: Demorou mais em contato com o Hélcio e aí Porque muita gente tem a ima- para lançar do que para gravar. fizeram essa ponte. Tanto é gem de que o baterista não tem que dessa parceria legal da a visão de campo harmônico. Dynamite: Queria que vocês gravadora, isso eu achei sensa- O Roby é um super músico, falassem esse lance do Din- cional, mesmo eu não fazendo completo, de mão cheia e só ho (Capital Inicial) em partici- parte da banda na época, além somou. Então não tira o seu par do disco. de lançar esse disco inédito, corpinho fora não (risos). Nelson Brito: A gente con- vão relançar mais três discos hece o Dinho já faz uma cara, o do Golpe: “Nem Polícia Nem Dynamite: Foram dois Hélcio tinha também o telefone Bandido”, “Quarto Golpe” e anos esse processo de com- dele e ligamos um dia para ele “Zumbi”. São discos maravil- posição do disco? na hora do almoço: “Meu, você hosos. Dino Linardi: Não, em nem não quer vim no estúdio?”. Nelson Brito: Vão remasteri- um ano as músicas já esta- Passou uma hora e ele disse zar, terá fotos, encarte novo... vam prontas. Quer ver, a gente que estava indo. Chegando lá, entrou na banda em maio de já estava olhando as músicas e Dynamite: Gostaria de agra- 2010. Em novembro, dezembro perguntou que música ele iria decer, e dizer que a Dynamite de 2010, antes até. Em se- gravar. Ninguém sabia qual era, está sempre aberta para tembro, outubro, já estávamos aí ele viu a “Rockstar” e decidiu vocês, continuem com essa ensaiando as músicas novas gravar ela. Começou a ouvir, qualidade. Os caras do Golpe em ensaios abertos. Então ouvir, foi lá e gravou a música são muito identificados com em cinco, seis meses já tinha inteira. Agradecer a ele, foi os fãs. A gente se sente mui- quase todas as músicas. Foi muito legal. to bem, não tem esse negó- um casamento, uma lua de mel Dino Linardi: Gente fina, cio de banda poser, cheio de com vários filhos (risos). colou lá com a camiseta do não me toque... para fazer tudo Roby Pontes: Acho que Dynamite: O Mosh é um mundo feliz. músico brasileiro não tem que super estúdio, um dos mais Roby Pontes: Nota 10, o ter isso. completos do Brasil, como se cara foi super paciente. Dino Linardi: Somos uma deu essa escolha? banda de rock! Nelson Brito: A gente já con- Dynamite: Foram vocês Nelson Brito: Agradecer o hecia o Osvaldo, a gente tinha mesmo que produziram ou Marcelo e tudo mundo da Dy- gravado o “Quarto Golpe” lá, teve algum produtor? namite, também ao Fã-Clube, além de conhecer ele de outras Nelson Brito: Foram nós e o Fausto e Ale, doze anos...M Setembro-Outubro / 2012 19 Hellsakura Atitude e tecnologia Por Marcos Chapeleta - Foto: Marcelo Shiniti e Marianne Senna

20 Setembro-Outubro / 2012 om influências punk Cherry Sickbeat: Começamos Cherry Sickbeat: Que e metal, o Hellsakura como um trio, e a gente fez guitarrista né? O Korzus acho tem se consolidado no durante dois anos isso, não, na que é uma das bandas a cenárioC paulista e nacional. verdade mais do que isso. E o serviço do metal. A banda toda Em apenas cinco anos de Donida, do Matanza, como novo tem muito envolvimento só com estrada, o grupo atualmente integrante, ele entrou esse ano. a cena, mas é impressionante, formado por Cherry Sickbeat as duas guitarras da banda é (vocal e guitarra), Marcos Dynamite: Inclusive, ele algo que eu gosto muito. Donida (Guitarra), Napalm participou do disco, e gostou (baixo) e Pitchu Ferraz tanto da banda que acabou Dynamite: Voltando um (bateria) tem conquistado entrando também... pouco para o disco, aqui a seu espaço também fora do Cherry Sickbeat: Na capa sensacional do baixista Brasil. O Grupo lançou o verdade, a gente tocou com o Napalm, foi ele que produziu. álbum de estreia “Bloody To Matanza algumas vezes como Conta um pouquinho sobre o Water”, no final de 2011, além um trio, eu não conhecia o desenho? de fazer parte de splits e EPs Donida nessa época, mas ele Cherry Sickbeat: Esse pelo mundo a fora. já ficava de olho na banda. CD aconteceu meio pós- A Dynamite conversou com Eu fiquei sabendo disso tsunami, estava todo mundo a frontwoman e simpática, recentemente, ele ficava de bem chocado, bem abalado Cherry, conhecida no meio olho no Hellsakura, e eu o com isso e naturalmente ele musical por ter participado convidei para ele fazer uma mesmo fez (a arte). Eu estava das bandas Okotô e Hats. outra guitarra junto comigo na muito chateada com tudo o Ela nos contou sobre a “Very dark Sunday”, música que estava acontecendo no atual formação, agora como desse CD e ele virou pra mim: Japão mas quando eu vi, ele quarteto, também sobre o “Eu não quero gravar só o me mandou esse desenho que álbum “Bloody To Water”, a solo, quero gravar a base toda eu achei incrível. Ele colocou turnê pelo Japão, os novos também, senão não tem graça”. a Usina de Fukushima no projetos, tecnologia e até Essa música foi um pouco fundo, e na verdade é isso, ele quadrinhos. responsável pela entrada marcou o momento mesmo da dele, porque a gente teve finalização do nosso CD com Dynamite: Oi Cherry, como mais contato depois disso e a tragédia já superada, claro. vai o Hellsakura? eu sempre admirei muito o Ele fez o logo novo também. Cherry Sickbeat: Bom, a trabalho dele com o Matanza Eu gosto muito de desenho gente tá se preparando para e realmente é um orgulho de também. um show (Black Jack), e estar tocando junto com ele. também a gente vai preparar Dynamite: Você estava uma música gravando com Dynamite: Vocês gravaram contando inclusive nos duas guitarras com essa o álbum no Mr. Som, estúdio bastidores que você formação nova. do Pompeu (Korzus). Como acompanha Mangá... foi trabalhar com o Pompeu, Cherry Sickbeat: Eu Dynamite: Aproveitando, considerado uma outra lenda gosto de Mangá, gosto de eram um trio e gravaram o do metal nacional? quadrinhos brasileiro, entre “Blood To Water”, primeiro Cherry Sickbeat: O Pompeu outros. Sempre que possível disco... sabe muito bem com qual a eu ganho (risos), brincadeira. Cherry Sickbeat: Não, já é o banda ele está trabalhando no Eu compro também. É que segundo disco. estúdio. Pode ser metal, punk, minha irmã é dona de uma loja música brasileira, ele gravou muito importante lá em Curitiba Dynamite: Na verdade várias coisas lá, ele é um cara e sempre me recomenda, o primeiro como disco muito agradável. Ele sabe muito me deixa a par do eu está completo né? bem tirar o melhor do músico acontecendo. Cherry Sickbeat: Ah sim, ali no momento e também sabe antes a gente fez um Split com pensar muito bem quando tá Dynamite: Falando do Kamisori, banda do Japão, gravando e quando vai entregar Japão, você tem uma ligação lançado por um selo japonês para o Heros, guitarrista do muito forte, claro, por você chamado Karasu Killer, com Korzus que é sócio do estúdio e ser descendente. Vocês parceria do Ataque Frontal aqui trabalha junto também na parte tocaram por lá em 2009, do Brasil. de edição, mixagem e etc. fizeram uma turnê? Cherry Sickbeat: Sim, no Dynamite: Então, e vocês Dynamite: E entende bem Japão a gente fez sete shows, eram um trio na verdade... de guitarra... foi bastante, geralmente às Setembro-Outubro / 2012 21 bandas lá fazem quatro shows. Hoje em dia é muito bom, tem com o celular, já faz parte do As Live House de lá são muito a Rock Camp Girls, são umas dia-a-dia mesmo, não tem pequenas, mas são muito meninas de 10 anos tocando como, acho que para todo poderosas, equipamentos guitarra, é uma loucura isso e mundo. muito bons, muito fortes e você com certeza nessa fase, nessa sobe o elevador e vai para época, elas me vendo tocando Dynamite: Você se sente a Avenue no 5º andar , bem ou outra garota tocando, fica antenada nesse lado legal. O pessoal se entrega na muito mais próximo. E depois é cibernético? hora do show, eu acho que a claro, ela vai ter as opções dela Cherry Sickbeat: Eu acho cena lá é bem parecida com o na vida. importante você ter, mas não Brasil. só isso, eu gosto de revista Dynamite: Já faz um também. Eu gosto da internet, Dynamite: E você, japonesa, tempão que você está no mas gosto de comprar revista, comportada, como foi entrar circuito da música pesada gosto de dobrar a revista, no rock n’ roll? nacional, desde a época do eu coleciono também. Mas Cherry Sickbeat: Tá no Okotô, passando pelo Hats, o lance da internet é muito sangue, né? Não sei de quem você notou essa mudança rápido, esses malucos que foi à culpa, ou a salvação. de tecnologia, antes com desenvolvem os programas, Na verdade fui eu mesma. fitas K7, LP, CD, MP3, enfim. eles são muito rápidos, Todos os CDs, vinis, todos Hoje em dia vocês estão então é difícil mesmo para o que apareceram na minha com aplicativos também, ser humano acompanhar a frente consumi. Para mim é isso é uma coisa bem legal evolução tecnológica, mas aí inesquecível a primeira vez que e atual que vocês estão a gente tenta. Eles são robôs eu ouvi uma baixista chamada trabalhando... na verdade (risos), não são Suzi Quatro, achei muito Cherry Sickbeat: A gente humanos. incrível o jeito que ela cantava, está com um aplicativo no o esquema do baixo, também o Google Play e na Apple Store Dynamite: Os ETs estão aí Runaways. Sempre foi legal a para celulares no iPhone e (risos) gente ver as meninas tocando, Android. Eu acho que é uma Cherry Sickbeat: É, são eles... fica um pouco mais próximo, ferramenta nova para quem ainda mais quando você é gosta da banda e para quem Dynamite: E esse lance de criança. gosta música. Eu pelo menos formato, você passou por

22 Setembro-Outubro / 2012 tudo isso. Acha que perdeu, contribuindo para uma vida Europa, e se tudo der certo no como você falou da revista, melhor para você e todos em Japão também. de encarte? sua volta. Cherry Sickbeat: Pois é, Dynamite: Vocês estão quando você vai para o estúdio, Dynamite: E os projetos agilizando já essa turnê no a referência, é isso que a futuros do Hellsakura? exterior? molecada tem que entender. A Cherry Sickbeat: Quero Cherry Sickbeat: Sim, tem nossa referência não é estar na gravar logo um outro CD, um CD para sair por um selo frente do computador ouvindo a gente começa semana na Europa, esse será com uma música, a nossa referência que vem a fazer um som, banda da Alemanha chamada quando a gente Insonnia com uma tá gravando é mina no vocal o ao vivo, vida. que é incrível, é Então o primeiro uma coisa bem passo da gente diferente mesmo. no estúdio é usar o ouvido humano Dynamite: Quer e a tecnologia deixar o site? também, porque Cherry Sickbeat: tem todos os O site do Hellsakura gráficos para é o www.hellsakura. ajudar, mas com, e também tem uma coisa na rede toda você intuitiva que é poder encontrar e muito importante falar com a gente. e isso eu faço Se quiser ir nos questão de manter shows sempre vai e todo mundo ter, espero encontrar que trabalha em vocês logo. estúdio procura manter isso pra Dynamite: Só não ficar isso coisa pra finalizar, muito robô (imita por que o nome com as mãos o Hellsakura? movimento de um Cherry android). Depois Sickbeat: disso a gente Hell=inferno, todo masteriza, depois mundo sabe o desse processo que é, e Sakura é a gente converte uma flor japonesa tudo para MP3 com significado pra poder jogar de prosperidade. na internet e Daí o guitarrista tudo mais. Mas a da Vader, banda primeira coisa é o polonesa, falou: ouvido humano. “Você acha que o inferno é Dynamite: Um prosperidade?”, conselho para agente falou não, essa molecada o Hellsakura fala que está do contraste. começando agora? provavelmente vamos jogar Conseguiu entender? Cherry Sickbeat: Adote um esse para a internet, mas cachorro, cuide do cachorro, primeiro no aplicativo, depois Dynamite: Sim, na verdade cuide da natureza, da sua está para sair também um são os opostos. cidade e principalmente cuide e vinil com uma parceria de um Cherry Sickbeat: Na verdade, participe da cena, das bandas selo do Japão, o vinil está esse é bem o universo do locais, cada um na sua cidade, sendo feito na America e turnê Hellsakura, entre os integrantes porque fazendo isso vai está né, com shows no Brasil, na com a nossa letra. M Setembro-Outubro / 2012 23 CMIJ comemora o marco de 500 alunos de DJ formados Por: Nilson “Rizada” Martins Foto; Divulgação CMIJ

CMIJ (Centro de Música começamos a ver o interesse gos virem treinar na parte que e Inclusão para Jovens) dos alunos, o curso que deu atingiu o intermediário, a gente promoveu uma festa es- mais certo no sentido de procura vai se moldando de acordo com Opecial no Dynamite Pub, pela de vagas e foi fluindo. Quando a as necessidades de cada turma. realização de 500 alunos for- gente foi fazer as contas, estava mados no curso de DJ. Duran- chegando bem próximo dessa Dynamite: Como você vê esses te a cerimônia, esteve presen- meta. É um número que deixa novos DJs na cena paulista? tes boa parte dos jovens que todos nós contentes, não só a Se está tendo espaço para eles frequentaram as aulas e que mim, mas todo o CMIJ e a Asso- tocarem, em quais as casas hoje estão conquistando espa- ciação Cultural Dynamite. eles estão tocando. Queria que ço como profissional na área. você entrasse um pouco nessa O coordenador Nilson “Riza- Dynamite: Fazendo um apa- parte aí dos alunos na parti- da” Martins conversou com o nhado geral, como você vê cipação deles como DJ. Tem professor Nando Marques, que aquelas primeiras turmas e aluno que se forma, recebe o falou mais sobre o curso, as essa última agora que comple- certificado e guarda para ele, novas formas de ensino e fez tou os 500 alunos. Houve uma mas a gente percebe que tem um apanhado das primeiras evolução? Fala um pouquinho alunos que estão vindo para turmas até as atuais. dessa transição das turmas até justamente ser DJ de verda- chegar a essa aqui. de, querer participar da cena, Dynamite: O que passa na sua Nando Marques: Mudou tanto o querer discotecar nas grandes cabeça em saber que você espaço, como o perfil do aluno. casas. Qual a abertura que o lecionou e ajudou 500 alunos a Eu percebia que antes as pesso- CMIJ está passando, você, o se formarem aqui no CMIJ? as vinham muito por curiosidade, projeto Arena DJ também que Nando Marques: Na verdade, de saber como que é o curso, o está apoiando os alunos... esse número de alunos foi con- que é ser DJ. Hoje às pessoas já Nando Marques: Eu acho que quistado durante todo o tempo vem meio que por indicação de isso foi o que mudou bem o perfil que eu dei aula, isso inclui o colegas que já fizeram o curso, já do aluno, foi essa questão deles CRD, o CMIJ principalmente, que vem pronto para aprender, vem já fazerem o curso sabendo que foram 80, 85%. Isso Inclui as tur- com aquela vontade de conhecer a gente oferece essa plataforma. mas básicas e intermediárias e e ser um profissional mesmo. O projeto Arena DJ, o próprio atuais agora do Virtual DJ, Sesc E o espaço melhorou bastante, Pomba com o Grind no clube A e Senac. Quando isso começou, a gente sempre tenta melhorar, Lôca, que inclusive convidou to- eu não tinha muita noção, não tanto na questão de equipamen- dos na estreia do projeto. Então, tinha uma meta atingida, a gente to, como a própria empresa do hoje o cara tem um horizonte de começou a trabalhar às turmas, espaço. O espaço para os ami- saber que vai terminar o curso 24 Setembro-Outubro / 2012 se ele participar de fato, se ele flexibilidade e saber discotecar um pouquinho de vagas para a construir como DJ e ser promoter também com o notebook, saber turma do intermediário, básico das festas, ele vai ter um espaço fazer as conexões com o cabo, e Virtual DJ. Ligue no 3104- na noite. O problema é quando configurar as placas de som, isso 5920, falar com o Rizada, pro- você começa meio que inflamar também a gente ensina no curso. fessor Nilson Martins, e vamos de tantos DJs, a gente tenta pas- continuar nessa festa que está sar no curso alguns diferencia- Dynamite: O que você espera maravilhosa, estou sentindo o dos. Porque você sai hoje, o cara dessa cerimônia dos 500 alu- clima. Agora a mensagem do no quarto dele usa um Virtual DJ nos? Que é uma marca muito professor Nando Marques que e se considera um DJ, não deixa importante para nós, estou completou 500 alunos. de ser também, o cara faz um muito orgulhoso de ser o coor- Nando Marques: Eu só quero baile de repente na escola dele e denador do CMIJ e vendo que que esse número não ofusque, se considera um DJ, e um baita tem uma turma que está se for- não diminua quem está se for- Top DJ, claro, se considera um mando agora de intermediário, mando hoje, muito pelo contrário, DJ. Então no curso, a partir de básico, do Virtual DJ. E que que seja uma coisa grandiosa. uma época, a gente começou essa turma está fechando o ci- Todos os alunos, dos primeiros a dar alguns diferenciais, algu- clo, não é para qualquer um, é aos últimos, são todos queridos, mas dicas para o DJ ter esse uma marca maravilhosa, espe- a gente às vezes encontra pela diferencial para não cair naquela cial. O que espera referente a rua, pelo Facebook, e também mesmice, para ele ter a própria você, se vai ter alguma home- pelas boates da vida. Espero que identidade, tanto musical como nagem, alguma coisa especial, estejam gostando da festa, prin- técnica, amar a profissão que acha que vamos armar alguma cipalmente, os parentes, namora- tem, ele se vê como profissional hoje (risos)? dos dos formandos, que estejam de fato. Nando Marques: Eu por conhe- felizes com o nosso espaço. cer a Dani, mandar um beijo para Dynamite: Como coordenador ela, por conhecer o Xandeco e Dynamite e Nando Marques: de aluno eu percebi a evolu- toda a equipe do projeto que eu Abraço a toda a galera da di- ção. Por exemplo, tem o bá- coordeno, sei que vai ter bas- retoria da Dynamite, Marcelo sico, depois disso os alunos tantes surpresas. Eu na verdade Teixeira, Hanilton, Pomba, nosso fazem uma provinha. Os que gostaria, se fosse possível, pelo querido câmera Marcelo Blan- passam vão para o intermedi- menos a metade dos 500 alunos co, Marcos Welber “Chapeleta”, ário, depois eles fazem uma estivessem presentes, mas de que está com a gente aqui na seleção para o modelo 1, do qualquer forma, a gente está pre- Dynamite também, revista Dyna- avançado que é em parceria sente na vida deles, no decorrer mite bombando, acessem www. com o clube A Lôca, temos desse tempo que eles passaram dynamite.com.br, beijo para a que ressaltar isso, junto com aqui, pegando o seu ônibus à Val, que dá uma puta força, não o professor Ednei de Oliveira, caminho do CMIJ. Tudo isso fez podemos esquecer dessas pes- que está bem legal também e parte tanto da minha formação soas. A Julinha também que de vai ter uma nova turma agora. como professor como a deles vez em quando dá uma forcinha Como você vê a evolução dos de aluno. Independente se hoje aqui para nós, os professores, o alunos nesse curso também em dia eles são DJs ou não, se Emerson Sheik que deu o título do Virtual DJ, que dá um up a um dia eles forem, se participa- da Libertadores para o Timão. mais também? ram do projeto de alguma forma, Beijo para todo mundo e a bala- Nando Marques: Na verdade, a gostaria pelo menos a metade. da continua! M discotecagem com o computador Quero agradecer hoje é uma realidade né, seja a todos que estão com o Serato, com o Torq, com presentes. alguns softers e com o próprio Virtual DJ. Então nós vimos que Dynamite: Bom, tinha uma demanda, é um com- agradecimentos, plemento, porque o cara muitas um beijo no co- vezes tem o notebook e apare- ração de todos cem algumas festas para ele co- vocês, por me meçar a ganhar dinheiro, ou até aguentar aqui mesmo se introduzir ao mercado. dentro do CMIJ, O CDJ custa em volta de três mil parabéns de reais, é um pouco inacessível coração a todos para quem faz um curso gratuito. os formandos e Então é bacana o cara ter essa lembre-se que há Setembro-Outubro / 2012 25 Palhaço Paranoide e seu universo ‘La Commedia’ Por: Marcos Chapeleta - Fotos: Jão Travassos

princípio ao ver o nome, Dynamite: Como foi a ideia da Commedia” é um universo é possível imaginar banda vim para São Paulo? paralelo criado, que o como alguma atração Guilherme Di França: A gente personagem principal, Jack Valete doA picadeiro, mas na verdade, lançou um vídeo-clipe e viemos ou Palhaço Paranoide, tem que ir o Palhaço Paranoide é uma divulgar em São Paulo com a a esse universo para entender o banda formada em Maceió. Comando SD, tivemos contato próprio universo dele. Eu costumo Na ativa desde 2010, os com a galera. O Sergio Resende dizer que o “La Commedia” é que caras vem batalhando e e o Jão, ouviram o material e está dentro de nós, o que nós conquistando seu espaço no resolveram apostar na gente. somos mesmo. Porque assim, cenário independente nacional. quando você sai de casa, você é Formado por Guilherme Dynamite: O nome Palhaço um professor, advogado, médico, di França (vocalista e Paranoide, de onde surgiu essa mas em casa você não assume compositor), Anderson Aredes ideia? nenhum personagem, quem (guitarrista), Rodrigo Carneiro Guilherme Di França: Palhaço conhece o ser próprio é você (baixista) e Yuri Alexandrovich Paranoide é um personagem, os mesmo. Então o “La Commedia” (baterista), o grupo tem colhido estudos e efeitos do homem, é é o mundo sem máscaras. bons frutos após o lançamento um cara que na música a gente do primeiro video-clipe “A contrasta esses personagens. Dynamite: Falando um pouco Rosa e o Vagabundo”, onde A música faz parte do caminho mais sobre esse universo, podemos notar seu próprio desse personagem. Ele é nada vocês também trabalham com universo, chamado de “La mais, nada menos que o próprio imagem, vendo o vídeo-clipe Commedia”. homem. A crítica da sociedade, o vocês trabalham com um Os integrantes bateram um homem na sociedade. pouco de influências de Tim papo com a Dynamite sobre Burtom? esse universo, também falaram Dynamite: Vocês trabalham Guilherme Di França: A gente a respeito da vinda à São com um mundo fictício tem uma equipe de arte, que é Paulo, sobre o álbum “Céu dos chamado “La Commedia”, com o Mizael Oliveira e a Juliana Elefantes”, além de comentar como funciona isso? Agra, que eles fazem a parte de do circuito alagoano. Guilherme Di França: “La imagens, que são os desenhos. 26 Setembro-Outubro / 2012 A gente está construindo alguns contos que futuramente vai virar quadrinhos e é como se a banda fosse à trilha sonora desse universo. O Palhaço Paranoide não é só a música, tem todo um contesto por trás.

Dynamite: Quanto ao nome, de repente quem não conhece a banda imagina o Palhaço Paranoide uma coisa com Picadeiro, circense, mas na verdade existe um pouco de melancolia no som de vocês... Guilherme Di França: O Palhaço Paranoide é como se fosse um circo freak, mas seria um freak mais tímido, não seria um terror que assusta, é mais Tim Burton, Guilherme Di França: Agora perguntava ao público qual uma coisa mais escondida, uma não que Maceió não tenha banda local queria ver, através de alegria reprimida. público para a gente, fazíamos votação. o nosso show e lotava, tinha a Dynamite: E o projeto atual de galera que ia assistir o show do Dynamite: Vocês tinham uma vocês, estão terminando o CD Palhaço Paranoide e cantavam as demo antes, vão ser usadas completo? músicas. essas músicas no novo disco? Guilherme Di França: Isso, Yuri Alexandrovich: Os nossos Guilherme Di França: Algumas nós estamos terminando agora maiores fãs são de lá. músicas estão entrando, e o disco que terá o título inicial Guilherme Di França: Agora são as que fazem parte do de “Céu dos Elefantes”. Está a questão é que não tem uma contesto histórico do universo agora em fase de mixagem pela divulgação, não tem um grupo “La Commedia”, porque assim, Comando SD e entre setembro que divulgue, uma imprensa que o disco é como se fossem e outubro, estaremos lançando o divulgue o rock, então tem que capítulos, livros. O primeiro disco disco. caminhar com as próprias pernas, “Céu dos Elefantes” é o começo, e a gente conseguiu bastante e as músicas que fazem parte Dynamite: Quero saber do coisa lá. desse contexto entraram, que circuito da cidade de vocês em foram “Calmaria” e “Ode às Flores Maceió, como funciona o rock Dynamite: Inclusive vocês Mortas”, e o clipe que a gente n’ roll por lá? tocaram no ano passado em lançou agora, o “Garota Invisível”, Guilherme Di França: Maceió um festival importante na também faz parte desse primeiro não tem um respaldo para o cidade (Maceió)... disco. circuito do rock n’ roll, é um Guilherme Di França: Tocamos circuito mais fechado, a música no Maceió Music Festival, tivemos Dynamite: Então quer dizer que lá é outra, é mais forró e brega, uma ótima aceitação do público. vão ter mais surpresas pela o rock não tem muita força lá. Yuri Alexandrovich: Entramos frente? Então resolvemos vim prá cá no festival pela votação do Guilherme Di França: Isso, (São Paulo) porque aqui a gente público até também, colocaram teremos surpresas pela frente. conseguiria mostrar o som com as bandas locais numa votação, a mais facilidade do que lá. gente foi a mais votada e entrou Dynamite:Para quem quiser Yuri Alexandrovich: A gente para tocar. saber da agenda de shows e tinha feito um público pela internet novidades da banda... de São Paulo, Curitiba, e algumas Dynamite: Então a festival tinha Guilherme Di França: Quem pessoas de todos os estados do esse perfil para bandas novas? quiser saber mais sobre a gente Brasil já conheciam a gente, tanto Guilherme Di França: Na e onde vamos estar, acesse o é que o primeiro clipe tem 28 mil verdade não, as bandas de fora nosso Facebook: facebook.com/ visualizações hoje, e foi feito tudo já estavam contratadas, mas as palhacoparanoidemusic, e tem através da internet. A gente viu bandas locais passariam por uma o nosso mais novo vídeo-clipe que tinha potencial para sair de avaliação. de “Garota Invisível” que está no Maceió e tentar fazer a coisa fluir. Rodrigo Carneiro: O festival Youtube. Setembro-Outubro / 2012 27 EARS UP Fique por dentro dos últimos lançamentos de CDs. no naipe de “Gladiador”, e passando por faixas onde Matthew Bellamy incorpora vocais em falsete e andamentos funkeados O site da revista (www.dynamite.com.br) traz mais lançamentos. (tentativa de tornar o som mais dançante e “moderno”), o disco é Cotação: um exagero indigesto em todos os sentidos. MMMMM (Excelente); Todos os fãs do Muse já ouviram aquele horror cafona chama- MMMM (Ótimo); do “Survival”, o primeiro single do cd e que se tornou a música MMM (Bom); oficial dos Jogos Olímpicos de Londres. O que dizer então de MM (Regular); “Madness” (o outro single do disco), onde a banda incorpora um sub-Queen com direito a vocalizes à la Freddie Mercury e a M (Fraco) um solo de guitarra que é quase idêntico ao do clássico “I Want Muse To Break Free”? E tem mais: o baixo funky e os vocais sempre The 2nd Law em falsete conduzem também “Panic Station” (ah… o Muse (Warner Music) querendo ser “dubstep” e ultra “muderno” a qualquer preço…), o Por: Humberto Finatti pop oitentista dançante surge em “Follow Me”, “Animals” poderia Nota: MMM ter saído de “Ok Computer”, do Radiohead (a “matriz” inicial de Bellamy e acólitos), “Big Freeze” é um funk afetadíssimo e nada Gritinhos histriônicos e com supera o horror que é “The 2nd Law: Unsustainable”, com seus vocais em falsete. Melodias vocais distorcidos/processados através do vocoder e a base funkeadas com um pé na sonora remetendo à trilha de alguma ficção científica ao nível de eletrônica e tentando “absorver” “O vingador do futuro” (o remake, não o original). influências “mudernas” como o Em meio a tanta afetação sônica e a tantos disparos sem dubstep. Canções com a habitual escopo definido, eis que surge “Save Me”, balada doce e dramaticidade e eloqüência épica no instrumental. Pianos e contemplativa e onde o vocalista do Muse se mostra menos orquestrações que resvalam no prog rock. E guitarras, também intragável e mais sincero na sensibilidade que demonstra na – afinal, elas não poderiam ficar de fora dessa receita canhestra interpretação da canção. Talvez seja um dos únicos (senão e indigesta. Quem mais poderia juntar tudo isso em um único o único) momentos agradáveis do disco. Mas aí já é tarde disco? O trio inglês Muse, óbvio. Só que o que parecia bacana demais. O novo álbum do Muse, um grupo que hoje é adorado no início da banda (lá se vão quase dezoito ano) e funcionou na Inglaterra, só reitera o óbvio ululante e o que todos nós razoavelmente até seu terceiro disco, agora provoca verdadeira já estamos carecas de saber: o rock mundial dos anos 2000 paúra em quem ouve – até mesmo nos fãs mais fanáticos. vai muito mal das pernas. Está numa encruzilhada terrível, Exagero e implicância ranzinza destas linhas bloggers rockers? buscando referências no passado e tentando achar seu futuro. Ora, então ouça “The 2nd Law”, o novo álbum do grupo e tire Mas falta estofo e conhecimento musical para isso. E não vai suas próprias conclusões. ser o Muse e este quase detestável “The 2nd Law” que vai O Muse já foi legalzin, um dia. E o blog até tinha simpatia pela solucionar essa crise. sonoridade do trio formado pelo guitarrista e vocalista Matthew Bellamy, pelo baixista e tecladista Christopher Wolstenholme e The Killers pelo baterista Dominic Howard. Essa simpatia se referia princi- Battle Born palmente aos álbuns “Origin Of Simmetry” (lançado em 2001) (Universal Music) e “Absolution” (de 2003, e o primeiro da banda a ser lançado Por: Humberto Finatti no Brasil). O Muse, todo mundo sabe, surgiu em Devon, na Nota: MMM Inglaterra, em 1994. E em seus primeiros trabalhos (entre eles, os dois citados acima) o conjunto procurava desenvolver uma Não adianta e não tem jeito. musicalidade entre o space/prog rock setentista e o indie/experi- Estas linhas online tentam e mental do Radiohead – tanto que, nesta fase, Bellamy cansou tentam, se esforçam, mas não de ser descrito pela rock press gringa como um êmulo quase conseguem engolir a cafonice e perfeito de Thom Yorke. a grandiloqüência características Mas funcionou por algum tempo e estes discos tinham lá seu do quarteto americano The momento de brilhantismo musical, ainda mais porque o Muse não Killers. E a notícia péssima é que tinha atingido na Inglaterra o gigantismo que possui hoje, como esta impressão que o blog tem da banda só piorou após várias banda do primeiro escalão do rock britânico. Só que a partir audições de “Battle Born”, o quarto álbum de estúdio do grupo. E do (ainda bom) “Black Hole And Revelations” (de 2006), algo lá se foram várias audições pra tentar entender o que se passa começou a desandar na fórmula do Muse. Matthew começou na cabeça brega e megalômana do vocalista e letrista Brandon a ficar afetado demais, ego descontrol demais e isso se refletiu Flowers. muito claramente na sonoridade do grupo. Em “The Resistance” Se o Killers chegou a ser um pouco mais rock’n’roll em sua (lançado em 2009) o Muse já era histriônico, gigantesco e épico ainda razoavelmente curta trajetória isso se perdeu lá atrás, ainda em excesso. E tudo isso só piorou agora no novo álbum. na sua estréia com “Hot Fuss”, em 2004. O disco já mimetizava Óbvio, o trabalho possui uma produção cuidadosa e impecável. com exagero e de maneira histriônica os anos 80 (Queen, Mas tudo soa artificial, plastificado e milimetricamente planejado Depeche Mode, Duran Duran, por aí) mas ainda tinha lá seu para atingir a perfeição. Não há espaço para erros ou improvisos encanto musical. Agora, três discos e oito anos mais tarde o Killers ali – aliás ao vivo a banda se comporta como um robô, uma está verdadeiramente insuportável: as baladas são chumbregas máquina fria e impessoal onde não existe emoção alguma na (“Runaways”, o primeiro single, chega a ser constrangedor), os execução das músicas. E quem viu o Muse (como estas linhas rocks são épicos e enfadonhos (“Here With Me”, com pianos e zappers viram) em ação em Sampa há alguns anos, no show do teclados com timbre de churrascaria, é um horror inenarrável; HSBC, sabe do que estamos falando – na abertura para o U2 no idem o synthpop de “Deadlines and Commitments”). Claro, a ano passado, o blog nem se deu ao trabalho de prestar atenção produção do disco é impecável e Flowers está cantando cada vez na gig do trio. Preferiu ficar bebendo e zanzando pelo estádio do melhor – não dá pra ignorar este detalhe, ainda mais quando se Morumbi, até que Bono Vox e cia entrassem em cena. ouve sua voz poderosa e trovejante em faixas como “The Rising Tudo o que foi descrito acima torna este “The 2nd Law” Tide” ou “Be Still”. Mas no final das contas é tudo muito certinho, bastante desagradável e, em alguns momentos, quase in- careta, asséptico, bem embalado e pensado para não chocar suportável. Da abertura com “Supremacy” (olha só o título da nem incomodar (no sentido de despertar inquietude e reflexão música!), com sua melodia calcada em guitarras mezzo estri- no ouvinte). Incomoda sim, pelo fato de a banda ser um êmulo dentes e orquestrações que remetem à trilha sonora de um filme afetadíssimo do que já era bem afetado nos anos 80. 28 Setembro-Outubro / 2012 Adryana Ribeiro primeira vez, percebi um grande clima de bandas de rock dos anos 80, Direitos iguais com arranjos super bem trabalhados. (Independente) O forte deste trabalho são as letras. Na faixa “Cadê Você”, ele Por: Nilson Martins “Rizada” mostra um lado meio questionador: “Cadê sua humanidade? Cadê Nota: MMMMM o que te roubaram? Cadê aquela arte? Virou comercial / cadê o teu poder? Cadê sua liberdade?”. Adryana Ribeiro é uma daque- Na música “Amo Você”, mostra um lado mais poético: “A luz que las cantoras notáveis com voz eu procurei estava em mim e segue o cantar do vento a levar meu apurada e um timbre maravilhoso. pensamento”. Começou sua carreira aos 16 Outra música muito boa é a que abre o disco, “Não Se Esqueça anos, cantando em bandas de do Espelho”, que possui uma parte bem interessante: “Quando o dia Baile. Foi ali, o começo de uma amanhecer, sente o mundo te aquecer / e quando a chuva em ti cair, grande carreira musical. Lançou deixe a água te despir”. Adoro letras que fazem as pessoas pensarem, diversos discos como “Adryana Ribeiro” (1995), “Em Busca do Sol” e verem de que forma elas vão entender aquilo que está escrito. E (1997), “Adryana e a Rapaziada” (2001), “Love Lindo” (2003),”Stop o que o compositor quis dizer com aquela letra. Por um momento Baby” (2004), “Brilhante Raro” (2005), entre outros. me questionei: “Como a água pode me despir?”. Exótico né? Papo Está sempre presente de grandes músicos e compositores que cabeça. Outras faixas que valem muito a pena conferir são: “Tudo participaram de seus discos, como Arlindo Cruz, Matinho da Vila, Programado”, “Declare mais” e “Me conecto”. Esse disco de estreia Dona Ivone Lara, Netinho de Paula, Grupo Raça Negra e a nostálgica vem numa vibe muito boa e acredito que Fred Inglez pode se tornar banda Demônios da Garoa”. Que time, né? Este novo CD, “Direitos uma grata revelação da música brasileira. Toca tantas merdas naquela Iguais”, é um relançamento que está entrando em várias lojas do país, MTV, porque não Fred Inglez? tendo a participação especial do rapper Thaide na faixa “Nosso Som”. Suas músicas dariam vários clipes maravilhosos, é só o diretor seguir Agora a Adryana entra numa nova fase musical, visual e seu as letras que o roteiro já esta pronto. Fred merece atenção da grande disco novo tem o swing do samba. Uma ótima harmonia vocal, mídia. A produção do CD foi feito pelo próprio e por Bernardo Paulera. com um leve sotaque baiano, apesar dela ser uma autêntica paulistana. Faixas como “Não Marca Bobeira”, “Ata ou Desata” e “Me Diz Se é Você” têm uma coisa bem brasileira na parte rítmica Lynyrd Skynyrd e instrumental. Last of a Dyin Breed Este disco tem uma faixa bem conhecida pelo publico, “Eu juro” (Roadrunner) que foi grande sucesso na década de 90 com a dupla Leandro Por: Dum de Lucca e Leonardo. Ficou ótima na voz de Adryana. O conteúdo desse Nota: MMMM disco mostra um apanhado de romantismo, swing e um trabalho muito bem feito na produção que deixou o disco com a cara do Se existe uma banda que pode Brasil. O melhor foi não ter aquele rótulo de disco de samba, pois se chamada de legítima represent- tem várias vertentes que o público vai ter que descobrir. Outras ante do southern rock é o Lynyrd faixas bem legais são: “O fera”, “Sem Você tão Só”, “Mala Pronta” Skynyrd. Apesar do seu reconheci- e a faixa título “Direitos Iguais”. Vale muito a pena conferir. mento como um grupo poderoso A fotografia da capa tem cara de CD internacional, estilo Be- e consolidado, só após centenas yonce. Um disco com a assinatura de Adryana Ribeiro e Elias Jô. de shows, muitas demos e dez Com começo, meio e fim, diferente de muitos álbuns que a gente anos de batalha conseguiu lançar, em 1973, seu primeiro disco, vê por aí. “Direitos Iguais” mostra toda a grandeza musical e inter- “Pronounced `leh-nerd`skin-´nerd” , que é uma referência direta a pretativa desta cantora que amadureceu, com os palcos da vida seu nome. Com uma discografia de 23 álbuns é a definitiva banda que lhe fizeram crescer e ser a grande artista que é. de rock de sulista que apostou na fusão do blues, rock, country, Adryana já está trabalhando em seu próximo álbum, com com- encampando uma imagem rebelde do sul e o peso do hard rock. posições de Jorge Ben Jor. Seu novo single “Taj Mahal” já está Ao contrário do Allman Brothers, o LS nunca contou com as conquistando a Europa. Produzido por Manoel Barenbein e com improvisações de jazz, mas sim a força do hard rock, três guitarras arranjos de Edu Luke, é tocada numa versão eletrônica. Ficou rápidas, furiosas, e muito bem tocadas e performances de palco ótima pra dançar na pista em alto e bom som. Por esta pequena avassaladoras. Ao longo dos primeiros discos, Ronnie Van Zant amostra, já dá para imaginar, como virão às outras composições demonstrou um talento especial para o detalhe lírico e uma hon- de um dos mais renomados cantores do país na voz caliente de estidade que, de certa forma, marcou a assinatura da banda no Adryana Ribeiro. Vamos esperar para ver! país do rock & roll. Durante o auge do grupo infelizmente Van Zant faleceu em um trágico acidente aéreo em 1977, juntamente com Fred Inglez outros dois membros da banda. O Skynyrd se separou para se Fred Inglez reunir uma mais tarde, em um concerto popular durante os anos (Bolacha Discos) 1990. Daí em diante, foi muito rock na veia. Por: Nilson Martins “Rizada” Eu estava com o novo disco do Lynyrd, “Last of a Dyin Breed”, Nota: MMMM rolando entre outros lançamentos, como o ZZ Top, por exemplo, há pelo menos 40 dias. Ouvindo no carro e tals. Com uma janela Compositor, músico e produtor, o nos trabalhos para revistas achei que seria bacana resenhar o bom carioca Fred Inglez lança seu primei- trabalho da banda que escolheu seu nome como uma homenagem a ro disco solo pelo selo “Bolacha um professor, Leonard Skinner, famoso por punir alunos de cabelos Discos“. Trabalhou na produção de longos. Imagine como o cara “adorou” a singela “homenagem”. O diversos artistas, inclusive ao lado do trabalho, com quinze faixas, me surpreendeu. Logo na canção título, lendário produtor inglês Roy Ciccala de abertura, um convincente boogie com guitarras slides deslizantes (, John Lennon, entre e abusivas. Muito rica em harmonia e com a mesma raiz que forjou outros) e Marcelo Yuka. Atualmente é técnico de PA de Marcelo Bonfá sua história de sucesso da banda. Não vou comentar todas as (ex-Legião Urbana). Atuou nas mixagens de séries de TV como, CSI músicas, mas algumas merecem destaque. “One Day At Time” é e Power Rangers, e na animação Kung Fu Panda. Para vocês verem uma meio balada hard, com uma melodia linear bela e com um solo que o artista hoje no Brasil, tem que matar um leão por dia. Não basta de guitarra abundante. O legal no som da banda é que são fieis a ter só competência para lançar um ótimo disco, tem que ralar. suas raízes sem soarem datados, ou velhos. Um acréscimo de peso Fred tem um estilo legal de compor letras, fala em metáforas, extra, mas com o andamento característico do southern e slides em articula bem e mostra um novo conceito musical. Quando ouvi pela destaque fazem de “Homegrown” uma aula para grupos que flertam Setembro-Outubro / 2012 29 com o country/folk – especialmente aqui no Brasil – sem ter muita Já em “Scarlet Town” ele parece estar se referindo a Internet, noção do que se trata. Três guitarras tocam juntas e se revezam, galopando o dedo indicador com em um banjo agradável e lento. com boa pegada. O Cd tem algumas baladas, o que é bom e ruim. Imagens violentas como personagens de Shakspeare vivem na Bom porque a banda sabe como produzi-las. A parte negativa é descrição de um triangulo amoroso na longa e visceral “Tin Angel”. porque são quatro, demais para meu gosto. “Ready to Fly” é, por Para citar outro poeta do rock, aqui ninguém sai vivo. “Tempest” exemplo, um parente distante do clássico “Free Bird”. “Missis- marca a volta de um Dylan que mostra, de novo, que a idade e o sipi Blood” tem uma pitada de modernidade com alguns timbres gênero musical pouco importam quando se tem talento e verdade. diferentes e um slide visceral. Guitarras aos montes, e isso é muito, Com chave de ouro fecha o trabalho com a melancólica “Roll on mas muito bom em um mundo onde elas parecem esquecidas pelos John”, onde narra à morte do amigo John Lennon. Bob imagina a grupos contemporâneos. Porém, na medida certa e com extrema experiência física de morrer e tudo o que o Beatle enfrentou até competência. Um cry baby abre “Good Teacher”, que se espalha o último suspiro. “Tempest” é espantoso. É óbvio que é por acaso junto a uma batera seca, crua. E sempre, em todas em as canções, que os seus temas eternos como perda, catástrofe, assassinato e o vocal é firme, competente e tudo a ver com o bom rock produzido. as graças salvadoras de coragem, amor e amizade, são notavel- Contudo, um aspecto chama a atenção. O Lynyrd Skynyrd apesar mente familiar neste século. Mais um gol do velho Bob. de ter feito um bom disco, apostou no hard rock e afastou-se um pouco das raízes bluseiras e dos temas “caipiras” e sulistas, o que Dinosaur Jr. significa que é nessa nova versão que a banda aposta. Certamente It Bet On Sky estão fazendo um rock de qualidade para um público alvo, ou seja, (Jagjaguwar Records) adaptaram-se aos novos tempos sem perder sua essência e talento. Por: Dum de Lucca Ou seja, fiéis as suas raízes sem perder o momento. Um violão Nota: MMMM acústico blues abre à bela “Start Livin Life Again”, uma verdadeira canção sulista, muito bem dedilhada, clara, limpa e boa. A mais Confesso que quando o Dinosaur boogie do disco, com um piano marcante, é “Do Up Right”, com um Jr. voltou à ativa, em 2007, com acertado backing no melhor estilo do Humble Pie, pois Steve Marriot “Beyond”, achei que seria um breve adorava isso e usava muito bem. E assim, o Lynyrd Skynyrd per- reencontro. Torci o nariz. Porém, manece vivo e forte por quase quatro décadas fazendo boa música. sete anos depois o grupo lança seu Adaptando-se aos novos tempos e sabendo que o mundo, o rock, terceiro disco de estúdio após a que eles conheciam como ninguém, já não é mais o mesmo. Melhor reunificação, “It Bet On Sky”, reafir- do que ficar dando o mesmo chute igual todo tempo. mando sua responsabilidade por ser uma das poucas a priviligiar gui- tarras no rock indie. Junto com seus colegas do Pixies injetaram, no Bob Dylan final dos anos 1980 no rock alternativo altos níveis de guitarras noise, Tempest distorções e solos melódicos bem construídos. O novo CD resgata () essa vocação ao reafirmar suas raízes punk hardcore, e explicitar Por: Dum de Lucca também a influência assumida do mestre Neil Young. Nota: MMMMM O líder e guitarrista J. Mascis é artesão em dedilhar ruídos e solos melódicos, o que caracterizou a banda desde os primeiros A cada lançamento inédito do de seus doze trabalhos. E, pelo ouvido, continua a criar músicas ícone Bob Dylan, referência e simples, melódicas, e carregadas de guitarras repletas de feedback influência entre tantos músicos e e com um volume esmagador. Como uma continuação de uma artistas, a expectativa é enorme. linguagem definida e vencedora em sua estética e qualidade, “It Isso é óbvio, dado os ótimos discos Bet On Sky” mantém o alto padrão que elevou o Dinosaur Jr a dar lançados desde a década de 1960 um salto para o rol das grandes bandas alternativas há mais de 20 e tudo o que o artista representa. anos. Enquanto a longevidade do grupo se confirma, até com certa Pois “Tempest” chega com a polêmica de que talvez fosse o último surpresa, o primeiro single “Watch the Corners” deixa claro que registro do americano. Boato logo desmentido por Dylan, e que este álbum tem lugar na sua ótima discografia. surgiu porque a última peça de Shakespeare foi chamada de “The “Don´t Pretend You Didn´t Know”, faixa de abertura, é típica. Tempest”. Isso a parte, o trabalho é um épico com uma faixa título Melodia rica e alternâncias de andamento. Um teclado que serve de quase quatorze minutos, que conta a história do naufrágio do de base para a conhecida voz rasgada e caótica, meio bêbada, de Titanic com detalhes de cenas horríveis e desespero. Mascis. E um lindo solo de guitarra carregado de feeling e feedback, Composta de 45 versos e sem refrão, tem uma melodia irlandesa bem longo, esticado. A quase balada “Watch the Corners” até daria apoiada por acordeão e violino, o que lembra os bons tempos de para tocar no rádio se fosse nos anos 1970, mas como tem cinco “Hurricane” e “Blood on The Tracks” por sua oratória quase insana. minutos, resta ouvir no carro e em casa, pois é uma boa road song. Em “Duquesne Whistle”, canção com evidente andamento jazzístico, E sempre aquele bom solo distorcido e limpo, ingrediente marcante explora um timbre vocal que lembra bastante Louis Armstrong, direto na música do Dinosaur Jr. O trabalho é bastante consistente e flui e firme. Suas raízes folk country brotam por todo álbum, como na naturalmente, e ao longo da audição as canções flutuam pelo ar de suave “Soon After Midnight”, uma canção de amor e dor: “estou forma agradável, pesadas, nada forçadas e muito viscerais. procurando frases; para cantar seus elogios; eu preciso dizer a E assim, as dez faixas se encaixam muito bem. Sem excessos alguém; é logo depois da meia noite; e meu dia apenas começou”. ou faltas. “Rode” tem os dois pés no country folk emoldurado por Dylan produziu um disco básico e sofisticado. Com timbres folks dissonâncias e velocidade. De novo um solo cru e garageiro. Mas- bem definidos, gaitas, violinos, banjos, percussão e poucos solos de cis é um excelente compositor e tem a mão certa para guitarras. guitarra, mas quando aparecem são certeiros. “Narrow Way” e “Early Justamente em “I Know It Oh so Well” ele pisa forte sobre um cry Roman King” são dois blues, e o segundo é descaradamente o Muddy baby com fome e virulência, lembrando o Clapton do Cream, mas Waters de “Mannish Boy”. “Long and Wasted Years” faz parte da trilha com melodia mais branda. O trio fez um disco verdadeiramente da série “Strike Back”, do canal Cinemax, e é uma típica balada Dylan. cru que mais uma vez converte os acertos do passado em algo Solidão, amor e suas consequências. Uma canção linda em que o novo e competente em comparação ao que ecoa no cenário al- protagonista pede desculpas a seu amor por ferir seus sentimentos. ternativo recente. Longe de soar descartável, esbanja criatividade Ele admite que use máscaras para esconder seus olhos, porque “Há com guitarras poderosas, letras cheias de reflexões, e principal- segredos em que eles não podem disfarçar”. Interessante como em mente pelo despojo como o disco é construído. O Dinosaur Jr. em todo CD, a voz de Dylan está mais rouca do que o normal. Isso dá sua atual fase está longe de soar velho ou minimamente próximo um peso maior à interpretação, e fortalece a ótima volta de um dos dessa percepção. Não é o melhor trabalho do grupo, mas está grandes poetas da música do século 20, e até agora dos anos 2000 bem distante de ser inoportuno, redundante, ou que de alguma também. A faixa mais pop, ao menos na sonoridade, é “Pay in Blood”. forma manche a história da banda. 30 Setembro-Outubro / 2012 Re-Machined: em um CD que comprei esse ano no mercado de Montreiul, em Paris. O A Tribute to ’s disco em questão chama-se “Guitar Heaven – The Greatest Guitar Clas- Machine Head (ST2) sics of All Times”. Óbvio que não tira o mérito do tributo, mesmo porque é Por: Dum de Lucca uma das melhores faixas do “Re-Machined”, com Santana acompanhado Nota: MMMM por uma banda fodona e o vocalista Jacoby Shaddix, do Papa Roach, dando um peso extra a música com toda sua técnica sem fim. Na época em que o Deep Purple O disco segue a ordem original. O Chickenfoot, com Sammy Hagar lançou “Machine Head”, 1972, a (ex-Van Halen e Montrose), o baixista Michael Anthony (também ex- cada semana ganhávamos um ótimo Van Halen), o guitarrista Joe Satriani e o baterista Chad Smith (Red disco de rock. Vivemos uma geração Hot Chili Peppers) participa com uma versão ao vivo de “Highway Star” que curtiu a melhor fase do rock bem pesada e repleta de jams. Grandes músicos refazendo de forma com profusões de bandas e músicos animal uma grande canção. “Highway Star” também tem uma versão sensacionais como Led Zeppelin, nas mãos do trio formado por Glenn Hughes, Steve Vai e Chad Smith, Black Sabbath, David Bowie, T.Rex, Ramones, New York Dolls, Black Oak cheia de energia. Já o Black Label Society do sujão Zakk Wylde deixa Arkansas, Jethro Tull, Yes, King Crimson, Steely Dan, Roxy Music, Allman “Pictures of Home” mais pesada e lenta. Sem dúvida apropriada. Com Brothers Band, Blue Oyster Cult, The Who, Alice Cooper, Motorhead, certeza a escolha das bandas e versões, apesar de algumas não Humble Pie, Johnny Winter, Grand Funk Rairoald, Bad Company, UFO, serem gravações inéditas, comprovou a força das canções compostas entre tantas outras, que produziram cada uma ao menos dois discos há 40 anos. Glenn Hughes, mesmo tendo tocado em uma fase do clássicos imortais. “Machine Head”, disco que colocou o Purple definiti- Purple pós “Machine Head” está também em “Maybe I´m a Leo”, junto vamente como uma das mais poderosas bandas de hard rock da história, com Chad Smith. É muito reconfortante quando se constata que óti- faz 40 anos como um dos álbuns mais aclamados e vendidos de todos mas músicas como essas poderiam ser lançadas hoje, dada à pobreza os tempos, e ganha uma edição comemorativa, “Re-Machined: A Tribute atual da cena e a grandeza da produção do Purple em 1972. to Deep Purple’s Machine Head”, com a participação de grandes músicos “Never Before” bem que poderia ter sido dada a outra banda. O e bandas. Vale lembrar que o maior trabalho – pelo menos em vendas ajuntamento chamado de “Kings of Chaos”, formado por Joe Elliott (Def e repercussão – dos ingleses foi gravado em um corredor de hotel em Leppard), Steve Stevens (ex- Billy Idol), o tecladista Arian Schierbaum Montreux, Suíça. A inspiração foi o testemunho do incêndio do casino da e a dupla Duff McKagan e Matt Sorum, (ex-Guns N’ Roses) atual Velvet cidade [onde ocorre até hoje o Festival de Jazz de Montreux] que ardeu Revolver, se não estragou completamente a música fez uma versão após um concerto de . Na manhã seguinte, a fumaça que burocrática e sem graça que não acrescenta nada a canção. Outra que sobrevoava as águas do lago Geneva fez com que Ian Gillan e Roger deixou a desejar, apesar de que se olhada com outros olhos até pode Glover ao observarem o cenário destruidor criaram à mítica “Smoke on ser percebida como uma tentativa de dar uma roupagem nova a original the Water”. A canção que imortalizaria o nome do grupo e que ainda hoje é a versão de “Smoke on The Water” com o The Flaming Lips. Não milhões de aspirantes a guitarristas se esforçam por aprender a tocar. gostei. Destoa do contexto do CD, mas também é o diferencial que tira Além de ser considerada um dos maiores riffs da história do rock. o peso e viaja por certo experimentalismo. Por outro lado “Lazy” com Quando fiquei sabendo da existência de “Re-Machined” a primeira Joe Bonamassa e Jimmy Barnes eleva uma das melhores músicas da reação foi de orgulho. Pois aquela bolacha que comprei em 1972 e que vida da banda inglesa. Muitos solos viscerais, energia pulsante e grande ouvi tanto que precisei comprar outra, ganharia uma edição especial de técnica com troca de solos poderosos. Sem esquecer o Hammond. 40 anos, como se fosse uma ode a um disco que inspirou e influenciou E o Metallica, cuja competência em transformar composições alheias milhões de guitarristas e formou várias bandas através desse tempo. Para em releituras cheias de personalidade, faz da bela “When a Blind mim seriam regravadas novas versões especialmente para a ocasião, já Man Cries” uma das melhores faixas de “Re-Machined”, adicionando que em 1997 o Purple já havia lançado um CD duplo com um disco de detalhes e mudando o arranjo original. A grande decepção do tributo é remixes [versões diferentes] e outro de faixas remasterizadas, mais um “Space Truckin” tocada pelo Iron Maiden. A versão foi gravada durante livro de 28 páginas, em comemoração aos 25 anos do mais reconhecido as sessões do álbum “A Matter of Life and Death” (2006), e parece um trabalho da banda. Apesar de organizada pela respeitada revista inglesa esquenta estúdio. Sem punch, burocrática, tem um resultado pífio para Classic Rock, que lançou o projeto em um fanpack acompanhado de uma uma homenagem/data tão relevante. Mesmo não sendo o que sugere longa revista com a história do disco e entrevistas com os músicos envolvi- um tributo de 40 anos com TODAS as versões feitas para a ocasião, dos, tomei um susto quando comecei a ouvir. Mesmo o tributo sendo muito “Re-Machined: A Tribute to Deep Purple’s Machine Head” vale muito, bom, de cara constatei que a sensacional versão de Carlos Santana para pois além de reverenciar uma grande banda e um disco clássico da “Smoke On The Water”, que abre a homenagem, já havia saído em 2010 música rock, bate na cara de qualquer lançamento meia-boca indie.

Setembro-Outubro / 2012 31 28 Setembro-Outubro / 2012