2 FOLHA8 22 DEJUNHO DE2013 // AQUI ESCREVO EU!

Pretos ao poder…porque os negros já lá estão (II)

WILLIAM TONET [email protected] O dilema do ser e do não ser

compromisso risco a estabilidade social, das vezes, isenta do paga- da indústria nacional. preta, bastando ver o que de um pro- que todos auguramos para mento de direitos aduanei- Igual comportamento tive- aconteceu a Fernando Gar- fissional, en- Angola. ros. ram estes mesmos dirigen- cia Miala e, agora, a Joaquim quanto jorna- Alguns exemplos?... Até hoje, o governo, viola tes, quanto as moagens e Ribeiro, julgados e conde- lista, deve ser Os negros angolanos foram um preceito constitucional, industriais tradicionais de nados sem qualquer prova, o de alavancar os únicos no mundo a publi- ao não conceder, nem exigir fuba de milho, como a fá- melhor, a prova é a discricio- Oquestões de carem um decreto proibin- às empresas de construção brica Kanine, no Huambo, nariedade do chefe. cidadania com pertinência, do a importação de viaturas civil estrangeiras, e não só, a colocaram no desemprego Por tudo isso, os negros através de ideias, convic- com mais de três anos. O emissão de carteira assinada, mais de 3 mil trabalhadores angolanos estão a anos-luz ções, imparcialidade e sen- objectivo colocando assim os trabalha- e produtores individuais, que da clarividência de Frederi- tido de dever, humanizando foi trazer para o país sócios dores à mercê dos emprega- assistem hoje, desesperados, ck De Klerk, ex-presidente o clamor dos cidadãos sem libaneses e outros estran- dores, com a cumplicidade, ao apodrecimento da produ- branco da África do Sul, as- tibiezas. geiros com o intuito de também, da Sala do Tribunal ção de milho, face à facilitada sumidamente um verdadei- Longe de mim, enquanto conquistar o monopólio dos de Trabalho, que beneficia importação desse produto. ro africano, que transitou do director do F8, incitar ao stands de venda de viaturas, sempre os mais fortes. O regime é useiro e vezei- apartheid para a nova África racismo, como alguns ad- lançando para o desempre- Os dirigentes negros não ro na violação do art.º47.º do Sul, tendo noção de que vogaram, face ao texto da go e mendicidade cerca de se coibiram de encerrar as da Constituição, no tocante as minorias, só no respeito às semana passada: PRETOS 4 mil angolanos, que com moagens nacionais, como ao direito as manifestações, maiorias e vice-versa, conse- AO PODER…PORQUE OS parcos recursos, conse- a Intercomercial Moagem, espancando, prendendo e guem, irmanados, lutar para NEGROS JÁ LÁ ESTÃO. guiam importar carros, para entre outras, que garantiam assassinando os manifestan- a construção e consolidação O enfoque do texto não foi uso pessoal e revenda, a o emprego a mais de 20 mil tes pacíficos, que reclamam de um país forte e melhor a epiderme dos autóctones, preços vantajosos. trabalhadores directos e apenas por uma melhor edu- para todos. mas o desnorte de uma ges- O regime, num outro mo- cerca de 10 mil indirectos, a cação, redução do preço dos Este deve ser o dever sagra- tão pública danosa e dolosa, mento, aumentou os direitos fim de poder escancarar as transportes, emprego, saú- do daqueles que acreditam que vai sufocando a maioria, aduaneiros, para prejudicar o portas aos sócios libaneses e de, saneamento e melhoria que um país só o é realmen- em nome de um complexo florescimento de uma classe paquistaneses, com farinha no fornecimento de água e te independente e plural, de superioridade. empresarial preta, desligada importada mais barata, face energia. quando a diferença anda Racismo seria, hitleriana- das amarras ideológicas, em à falta de constrangimentos A justiça funciona como livre e solta, sem as tentado- mente falando, dizer serem detrimento das sociedades fiscais na importação de ma- alavanca do regime negro e ras mordaças do bajuladora- os pretos superiores e os dos dirigentes, na maioria téria-prima, para benefício está virada contra a maioria mente. únicos autóctones. Nada disso foi e será dito! Longe de mim tal ideia, pois de- Dirigentes do regime fendo existirem pessoas coerentes e patrióticas em Marimbam-se nos pretos todas as raças e com igual legitimidade. Tanto assim é que o jornalista Os nossos mitos, símbolos, Passaram a não ter, ao contrá- cação colonial, não interessa E nesse quadro, temos bran- Orlando de Castro, um au- crenças, línguas etc. foram rio dos pretos, características que os pretos mantenham cos assumidamente com- tóctone branco do Huambo, pura e simplesmente banidos identitárias próprias, sendo acesa a fogueira que alimenta prometidos com o sentir fez a seguinte reflexão sobre pelos negros ocidentalizados uma parte igual a tantas ou- a sua identidade. Esquecem- dos angolanos. Vejo patrio- esta série de artigos: “A ver- que, formatados na época tras que, embora angolana, -se, por exemplo, que Por- tismo num angolano bran- dadeira identidade de um colonial, entendem ser crime não destoaria se fosse ameri- tugal pouco ou nada copiou, co, como o escritor Eduardo povo está, ou deveria estar, na manter e apoiar as tradições cana. ou adoptou, da nossa cultura. Agualusa, o engenheiro Ma- sua cultura. No nosso caso, o de um Povo que pensa como Os negros do poder nem se- Nós, pelo contrário, adopta- tos, entre outros, diferente regime colonial impôs a sua, sente é e não como os outros quer admitem que podemos mos tudo, até mesmo o muito da de racistas encapotados mas, de uma forma geral, não querem que ele pense. ser todos iguais no trata- que deveríamos deitar fora e sedentos de sangue, como impediu ou bloqueou os usos, Assim sendo, e assim é de mento, ao assumir o direito por nada ter de angolano. José Ribeiro e Artur Quei- costumes e demais variantes facto, os pretos que são (ou de sermos todos diferentes. E a mais pura da nossa iden- roz, que, diariamente, atra- identitárias autóctones. querem ser) fieis à sua iden- Para eles, devemos ser clo- tidade negra, ancestral, está vés de um órgão público; o Quem, indevidamente e de tidade são – apesar de maiori- nes dos outros, esquecendo nos pretos, que, longe das Jornal de Angola, incitam forma pouco patriótica se tários – marginalizados pelos raízes e ensinamentos, vivên- imposições coloniais e dos ao assassinato selectivo, de incumbiu dessa tarefa neoco- seus irmãos que se deixaram cias e costumes. Os negros, seus seguidores negros, con- quem pensa diferente. lonial foram os ditos “negros globalizar, que se deixaram ao aceitaram passivamente seguiram manter vivo e qua- O que hoje está em causa assimilados”, que, chegados unificar e, dessa forma, serem a aculturação, estão, importa se incólume tudo o que nos é a forma discriminatória ao poder, transpuseram para iguais aos outros e não iguais dizê-lo, a aceitar o domínio da caracteriza como autóctones como esta gente, alcando- a nossa sociedade tudo quan- a si próprios ou, pelo menos, uma cultura estranha e não a angolanos, como Povos afri- rada no poder desde 1975, to puderam copiar do regime aos seus antepassados. partilhá-la com as outras que, canos, e não como povos não consegue cumprir com colonial, esquecendo a nossa Os negros, neste contexto, essas sim, são nossas. mais ou menos europeus a preservação da identidade mais pura e intrínseca reali- deixaram de ser “nós” e pas- É claro que aos negros, fruto que vivem em África e são de dos povos e da melhoria das dade. saram a ser (como) “eles”. de sonhos de grandeza e edu- raça negra.” suas vidas, colocando em FOLHA8 22 DEJUNHO DE2013 3 DESTAQUE \\

com o espectro de partido tem a sua visão. ficha técnica um “pensamento po- Não concordo com essa Propriedade lítico único” nos pró- ideia” de unificação da WT/Mundovídeo, Lda. ximos anos. oposição para com- Reg. n.º 62/B/94 Agualusa con- bater o poder do Director siderou nes- MPLA, explicou, William Tonet sa altura, tal lembrando que o como veio a Parlamento saí- Director Adjunto António Setas ser confirma- do das eleições de Félix Miranda do em 2012, 1992, as primeiras, que os resulta- era mais equilibra- Editor-Chefe Fernando Baxi dos, apontando do. para uma vitória Importa, já agora, Chefe de Redacção do MPLA com recordar que em César Silveira mais de 80 por entrevista ao Se- Editor Cultura cento, repre- manário Angolense Nvunda Tonet sentavam “um (Janeiro de 2008), Editor Economia regresso ao par- Agualusa disse que António Neto tido único”, com “o pior de Angola são Editor Política & On-Line a desvantagem os seus políticos”. Orlando Castro de, agora, ser legiti- Como a situação se mado pelo voto. mantém, é caso para Editor Nacional Fernando Baxi “Os resultados são dizer que Angola não assustadores e pre- tem políticos, tem é ban- Editor Sociedade ocupantes. É um re- doleiros em lugares po- César Silveira gresso ao partido único, líticos, nomeadamente no Editor Desporto só que através do voto. Não Governo. Fernando Baxi Agualusa há democracia sem oposi- Mas, fiquemos descansa- Editor Regiões ção. Não há correntes de dos que o problema não é William Tonet pensamento no Parlamen- só de Angola. Aplica-se a to, por excelência, a casa todos os países lusófonos, Redacção continua na William Tonet, da discussão democrática”, de Portugal a Timor-Leste. António Setas, sublinhou Agualusa. “O que ele não suporta é a Félix Miranda, Fernando Baxi, José Eduardo Agualusa, independência dos outros, César Silveira, linha de fogo mostrando-se também “ex- das pessoas, das organi- Orlando Castro, tremamente preocupado” zações, das empresas ou Tito Marcolino, Nvunda Tonet, com a pressa do reconhe- das instituições”, afirmava António Neto, osé Eduardo até agora tem podido sem- cimento da validade dos – nesse ano - o sociólogo Antunes Zongo, Agualusa foi ago- pre) o seu órgão oficial (o resultados, comparou, sem português António Barreto. Luísa Pedro, Sedrick de Carvalho ra distinguido, em “Jornal de Angola”) - que os pôr em causa, com uma Estaria a falar de Eduardo Portugal, com o “ler as garatujas de Agua- eventual situação idêntica dos Santos? De Nino Viei- Colaboradores prémio Manuel lusa é uma tortura” e “ima- registada em Portugal ou ra? De Ramos Horta? Não. Arlindo Santana Sílvio Van-Dúnem António Pina pelo ginaria o estado deplorável noutro qualquer país euro- Por sinal estava a falar do Gil Gonçalves livro “A rainha dos em que ficam os seus pés, peu. então primeiro-ministro de Kassinda Henda J estapafúrdios”, no ramo da quando acaba de alinhar “Não acredito que ninguém Portugal, José Sócrates. Kuiba Afonso Wango Tondela literatura infanto-juvenil. palavras por sons e por sí- ficasse preocupado. Os Ele “não tolera ser contra- Nelo de Carvalho O escritor angolano que labas”. comentadores e jornalis- riado, nem admite que se Luís Filipe no dia 26 de Novembro de Hoje como ontem, e certa- tas debateriam tudo até à pense de modo diferen- Patrício Batsikama Marta de Sousa Costa 2009 recebeu do então pre- mente amanhã, José Edu- exaustão. Só que é Angola... te daquele que organizou Fongani Bolongongo sidente brasileiro Lula da ardo Agualusa continuará O resultado das eleições é com as suas poderosas Domingos da Cruz Armando Chicoca Silva (figura de referência a dizer as verdades que, de um revés para a democra- agências de intoxicação a Israel Samalata para o presidente José Edu- facto, não coincidem com cia e um pouco assustador. que chama de comunica- ardo dos Santos) a Ordem as do regime angolano. É A grandeza da democracia ção”, assegurava António Fotografia Theo Kassule do Mérito Cultural, é – se- por isso que, via “Jornal está na diversidade de opi- Barreto. Garcia Mayomona gundo o “Jornal de Angola” de Angola”, é atacado em nião e não na pobreza de Estaria a falar de Pedro Pi- - um “falso escritor e duvi- toda a linha. pensamento”, sustentou, res? De Lula da Silva? De Edição Gráfica Francisco da Silva doso angolano” Ainda agora Agualusa criti- aludindo ao facto de o fu- Fradique de Menezes? De (Editor Gráfico) Agualusa, que também aca- cou a incapacidade do regi- turo Parlamento angolano Armando Guebuza? Não. ([email protected]) bou de lançar uma nova me em lutar, por exemplo, perder várias forças políti- Por sinal estava a falar do Sedrick de Carvalho ([email protected]) obra, “A vida no céu”, deve- contra a malária e outras cas. então primeiro-ministro de rá receber o prémio agora doenças, dizendo que uma Nesse sentido, Agualusa Portugal e querido amigo Administração & Finanças atribuído no dia 18 de No- pequena minoria de privi- não deu qualquer impor- de José Eduardo dos San- Manuela Joaquim vembro, no Porto (Portu- legiados vive rodeada de tância ao facto de as princi- tos, José Sócrates. Secretariado & Publicidade gal), sendo que – se fosse pessoas muito carentes, si- pais forças da oposição ao “No seu ideal de vida, todos Paula Padrão vivo - Manuel António tuação que, a seu ver, criam MPLA não se terem unido seriam submetidos ao Re- Redacção Pina (vencedor do Prémio condições para uma “revol- em torno de um só objec- gime Disciplinar da Função Rua Cons. Júlio de Vilhena, n.º Camões 2011) completaria ta em larga escala”. tivo, derrubar o partido no Pública, revisto e reforçado 24 - 5.º andar, Apart. 19; Tels: 222 391 943; nesse dia 70 anos. Recorde-se que José Eduar- poder desde a independên- pelo seu governo”, acres- 222 394 077; 222 002 052; Se o júri deste prémio ti- do Agualusa afirmou em 10 cia, em 1975, defendendo centava António Barreto. Fax: 222 392 289; vesse tido a “gentileza” de de Setembro de 2008 que que cada partido “tem a sua Não. É claro que não estava Luanda, Angola bajular o regime angolano, os resultados das eleições visão política”. a falar de Isaías Samakuva, E-mails certamente saberia – como legislativas foram “assusta- “A oposição não tinha de de Afonso Dlakhama ou [email protected] realça sempre que pode (e dores para a democracia”, se juntar, uma vez que cada Mari Alkatiri. 4 FOLHA8 22 DEJUNHO DE2013 // DESTAQUE Sipaios coloniais, chefes de posto do regime

O sucesso que E os poucos que existiam Angola regista foram para Portugal, es- no combate à timulados pelas pontes pobreza foi re- aéreas de Luanda e Hu- conhecido por ambo. Era a política tra- organizações çada por Frank Carlucci e “internacionais especiali- ciosamente executada por zadas que trabalham todos grandes figuras da demo- os dias no terreno e não cracia portuguesa. Nunca falam de cátedra ou escre- se viu democratas conde- vem disparates em alguns narem todo um povo à ig- órgãos de informação oci- norância e à penúria. Mas dentais”. de Portugal veio esse pre- Tem razão do editorialista sente, em forma de felici- do “Jornal de Angola” (JA). tação pela Independência Somos independentes de Nacional.” Portugal e dependentes Incontestável. Na verdade, do MPLA deste 1975. Des- como em 1975 Angola “não de 2002 que a paz é total. tinha quadros para gerir Mesmo assim, enquanto Luanda”, foi preciso deitar uns compram Portugal, mão aos sipaios que por cá milhões continuam na mi- tempo. Que fossem ca- verdade. E para cúmulo le- ciça. Não é preciso usar ficaram ou vieram logo a séria. É um sucesso. Quem pazes de perceber donde varam os rios e deixarem a Lanterna de Diógenes seguir, dando-lhes cargos disser o contrário será partimos e onde chegá- os ribeiros, ficaram com o para encontrarmos os para os quais não estavam excomungado por aquele mos, à custa de tremen- Eça e deixaram o Artur. mandantes, executantes habilitados. E é assim que que é considerado “o es- dos sacrifícios. As elites “No esclavagismo perde- e apoiantes desta guerra. José Ribeiro, Artur Quei- colhido de Deus”. portuguesas, em especial, mos o melhor da nossa Portugal está em primeiro roz e companhia chegam “A realidade está aí e só tinham a obrigação de juventude, os angolanos plano. Milhares de angola- a chefes de posto. Mere- não vê quem não quer, ou perceber isto, porque têm mais fortes e saudáveis. nos e portugueses sofre- cidamente, acrescente-se. fala por desespero. Todos grandes responsabilida- Naquela época essas eram ram no corpo e na alma “Um país que acede à In- os problemas que existem des na matéria. Podemos as qualificações mais a violência inusitada da dependência Nacional em Angola têm solução. dizer que mais de dois apreciadas: força e saúde. guerra colonial.” com mais de 95 por cento Mas os decisores políticos terços dos nossos proble- Quando Sá da Bandeira Se dúvidas existissem, de analfabetos só conse- precisam de tempo. Pelo mas estruturais se devem aboliu a escravatura, o co- e não se sabe se o 27 de gue sobreviver se os seus menos tanto, como aquele directa ou indirectamente mércio continuou durante Maio de 1977 pode de al- filhos tiverem um suple- foi necessário para criar à sua acção, conivência ou pelo menos duas déca- guma forma figurar no es- mento de alma que os esses problemas”, diz o inacção.” das, para o Brasil. Depois paço temporal de 1961 até ajude a vencer as adversi- articulista do regime con- Nada mais acertado. De vivemos em regime de 2002, Portugal (provavel- dades. Os angolanos con- firmando, aliás, o que aqui facto, para além de terem trabalho forçado, até prati- mente pelas mãos de Rosa seguiram! Ninguém pode temos dito. Ou seja, que é deixado o país sem estra- camente à Independência. Coutinho, Vasco Gon- exigir de nós que façamos preciso que o MPLA es- das, sem casas, sem hospi- Para garantir a submissão çalves e Álvaro Cunhal) tudo perfeito ou até bem teja no poder aí mais uns tais, sem aeroportos, sem dos novos escravos, eles liderou a “destruição ma- feito. Mas temos orgulho 30 anos para, finalmente, portos, sem esgotos, sem eram afastados da educa- ciça”, ficando num ponto no que construímos, com mostrar obra que justifi- caminhos-de-ferro, sem ção. O ensino em Angola, diametralmente oposto ao erros, com defeitos de fa- que lá continuar por ou- escolas, sem fábricas… os até 1961, tinha uma expres- contributo pacificador da brico, com resultados lon- tros 30. portugueses devem ser são ridícula”. União Soviética e de Cuba. ge do esperado e desejado. Sentindo, legitimamen- também responsabiliza- Nem mais. É difícil não “Até 1961, era residual Para quem nada tinha, o te, as dores do patrão, o dos, criminalmente, por cá dar razão ao autor de tão o número de angolanos pouco é imenso.” JA diz, ou regurgita, que terem deixados espécies (im)poluta prosa. Foi cer- nas escolas. E não existia É sim, senhor! “Para quem “Angola deve ser o país como José Ribeiro e Artur tamente isso que, sobretu- ensino superior. Não es- nada tinha, o pouco é africano mais atacado pela Queiroz. do em matéria de ensino/ tamos a falar da época de imenso”. Não se deve, imprensa ocidental e par- Diz o escriba editorialista educação, se passou com Diogo Cão ou de Salvador por isso, incriminar os ticularmente pelos órgãos do JA, provavelmente um José Ribeiro e Artur Quei- Correia de Sá e Benevi- que tiveram, e têm, de se de informação da antiga dos servos de vários se- roz. São resquícios ainda des. Nem de Pedro Ale- descalçar para contar até potência colonial, desde nhores com formação co- hoje bem visíveis mas, de xandrino da Cunha, o pai doze. Ou que para contar que acedeu à Independên- lonial, que “durante sécu- sobremaneira, constatá- da Imprensa em Angola. até 22 tenham de pedir ao cia. A realidade apontava los este país foi espoliado veis na escrita. Estamos a falar dos nos- vizinho que também se para um quadro oposto. violentamente, dos seus “De 1961 até 2002, foi im- sos dias. Em 1975, Angola descalce. Bastava que os críticos melhores e mais qualifica- posta aos angolanos uma não tinha quadros ango- “Angola chegou à Inde- aprendessem as lições do dos recursos humanos”. É guerra de destruição ma- lanos para gerir Luanda. pendência Nacional numa FOLHA8 22 DEJUNHO DE2013 5 DESTAQUE \\

situação dramática. Sem pela guerra para colocar recursos humanos qualifi- em cima dos escombros cados e com as poucas in- um regime fantoche. fra-estruturas existentes, Centenas de quadros, destruídas ou obsoletas. entretanto formados no Os servidores do regime exterior, morreram nessa colonial nunca primaram guerra de agressão brutal. pela inteligência e nun- Ficámos iguais ou piores ca criaram empresas de do que em 1961. Alguns capital intensivo. Como dos melhores filhos des- a mão-de-obra era quase ta pátria, tombaram em gratuita, eles não se pre- sua defesa. Os recursos ocupavam com os ventos foram todos canalizados da modernidade. Perde- para o esforço de guerra. mos todos com a tacanhez Ao mesmo tempo os “re- de espírito e a boçalidade beldes” enriqueciam com dos ocupantes.” os diamantes de sangue. E Mais uma verdade históri- com o fruto do latrocínio, ca que só dignifica o autor, compraram em Portugal mesmo que esteja descal- jornalistas, comentado- ço. É certo que, apesar do res, juristas, economistas, atraso em que se diz que empresários e alguns dos estava, Angola era mais mais sonantes nomes da evoluída do que o próprio política.” país colonizador. Mas, é A memória selectiva, algo claro, isso não é para di- paranoica, mas certamen- zer. Convenhamos, en- te bem paga destes exem- tretanto, que se não fosse plares do nanismo intelec- essa “boçalidade dos ocu- tual, é digna de registo. De pantes”, certamente que um lado estão, continuam os Ribeiros e Queiroz da a estar, os bons filhos de praça estariam ainda hoje Angola, todos obviamente a grunhir para que alguém os que estiveram do lado los diamantes de sangue tal ausência de neurónios não para se servirem, de- lhes desse o que hoje de- do MPLA. Do outro, tal que José Eduardo dos San- destes escribas, então tudo pende dos que preferem fendem para o Povo: um como hoje, estão os boçais tos é dos mais ricos polí- estaria bem. Mas não. O ser salvos pela crítica do prato de farelo. que de angolanos – dizem ticos do mundo, que a sua nosso futuro depende dos que assassinados pelos “O regime de apartheid – nada têm. filha é a mais rica mulher que vivem para servir e elogios. apostou destruir Angola Terá sido certamente pe- de África, que a sua famí- lia e amigos são donos de Portugal. Por outro lado, é por culpa dos “rebeldes” que os milhões de ango- lanos que têm pouco ou nada, continuam a ter cada vez menos. “Vivemos uma década de paz, é certo. Mas partimos de negativos! O rasgo, a in- teligência e o patriotismo do Presidente José Eduar- do dos Santos operaram as transformações extra- ordinárias que arrancaram da pobreza milhões de an- golanos, levaram saúde e educação a todo o país, pu- seram a economia a cres- cer. Num momento em que no mundo há uma ca- rência gritante de políticos da sua dimensão, compre- endemos os ataques que lhe são feitos. Mas como patriotas, não perdoamos esses desaforos.” Se o futuro de Angola se calculasse pelo culto ao chefe, pela canina bajula- ção (sem ofensa para os cães), pela inexistência de coluna vertebral e pela to- 6 FOLHA8 22 DEJUNHO DE2013 // DESTAQUE De Mussolini a Eduardo dos Santos TEXTO DE Orlando Castro

m Angola o de todas as leis. O chefe rece não preocupar José forma de sobrevivência alguém que em vez de culto do che- é divino e, por isso, deve Eduardo dos Santos. Tal dos que, como se fossem um olho tenha mesmo os fe é condição ser idolatrado. como nunca preocupou cegos, entendem que dois. “sine qua non” A experiência e os exem- Jean-Bédel Bokassa, Idi quem tem um olho terá Da parte dos escravos para se (so- plos mundiais revelam Amin Dada, Mobutu Sese necessariamente de ser só resta esperar que, bre)viver. A que os que hoje bajulam Seko, Salazar ou Benito rei. E quando os vassalos pela ordem natural das E liderança do um chefe serão os mes- Mussolini. começam a deixar de ser coisas, o chefe morra e MPLA desde 1975 criou mos que, amanhã, baju- Não se trata de uma ca- cegos, o chefe trata de dessa forma seja subs- uma regra que, embora lam outro que ascenda racterísticas genética dos os cegar. É que no meio tituído. Por regra esses não seja lei, está acima ao poder. Mas isso pa- angolanos. É apenas uma deles poderá aparecer reis deixam substitutos,

Tal como o fascismo, também por cá existe um extremo culto do chefe e da sua autoridade, o totalitarismo do Estado que é o partido e do partido que é o Estado FOLHA8 22 DEJUNHO DE2013 7 DESTAQUE \\

quase sempre da mesma este sim, é fundamental Tal como no fascismo, derosa polícia política poder judicial seja inde- linhagem, levando a que para exigir que o chefe também por cá se des- que vigiava os cidadãos e pendente, que o Povo sai- apenas uma revolta vio- seja apenas e tempora- preza – embora com detectava qualquer sinal ba quem elege ou quem lenta altere a situação. riamente o seu represen- outra subtileza - o parla- de desagrado organizado. não elege. Nada disto é Mesmo assim, porque tante. mentarismo e o sistema Criou a censura, subs- verdade em Angola. essa treta da democracia Se compararmos a géne- multipartidário e a pró- tituiu os sindicatos por Assim, o presidente da é um privilégio cada vez se do fascismo (regime pria democracia que, ci- organismos do parido, República é o “cabeça de mais raro e que também político que vigorou em tando José Eduardo dos proibiu greves e manifes- lista” do partido mais vo- ela não está incólume ao Itália de 1922 a 1945 e que Santos, “nos foi imposta”. tações, formatou a juven- tado, mesmo que só con- surgimento do mesmo influenciou fortemen- O fascismo nega de fac- tude inculcando-lhe um siga – por exemplo – 25% mal, as garantias de que, te outros países, como to a soberania popular, espírito de disciplina e de dos votos (não é o caso afinal, somos todos iguais Portugal) com o que va- despreza os direitos hu- obediência, enquadrando do MPLA que, se assim o não passa de uma mera mos vendo, sentindo e manos (entendendo que os jovens em organismos entender, é bem capaz de teoria. perspectivando por cá, os homens são meros de tipo militar. Então? passar os 100%). Cá como em muitas ou- conclui-se que temos instrumentos da nação), Se a existência de parti- Além disso, o presiden- tras partes do mundo, o também uma espécie de rejeita o princípio da dos é, só por si, sinónimo te nomeia o Vice-Presi- culto ao chefe mostra a nacionalismo exacerba- igualdade social e permi- de democracia, se calhar dente, todos os juízes do debilidade das institui- do, não tendo a nação te que um burguesia seja o regime de Oliveira Sa- Tribunal Constitucional, ções do Estado e revela como valor máximo mas, dona do regime. Será que lazar também era demo- todos os juízes do Su- a necessidade atávica isso, sem o partido domi- os angolanos conseguem crático. Para haver de- premo Tribunal, todos de quem acredita no nante. descobrir alguma dife- mocracia, julgam alguns os juízes do Tribunal de Messias, qual divindade Tal como o fascismo, rença entre as caracterís- peregrinos das causas Contas, o Procurador- superior que represen- também por cá existe um ticas do fascismo e o que humanas, é preciso que o -Geral da Republica, o ta Deus. E esta crença é extremo culto do chefe e por cá se passa? poder não esteja na mão Chefe de Estado Maior maior quando, como é da sua autoridade, o tota- Vejamos se, por acaso, de uma só pessoa, é pre- das Forças Armadas, os o nosso caso, o Povo é litarismo do Estado que existem pontos comuns ciso que o poder legisla- Chefes do Estado Maior obrigado a pensar com é o partido e do partido entre as práticas de Be- tivo seja eleito, que o po- dos seus diversos ramos a barriga (quase sempre que é o Estado. Recorde- nito Mussolini e as de der executivo seja eleito, destas. vazia) e sem a alternati- -se que Benito Mussolini Eduardo dos Santos. O ou que emane do poder Melhor do que isto… va do conhecimento que, ganhou eleições em 1924. fascismo criou uma po- legislativo eleito, que o nem Benito Mussolini 8 FOLHA8 22 DEJUNHO DE2013 // DESTAQUE

Todos veneram o “escolhido de Deus” FAO & GRAZIANO BRINCAM COM FOME DE MILHÕES DE ANGOLANOS

TEXTO DE Orlando Castro e William Tonet

omo Angola Desenvolvimento do Milé- o período de 1990 a 2012. o Presidente José Eduardo Escondendo este drama, e José Eduar- nio (ODM), ao reduzir para O director-geral da FAO, dos Santos. enquanto ministro da do dos San- metade a percentagem da José Graziano da Silva, “Nós aqui no Kunene, esta- Agricultura, Afonso Pedro tos são uma população afectada pela visto como tendo sido mos a morrer com fome”, Canga destacou que o Go- e a mesma fome e subnutrição. corrompido, com cerca disse ao F8, Ilundeguy, que verno angolano está a dar coisa, regis- A FAO deu como credível de 4 milhões de dólares, perdeu 4 familiares. Já Ma- passos significativos no C te-se que o a informação do ministro segundo uma fonte oficial, nuel acredita que um dos que se refere ao cumpri- Presiden- da Agricultura, Afonso expressou a sua satisfação grandes problemas para mento do compromisso de te foi homenageado, em Pedro Canga, que garantiu pelo trabalho de Angola no além da falta de alimenta- combater a fome e a sub- Roma, pela Organização que o seu governo – sob a combate à fome, entregou ção, “o que está nos matar nutrição. Segundo o mi- das Nações Unidas para a superior direcção de Edu- o diploma de reconheci- também é a falta de sal e nistro, e como não poderia Alimentação e Agricultura ardo dos Santos - reduziu a mento ao ministro ango- isso eu não entendo pois deixar de ser, esta proeza (FAO), pelo cumprimento taxa de fome e subnutrição lano da Agricultura que o Namibe fica aqui perto”, deve-se “à visão estraté- do primeiro Objectivo de em 57,1 por cento durante representou na cerimónia lamentou gica do Chefe do Estado, FOLHA8 22 DEJUNHO DE2013 9 DESTAQUE \\

José Eduardo dos Santos, que elegeu a segurança ali- mentar, o combate à fome, à pobreza e o desenvolvi- mento rural como priori- dades”. Se a mentira matasse, aqui estaria uma forma de jul- gamento, pois omitir o que se passa no Kunene, Huíla e Kuando Kubango, princi- palmente, é uma ofensa a estes angolanos, que mor- rem de fome, por falta de um grão de milho. “A fome aqui nos atingiu, porque até o gado não tem água e então está a morrer e ficamos sem nada para trocar por comida, já que não conseguimos plantar comida devido a seca”, de- nuncia Kalinga Mas o ministro explicou que, para alcançar os resul- tados, o governo angolano sempre sob a superior e divina égide do Presidente, implementou e continua a implementar um con- junto de programas nos domínios social e econó- mico-produtivo, especifi- camente nos sectores da agricultura, pescas, indús- tria, emprego, construção de infra-estruturas, trans- portes, comércio, desmi- nagem, saúde, assistência social, educação e ensino, formação profissional, as- sim como uma boa (seria

mais correcto dizer exce- milhões de pessoas que so Canga disse que a lente) governação, que se começaram a produzir os agricultura familiar foi traduz na gestão cuidada seus alimentos e deixaram redinamizada e apoiada dos recursos públicos. de depender da ajuda ali- técnica e financeiramen- Se não são ofensivas as mentar. te, produzindo alimentos declarações de Canga, ao O regresso destes popula- para o consumo e para menos são um insulto a res contou mais com a aju- a renda da família. E as memória daqueles que da da comunidade inter- crianças e jovens nas esco- todos os dias morrem de nacional, do que com um las recebem uma merenda, fome, devido a uma má po- plano gizado , pelo gover- acrescentou. lítica agrícola e de fomento no, para apoiar a inserção Para Afonso Canga, este rural. destes refugiados, na vida reconhecimento encoraja O titular da Agricultura social do seu país. Isto por- (como se isso fosse preci- recordou que, logo após o que a maioria dos campos, so) o Governo angolano a fim do conflito, em 2002, onde foram colocados, prosseguir com mais di- o Governo implemen- eram e são terrenos inóspi- namismo e determinação tou com êxito um vasto e tos, sem água e meios para nos esforços de recons- complexo programa de re- a produção agrícola. “Eu trução nacional, visando assentamento das pessoas estava a sofrer muito, dois satisfazer as necessidades deslocadas e refugiadas, filhos meus ficaram muito e as aspirações justas dos por causa da guerra, e um doentes e o hospital não angolanos, em particular, o programa de reinserção tinha nada, o outros dois direito à alimentação. social, económica e pro- não estavam a estudar e “O Executivo angolano, dutiva de milhares de ex- isso fez com que, para não liderado pelo engenheiro -militares. morrer, eu regressasse a José Eduardo dos Santos, Neste âmbito, disse o mi- Zâmbia”, denunciou ao F8, vem aumentando, anu- nistro, regressaram para Nzila Tambi, que estava na almente, os orçamentos as zonas de origem ou de província do Moxico. destinados à segurança ali- preferência mais de quatro Mas o ministro da Afon- mentar e nutrição, à saúde, 10 FOLHA8 22 DEJUNHO DE2013 // DESTAQUE

à educação, à assistência Afonso Pedro Canga, são social e ao combate à po- “as mulheres as principais breza”, disse o ministro, produtoras de alimentos”. sublinhando que a produ- A agricultura é, de facto, ção alimentar tem conhe- uma actividade feminina, cido aumentos, os níveis como é fácil de constatar de emprego têm subido, na Alemanha, nos EUA, no os índices de pobreza es- Reino Unidos etc. tão a reduzir e a esperança Ainda a propósito do reco- de vida dos angolanos está nhecimento de Angola, o a aumentar. representante de Eduardo O ministro da Agricultura dos Santos junto da FAO, lembrou, entretanto, o lon- o embaixador Florêncio de go caminho por percorrer Almeida, disse que o galar- para erradicação da fome dão vem premiar os esfor- e da pobreza, no mundo. ços do Governo angolano Por esta razão, sublinhou, e do… presidente José Edu- todos os meios e esforços ardo dos Santos. devem ser mobilizados Como todos sabem, em para a erradicação deste Angola e cada vez mais no flagelo, que insistentemen- mundo, nada se faz sem te persegue a humanidade, a determinação do Presi- há séculos. dente Eduardo dos Santos. “Esqueceu-se, seguramen- Por alguma razão o cama- te, este senhor ministro, rada Durão Barroso, velho que não deve continuar a e querido amigo do MPLA brincar e ofender a vida e presidente da Comissão dos angolanos, mesmo Europeia, também mos- que eles não nos tenham trou o seu culto ao felicitar nas suas estatísticas”, asse- o Presidente pelos seus es- verou o economista e po- forços no combate à fome lítico, Ramos Lango, acres- e à pobreza. Sim, é ver- centando, “como pode um dade. É o mesmo Durão governante consciente, Barroso que foi convidado omitir os cerca de 35 mil de honra do casamento populares que estão a mor- de uma das filhas do Pre- rer de fome, principalmen- sidente José Eduardo dos te no Kunene”? Santos. Ora, dando azo à filan- “Como atingir esse deside- de promoção dos produ- nós”, denunciou. Os Objectivos de Desen- trópica vontade de pôr o rato, se Angola não cons- tos nacionais”, disse um O ministro foi muito volvimento do Milénio são mundo em ordem, o mi- truiu um silo de cereais, engenheiro agrónomo, aplaudido quando rendeu oito metas internacionais nistro de Eduardo dos San- não tem uma política de fo- acrescentando ter vindo uma especial homenagem estabelecidas em 2000, tos reafirmou o compro- mento rural, nem de apoio de Cuba há mais de 3 anos às mulheres que “são as no termo da Cimeira do misso de Angola e do seu a quem queira fixar-se no “e estou no desemprego, principais produtoras de Milénio das Nações Uni- Governo de estar na linha campo. Só mesmo o direc- pois não existe uma políti- alimentos para a família no das, com a adopção da da frente neste combate, tor da FAO, quica “compe- ca de aproveitamento dos meu país e no mundo. Sem Declaração do Milénio das ao lado de outros países e tentemente untado”, pode quadros formados. Devía- a sua participação e entre- Nações Unidas subscrita organizações, para que ao dizer isso, quando deveria mos ir para o interior, mas ga os resultados seriam di- na altura por todos os Es- nível nacional, regional e descer aos campos angola- o ministério não tem um ferentes”. tados-membros da ONU internacional se possa al- nos e ver como apodrece a plano e assim nós estamos Nem mais. Aliás, por todo e pelo menos 23 organiza- cançar níveis de segurança produção dos camponeses no desemprego, quando os o mundo ocidental se sabe ções internacionais, com o alimentar aceitáveis. por falta de uma política camponeses precisam de que, citando o ministro compromisso do seu cum- primento até 2015. A três anos do limite estabeleci- do, Angola, assim parece (apenas parece) cumpriu o CERTIFICADO DA OUTORGA de licenciatura em Direito primeiro. Livro inquietante e mobilizador Entretanto, só para de- negrir a obra feita e toda A economia de Angola mantém elevados níveis de pobreza, com flagrante desigualdade na distribuição a dinâmica mundial que da riqueza produzida, salienta a mais recente análise do Deutsche Bank. visa – num elementar acto Intitulada “Angola: Uma economia petrolífera a caminho da diversificação”, a avaliação do Deutsche de justiça – atribuir a José Bank (DB) prevê que o crescimento económico ronde os 7% nos próximos anos, depois da média de 11% Eduardo dos Santos pelo alcançada na última década. menos o Prémio Nobel da Representando cerca de metade do Produto Interno Bruto, 95% das exportações e 75% das receitas, o Paz, chegam notícias de sector petrolífero é o mais dinâmico da África a Sul do Saara, devido à exploração contínua e um am- que, entre outras, na região biente regulador favorável. A produção de petróleo deverá atingir 2 milhões de barris diários até 2015, da Huíla há quem morra bem acima dos 1,75 milhões de barris diários do ano passado. de fome. A denúncia é, ali- Entretanto, diz o DB, “persiste um elevado nível de pobreza (55% dos angolanos vivem abaixo da linha de ás, feita (embora à revelia pobreza, com apenas 1,20 dólares disponíveis por dia), uma elevada taxa de desemprego (cerca de 25%) do Governo) pela Igreja e aumenta o descontentamento e os protestos de rua”. Católica. FOLHA8 22 DEJUNHO DE2013 11 DESTAQUE \\ “Capital angolano em Portugal só enriquece alguns”

dinheiro venientes, fosse de onde indústria, pescas, metalo- acontecer é a compra de afirmações recentemente que cida- fosse, chegassem a Portu- mecânica. Nada disso está participações”, acentuou. feitas em Luanda pelo se- dãos an- gal para criar agricultura, a acontecer. O que está a Instado a comentar as cretário de Estado dos Ne- golanos gócios Estrangeiros por- aplicam em tuguês, Francisco Almeida Portugal Leite, segundo o qual o O não é in- investimento angolano vestimento, em Portugal, “mais do que serve unicamente para en- bem-vindo, é desejado”, riquecer alguns portugue- Paulo de Morais respon- ses, disse Paulo de Morais, deu que o investimento vice-presidente da Trans- em Portugal “deve ser parência e Integridade, sempre desejado se duas Associação Cívica – Por- coisas acontecerem”. tugal à margem da confe- Ou seja, “se for de facto rência realizada terça-fei- investimento que produ- ra em Luanda, promovida za riqueza, crie emprego, pelo Centro de Estudos e se for proveniente de e Investigação Científica dinheiro que for de facto (CEIC), da Universidade limpo. Porque o dinheiro Católica de Angola. sujo não é um bom inves- Tal como defendera em timento, nem em Portugal artigo exclusivo publi- nem em lado nenhum do cado pelo Folha 8, Paulo mundo”. de Morais diz que não há No artigo “Vassalagem à propriamente investimen- corrupção”, um exclusivo to angolano em Portugal. que o Folha 8 publicou, Explica que se poderia Paulo de Morais disse que falar de investimento se “o poder oligárquico ango- ele fosse direcionado para lano invadiu a vida econó- novas fábricas, ou para os mica, social e até politica sectores primário, secun- de Portugal”. dário ou o terciário. Nesse texto, dizia o vice- Ora, diz Paulo de Morais, -presidente da Transpa- o capital angolano que rência e Integridade, “é chega a Portugal destina- dominante a presença -se maioritariamente à angolana nas maiores em- compra de participações presas portuguesas. São em empresas que já exis- inúmeras as suas partici- tem, que já estão a laborar. pações, que vão das tele- “No fundo, vai é aumen- comunicações através da tar as fortunas de alguns Zon, aos petróleos, onde portugueses. A actividade marcam posição predo- económica portuguesa minante na Galp; passan- pouco beneficia dos ca- do pela banca, através do pitais angolanos que che- Millennium ou do BIC, e gam a Portugal. Quem estendendo-se a muitos beneficia são os amigos outros sectores. Angola dos angolanos que estão domina hoje, directa ou disponíveis a alienar parte indirectamente, uma par- das empresas que têm em te significativa do capital Portugal”, acrescentou. bolsista português. O di- Paulo de Morais fez ques- nheiro proveniente das ri- tão de frisar que a chega- quezas naturais angolanas da de capitais angolanos a jorra a rodos nos grupos Portugal tem acontecido económicos portugueses. porque “há um conjunto Mas o benefício para a eco- de portugueses cúmplices nomia lusa é praticamente dos detentores desses ca- nulo. Os angolanos não pitais angolanos”. investem em nada de pro- “Investimento é outra coi- dutivo, não criam riqueza sa. Investimento produ- agrícola ou industrial. Li- tivo seria se capitais pro- mitam-se a comprar par- 12 FOLHA8 22 DEJUNHO DE2013 // DESTAQUE

ticipações de capital aos de Morais escreveu que, rency International. Uma recuperar os níveis dese- seus amigos portugueses “para além do mais, o for- presença permanente de jáveis de transparência”. que assim enriquecem, talecimento das relações angolanos em sectores De um outro ponto de vendendo uma parte do económicas com Angola chave da economia portu- vista, o também autor do tecido económico portu- estimula a corrupção, pois guesa virá ajudar a piorar livro recém publicado “Da guês. Mas não há qualquer esta contamina-se. Angola a já de si débil e decadente corrupção à crise – que acréscimo de riqueza real, tem os piores indicadores situação de Portugal, um fazer?”, afiamava que “no aumento de actividade de corrupção do mun- humilhante, em termos plano social, a presença económica ou crescimen- do lusófono. Ocupa uma europeus, 33.º lugar. Não angolana é descomedida. to do emprego, por via da das mais baixas posições serão seguramente os an- Nas lojas mais caras de presença angolana”. mundiais no ranking de golanos e os seus negócios Lisboa, os milhões jorram. Sobre a corrupção, Paulo transparência da Transpa- que ajudarão Portugal a Os consumidores de luxo

Livro inquietante e mobilizador “Da corrupção à crise - que fazer?”, de Paulo de Morais, editado pela Gradiva, foi recentemente apresen- tado, no Porto (Portugal) por António Marinho Pinto, Bastonário da Ordem dos Advogados. O livro da autoria de Paulo de Morais, vice-presidente da Associação Cívica Transparência e Integrida- de, capítulo português da organização não-governamental Transparency Internacional, contraria – diz o autor – “duas mentiras colossais que contaminam a sociedade portuguesa: a de que os portugueses andaram a gastar acima das suas possibilidades e a de que não há alternativa à austeridade”. A principal causa da crise em que Portugal se encontra mergulhado é, tal como o autor defende ao longo desta sua obra, a corrupção. Alguns grupos económicos, apoiados pelas grandes sociedades de advogados, dominam completamente a actividade política plasmada na Assembleia da República e que se transformou, ela própria, numa grande central de negócios. “Ainda agora, enquanto o país empobrece, a classe média se extingue e o desemprego alastra, a corrup- ção continua a aumentar, os mecanismos de corrupção agravam-se e cresce a promiscuidade entre a política e os negócios”, diz o autor. Paulo de Morais, um dos principais nomes que dão a cara neste combate desigual pela transparência em Portugal, desmonta e explica o círculo vicioso da corrupção em Portugal. É uma obra de denúncia, mas também de alternativas à chaga que devasta e inviabiliza Portugal. Um livro inquietante e mobilizador. FOLHA8 22 DEJUNHO DE2013 13 DESTAQUE \\

cial, o domínio dos gover- nantes angolanos sobre o poder político português é crescente. Há uma corrida de políticos portugueses que se deslocam a Luanda a prestar vassalagem ao po- der vigente. A influência an- golana é galopante e chega a todo o aparelho da Admi- nistração portuguesa. Ob- servam-se hoje situações inimagináveis, como a do deputado Mota Pinto, que coordena a fiscalização dos serviços secretos portu- gueses e é, em simultâneo, administrador da ZON, de Isabel dos Santos. Jamais se imaginaria que um empre- gado de Isabel dos Santos pudesse fiscalizar as secre- tas portuguesas.” Por fim, escrevia que “as nossas autoridades estão numa dependência tal do governo de Eduardo dos Santos, que o ministro dos estrangeiros Paulo Portas teve de vir desculpar pelo facto de a justiça portu- guesa andar a investigar alguns poderosos cidadãos angolanos. Uma atitude in- digna dum ministro de um governo ocidental. Com posturas destas, o governo português transformou-se num dos principais ins- são a oligarquia constituí- se, os portugueses mais ga, a assistência na saú- tomóveis topo de gama e trumentos das oligarquias da pelas famílias dos gran- pobres estão na miséria, de é uma miragem, falta frequentam os mais caros corruptas de Angola na des grupos económicos a classe média experi- educação, o povo vive na restaurantes da capital Europa e torna-se cúm- portugueses, os futebolis- menta as provações do miséria. Entretanto, as eli- portuguesa.” plice da miséria a que o tas e os milionários ango- desemprego, das dívidas tes angolanas compram Por tudo isto, Paulo de Mo- governo de Eduardo dos lanos”. familiares e da ausência os apartamentos mais ca- rais não tem dúvidas de que Santos condenou os seus E acrescentava: “Em Por- de futuro. Em Angola, o ros de Lisboa e Cascais, “por via deste predomínio concidadãos, nossos ir- tugal, em tempo de cri- desenvolvimento não che- gastam milhões em au- económico e influência so- mãos angolanos.” 14 FOLHA8 22 DEJUNHO DE2013 // DESTAQUE Olhai apenas e só para o que dizemos - O que fazemos não é da vossa conta

director tem páginas dedicadas seguindo-se o Jornal de to, para além de estampar actividades de prepara- nacional ao mundial todos os dias, Angola e Jornal dos Des- no referido portal o “link” ção da selecção nacional. de Infor- a exemplo do Jornal de portos. para a página oficial do A perspectiva, quando se mação, Angola. Rui Vasco disse Também salientou que o comité organizador do aproxima o dia da aber- Rui Vasco, ainda que a TPA passou portal da Angop procede mundial. tura do campeonato, é prestou um a contagem regressiva da igualmente à contagem “Temos vindo a acompa- intensificar a cobertura O excelente data do início do evento, regressiva do campeona- nhar a cobertura de todas jornalística”, disse. serviço ao país ao defi- Reafirmou igualmente nir o que, na perspectiva que os órgãos da comu- oficial, é a comunicação nicação social têm vindo social. a mobilizar a população Rui Vasco garantiu na sobre a modalidade e o cidade do Namibe que a campeonato, através de publicidade institucional entrevistas aos antigos ligada ao mundial de hó- praticantes, figuras histó- quei decorre desde Fe- ricas do desporto angola- vereiro deste ano, com no, dirigentes para enga- o engajamento de todos jar todos nesse objectivo órgãos de comunicação comum que é a festa de social. todos os angolanos. Vejamos. Referiu-se ao O objectivo é de facto co- programa da TPA deno- mum. No entanto, como minada “Rolangola” que habitualmente, para o Já vai na oitava edição e Governo existem filhos e sai uma vez por semana enteados. TPA, RNA, Jor- com reposição, enquanto nal de Angola, Jornal dos a RNA através do seu ca- Desportos e Angop são, nal desportivo (Rádio-5) do ponto de vista (míope) tem rubricas semanais, oficial, os únicos órgãos FOLHA8 22 DEJUNHO DE2013 15 DESTAQUE \\ de comunicação social do para garantir o respeito país. pela ética e deontologia Sendo isso verdade na jornalística. óptica preconceituosa e Terá sido na prossecução nada democrática do regi- desse nobre ideal que, na me, importa dizer aos que defesa intransigente da nos vão visitar e que nos liberdade de imprensa, le- leem por esse mundo fora vou – por exemplo - a que que, mesmo que a propa- a nossa Redacção fosse há ganda oficial o negue, a pouco mais de um ano (12 comunicação social ango- de Março de 2012) invadi- lana é mais, muito mais, da por cerca de 15 homens do que aquilo que a mio- da DNIC - Direcção Na- pia do Governo pretende. cional de Investigação A visão de Rui Vasco, en- Criminal sob mandato quanto director nacional da Procuradoria Geral da de Informação e, nesse Republica. âmbito, figura de desta- O que diz Rui Vasco so- que no Ministério da Co- bre o comunicado em municação Social (MCS), que “o Ministério da Co- é reveladora da tacanhez municação Social adverte oficial. Ou, eventualmen- que, em caso de não aca- te, da enraizada escola do tamento desta decisão, tempo de partido único, essas medidas de correc- época em que Rui Vasco ção podem culminar na foi deputado à então As- suspensão temporária das sembleia do Povo. emissões da Rádio Des- Embora esteja nestas pertar, até decisão defini- funções há pouco tempo, tiva dos órgãos judiciais, Rui Vasco até começou assim como do Semaná- bem. “O profissional de rio Folha 8”? imprensa quando faz bem Mantém-se em silêncio. o trabalho, com respeito Nada dizer é uma forma pelas regras da profissão, sábia de não dizer asnei- tem sempre um trabalho tor nacional de Informa- no a quem presta contas. nal de Abril deste ano que ras. Mas, quando fala, Rui bem feito. Quando têm ção aos correspondentes Rui Vasco sabe bem que, a preocupação surge ape- Vasco diz o que lhe vai na capacidade de investiga- estrangeiros. por cá, o mais importan- nas quando o profissional alma. Foi certamente por ção e capricha na qualida- Não é crível, contudo, que te é ser imbecil (caso dos deixa de cumprir efec- isso que afirmou há pou- de do serviço, seja estran- essa teoria de que o jorna- jornalistas que não procu- tivamente as regras que cos dias que os órgãos pú- geiro ou nacional, ajuda o lista “quando tem capaci- ram saber o que se passa) se impõem na profissão, blicos têm estado a fazer ouvinte e leitor a apreciar dade de investigação (…) e criminoso (os que sa- razão pela qual – acres- um trabalho muito im- o seu serviço”, disse à im- ajuda o leitor a apreciar o bendo o que se passa… se centou - a direcção do portante na transmissão prensa, à margem da sua seu serviço” seja a bitola calam). Ministério da Comunica- das mensagens positivas apresentação como direc- homologada pelo Gover- Rui Vasco afirmou no fi- ção Social tem trabalhado do Executivo… Fica por saber, mas isso até nem é relevante, se informação e propaganda são a mes- ma coisa. “Será através de uma boa formação que alguns colegas entenderão que o jornalismo não é fofo- ca, intrigas, intimidação, imiscuir-se na vida priva- da, ofensa ao bom nome, incitação ao ódio, violên- cia e cobiça, mas é uma profissão com grandes valores”, realçou Rui Vas- co. É verdade. Mas se as te- ses do director nacional de Informação são para levar a sério, não se per- cebe a razão pela qual o erário público tem de sus- tentar o Jornal de Angola. Ou, por outra, percebe-se bem. Poderiam ao menos, seria menos escandaloso, chamar-lhe Lavandaria de Angola. 16 FOLHA8 22 DEJUNHO DE2013 // PUBLICIDADE FOLHA8 22 DEJUNHO DE2013 17 PUBLICIDADE \\ 18 FOLHA8 22 DEJUNHO DE2013 // POLÍTICA Grécia sim, Angola não!

Direcção do Federação Internacional se passa em Angola. da perda total de credi- Sindicato de Jornalistas, à Feder- É certo que, em Portugal, bilidade. Há em Portu- dos Jornal- ação Europeia de Jor- uma trabalhadora inde- gal, dizem-nos, algumas istas (SJ) nalistas, aos sindi- pendente com lugar excepções. Por serem portugueses catos gregos, às marcado nas esqui- poucas são difíceis de en- manifestou duas centrais nas de Lisboa ou contrar. O processo de A recente- sindicais do Porto, que domesticação está no bom mente a sua solidariedade portugue- seja amiga (ou caminho. Por cá, em ter- com os jornalistas ao sas e aos fornecedora mos de jornais, tirando o serviço da rádio e da tel- restantes de serviços) Folha 8 que há 18 anos está evisão públicas da Grécia, sindica- do dono, ou na linha da frente a dar voz cujo encerramento arbi- tos rep- do filho do a quem a não tem, nenhum trariamente decidido pelo resenta- dono, de outro se vislumbra. governo representa “uma tivos dos um jornal, No bacanal colectivo em grave violação do direito trabal- pode de um que se tornou Portugal, e do povo helénico à infor- hadores momento ao contrário do que seria mação”. na empre- para o outro de esperar, os “macacos” A legítima posição do SJ sa Rádio e ser jornalista. (que são cada vez mais) revela, contudo, a existên- Televisão de É certo que o não estão nos galhos cer- cia de – pelo menos - dois Portugal (RTP). presidente da tos (que são cada vez pesos e duas medidas ou, Apesar do cerco República de Por- menos). E quando assim talvez, a opção estratégica e da tentativa de as- tugal, Cavaco Silva, acontece (e acontece mui- que leva este sindicato sassinato dos projectos também teve de lamentar tas vezes), os (supostos) luso a esquecer o que na jornalísticos independ- “profundamente” que, no jornalistas fazem contas à sua área de actuação se entes em Angola, o Sindi- dia 26 de Março de 2012, vida e lá vão para as mar- passa, por exemplo, em cato português nem uma dois fotojornalistas ten- gens dela. Angola. palavra, muito menos um ham sido atingidos (sig- Por cá o bacanal é O facto de o Governo de documentos, dirige à nos- nificará o mesmo do que colectivo mas selectivo. Só José Eduardo dos Santos sa Embaixada em Lisboa agredidos?) durante os entram os que conseguem querer, repetidamente, si- ou às organizações inter- “distúrbios” que ocorre- escrever o que os donos lenciar a comunicação so- nacionais. ram no Chiado. do poder querem que eles cial independente, como Cremos, eventualmente É certo que Fernando escrevam. Esses não con- são os casos da Rádio com alguma dose de in- Lima, o consultor político hecem a linguagem dos Despertar e do Folha 8, genuidade, que o SJ sabe do Presidente da Repúbli- cassetetes, a poesia das não preocupa este sindi- o que se passa em Angola. ca, e seu ex-assessor de AK 47 e a beleza das ca- cato português para quem, Se não sabe é certamente imprensa, considerou que deias da polícia aliás, Angola é “qualquer uma organização imbecil. “uma informação não do- No dia 3 de Julho de 2007, coisa” que fica lá para as Se sabe mas se cala, aí é mesticada constitui uma recorde-se, o Sindicato terras do fim do mundo. garantidamente uma or- ameaça com a qual nem dos Jornalistas portu- “O SJ repudia com firmeza ganização criminosa. sempre se sabe lidar”. gueses, lamentava e zurzia e determinação os gravís- Recorde-se a título de E tudo isso são preocu- o facto de o presidente do simos acontecimentos mera curiosidade, que o pações monumentais para Azerbaijão, Ilham Aliev, na Grécia, exorta os seus Sindicato dos Jornalistas o SJ. Talvez seja por exces- ter afirmado na véspera, camaradas gregos à re- portugueses foi o anfitrião so de trabalho interno que que não ia punir os polí- sistência, reafirma a sua de organizações de jornal- se esquece que Angola ex- cias responsáveis por ac- solidariedade para com istas dos países de língua iste e que por cá também tos de violência contra as organizações sindic- portuguesa que, de 5 a 7 há, embora poucos, jornal- mais de duas dezenas de ais gregas de jornalistas de Dezembro de 2009, se istas que entendem que jornalistas que cobriram a e rejeita com toda a força reuniram na sua sede em dizer o que pensam ser a campanha para as eleições quaisquer tentações de Lisboa numa Assembleia verdade é o seu diapasão. legislativas de Novembro importação destes mé- constitutiva da Federação E se em Portugal a Polícia de 2005. todos de eliminação dos de Jornalistas de Língua existe para acabar com Compreende-se. Para os serviços públicos de rádio Portuguesa. ameaças e, é claro, para portugueses é muito mais e de televisão”, lê-se num Sabemos que o SJ portu- domesticar todos aqueles importante o que se passa comunicado emitido no gueses tem muitas preo- que prevaricam, nem que no Azerbaijão do que o passado dia 12. cupações dentro de portas, para isso usem o cassetete, que acontece em Angola. O sindicato português mas se consegue arran- por cá existem esses e Isto, é claro, quando não foi ao ponto, correcto, de jar tempo para condenar outros instrumentos bem se fala dos investimentos enviar esta posição à Em- situações incorrectas na mais violentos e mortais. de alguns angolanos em baixada grega em Lisboa, Grécia ou no Azerbaijão, Todos sabem que o jor- terras lusas, como sejam à Comissão Europeia e se calhar ficava-lhe bem nalismo lusófono continua a compra de diversos jor- ao Parlamento Europeu, à dedicar duas linhas ao que a sua corrida no sentido nais. FOLHA8 22 DEJUNHO DE2013 19 POLÍTICA \\

De cócoras e de joelhos… à bem da nação primeira ci- acas mas, isso sim, como o referindo-se a Angola, que meira Por- lugar ideal para lavar o din- era “um prazer poder assis- tugal-Ango- heiro dessa árvore. tir a um país com dinamis- la, a realizar Ainda bem. Recorde-se, mo, vibração, com entu- no segundo aliás, que, ao contrário do siasmo e com consciência semestre que quase todos os portu- do seu futuro”. Hoje, Pas- A deste ano, gueses e angolanos pen- sos Coelho diz o mesmo. traduzirá a “relação absolu- savam, José Eduardo dos Dinamismo, vibração, en- tamente excepcional” en- Santos é também, entre tusiasmo e consciência do tre os dois governos, disse outras coisas, cidadão por- seu futuro… num país em o secretário de Estado dos tuguês. Não que isso o or- que 250 crianças em cada Negócios Estrangeiros e gulhe, mas sempre facilita. 1000 morrem antes dos da Cooperação de Lisboa Quem confirmou a cidada- cinco anos de idade. após a última sessão de nia portuguese do presi- “Quero que o Governo de despacho aqui em Luanda. dente foi o ex-primeiro- Angola saiba que temos Francisco Almeida Leite, ministro de Portugal, José confiança no povo ango- que esteve por cá cinco Sócrates, quando afirmou lano, que temos confiança dias, salientou que a deslo- que a venda de parte da em Angola, temos confian- cação, a primeira enquanto Galp a José Eduardo dos ça no Governo angolano e membro do executivo, Santos se deveu ao facto no trabalho que tem desen- para onde entrou em Abril, de não querer que a em- volvido”, sublinhou em Ju- visou “estabelecer o quad- presa fosse para mãos de lho de 2008 José Sócrates, ro de uma nova parceria” Emblemática, recorde-se, anda faz todo o sentido. Se estrangeiros... só faltando (que se saiba) entre os dois governos. foi a visita – igualmente Portugal está à venda e há E ainda bem que os em- ajoelhar-se e beijar os sa- “Vamos ter uma cimeira para despacho - do min- compradores... é a regra do presários angolanos con- patos de design italiano de bilateral ao mais alto nível. istro das Finanças de Por- mercado a funcionar. sideram Portugal uma boa Eduardo dos Santos. Pas- Estamos a preparar essa tugal, Vítor Gaspar que Não é de crer, até pela ami- escolha. O protectorado sos Coelho disse o mesmo cimeira tecnicamente e, trouxe a pasta cheia de zade entre o governo por- angolano a norte de Mar- em 2012 e mandou os seus para já, há o acordo entre pedidos de ajuda, refor- tuguês e o angolano, entre rocos só tem a ganhar com ministros e similares reaf- o Ministério dos Negócios çando aliás iguais pedidos o PS, o PSD e até o CDS e o estes investimentos. De- irmaram a mesma tese em Estrangeiros e o Ministério feitos por outras (im)po- MPLA, entre quem precisa pois de 500 anos de coloni- 2013. das Relações Exteriores de lutas figuras do seu país, e quem tem para dar, que zação, já era tempo de ser De acordo com o então que vai decorrer no seg- casos de Cavaco Silva, Pas- alguma vez Passos Coelho o colonizador a ser coloni- primeiro-ministro, tal undo semestre deste ano”, sos Coelho, Paulo Portas, e Cavaco Silva utilizem zado. De ser o colonizador como com o actual, esse acrescentou este gov- Miguel Relvas e Assunção uma espécie de “golden a ir apanhar café e em troca trabalho tem “permitido ernante, um dos muitos Cristas. shares” para evitar a venda, receber fuba podre, peixe que Angola tenha hoje um que regularmente Portugal Benemérito como é, e en- a retalho ou por atacado, podre, panos ruins, 50 an- prestígio internacional, que manda a Luanda para rece- tão depois do monólogo do país aos poucos que em golares e porrada se refilar. tenha subido na consciên- ber instruções. transmitido na SIC ainda Angola têm muitos mil- Portugal assiste ao nasci- cia internacional e que seja “Não é caridade o que es- ficou mais sensível à causa hões. mento de novas estruturas hoje um dos países mais tamos a fazer. Angola não dos necessitados, o presi- Tirando o facto, perfei- empresariais, em quase to- falados e mais reputados”. precisa de caridade. Pre- dente Eduardo dos Santos- tamente irrelevante, de a dos os sectores – incluindo Ontem José Sócrates, hoje cisa de capacitação e de continua a dar uma ajudin- maioria dos angolanos pas- os da comunicação social Passos Coelho, continuam identificar aquilo que quer ha, subindo os valores que sar fome e de cada vez mais – de modo a que seja mais a dizer que “cada vez que para que a Cooperação constam da OPA (Oferta portugueses seguirem o fácil dizer aos escravos Angola progride, evolui e Portuguesa possa ajudar Pública de Aquisição) lan- mesmo caminho, tudo o portugueses como devem melhora, isso enche de or- aqui em Angola”, disse çada sobre Portugal. resto é normal, como se vê fazer as coisas para agradar gulho qualquer português”. Francisco Almeida Leite, Do ponto de vista portu- pelos panegíricos bilaterais ao colono angolano. Que os políticos portu- subvertendo a realidade guês, Cavaco Silva chama que caracterizam as visitas Não se sabe se ainda haverá gueses (são raras as ex- e, de facto, ocultando o (como agora reiterou, sem dos governantes lusos a algum membro do Gover- cepções) não sabem o que que todos sabem. Ou seja, nenhuma originalidade, Angola. no de Lisboa que não tenha dizem e também não dizem quem precisa de caridade é Francisco Almeida Leite) Quintas, vivendas, bancos, vinda a Luanda. Convém, o pouco que sabem, já to- Portugal. ao processo uma “parceria empresas, barragens, jor- nem que Passos Coelho dos sabemos. No entanto, Durante os cinco dias que estratégica” entre Luanda nais, televisões, transpor- tenha de remodelar a sua pensava-se que teriam ca- passou em Angola, Fran- e Lisboa. De facto, pouco tadoras etc. fazem parte equipa, não perder a opor- pacidade para se manter cisco Almeida Leite foi a importa o nome. Relevante do cada vez maior leque tunidade da fazer uma pon- erectos, mesmo sendo ba- despacho com vários min- é o dinheiro. Imprescind- de interesses de alguns dos te aérea constante entre as juladores catedráticos. Mas istros e secretários de Esta- ível é que o regime compre nossos empresários que, duas capitais, não vá um dia não. Portugal pode mudar do das pastas das Relações Portugal. com o dinheiro roubado destes o regime sentir falta de ministros, mas mantém Exteriores, Saúde, Edu- Este constante corrupio ao Povo (70% vive na mi- de tanta bajulação. como postura emblemáti- cação, Ensino Superior, de altas figuras políticas de séria), olham para Portugal Quando era primeiro-min- ca o gosto em estar de có- Cultura e Interior. Portugal em direcção a Lu- não como a árvore das pat- istro, José Sócrates disse, coras e de joelhos. 20 FOLHA8 22 DEJUNHO DE2013 // NACIONAL

Lunda-Norte FAA e Polícia Ao encalço dos manifestantes oldados das tas vezes mutilações de Forças Ar- órgãos genitais depois de madas Ango- mortas. Recentemente, a lanas (FAA) região assistiu a um au- encontram-se mento considerável destes a patrulhar as tipo de crimes hediondos. Sruas da vila de Cafunfo e Pelo menos duas cam- a proceder a detenções ar- ponesas foram assassina- bitrárias no seguimento de das e mutiladas na zona uma grande manifestação de Cafunfo nos últimos 45 ocorrida no Sábado, 15 de dias. Junho de 2013. Quase todo os crimes de Mais de 15 mil cidadãos homicídio contra as cam- saíram à rua ontem em poneses têm ocorrido em repúdio à onda de homicí- lavras situadas nas cerca- dios e mutilação de corpos nias da zona de concessão de camponesas, na referi- diamantífera da Sociedade da localidade diamantífera, Mineira do Cuango. Tanto no município do Cuango, as autoridades locais como província da Lunda-Norte. a Polícia Nacional pouco “Os militares das FAA es- ou nada têm feito para in- tão a romper as casas das vestigar estes crimes. A populações à procura de agricultura de subsistência jovens para prenderem”, é a principal actividade de disse Paula Muacassenha, sustento da maioria das uma das organizadoras do famílias na região, em pa- protesto. ralelo ao garimpo. “Hoje (domingo) às 21h00, A região do Cuango tem os militares prenderam registado grandes mani- dois irmãos, o Júnior e festações populares a fa- Waicela Alberto, que se 17 manifestantes, por vol- região. No entanto, seg- Polícia Nacional na vila do vor do direito à vida e da encontravam a ver tel- tas das 14h00 horas. O PRS undo Manuel Muacabinza, Cuango. dignidade humana. evisão em casa. Eles não apoiou o protesto popular. um dos participantes na No dia anterior, a 14 de Em Dezembro de 2011, participaram da manifes- A concentração teve início manifestação, efectivos Junho, o administrador mais de três mil pessoas tação, mas foram detidos às 7h00, no bairro do Bala- da Polícia Nacional inter- municipal, Luís Figueiredo saíram à rua em Cafunfo sem causa. As FAA estão a Bala, ao que se seguiu uma romperam o acto com um Muambongue, convo- para protestar contra a prender à toa e a criar uma procissão por várias arté- forte tiroteio. cou uma reunião com os presença da empresa pri- situação de terror aqui em rias de Cafunfo, animada “A manifestação foi ordei- organizadores da mani- vada de segurança Tel- Cafunfo”, disse a activista por cânticos religiosos, ra e pacífica. Quem arran- festação. Segundo Paula eservice. A população política. entoados por mulheres jou confusão foi a própria Muacassenha, que liderou acusava a referida em- Segundo depoimentos que constituíam a vasta polícia com os seus dispa- o grupo de mulheres, o presa de ser a executora recolhidos junto da família maioria dos participantes. ros. Na retirada, alguns jo- administrador pediu aos do grosso das violações dos jovens, os pais foram “As mulheres de Cafunfo vens furiosos começaram sobas e aos comandantes sistemáticas contra os di- obrigados a pagar 16,000 apareceram em massa. As a apedrejar a polícia e in- militares e policiais pre- reitos humanos, a favor da kwanzas (equivalente a US mulheres estão furiosas, cendiaram uma motori- sentes, união no combate Sociedade Mineira do Cu- $160), pela libertação dos incluindo eu própria. No zada de um agente regu- à onda de crimes que têm ango, que explora diaman- jovens, após estes terem Sul, quando desaparece lador do trânsito”, revelou aterrorizado as campone- tes na região. As manifes- sido torturados de forma um boi, até o governo se o manifestante. sas. tações foram coordenadas severa pelos militares. preocupa. Aqui matam as Uma vez terminada a man- “O administrador não e realizadas em simultâ- Os militares transferiram mulheres de forma ma- ifestação, o comandante falou na manifestação. neo em várias zonas mi- depois as suas vítimas à cabra e a polícia e o gov- local da Polícia Nacional Tentou ignorar o assunto neiras da província, tendo custódia da polícia, que erno cruzam os braços”, telefonou ao representante apesar de o termos infor- congregado mais de 18 mil continuou com os espan- lamentou Paula Muacas- do PRS, Domingos Marcos mado. Agora temos essa pessoas no total. Em Mar- camentos antes de aceitar senha. Kamone, para “discutir um onda de perseguição. É ço de 2012, a Teleservice o pagamento. Em seguida, a população assunto”, segundo o relato esta a unidade a que ele se retirou-se da localidade, Após a manifestação a dirigiu-se ao Campo Onze, de Manuel Muacabinza. referia?”, questionou Paula tendo sido substituída pela Polícia Nacional deteve onde deveria ser lida uma Mas quando o líder par- Muacassenha. Bicuar que, entretanto, o representante regional mensagem, endereçada tidário se dirigiu à es- No município do Cuango, continua com a mesma do Partido de Renovação às autoridades locais, de quadra, foi detido de ime- as camponesas têm sido prática de terror. Social (PRS), Domingos repúdio à vaga de violên- diato e transferido para alvos frequentes de vi- Marcos Kamone, e outros cia contra camponesas na o comando municipal da olência, que incluem mui- MAKA ANGOLA FOLHA8 22 DEJUNHO DE2013 21 NACIONAL \\

REVOLUCIONÁRIOS EXIGEM AO MININT “Libertem imediatamente o Emiliano” Os integrantes do Movimento Revolucionário exigem ao ministro do Interior, Ângelo de Veigas Tavares, a libertação imediata de Emiliano Catombela Lumbungululu, jovem activista preso no dia 27 de Maio de 2013 durante a vigília realizada no largo da Independência, Luanda.

TEXTO DE Sedrick de Carvalho

miliano Ca- lamentaram. tombela está Ao ministro do Interior os detido sobre manifestantes endereça- a acusação ram uma carta a exigir a de tentativa libertação do compatriota de homícidio Emiliano, “preso há duas Edo comandante da Polícia semanas, sem ir à escola Nacional do distrito da e ao trabalho, e a correr Maianga, Eduardo Antó- risco de perder o ano lec- nio Diogo. Em causa está tivo e consequentemente o ferimento que Eduardo o emprego por causa da António sofreu após ser arrogância de quem acha atingido por uma pedra na que está acima da lei”, lê- cabeça que, segundo a acu- -se na missiva. sação do comandante, foi Desde a entrada da carta arremessado por Emiliano. no gabinete de Ângelo de “O comandante não tem Veigas, 17 de Junho, o Mo- provas materiais do come- vimento Revolucionário timento do acto por parte concedeu sete dias para do jovem”, declararam. que seja restituída a liber- A detenção aconteceu dade do “frustado” Emilia- após uma confusão origi- no, ao suceder o contrário nada pela Polícia Nacional findo este prazo, “bem po- ao tentar reprimir a vigília, dem incorporar os novos inicialmente pacífica, orga- 8500 agentes, estamos re- nizada naquela noite de se- ponto de constituir-se ou- transitar em julgado sobre Salvador Freire, presiden- solutos, do lado da lei e o gunda-feira, exactamente tro processo com o núme- nenhum dos crimes apon- te da Associação Mãos vosso recurso à força não quando eram vinte horas. ro 2176/2013, este já com a tados, “num toque de ma- Livres, não teve conheci- irá travar a nossa determi- Segundo os companheiros, acusação de tentativa de gia encaminhou o jovem mento de tal transferência. nação”, garantiram. Emiliano foi encaminhado homicidio, também puni- para a comarca de Viana, “Paremos com a impu- “Haja justiça, é o que cla- primeiro à quinta esqua- vel pela lei penal angolana. bloco C, na cela 3”. nidade, e chega de fazer mamos”, concluíram na dra da divisão da Maianga, Foi assim que a DNIC, sem O advogado do mesmo, justiça por mãos próprias”, carta. onde foi espancado e inter- rogado por agentes da Di- recção Nacional de Inves- tigação Criminal (DNIC) que não identificaram-se. Sobre processo número 516/013-02, acusado por crime de ofensas corpo- rais, o “revú” foi ameaçado de arrancarem-lhe a unha com alicate caso não dis- sesse o nome das pessoas que estão por trás das ma- nifestações que acontecem em Luanda, e isto diante da ex-comandante da Polícia Nacional de Luanda, Eliza- beth Rank Franck. Contrariamente ao que diz o artigo 67º da Cons- tituição da República de Angola (CRA), nº 3, Emi- liano foi interrogado sem a presença do defensor e, pior ainda, coagido com procedimentos ilegais. Alguns dias depois, o caso tomou novos contornos ao 22 FOLHA8 22 DEJUNHO DE2013 // SOCIEDADE Reabertura da AngomÉdica anima sector da Saúde O início da produção que culminará com uma média de 40 fármacos por ano, assim como o anúncio da produção num futuro breve de soros e retrovirais são motivo suficientes para a anima o sector da Saúde e não só pelo que um fracasso inesperado pode provocar inúmeros embaraços

uarenta mi- noutras ocasiões. nas províncias de Luanda e seja, nunca superior aos da produção da empresa lhões de fár- “Acredito que não (haverá Benguela. praticados no mercado, se- aguardam expectantes pelo macos serão constrangimentos) ”, esti- Por ora, entre outros fárma- gundo o PCA da Suninvest início da comercialização produzidos mou o governante, subli- cos, produz anti-anémicos, uma das empresas sócias dos produtos que, segundo na Nova An- nhando que o arranque da analgésicos, anti-malárico, do projecto. Silva Neto poderá aconte- gomédica, fábrica representa o início inflamatório, tubertucostá- Silva Neto estimou ainda cer dentro de dois meses Q reinaugura- de “um processo de redu- tico, anti-alérgico. Colocan- em cerca de 17 milhões de em virtude da necessidade da esta semana, pelo mi- zir a dependência do exte- do, o Executivo como po- dólares o investimento re- de criar-se o stock neces- nistro da Saúde José Van- rior, com todos os ganhos tencial principal cliente da alizado para efectivação sário. “Ainda é cedo para -Dúnem que, na ocasião, consequentes da produção fábrica, o governante apre- da fase ora inaugurada. As afirmar que vamos deixar estimou em cerca de 60 nacional, criação de postos sentou como uma das van- obras de remodelação da de importar, estamos todos milhões USD o valor gasto de emprego e sustentabili- tagens a redução dos riscos fábrica iniciaram em 2004 satisfeitos com a inaugura- pelo Executivo na compra dade do mercado, cobrin- de roptura dos stoks, assim e a data para reinaugura- ção, mas temos de esperar de medicamento todos os do todo grupo de utentes”. como a possibilidade de ção registaram inúmeros pelo futuro”, argumentou o anos. Desta feita, calcula- No entanto, foi apenas rei- adquirir produtos mais ba- constrangimentos. Uma si- farmacêutico Rui Dinis. -se que parte considerável naugurada uma fase das ratos. Porém, este segundo tuação que, segundo o mi- Desta feita, resta esperar deste valor deixará de ser várias previstas que cul- aspecto não está garantido, nistro da Saúde, aumenta que, a produção interna exportada no caso de o minaram com a produção, pois segundo esclareceu, o motiva da satisfação pela de medicamento (apenas funcionamento da Nova entre outros de soros, xa- dependerá da empresa que, inauguração. semiacabados) venha de Angomedica não voltar a ropes e de retrovirais, até por sua vez, promete fazer Enquanto isso, outros facto a ter reflexos no con- registar interregno como 2017 em unidades fabris preços concorrenciais, ou potenciais compradores sumo. FOLHA8 22 DEJUNHO DE2013 23 SOCIEDADE \\

Em Luanda Negociação impede greve dos taxistas

sta semana os taxistas de Luanda decidi- ram paralisar as actividades como forma de reivindi- Ecar o que consideração precipitação da Polícia na fiscalização dos carros com licença de aluguer. Justificam a suposta pre- cipitação em virtude de os agentes passarem a exigir a licença alguns dias de- pois do arranque do pro- cesso de licenciamento das viaturas. No início da semana algumas viaturas não se fizeram às estradas, enquanto alguns taxistas foram impedidos de traba- lhar pelos que estavam a favor da reivindicação. Na sequência as autoridades policiais e administrativas de Luanda reuniram mem- bros da Associação dos Taxistas e decidiu-se por uma moratória de 90 dias.

Oficial da Polícia defende mais salas de aulas para o fim da criminalidade

números foram os infanto-juvenil encerra mes praticados por me- informaram que meno- novas abordagens políti- contributos e opi- muitos factores negativos nores em conflito com res de 16 anos devem ser cas e adequar às funções niões no sentido de que devem ser reflecti- a lei, Eduardo Cerqueira apresentados a Procura- e estratégias de actuação acabar e ou reduzir dos. Outro aspecto que apontou os furtos e em doria para que possam de todos os órgãos que in- a criminalidade no concorre para o aumento alguns casos violações e ser acompanhados nos tervêm na prevenção da País durante as 1ªs da criminalidade, na opi- ofensas corporais. termos do Julgado de Me- criminalidade. jornadas sobre Segu- nião do antigo director da “Um menor com ten- nores. Por outro lado, visa tam- Irança Pública, que acon- DNIC é o pouco tempo dências a delinquir, ten- As 1ªs jornadas sobre Se- bém criar condições para teceu nos dias 20 a 21. que os pais têm com os de também a resolver os gurança Pública realiza- a introdução, no ordena- Na ocasião, o comissário filhos devido aos compro- seus problemas na base ram-se sob o lema “Para mento jurídico angolano, da Polícia Nacional, Edu- missos profissionais. da violência. No seio des- uma melhor segurança da lei de base da política ardo Fernando Cerqueira, O comissário frisou que ses, há muitas rixas que pública, mobilizemos es- criminal, assim como esti- disse que para a luta con- pais que saem de casa terminam sempre em forços para a prevenção e mular a assunção do prin- tra o fenómeno delinquên- as quatro horas e apenas ofensas corporais”, enfa- combate à criminalidade” cípio das parcerias inter- cia infanto-juvenil, o País regressam as 22 horas, tizou. e visou analisar o sistema ministeriais, bem como o não poderá ter crianças dificilmente poderão fa- Quanto as formas de tra- de segurança pública no envolvimento de outros fora do sistema de ensino. zer um acompanhamento tamento desta franja da contexto actual, identifi- actores sociais e a comu- O responsável avançou condigno dos seus filhos. sociedade em conflito cando as principais orien- nidade, nas questões de ainda que a delinquência Quanto aos tipos de cri- com a lei, o comissário tações constitucionais, as segurança pública. 24 FOLHA8 22 DEJUNHO DE2013 // SOCIEDADE

Trabalhadores da Cozinha comunitária suspendem actividades

Os funcionários da Cozinha comunitária do distrito do Luanda Sambizanga paralisaram as suas actividades laborais por se encontrarem a mais de 8 meses sem salário. Crianças TEXTO DE Luísa Pedro marcham pela s funcionários da Cozi- governo provincial de Luanda? Viemos nhas comunitária do dis- todos os santos dias para pagarem os paz nas estradas trito do Sambizanga para- nossos salários, eles não dizem nada. lisaram as actividades por Não estamos a pedir muito, simples- se encontrarem há mais mente queremos os nossos salários em de Angola de 8 meses sem salários. atraso” lamentou a mesma. Associação sociedade sobre a necessi- O Segundo uma das funcio- Portanto, se a meta do Presidente da para Defe- dade urgente de melhorar nárias que pediu o anonimato, desde República José Eduardo dos Santos, sa da Saúde a protecção dos peões nas que a cozinha entrou em funcionamen- é Angola sem pobres, assim como Angolana estradas e contribuir para o to tiveram apenas salários durante dois vamos combater este mal, se há fun- (ADSA) reali- alcance da meta da Década meses. “Até ao momento os dirigen- cionários da Função Pública que não zou no passa- de Acção pela Segurança tes da referida cozinha não nos dizem recebem salários a mais de oito meses. A do dia 21.06, no Trânsito 2011- 2020. nada. Estamos aqui paradas, temos fa- Contactamos a administradora do dis- em Luanda, uma activida- Perspectivava-se a partici- mílias e não soubemos como sustentar trito do Sambizanga Mara Regina da de enquadrada no projecto pação de 1000 crianças dos os nossos filhos, pagar propinas e ma- Silva, a mesma mostrou-se indisponí- stop a sinistralidade rodovi- 10 aos 14 anos de idade, de terial escolar”, já uma outra funcioná- vel dizendo que retomaria a ligação ária, denominada “ Marcha diferentes escolas do ensi- ria diz não entender o porquê do não num espaço de 15 minutos e até ao da Criança pela Paz nas Es- no primário da cidade de pagamento dos salários em atraso se as momento não tivemos nenhuma res- tradas de Angola “. Luanda, incluindo crianças cozinhas comunitárias pertencem ao posta. De acordo a uma nota da vítimas de acidentes rodo- associação, o evento visa viários, que percorrerão a educar as crianças para Avenida Deolinda Rodri- uma mentalidade de segu- gues. rança no trânsito e apelar a Durante o acto haverá uma sensibilidade da sociedade acção pedagógica sobre o em relação a sinistralidade trânsito, com afixação de rodoviária. banners e cartazes, distri- Consta ainda dos objecti- buição de folhetos e auto- vos chamar a atenção da colantes.

Huambo Jacaré ataca cidadão na margem do rio Catumbela m cidadão de nicipal do Chinjenje, provo- nome Estêvão cando ferimentos graves. Tchissimo, A vítima que se encontra a de 48 anos receber tratamento no Hos- de idade, foi pital Municipal do Chinjen- atacado por je, disse que foi surpreen- U um jacaré nas dido numa altura em que margens do rio Catumbela, decidiu beber água no rio. na povoação do Lossole, 52 A vítima foi socorrida por quilómetros a sul da vila mu- aldeões. FOLHA8 22 DEJUNHO DE2013 25 SOCIEDADE \\

País de fraca memória

TITO MARCOLINO

um momen- to em que em kimbun- du os mais velhos desa- bafam dizen- N do “Ngongo Ya biluca” , em Umbundu, ofeka yanda ongali, em ki- kongo ensi yi vilu kidi”, em português, o mundo está de patas para o ar; nesta hora em que psicólogos, filósofos, sociólogos e não só se desdobram em reflexões, explicações e esclarecimentos em jei- to de contribuição para a resposta que se impõe dar para a inversão da situação em que se debate a socie- dade angolana é frequente ouvir os mais velhos a ape- larem para que associem opiniões de mais velhos, aos esforços até entao en- vidados ao encontro da tranquilização dos espíri- tos abalados em face dos males que enfermam o quotidiano Angolano. Opinam que deixe de ha- ver pais angolanos, edu- Atribuem a indisciplina crescer e desenvolver sem que pais, educadores, pro- e todos quantos labutam cadores e professores de reinante à ausência da veleidades e facilitismos. fessores e as autoridades para que tranquilidade fraca memória. Que não mão de ferro no processo São de o0piniao de que afins não fizeram para se seja garantida envidem os se lembram do que lhes foi de meter os filhos na linha, numa altura em que de- anteciparem ao mal. esforços que deles são es- dito em criança, na adoles- à preguiça que muitos dos sesperadamente se inter- De entre o muito que se perados sem ignorarem a cência e na juventude que pais e mães manifestam de roga em português, por vem sugerindo fazer para contribuição dos que vão viveram a ouvirem ralhar pensar em métodos inteli- que tanta desordem mal- se por cobro à rebeldia dizendo que também é e aconselhar. Que condu- gentes de disciplinar filhos dosa e criminosa? Por que é bom não esquecer que parte da solução do com- zem os filhos com moleza sem bater ou ralhar. tanta malandrice incrível é convém fazer constar o plexo a modesta auscul- e distração, em manifesta Condenam os que por pre- praticada pelos jovens? elementar que não se faz tação dos que enquanto obediência à lei do me- guiça mental dão a enten- Num momento em que ao nível das casas de onde educaram geraram não nor esforço praticada pela der qu8e acreditam que os mais velhos desabafam partem os insurgentes. permitiram que os seus nova vaga de educadores. os professores são mila- em Kimbundu dizendo Defendem que por sim- educandos não se exce- Os mais velhos em causa greiros culpando-lhes de “Ngongo Ya biluca” em ples que pareça há que ter dessem. discordam com o ser dos incompetência; sem admi- Umbundu ofeka yanda em conta que a solução Estão convictos de que acomodados nos ditames tirem tão pouco que lhes ongali” o mundo está de que agora passa obriga- lá aonde os pais educam do modo atual de educar cabe complementar os patas para o ar; nesta hora toriamente por medidas à semelhança dos de an- em que se inserem as proi- professores na ação ingen- em que os psicólogos, os complicadas e duras não tigamente sem terem bições de ralhar e chegar te e exigente, de educar. sociólogos se desdobram dispensa necessariamen- necessariamente de usar a roupinha ao pelo, demi- Recomendam que os pais em explicações e esclare- te a observância do que palmatória e cavalo-mari- tindo -se do rigor caracte- e os encarregados de edu- cimentos em jeito de con- parece simples. Há um nho há filhos obedientes, rístico dos pais chamados cação actuais não se es- tribuição para a resposta trabalho de casa a fazer disciplinados e incapazes de gancho, com coragem queçam das vezes em que que se impõe dar para a em antecipação ao com- de recorrer a extremis- de buscar de bem educar foram punidos e repreen- inversão da situação em plexo. mos comportamentais. mesmo sem recurso ao didos, sem palmadas ou que se debate a sociedade Encorajam consulta aos Localizar conhecedores cavalo-marinho à palma- biqueiradas dos seus edu- angolana abalada por atos parlamentares de banca- desta causa é possível tória, ao pugilismo e às bi- cadores de infância ado- hediondos até então nunca da que dos bastidores su- desde que se queira fazer queiradas. lescência que lhes fizeram vistos há que rever tudo o gerem que os estudiosos uso dos seus préstimos. 26 FOLHA8 22 DEJUNHO DE2013 // ACTUALIDADE PDP-ANA DENUNCIA Crimes nunca esclarecidos O Bureau Político do Partido Democrático para o Progresso de Aliança Nacional Angolana (PDP-ANA), reunido em 3ª sessão ordinária no dia14 de Junho de 2013, diz não acreditar que a exoneração de Elizabeth Rank Franck do comando da província de Luanda reduza a criminalidade.

TEXTO DE Sedrick de Carvalho

anifes- tamos a preo- cupação quanto ao recru- Mdescimento da onda de criminalidade que assola quase todo o país”, assim começou por frisar o PDP- ANA na nota chegada à nossa redacção. A reunião serviu para fazer uma retrospectiva dos as- sassinatos até agora não explicados pelos órgãos de sobernaia do Estado an- golano, dos quais destaca- se o ex-líder fundador da mesma formação política Mfulumpinga Nlandu Vic- tor, morto no dia 2 de Julho de 2004. Foram três tiros de metral- hadoras do tipo AK que retiraram a vida de Mfu- alegou como resultado dia 23 de Janeiro de 1993. oficial na cidade alta, con- do PDP-ANA, com realce lumpinga há nove anos, de um caso passional que Cerca de dez mil angolanos tinua igualmente por se para o “bárbaro” assassi- disparados, supostamente, envolvia directamente a da etnia Bakongo foram elucidar. nato dos três polícias no por três meliantes. viúva de Melo, Armin- assassinados em diversas “Para todos esses assas- bairro Paraíso, Cacuaco, Antes de analisar a morte da Mateus. Verdade ou artérias da capital suposta- sinatos foram prometidos e igualmente de dois mili- de Mfulumpinga, o PDP- mentira, o certo é que até mente por agentes da Polí- esclarecimentos pelos tantes da UNITA num úni- ANA rendeu consider- ao momento, também, cia Nacional e das Forças órgãos de justiça, segu- co final de semana, estas ações ao assassinato de não existe explicação ofi- Armadas Angolanas por rança e ordem interna do últimas mortes atribuídas Ricardo de Melo. cial sobre este assassinato. razões sócio-linguísticas. Estado. O tempo passou aos efectivos policiais, até Dono do primeiro jornal Sem explicação plausível Os autores e causa do e nunca mais se falou ne- prova ao contrário. O desa- privado em Angola (Im- também está o caso de- homicidio do ex-deputado les”. Os recentes actos parecimento dos dois man- parcial Fax), Ricardo de nominado “sexta-feira da UNITA, Ngalangombe, similares aos supracitados ifestantes em Maio de 2012, Melo foi morto em Janeiro sangrenta”, decorrido no aquando duma cerimónia destacaram-se na reunião e do assassinato da senho- de 1995, aos 38 anos de ra Bárbara de Sá Nogueira, idade, na madrugada do dia funcionária do banco Mil- 18 a tiro, isto em Luanda, lenium, revela, segundo o ao subir as escadas do pré- PDP-ANA, incompetência dio onde residia. Segundo das autoridades angolanas Reginaldo Silva, “camba no combate ao crime, e do peito” de Ricardo de vai mais longe ao declarar Melo, o assassinato do que “as várias exonerações pioneiro do jornalismo pri- de ministros não tem pro- vado em Angola deveu-se duzido melhorias do ponto à linha editorial implacável de vista socioeconómico, de denúncias de casos de pelo contrário, há mais po- alta corrupção, abuso de breza e miséria”, concluiu poder, a conduta comer- o partido liderado por Sidi- cial e de descaso para a angane Mbimbi que rela- destruição do país demon- cionou a recente exoner- stradas pelos senhores da ação da Comandante Beth guerra, assim como as in- como uma tentativa de dar trigas palacianas. maior dinâmica a caça aos Na altura, como funda- bandidos com a nomeação mento da morte de Ri- do Comandante Sita. Isto cardo de Melo, o regime mfulumpinga nlandu victor RICARDO DE MELO não passa por aí. FOLHA8 22 DEJUNHO DE2013 27 ACTUALIDADE\\ 150 milhões de Dólares para um Museu TEXTO DE Hermenegildo Sá

ue se lixe a fome, as carências que assolam os angola- Q nos_ os ver- dadeiros angolanos. Mais uma vez, dinheiro inves- tido em futilidades, no que toca ao essencial de vida. Ninguém é contra o pro- gresso, todos amamos o bom e o belo, mas meus senhores assim não vale. Mais um monstro contra os pobres, o projecto de re- qualificação urbana, do Fu- tungo de Belas e do Mus- sulo, que se vai estender numa área de 58 hectares, disse o director do pro- grama, Rodrigo dos San- tos, tudo vai custar apenas como estimativa inicial, cerca de 150 milhões de Dólares, se adicionarmos encargos outros e contra- facturações, imaginem. Sumptuosos edifícios hab- itacionais para gente fina e ricalhaça ali serão ergui- dos, centros comerciais a imagem do Belas Shop- ping e outros para o lazer e a cultura. Este parque imo- biliário vai adornar o mag- istral Museu da República que em comunhão com a estância balneária, prevê atrair milhões de turistas por anos. Estes não terão que se preocupar com a fome ou a desgraça dos an- golanos. Até porque se os angolanos estão quietin- hos, é porque está-se bem. Quo vadis Povo Ango- lano; quem te viu, quem te vê! Durante os tempos nas voltas que o mundo e único sonho dos angola- virado para longe, surdo e um esforço prioritário do de guerra, mataste, as- dá. É incrível como é nos ontem: “Ser Livre, In- cego, com planos grandil- Governo, muito mais útil sassinaste, aprendeste a que estes homens, gov- dependente e Feliz”. Tudo oquentes que muito pouco do que o enaltecimento odiar teu próprio irmão ernantes, muitos eram isso foi traído, depois de têm em conta o grito dos de falsas glórias nacional- porque terrorista, cani- garotos na altura do troar alcançada a propalada in- cidadãos. Meus senhores, istas, baseadas em feitos bal ou lacaio dos sul-af- dos canhões, hoje grandes dependência que supos- dêem-nos somente o mín- inventados, em heróis ricanos. Hoje quem te vê dirigentes que têm nas tamente viria colmatar imo: água corrente, pão, desconhecidos e de muita a assumir este estatuto mãos a responsabilidade todos os males deixados casa, energia eléctrica, as- aldrabice, em que grande humilhante de cidadão de milhões de angolanos pelo colono opressor. A sistência médica, hospital, parte dos angolanos con- de segunda por aquele e de uma Angola cobiçada fome, a falta de sossego, o escola, trabalho, sanea- testarão porque se verão por quem te bateste, te por todo o mundo, avan- leva a arrepender-se mui- mento básico, como dizia adulterados e margin- sacrificaste e muitos dos çam com programas mi- tas vezes de se ter sacrifi- um cidadão, juntamente a alizados. Tudo porque a teus entes queridos de- rabolantes que atropelam cado. Mas o governo con- urgência na diversificação nossa história não é ver- ram a vida, não acredita completamente o grande tinua lançado unicamente da economia, merecem dadeira. 28// ACTUALIDADE FOLHA8 22 DEJUNHO DE2013 KAFUNFO EM CHAMAS Tudo começou por causa de uma vagina m Curandei- ceberem do ocorrido, ro, feiticeiro por portas e travessas, ou multipli- o povo espontânea e in- cador de din- stantaneamente, segundo heiros por via as informações obtidas, da Magia Ne- agitado por alguns re- Ugra_ graças sponsáveis do PRS, aqui a Deus, não Preta, surgiu igualmente como proba- numa manhã, com um bilidade, saiu a rua aos saco misterioso contendo milhares e rumaram como o órgão genital de uma um furacão para linchar o desconhecida senhora que Kimbandeiro, passando ele acabava de decapitar pela esquadra da polícia e cortar o pedaço supos- onde provavelmente se tamente para usá-lo na encontrava o criminoso. mixórdia em benefício ou Nesta acção de violência, malefício de um tal “Boss puseram-se em confronto Quim” comprador de dia- sangrento e mortífero, as mantes, contam testemu- tribos dos Bângalas pert- nhas. Os seguranças do encente ao kimbandeiro e Boss Quim, como não es- a dos kiokos. O mais grave tavam envolvidos no jogo, é que o PRS – Partido de interceptaram o dito cujo Renovação Social, repre- e confiscaram o precioso sentante do PRS, Domin- Talisman, ou seja a vagina gos Marcos Kamone, foi de uma tia qualquer, uma empurrado para esta con- menina de tenra idade fusão e agora é acusado de que iria funcionar provav- terem sido os instigadores. elmente como autêntica No meio disso tudo, de- reprodutora de capitais, podendo mesmo afirmar Visto e revisto, ouvido pela morte ou desapare- pois de serenado os âni- como aliás é de a praxe em sem qualquer manifes- e escutado o acusado, cimento de cerca de uma mos, a polícia também ela muitos dos homens e mul- tação de ciúmes ou inveja. chegou-se a conclusão trintena de mulheres em acusada de ter iniciado heres desta nossa Angola Nesse dia, o feitiço voltou- primária, parece já sem dois anos, vitimadas nos com os disparos contra a começar por Luanda, se sim, contra o feiticeiro; o benefício da dúvida, mesmos moldes, ou seja a os manifestantes que até a que exibem dólares, car- Deus desceu a terra e sen- que este Kimbandeiro, fi- amputação da vagina. altura marchavam de for- rões, casarões e Diabo 30, tenciou. nalmente é responsável Foi então que, ao se aper- ma pacífica, protagonizou uma caça ao homem e aba- teu algumas pessoas de en- tre elas algumas senhoras, reavivando deste modo a atmosfera incendiária até então latente. Esta situação de feitiçarias, lutas tribais, assassinatos pelas empre- sas de segurança: Teleser- vice; Sociedade Mineira; Bicuar, nas regiões do Cu- ango e Kafunfo, há anos que tem estado na base de inúmeros confrontos. Pelo que se vê, as autoridades se manifestam indifer- entes. Na sequência da úl- tima manifestação, as FAA decretaram uma espécie de Recolher Obrigatório e espalhou o terror e o pâni- co na localidade contra os habitantes. O Admin- istrador Municipal, Luís Figueiredo Muambongue, parece ultrapassado pelos acontecimentos. FOLHA8 22 DEJUNHO DE2013 29 TOP SECRETO \\ A imagem do país que temos a sexta-feira passada, dia 14 do mês em curso, a Polícia Nacional tinha aparentemente tudo preparado para a realização de um Concurso inter- no de recrutamento para as hostes das Policias de Fronteiras. Todas as providências foram tomadas de avanço com o intuito de dar início a esse importante exercício e tudo correu às mil maravilhas, de modo que à hora Ne no dia marcados pelas autoridades de Luanda, compareceram no local designado para a sua execução, precisamente na Boca do Rio, Barra do Dande, não sabemos bem ao certo, mas de certeza que eram pouco mais ou menso 120 candidatos que tinham sido atempadamente convocados depois de terem sido apreciados e esco- lhidos par tal. Portanto, no dia D, sexta-feira, 14 de Junho, a partir das 6 horas da manhã come- çaram a aparecer na barra do Dande os “frustrados” candidatos e por ali se foram instalando, à espera de serem recebidos e passarem as provas de selecção que estavam previstas para esse dia. Esperaram, esperaram, chegou a hora do meio-dia e nada. Correu o tempo, chagaram as quatorze horas, depois quinze, e com a barriga a dar horas os valorosos “frustrados”, por volta das 17;30, como o “Chefe” ainda não tinha chegado, já não aguentavam mais e começaram a queixar-se com fome e sede. “Sabemos que a Policia não tem responsabilidade de lhes dar de comer e beber... Mas também sabemos que se fossem pontuais, todos iam para as suas casas nas calmas... É a imagem do País que temos”.

Liberdade versus Top Secret

sta história do Edward Snowden (que revelou segredos de estado dos EUA) faz-me sorrir...” A reacção do nosso amigo Carlos Roque é pertinente e aplicável a alguns aspectos da luta travada entre liberdade e segurança de Estado nos bastidores das sociedades tecnologicamente mais avan- çadas do mundo. “Há anos que o mundo sabe que é espiado pelo Echelon, que“E aparece até de fugida no Discovery Channel em programas do género “vejam como lutamos contra o terrorismo” e ficamos todos muito contentes por os agentes secretos estarem a fazer o seu trabalho para nos proteger dos malvados terroristas. Também todos sabíamos que tudo o que é comunicação de internet também teria o seu Echelon (Prisma). Como é natural. Mas agora aparece a primeira vítima (precisa- mente um daqueles que nos espiava!) a fazer beicinho nas fotos, e todos temos muita pena dele e ficamos muito zangados contra algo que todos sabíamos que existia? Todos nós sabemos também que a comida da Mcdonalds faz um mal tremendo e que de saudável não tem nada (e que nem sequer apodrece, porque nem as bactérias a comem: na foto, um happy meal, no dia 145 ao ar livre...), no entanto ninguém se indigna a sério em carradas de artigos de imprensa e vídeo... até ao dia em que um empregado da Macdonalds, chateadíssimo com os patrões e a fazer beicinho, aparecer a dizer isso?” JES responde a Obama ivemos o grato prazer de ler no Facebook mais um jocoso post do insubstituível Reginaldo Silva. Pôs Obama a dizer o que disse, que a África precisava não de homens fortes mas de ins- tituições fortes e, em contraponto, JES a retorquir, afirmando que instituições de nada servem se não tiverem quadros e Tpessoal competente Pensamos que JES, pelo que disse neste post, está de acordo com Obama. Instituições fortes só o podem ser com gente competente, em suma, ele disse a mesma coisa que Obama, mas com palavras diferentes. Mas na realidade de um e doutro há uma sin- gular diferença. O que acontece com as instituições estatais nos EUA é que elas funcionam no interesse do público em geral e em Angola, como a competência é preterida em favor da “fidelidade canina” ao Chefe supremo, como escreveu no mesmo espaço Leovigildo Lucas, as ditas instituições acabam por ser engolidas por homens fortemente corruptos. Nos EUA, Estado de direito, as instituições são pilares, for- talezas da Nação, em Angola, Estado de Sítio Latente, elas são pilares e fortalezas do um só homem. Senão, posto esta insignificante diferen- çazinha, estamos todos de acordo da boca pra fora. Finta de JES! em que Angola sai vencedora? 30// ECONOMIA FOLHA8 22 DEJUNHO DE2013

Sector mineiro Endiama aposta na parceria externa

A Empresa Nacional de Diamantes, ENDIAMA E.P realizou em Luanda, uma Conferência Internacional de Diamantes para apresentar as potencialidades diamantíferas com vista a captar parceiros para a aceleração dos investimentos e desenvolvimento do sector diamantífero em Angola.

TEXTO DE António Neto

intenção do principal or- ganismo do sector mi- neiro, visa atrair mais A investidores para a implementação ou conclusão dos projectos de investimento e desen- volvimento económico de Angola. Uma vez que, as potencialidades diamantí- feras do país, prescreve o segundo maior contributo para PIB (Produto Interno Bruto), antes do sector pe- trolífero. Durante os dois dias fo- ram abordadas questões ligadas à indústria de diamantes, de joalharia, prospecção, pesquisa, pro- dução, comercialização, à lapidação e aos preços no mercado internacional, bem como acordos entre colossos do sector. No entanto, de forma a es- treitar os laços, a Endiama e a empresa Russa Alrosa assinaram um acordo que vai permitir a implementa- ção de um trabalho de pes- quisa que levará a conhe- cer com exactidão quais os kimberlitos que deram origem aos diamantes na região. programa a longo prazo, como o levantamento ae- pansão dos níveis da ac- rios subsectores dos dia- A abertura da conferência onde prioriza os sectores rogeofísico e geoquímico. tividade de prospecção, mantes e outros minerais contou com a interven- da actividade económica, Assim como, irá permitir pesquisa e extração do bem como 100 personali- ção do vice presidente de bem como na incremen- o asseguramento do sane- kimberlito. dades internacionais. Angola, Manuel Vicente, tação da incorporação de amento das concessões e Durante o certame di- De recordar que a produ- onde sublinhou que a in- valores acrescentado e na actualização do cadastro rigentes angolanos e ção de diamantes em 2012 dustria do diamante em contribuição do processo mineiro no País. estrangeiros fizeram cifrou-se em oito milhões Angola está a atravessar de diversificação e desen- No entanto, Manuel Vi- apresentações sobre as de quilates o que possi- um momento especial, à volvimento sustentável cente acredita que, com potencialidades das regi- bilitou arrecadar uma re- qual o governo atribui im- de Angola. estas medidas, as empre- ões no sector mineral e ceita na ordem de cento portância capital na estra- O mesmo, não deixou de sas diamantíferas pode- os modelos de segurança e dez biliões de Kwanzas. tégia de desenvolvimento apontar o Plano Nacio- rão maximizar a explora- para a proteção do meio Ainda em termos de valor, económico e social do país. nal de Geologia, que visa ção, de modo, a aumentar ambiental. Angola foi o quinto maior Na ocasião, o dirigente ex- inventariar o potencial a contribuição fiscal das O evento contou com produtor do mundo em plicou que os objectivos da mineiro e proceder à car- empresas, o reinvesti- mais 700 participantes 2012 e o terceiro em Áfri- estratégia assentam num tografia geológica, bem mento de fundos na ex- nacionais ligados aos vá- ca depois do Botswana. FOLHA8 22 DEJUNHO DE2013 ECONOMIA\\ 31 Angola explora minério de ferro em 2017 O projecto mineiro de Cassala/Quitungo, na província do Kwanza Norte, prevê iniciar no próximo 2017 a exploração de mineiro de ferro, com vista a produzir inicialmente mais de 6 milhões de toneladas, segundo aponta o dirigente da empresa de exploração mineira AEMR.

TEXTO DE António Neto gestor da determinar a quantidade para 2017. explorado- de ferro disponível, a qua- O responsável indicou ra minei- lidade, bem como o tempo que as sondas em serviço ra, AEMR, provável para a exploração alcançaram uma profun- adiantou total. didade de três mil metros, que o pro- Henrique Kiako, indicam dos 16 mil previstos, em vá- Ojecto mi- que o volume de miné- rios furos com o máximo neiro terá início ao fim da rio existente vai permitir de 240 metros, nas duas conclusão do processo colher até 15 milhões de montanhas onde estão lo- de prospecção em curso, toneladas por ano, tendo calizadas as rochas base do iniciado no ano passado, a em conta os actuais 292 minério. mesma, conta com uma aé- milhões de toneladas de A mina localiza-se na co- rea de aproximadamente 2 recurso identificado e que muna de Dange Ya Menha, milhões de metros quadra- se poderá traduzir numa no município de Cambam- dos, o que permitirá a ins- reserva de 120 milhões de be, na província do Kwan- talação de quatro sondas toneladas. za Norte, sendo a AEMR de prospecção e pesquisa. O dirigente disse ainda que (Angola Exploration Mi- Os trabalhos de pré-via- os trabalhos da primeira ning Resources) um con- bilidade centraram-se na fase do estudo deverão fi- sórcio entre o DT Group, recolha de 2100 amostras car concluídos no primeiro uma parceria entre a Tra- enviadas para laborató- semestre de 2014 para dar figura Pte Ltd e a Cochan rios internacionais, com lugar à fase do estudo de Ltd, e a Empresa Nacional destaque para a Namíbia viabilidade, estando o iní- de Ferro de Angola (Fer- e África do Sul, a fim de cio da exploração previsto rangol).

Nova família do Kwanza Notas falsas já circulam no País

Polícia Na- segurança, as novas notas cional apre- apresentam características sentou, no diferentes das actuais. passado dia Nestes destacam, a textura 19 do cor- em alto-relevo, a marca de rente mês, água (o pensador), o filete Atrês cidadãos acusados de metálico, um componente estarem implicados na fal- de deslocação de cor e a sificação da nova família considerável melhoria da do Kwanza, entrado em qualidade do papel inserin- circulação recentemente do assim o Kwanza dentro no mercado. do padrão internacional O director das operações de qualidade garantindo do comando provincial maior confiança e seguran- da polícia nacional, supe- ça à moeda nacional. rintendente Gabriel Tito, No entanto, o BNA con- aferiu que um cidadão foi ta com a colaboração da detido em flagrante delito sociedade para denunciar na residência em que vive, a presença de tais notas, no município de Cacua- assim como se por exem- co, com quantidades não plo forem enganados diri- reveladas de notas falsas cional de Angola. deixando assim avultadas o volume de notas falsas girem – se com o dinheiro compreendidas entre 50, Na operação, o jovem quantias monetárias em em circulação, mas, alerta falso as instituições banca- 100 e 500 Kwanzas, idênti- apreendido, denunciou ou- circulação no mercado. que este não é motivo de rias. Também conta com cas as notas colocadas em tros falsificadores que ao Segundo o Banco Nacio- preocupação, pois o BNA a mesma, para a preserva- circulação pelo Banco Na- momento estão em fuga, nal de Angola, não calcula salienta que em matéria de ção da nova moeda. 32 FOLHA8 22 DEJUNHO DE2013 // ENTREVISTA Presidente sem assessores de imprensa A ENTREVISTA “CENSURADA” QUE NÃO PASSOU NA SIC FICTICIA

TEXTO DE William Tonet

Presidente consolidarmos o programa da Repúbli- de conciliação, capaz de ca de An- blindar a política de uma gola, José verdadeira reconciliação Eduardo entre todos os angolanos. dos Santos, Tenho estado sensível às concedeu, críticas da oposição e da Odepois de longos 22 anos sociedade civil, que gos- de jejum, uma denomina- tariam de ver as coisas a da grande entrevista à ca- andarem melhor e mais deia de televisão privada rápido. Não contesto e portuguesa SIC. Do ponto daí a minha preocupação de vista estratégico e de em termos de aprimorar marketing político, a op- a confiança e os mecanis- ção por esta estação, não mos de relacionamento poderia ser melhor, uma entre todos. Só poderemos vez ser, ao longo dos anos acreditar na reconciliação a mais vetada, para qual- se todos se sentirem, pese quer tipo de cobertura em as suas diferenças, como Angola. E o melhor foi que iguais. os telespectadores de An- gola, Portugal, Brasil, Rús- gerais dos mais cépticos. regaçar as mangas, para se ses clamores e analisarmos Pergunta- Mas quer Isa- sia, Cuba, Coreia do Norte Vamos pois a entrevista, erguer em busca da mate- a situação, para bem da ías Samakuva quer Abel e Israel, veja-se o alcance, censurada pelos assessores rialização de um conjunto pacificação dos espíritos, Chivukuvuku e outros in- viram um “homem novo”, de imprensa da Presidência de políticas de Estado, com decidimos que o melhor telectuais, dizem não ha- com uma visão, igualmen- da República numa clara realce para a massificação caminho, será a atribuição ver vontade da sua parte te, nova e diferente da que demonstração de fazerem do ensino a todos os níveis de um subsídio mensal, se- quanto à implantação de ele vem sendo rotulado. o jogo do “inimigo” e de e a formação profissional gundo o grau de cada um, uma verdadeira reconci- Extremamente cauteloso e gostarem cada vez menos de quadros, para a promo- para além de benefícios e liação nacional? rigoroso, mostrou ao mun- de Eduardo dos Santos. ção das pequenas e médias incentivos fiscais, ao nível Resposta - Todos temos, do a precaução que um empresas. do sistema público de saú- em democracia, legitimida- líder deve ter, nestas altu- Pergunta - Senhor Pre- de, educação, transportes, de, de criticar o que acha- ras, socorrendo-se de uma sidente, qual foi a sua Pergunta - E como vê a si- entre outros, para que to- mos, na nossa óptica, ser o inteligente cábula, onde maior realização até este tuação de enquadramen- dos se sinta orgulhosos e correcto. Particularmente estavam apenas alguns tri- momento? to social dos antigos mili- tenham uma inserção na penso que o estreitamen- viais dados de domínio pú- Resposta – A maior foi ter tares das FALA (UNITA), vida social de forma digna. to do diálogo pode ser um blico. Tivesse José Eduar- realizado eleições em 2012 ELNA (FNLA) e FAPLA bom incentivo e, por esta do dos Santos, em Manuel e ser eleito, depois de 32 (MPLA)? Pergunta- Senhor Pre- razão, vou agendar, para os Rabelais e Aldemiro Vaz anos no poder. Para além Resposta - Neste momen- sidente a política de re- próximos dias encontros, da Conceição, verdadeiros disso, sabe que a realização to estamos a fazer algumas conciliação nacional, tem que se tornarão regulares assessores de imprensa e é um conceito lato, por isso correcções que conside- sido muito criticada pela quer com Isaías Samakuva, imagem, e rapidamente continuo na busca de rea- ro importantes, pois estes oposição e a sociedade ci- quer com Abel Chivuku- viabilizariam um teleponto, lizações capazes de devol- valorosos combatentes, vil, porquê? vuku, enquanto líderes dos onde colocariam os dados verem a dignidade a todos não importa a barricada Resposta - Na realidade, principais partidos, com e tudo passaria desperce- angolanos, sem distinção, onde estiveram no passa- poderia estar a decorrer responsabilidade de Esta- bido… logo termos tarefas in- do, prestaram relevantes melhor, mas sabe que em do. Mas nem tudo foi mau, gentes, visando alavancar serviços a Pátria, logo não muitas situações ainda pois o jornalista Henrique o país do subdesenvolvi- devem ser marginalizados. perduram resquícios do Pergunta - Algumas vo- Cimerman, especialista na mento a que ainda estamos Por esta razão ordenei ao período de partido único, zes internas e organiza- cobertura do conflito isra- votados. meu gabinete, um estudo de um lado e da guerrilha ções internacionais, têm elo-palestino, tendo sido mais aprofundado e huma- de outro, mas a vontade de apontado a corrupção o eleito para tão ingente Pergunta- E tem sido nista, visando garantir uma trilharmos juntos e conso- como uma das marcas do empreitada, não fosse o tarefa muito difícil? reforma condigna a todos. lidarmos o que alcançamos seu consulado. Porquê? diabo tecê-las, sentiu-se Resposta - Na vida nada As insatisfações ocorriam até aqui, é bem maior que Resposta - Eu fui o pri- como kacussu a nadar em é fácil e Angola depois de pelo facto de se pretender, as nossas pequenas diver- meiro a dizer e assumir alto mar. Questionou tudo tantos anos de guerra, com apenas atribuir, um sub- gências. No entanto, deve- publicamente, que depois e mais alguma coisa, ultra- a perda de muitos dos seus sídio uma única vez, mas mos todos, absolutamente da guerra a corrupção era passando as expectativas melhores filhos, está a ar- depois de escutarmos es- todos, fazer o melhor para o tumor a ser combatido. FOLHA8 22 DEJUNHO DE2013 33 ENTREVISTA \\

Pode parecer que não, mas público e eles participarem foi o Kopelipa, um angola- a economia nacional? têm sempre a participação temos estado empenhados em pé de igualdade com os no muito dedicado a estas Resposta – Esse poder da do nosso núcleo-duro. no seu combate, com as ar- demais, porque os meus práticas, em defesa da re- Sonangol, enquanto em- mas de que dispomos. Sei filhos não podem apresen- volução e do MPLA, meu presa gerida pelo meu nú- Pergunta - Que pensa do não ser fácil, dada a exis- tar-se como sendo diferen- partido, que deve continu- cleo-duro, ou melhor, por projecto do milhão de tência de vícios enraizados tes dos outros angolanos. ar no poder, por mais 70 um núcleo-duro de espe- casa para 2012 e dos 3 mi- no sistema público, muitos anos. cialistas angolanos, só traz lhões de postos de traba- apadrinhados por altos di- Pergunta – Mas então, se vantagens para a econo- lho, prometidos durante rigentes do meu gabinete, foi um erro, como rectifi- Pergunta- O que o Senhor mia nacional, mesmo que a campanha eleitoral e mas a minha convicção é car? pensa sobre as manifesta- muitos dos negócios sejam que ainda não foram efec- de que, em nome da esta- Resposta- Eu critico a for- ções? feitos noutros países e o di- tivados no terreno? bilidade do Estado, deve- ma como ocorreu a entre- Resposta- Eu sou demo- nheiro gerado por lá fique. Resposta – Como se sabe, remos ter a coragem de ga de património público a crata e apoio as manifes- Do ponto de vista macro- e como dizem os eruditos, marcar uma linha divisória, custo zero, com prejuízos tações do Movimento -económico, a estratégia da Roma e Pavia não se fize- para estancar esse mal, sob para os cofres do Estado, Nacional Espontâneo, pois Sonangol é a mais aconse- ram num dia. Lá chegare- pena de gangrenarmos. mas quando tentei tomar elas são um direito destes lhada para potenciar o que mos ao milhão e, devo di- Acredito e por isso estou medidas para dar o exem- jovens, que partidariamen- nós, como guias supremos zê-lo, até mais do que isso. empenhado em patrocinar, plo, uma legião de pessoas te saiam a rua para idola- do Povo, entendemos ser É claro que precisamos de uma conferência nacional que sempre, sem excepção, trar os meus feitos e os do melhor para o nosso país. tempo. Não nos esqueça- contra a corrupção, onde dizem muito bem de mim, governo. Por esta razão é mos das responsabilidades os principais organizado- se uniu para me convencer que condeno a violência Pergunta - Considera o coloniais no nosso atraso, res serão destacados mem- que eles conseguiram ga- policial e estou a pensar que se passa com a ven- como também dos estra- bros da sociedade civil, não nhar por mérito próprio! seriamente em exonerar da de casas do Kilamba gos feitos pelo inimigo in- ligada ao sistema do poder. Além disso, independen- o comandante da Polícia, como um sucesso, nor- terno. É tudo uma questão temente de serem filhos pois não podemos agredir mal ou um desastre? de tempo. A referência a do Presidente, também os nossos jovens, que são a 2012 foi um lapso linguísti- Pergunta - Mas os seus são angolanos, logo com os continuidade do MPLA. Resposta – Partamos do co pois, como verifico aqui filhos, pela riqueza que mesmos direitos… enfim, princípio que, aliás, é o pelos meus apontamentos, ostentam, têm sido apon- como pai tive de recuar… único válido, de que todos deveria ser 2022. E a maté- tados como os principais os projectos que levamos ria de postos de trabalho rostos da corrupção? Pergunta - Acredita ser a cabo são um sucesso. insere-se na mesma análi- Resposta - Vou dizer-lhe por isso que consideram Dizem que as casas não se. Verão que daqui a dez uma coisa do fundo do o seu governo de corrup- têm condições de habita- ou 20 anos teremos todas coração, como pai, tenho- to? bilidade, que estão todas essas promessas cumpri- -me calado a muitos ata- Resposta- O meu gover- rebentadas, inacabadas. das. ques contra os meus filhos, no não é corrupto, pode Relativizemos as coisas. dando a sensação de, por ter, admito, pessoas que se Onde estavam os críticos Pergunta - A ponte cais de não vir em sua defesa, não deixam corromper e por quando, nos tempos co- Cabinda foi levada pelo gostar deles. Pelo contrá- sua vez corrompam outras loniais, as pessoas viviam vento e a maré. Quem pa- rio. Do que ouço, existem em troca do silêncios, mas em cubatas? Ora, casas gou o prejuízo, o emprei- algumas verdades e tam- tal como noutros países sem portas, sem casas de teiro ou o Estado? bém muitos excessos, mas não será uma situação per- banho, sem saneamento Resposta – Primeiro. Ape- acredite que, tenho-lhes pétua, pois antes do final até nem são tão más como sar do nosso poder e da aconselhado a contenção, deste meu mandato vamos isso. E, como é natural num nossa capacidade como o que acontece na maioria adoptar, com apoio dos le- país que viveu tantos anos potência regional, ainda das vezes é o excesso de gisladores, medidas drásti- em guerra, grande parte não conseguimos mandar zelo de alguns ministros e cas de combate à corrup- dos milhões de dólares no vento nem nas marés. governantes, que aperce- ção e aos corruptos que se gastos tiveram de ser des- Estamos a tratar disso e, bendo-se tratarem-se de locupletam com dinheiro Pergunta - Está de acordo viados para alimentar os com a ajuda da mais alta meus filhos, entregam-lhes do erário público. Faremos com a concentração de que, do nosso lado, deram tecnologia israelita, e em até o que não devem, tudo um combate sem quartel. poderes da Sonangol? muito ao MPLA. Percebe? breve teremos esse de- para me bajularem e garan- Eu darei o exemplo. Resposta – Essa é uma siderato alcançado. Aliás tirem o tacho. questão pertinente mas Pergunta - O projecto a nova ponte-cais agora Pergunta - Acredita que que, importa dizê-lo, deve de criação de latifúndios inaugurada é prova de Pergunta - Será que foi Angola vai conseguir ser analisada em duas ver- para a agricultura será que estamos no caminho o que aconteceu com a adoptar, no seu consula- tentes. Ou seja, enquanto compatível com a augu- certo, não só para acabar UNITEL, a TPA 2 e TPA do, práticas democráticas a Sonangol for gerida por rada diversificação da com a dependência do cais Internacional? e realizar eleições ver- quem sabe da matéria, e economia nacional? congolês de Ponta Negra, Resposta – Bom, nestes dadeiramente livres, jus- modéstia à parte, esses são como para domesticar casos não posso afirmar to- tas e transparentes, sem pessoas da minha confian- Resposta – É claro que sim. de uma vez por todas os tal desconhecimento, pois qualquer tipo de fraude? ça pessoal, não creio que Aliás, é uma mera questão cabindas que teimam em são públicos, mas não te- Resposta - Acredito! Antes tenha assim tantos pode- de justiça e de equidade querer ser independentes. nho dúvidas e nem receio tinha reservas sobre a de- res como diz a Oposição. social. Se para muitos, so- Quando ao resto, não im- de afirmar ter havido ex- mocracia, principalmente Diferente será se um dia, e bretudo para aqueles que porta quem paga. O que cesso de zelo por parte dos por nos ter sido imposta, numa hipótese meramente teimam em ter concepções importa é quem ganha. E, ministros de tutela. Eles, mas agora havendo possi- académica, passar a ser ge- diferentes das nossas, é também neste caso, quem até nas sessões de Conse- bilidade democrática de a rida por angolanos que não mais do que suficiente uma ganha sou eu. Melhor di- lho de Ministros me enga- subverter, estou confiante. tenham a escola e sabedo- pequena lavra, para outros zendo. Quem ganha sou eu naram, logo, quando me Quanto às eleições, penso ria que só o MPLA conse- – sobretudo para aqueles e os meus. apercebi de que já estavam que foram livres, pois tive gue transmitir. que aceitam a superiori- *Esta é uma entrevista fic- consumados os contratos e tão empenhados nelas que dade de quem está no po- tícia, qualquer semelhança nada poderia fazer. O cor- quem controlou todo o sis- Pergunta - Que benefí- der – são necessários os com a coincidência é mera recto seria haver concurso tema, por o ter montado, cios pode isso trazer para latifúndios que, no entanto, realidade. 34 FOLHA8 22 DEJUNHO DE2013 // REPORTAGEM

População continua a contestar a Entrevista de JES Angolanos encontram-se descontentes, em alguns casos, até mesmo revoltados com o Presidente da República de Angola José Eduardo dos Santos, por se desfazer de qualquer responsabilidade sobre o estado de coisas e desvalorizar o povo angolano em plena entrevista dada a cadeia televisiva portuguesa – SIC. Esta insatisfação perdura, tanto visível nas redes sociais como nos cruzamentos das ruas e nos transportes públicos. Para melhor compreendermos o que mais flagelou o orgulho dos angolanos, saímos a rua com o nosso caça-palavras. TEXTO DE Luísa Pedro om efeito, durante uma entrevista que durou aproxi- madamente 45 minutos, C o Presidente da República de Angola José Eduardo dos Santos, abordou diversos temas durante os quais para além de se exibir como um ex- celente presidente, acima de todos os outros africa- nos e não só, escangalhou o povo angolano, ao criar vários paradoxos em volta daquilo que é sua visão sobre o desenvolvimento económico e social do país, as relações internac- ionais onde finalmente e para contornar o expres- sivo desprezo_ de que pode-se dizer em abono da verdade, sofre dos EUA e de outras potências oci- de infra-estruturas. “São Manuel Kinanvuide alega República não estava em nem tudo o que o PR disse dentais, o PR enalteceu as bem-vindos. Como sabe por sua vez: Agora sabe- condições de dar aquela deve ser condenado, mas relações com Israel, mais aqui há uma grande falta se quem realmente urdiu entrevista a SIC, porque grande parte ficou pelo uma vez aqui a privilegiar de pessoal qualificado e é este nosso presente que Angola ainda está com descalabro, é uma lou- o sector da Defesa e Segu- do nosso interesse que to- não tem sentido e cujo muitos problemas no sec- cura e uma ofensa muito rança, quando disse: De- dos aqueles que puderem futuro é mais do que in- tor económico e social, ele grande ao povo angolano. senvolvemos sobretudo vir contribuir nesta altura certo. “O presidente esta- afirma que estamos a ir a Ele não considera este país uma relação especial com e tenham a qualificação va emocionado por isso é mil maravilhas o que é a como a sua própria terra e Israel na área da Defesa necessária para apoiar- que falou aquelas barbari- mais pura mentira porque é mentira se diz gostar dos e Segurança. Temos ad- nos em vários ramos do dades todas, porque não é o que se observa em ter- angolanos. Aliás nunca o quirido meios militares conhecimento, são sem- normal que o presidente mos de crescimento como demonstrou nem por pa- e outros para os serviços pre bem-vindos. Estão en- de um país vai dizer que ele anuncia, não tem sido lavras, nem por actos. Faz de inteligência e para as quadrados, seja no sector a juventude está frustrada o reflexo da sociedade. muitos anos que não ouvi- forças armadas angolanas, público, seja no privado, a e perturbada. Estamos as- Quanto a desigualdade mos uma entrevista dele é também temos formado procura é muito grande”, sim por causa dele, porque social ainda é bem visível pela primeira vez que ele quadros, particularmente sublinhou o PR. não temos oportunidade porque a cidade dos ricos se pronuncia neste exer- quadros para o sector da de emprego, já passam e a dos pobres, os indica- cício no qual demonstrou polícia nacional”. Entre- Com o intuito de medir a onze anos de paz, até dores da mortalidade in- inúmeras debilidades. Eu tanto, o que mais lesou os pulsação, o F8 passou por agora para se conseguir fantil tende a aumentar a acho que é momento que angolanos com realce para diversas ruas da cidade um lugar numa universi- cada dia que passa. Quanto o camarada PR mude de os jovens é o facto do PR capital onde colheu opin- dade pública é um grande a questão do analfabetis- atitude, e se pronuncie ter menosprezado a juven- iões de cidadãos de vários problema, água não temos, mo, os números de analfa- em abandonar o cargo tude, retratando-a como estratos socias que dizem luz a mesma coisa, como betos em Angola ainda são porque ele já não está em frustrados, sem qualifi- estar indignados com a é que assim não ficamos bastante assustadores.” condições de governar o cação, pelo que é forçado referida entrevista. Indig- frustrados se ele também Evandro Sebastião acorreu país. Considerar o povo a recrutar estrangeiros, nados e apesar de pedirem não quer sair do poder?”, ao local onde nos encon- angolano como analfabeto mormente portugueses cobertura, não pouparam desabafou. trávamos para fazer pas- e frustrado, não tem justi- para ajudarem na con- verbo para descarregar o Já um outro entrevistado sar igualmente seu ponto ficação aceitável. A frus- strução e reconstrução que lhes vai nas almas. afirma: “o Presidente da de vista: “Se bem que, tração da juventude é por FOLHA8 22 DEJUNHO DE2013 35 REPORTAGEM \\

causa dele, nas empresas para o PR atirar um Bife que eles dirigem preferem aos americanos que não chamar os estrangeiros aceitam recebê-lo, mas do que os próprios ango- receberam na e de braços lanos porque eles acham abertos, Chivukuvuku e que somos perturbados Samakuva! e frustrados. Como, se Também não perguntou não existe uma cadeia de porque razão em vez de sustentabilidade produ- Executivo, não se des- tiva. De resto, o país não igna Governo. Somente tem segurança alimentar, porque o que se sabe, é nem um sistema nacional que não existe um Gov- de segurança social e de erno em Angola, no verda- saúde, nem sequer con- deiro sentido da palavra; segue fornecer água e en- tudo depende do Gabinete ergia de forma regular aos do PR, não por mero acaso cidadãos, para não dizer que se denomina Execu- outras coisas”. tivo, é apenas para execu- Um outro cidadão, de seu tar ordens. apelido Guilherme afirma: As empresas estão a me- “A discrepância no dis- dida daquilo que o PR curso do PR onde ofendeu disse e bem, vieram para moralmente a população fazer empreitadas, por angolana, desvalorizando outras palavras, umas a juventude dizendo que obrinhas tapa furos e não está perturbada e frustra- para grandes e sérios da, e que os portugueses projectos. Eis a razão de são bem-vindos em An- classificar estas estradas gola porque os angolanos esburacadas, casas con- não estão capacitados Os angolanos estão revol- mas acima de tudo o nada têm a ver com a struídas não faz 6 meses a para exercerem os di- tados, mas para gáudio do desdém que nutre pelos pobreza dos angolanos e apresentarem logo racha- versos cargos de chefia, Presidente, não passam verdadeiros angolanos nem mesmo porque razão duras, o Hospital Central este pronunciamento foi disso mesmo, chorar! To- a quem não se cansa de são sempre inúteis, ou seja que logo terminou teve uma autêntica falta de re- dos nós sabemos, todos endereçar piropos de ta- “burros”. de ser refeito. Mesmo as- speito ao povo angolano. nós conhecemos os dita- manha humilhação. Outra Outra questão que ficou sim o PR elogiou. A China Estamos cansados de um mes das lutas contra as vez a mesma canção, ou bem patente, é o facto do foi um dos países que se presidente que está a mais ditaduras, mesmo assim seja alterando somente porque razão, o Jornalista disponibilizou para em- de trinta anos no poder pautamos pelos mesmos alguns refrães da letra que Henriques Cymerman, prestar dinheiro e por sendo que a sua família é métodos. Gritar, ameaçar. compõe a mesma melo- ao perguntar sobre a co- conseguinte vieram cá a toda-poderosa. Ele abor- Esta entrevista, veio de dia: a pobreza é um Fardo operação internacional, grandes empresas chine- dou sobre o combate a po- facto destapar o manto Herdado do Colonialismo, evoca ele já Israel e por sas para realizar emprei- breza e a corrupção e afir- que encobria o M/ Velho, por isso, apesar dele e sua exemplo não a China, ou tadas, naturalmente com ma que não sabe se algum sua fraqueza intelectual, família se terem propul- melhor ainda os EUA? financiamentos em con- dia vamos ultrapassar este a falta do domínio dos sado como os mais ricos Esta questão foi interpre- dições que são aceitáveis. fenómeno, pois segundo dossiês da governação, de África e do Mundo, tada como propositada, ele, a corrupção existe em todos os países do mundo Comentários uns mais visíveis que os outros. Isso é uma ofensa Logo depois desta recolha de opiniões efectuada para medir a pulsação compreendemos o seguinte: ao cidadão angolano que É bom saber que muitos de nós escreve para desabafar e exigir em palavras a liberdade que nos é negada, faz tem visto o seu salário 37 anos, vejam só! Também é bom saber que estamos atentos a todo o tipo de derrapagem do nosso Soba. Mas real a degradar-se ano o preocupante é lutar contra a minha consciência que me diz, ela teimosa e inquieta, que não passamos disso após ano, em função aos mesmo, reivindicar, num deserto, ainda por mais sem dunas, nem oásis reflectores para fazer ecoar o nosso grito, preços que eles que detêm cada vez mais dissonante! Logo, quando o M/Velho de forma recorrente insulta a todos nós, fá-lo exactamente o monopólio do mercado com a firme certeza de que, mesmo cuspindo sobre tudo e todos fora da sua ilharga, os lesados (frustrados), não fixam”. passarão disso mesmo, apenas gritar. Se mergulharmos bem na epistemologia do termo “frustrados”, veremos Entretanto o povo ango- que, aliás, foi esta a real intenção, de JES considerar-nos gente inerte, anglicana, ou melhor, homens do Convento. lano após ter dado esta E faz Lei a Máxima de outro M/ Velho Bento Kangamba que manda calar a boca a toda a gente, mesmo a partir de horrível entrevista a SIC, Barcelona – Espanha por vias da nossa TPA e do nosso amigo Ernesto Bartolomeu, e cito: “Primavera Árabe em temos que pensar muito Angola, NEVER” mais diz, coloquem-se quietinhos, o Camarada Presidente está a trabalhar e vocês todos têm o bem se nas próximas que merecem. Em vez de “insultar o PR, deveriam é agradecê-lo”, vejam só companheiros, o desplante!? Por isso, eleições iremos votar no- o Camarada PR faz o seu papel, do interesse dele, da sua família e dos mais próximos; infelizmente, todos nós, vamente a um presidente outros, não fazemos o nosso, apesar de aos quatro ventos declararmo-nos vitimas. Ao contrário, nos dilaceramos. que desvaloriza a popu- Isso para dizer, se realmente invertêssemos os níveis de palavras pelos níveis dos actos, muita coisa teria mudado lação em pleno canal de em Angola e o PR, talvez nem mesmo ousaria pronunciar-se tão afortunadamente e com tanto excesso de desdém, comunicação social, não sobretudo para com esta juventude, nova e velha que deu tudo por ele, durante anos a fio. Não é por acaso que angolano, sim português. tenhamos de nos inserir neste rebanho dos 300 frustrados, porque, feitas as contas, muito pouco fazemos para Simplesmente lamentável. desmentir! Vejam só por exemplo, como abandonamos o Domingos da Cruz, o Lucas e os miúdos, os bravos frus- Como se pode perceber trados revolucionários… se não apenas vir para o FACEBOOK, … gritar…, disse um dos colegas… de facto engoli, nestes extractos encolhi… pois de concreto, fazemos literalmente nada! 36 FOLHA8 22 DEJUNHO DE2013 // CARTOON

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Moda & Decoração Rua António Manuel de Noronha, 42 Maculusso (junto à Liga Nacional Africana e BFA) Telefone 923 506 652/ 917 045 142 Luanda/Angola FOLHA8 22 DEJUNHO DE2013 37 OPINIÃO \\

SALVEM AS NOSSAS ALMAS! O GENES QUE TODOS NÓS TEMOS

TEXTO DE Nelo de Carvalho*

irou show nenhum, nem Ministro sarela a bajulação. jular também são permiti- vinte dois anos de idade. É de televisão nem General. Porque min- A política, e a ciência que dos. Mas a pergunta que basta ver que qualquer um com audiên- ha avó, talvez tenha sido estuda a mesma, chegari- não cala é: quem paga uma que seja, pessoa física ou cia garantida, mesmo colega e amiga de am a conclusão sem muito politóloga –no facebook-, jurídica, usaria essa gente - daqueles venda da avó de nossa Isa- esforço que só tem capaci- e com dinheiro de quem, e só essa gente!- para fazer que em sín- bel – a vendedora de ovos- dade de convencimento e para fazer propaganda em negócios. Vtese repre- nas praças dos congoleses, de persuadir seu interlocu- favor da empresária Isabel Isso é quando eles ( a sentam o poder no país, ou das corridas . E melhor tor -não importa as cir- dos Santos? A pergunta é, quadrilha) não usam as para tentarem explicar as ainda, muitos dos filhos cunstâncias em que este se desmistificar a vida de Isa- próprias instituições do origens de suas riquezas dessa terra, Angola, o que encontra- a pessoa ou os bel dos Santos, agora, está Estado e o patrimônio e servirem de inspiração não falta a eles é os tais especialistas naquelas áre- no programa do MPLA público Angolano para se a casta de ingênuos que genes, tanto do lado pater- as que tenham liberdade também? Ou ainda de enriquecerem. compõem uma parte da no como do lado materno. de pensamento. Pensar uma forma mais simples, Isabel dos Santos, o Presi- sociedade angolana. Estes, Só que como já disse, dess- e ter liberdade é poder se é papel de uma politóloga dente de Angola, o MPLA, talvez, continuarão a ter es lados – e como comum movimentar em todas as paga possivelmente com o o Governo de Angola e o no MPLA, já não só o par- mortais que fomos des- direções, e o objetivo des- dinheiro do Estado, fazer Estado Angolano corrup- tido que tem condições tinados a ser-, nunca nin- sa movimentação é sem- propaganda sobre a vida to, não têm, jamais, como de garantir a “paz”, mas guém chegou tão alto no pre tentar encontrar erros de uma empresária tida convencer a nação ango- também certas práticas, poder para trilhar os mes- e falhas. E erros e falhas pela nação inteira como lana de que a riqueza que que mesmo sendo abom- mos caminhos que a nossa é o que nunca faltam as uma ladra, gente descara- a primeira e seus irmãos ináveis para a nossa a civi- Isabelita trilhou. pessoas que se gabam de da, preconceituosa, menti- criaram é consequência de lização, que sirvam de in- Devemos concordar com ter uma vida exitosa e de rosa, boçal e sem ver- suas inteligências e esfor- strumentos para se chegar os conselhos da mulher criação de riquezas, hoje gonha; que se aproveita do ços próprios. por exemplo ao topo do mais rica do país, que con- e diante de todo mundo, fato de ter um pai como Não adianta, isso nunca poder. hecimento é tudo, e se ex- quando até um ano ou dois Presidente para falar o que ninguém aceitou. Porque Um dos objetivos de tais iste uma forma de se usar anos atrás essa riqueza e quer e fazer o que quiser? até a burrice tem limite. exposições é o fato de que o conhecimentos, é fazer êxito era escondida a sete Acaso acreditam nossos O povo angolano pode se chegou à conclusão de uso do tráfico de influên- chaves. bajuladores de plantão, até aceitar os governantes que já não há nada para se cia, e o tráfico de influên- A internet é um meio livre no facebook, que poderão que aí estão –talvez por esconder e que os tempos cia tem como tapete e pas- sim, em que mentir e ba- hoje continuar a convenc- conveniência do destino. mudaram, agora todos er a juventude angolana, Estamos pagando o preço podem sair por aí cor- substituindo a honra e a da incompetência dos nos- rendo atrás de riquezas, honestidade pela gatun- sos antepassados, o preço não importa se for como agem? de uma história traçada predadores ou gente hon- Inspirar os jovens na sem muita ousadia e im- esta, que herdou dos avós arte de traficarem tudo o aginação, daqueles que no paternos o dom e os genes que têm para se ganhar passado deveriam nos sal- suficiente para se chegar muito dinheiro pode não var de um presente infeliz. aonde chegaram. ser proibido, porque o Mas isso não é sinônimo Há uns tempos para trás capitalismo assim exige, de que todos aceitam a os bajuladores, por aí, di- mas enganam-se os nos- versão que o governo usa ziam, que as influências sos bajuladores se pen- para convencer as pessoas que ela –Isabel dos Santos- sam que a fonte dessa de como a riqueza dessas herdou dos negócios era inspiração poderá ser o pessoas é adquirida. da mãe por ser de origem Presidente da República e Eu, sinceramente, sinto Caucasiana. Agora, vêm sua família, muito menos nojo dos bajuladores no dizer que é da Avó pa- a empresária Isabel dos facebook! Poupem, por terna, que era quitandeira. Santos. favor, as nossas almas! A ser assim, em Angola, Ou seja, o tráfico de in- And, Save Our Soul! Se todos nós temos genes fluência é o maior ativo Alguém estiver aí próxi- fortes para os negócios. das empresas de Isabel mo! Que não dá mais para Só faltou mesmo termos dos Santos, assim como suportar essa gentalha, tão um pai presidente; ou que de todos aqueles que ro- suja quanto as ruas dos nossas mães saíssem por deiam o Presidente de musseques de Luanda de- aí dando o que mais é co- Angola. É basta ver que pois de uma chuva, quan- biçado, nos seus corpos, nenhum dos filhos do do vemos aqueles porcos aos Generais e Ministros Presidente de Angola (animais) se lambuzarem desse país. metido em negócios é nas lamas depois que uma Azar meu que minha mãe empresário sem êxito – delas cair. não deu para Presidente tem até banqueiro aos *[email protected] 38 FOLHA8 22 DEJUNHO DE2013 // CRÓNICA

PSICOLOGIA & VOCÊ

Nvunda Tonet* O amor e a separação: pais e filhos (X)

Cada homem que tem filhos sente um desejo imenso de lhes dar amor, e vive com a responsabilidade de os educar bem, de forma positiva e actualizada. Ser verdadeiramente pai, é, por isso, sentir dentro de si a vontade de saber mais, de descobrir novos caminhos na relação com os filhos, de evoluir sempre, acreditar que existem pais assim é a razão de ser do livro “Ser pai, Hoje” (Leonor Balancho, 2012).

os dias de for, haja por si e seja feliz. ao nosso barco: a família. hoje, ser pai Pense no próximo, apren- Nós, em Angola que passa- ainda sig- da a se amar, e acredite no mos actualmente por uma nifica muito seu potencial. crise de identidade, somos principal- 3- Ao ler a entrevista forçosamente obrigados mente para de Michael Douglas após a valorizar cada vez mais N quem vive passar por um longo aquilo que nos une, que em pleni- processo oncológico de nos torna forte e seguro. tude a conjugalidade. Na recuperação, ressalta a Ser um pai exemplar não é nossa prática clínica, aten- seguinte expressão do só satisfação para a família, demos casais preocupa- actor “As minhas únicas como para a sociedade, dos com a educação dos preocupações hoje são ser para a comunidade onde filhos, com as amizades, um óptimo pai e um bom estamos inseridos. “Os com o demasiado tempo marido”. Douglas nesta momentos mais felizes da que ficam em frente ao terial. Filhos que crescem plo. mesma entrevista reafirma minha vida foram aque- computador ou ligados em ambientes familiares 2- Tornarmo-nos pes- que após superar o can- les, poucos, que pude pas- aos jogos eletrónicos. Na divididos (com o pai ou só soas melhores e pais de cro teve certeza de uma sar em minha casa, com a maior parte das vezes, os com a mãe e o padrasto), referência. Ninguém é coisa “a família é a coisa minha família.” - Thomas pais reclamam ter pouco filhos que vivem sozinhos perfeito. Não existem pais mais importante”. Nos Jefferson tempo para controlar a fora do país; filhos que perfeitos nem filhos perfei- momentos de aflição, de dinâmica de relações dos crescem no seminário, en- tos, mas podemos sempre dor, de angústia e perda, Continua na próxima filhos: têm ocupações tre outros exemplos. Para melhorar a nossa relação podemos saber realmente edição profissionais e quando a criança ou adolescente parental e conjugal através com quem contar e onde *Psicólogo Clínico no chegam à casa os miú- não é suficiente saber que da auto-observação como nos podemos apoiar ver- Hospital Psiquiátrico de dos estão a dormir. Que tem um pai ou mãe capaz assinala a psicoterapêutica dadeiramente. Muitas vez- Luanda solução? de cobrir as suas necessi- britânica Perry. Não preci- es titubeamos no escuro, Professor de Psicopatolo- Sempre que possível, con- dades financeiras. Nestes sa pisar nas outras pessoas. vagueamos por imensos gia Geral na Universidade verse com o seu filho, pro- novos tempos digitais e de Para tornar-se uma pessoa caminhos, mas voltamos Óscar Ribas cure saber como correu a inclusão das tecnologias, melhor, é simples: apren- semana, assistam um pro- as crianças e adolescentes da a viver dentro daquilo grama televisivo juntos, ou precisam de referências, que segue e acredita. A Médico Tradicional seja, aproveite o máximo atitudes integradas, ima- religião, independente de possível o pouco tempo gens de responsabilidade qual for, pode fazer com disponível para coisas real- e altruísmo. Muitas vezes, que chegue mais rápido mente úteis e que a cri- eles próprios não conseg- ao caminho da espirituali- Dr. PHILLIPO ança ou adolescente possa uem distinguir uma boa dade. Amar o próximo, dar lembrar-se do pai como acção de uma acção social. um “Bom dia” aos colegas, Especialista em medicina referência ou modelo a Passam muito tempo a re- ajudar alguém a carregar tradicional, trata quem sofre de seguir. flectir sozinhos, sem auxíl- os sacos, medidas simples, 1- As recordações que io nem acompanhamento, mas que fazem com que -Tensão alta e baixa. -Mau entendimento. retemos na memória sobre numa idade e fase em que tenha a sorte de simples- -Amor perdido. -Sífilis. -Prevenção de probie- os pais são determinantes o processo de socialização mente serem amadas e -Impoténcia sexual. embora não decisiva na e identidade está em con- bem-quistas. dades. relação que estabelecemos stante formação. Ser pai Conquistar o seu cresci- -Assimilação. -Pouca ereção. com os outros e principal- hoje, deve remeter-nos mento pessoal, aprender -Problemas no lar. -Problema de periodo. mente com um parceiro para um compromisso a viver em paz com o que -Diabetes. -Má sorte. (a) na fase adulta. Todos emocional permanente, de fez, não tem preço. Ser -Tuberculose. -Problemas no casamen- os dias aprendemos com responsabilidade pessoal e reconhecido pelos seus va- -Comichão. os erros e o percurso de parental, como de referên- lores, e acreditar em todos -Dores de coração. to. vida torna-se diferente, cia em termos de atitudes. eles, e praticá-los, também -Deixar de fumar. -Doenças crônicas mas as recordações da in- Não se pode cobrar da faz com que a sua vida seja fância carregamos ao lon- criança, aquilo que ela em melhor e tenha mais sen- go da nossa existência ma- casa não vê como exem- tido. Por isso, seja o que O Dr. Philipo sabe os problemas antes que os mencione contactar Cell.: 934525243 FOLHA8 22 DEJUNHO DE2013 39 CRÓNICA \\

NA HORA DA LEITURA

ANTÓNIO SETAS Albatroz omo pro- metido na HOMENAGEM A nossa última UM PEDREIRO: edição, hoje Alexandre Saldanha fazemos uma da Gama breve apre- Um poemeu, autoplágio Csentação de um movimen- com a ajuda de um morto to literário, Albatroz, que começou a ser conhecido Terça-feira, 8 de Maio de nos meios “underground” 2007 de Paris na década de Setenta e três anos. Tenho 1980. A sua notoriedade a cara de cu que mereço e nunca chegou a ser “man- de pois em pois vou per- chete”, mas a verdade é dendo vista, tesão e já não que começou a ter algum tenho Nação, fiquei com a relevo a partir dos meados Europa. dessa década e chegou a A Europa é um bordel, um ser notícia em alguns mei- apanhado de merda onde os artísticos da França. até socialistas virgens en- Albatroz, antes de tudo praticamente todas as ar- Preâmbulo qualquer outro bem mate- tram de fato e gravata para o resto foi uma revista tes. Com notória preocu- rial, pertenciam à comu- a fossa séptica dos troncos de índole cultural, que pação para a pintura e a Sem roubo a Arte não ex- nidade embora fossem de matéria fecal sólida e começou a ser publicada literatura. iste na sua plenitude, dizia em teoria propriedade do endinheirada. em Paris e Bruxelas, como Foi na revista Albatroz Picasso, não exactamente Mani ou do chefe desig- Quanto a mim, no meu supracitado, na década de que eu fiz as minhas com Modigliani, assim nado por outro vocábulo caso concreto, tenho de 1980 e acabou por desa- primeiras passadas na es- como Rimbaud “roubou” – mas que qualquer mem- modificar o espírito dos parecer após quase uma crita, contos e pequenos Verlaine, Mozart “rou- bro da comunidade podia testículos num dos guetos dezena de anos de vida poemas em francês. bou” Bach...E onde está o utilizar segundo as suas poéticos invadido por Chi- por motivos de tesouraria. Mas esse aspecto da verdadeiro artista que não necessidades caso não neses. As chinesas sabem O fundador, talvez seja questão, o facto de eu “rouba” ideias, ou técnicas estivessem ao serviço de a leite e eu, no meu comé- mais justo dizer, os funda- participar com escritos novas,ou uma ou outra outrém. rcio de palavras sinto que dores foram o Alex e um nas edições do Albatroz, migalha das melhores Numa colagem passa se, urge comprimir os textos outro português, chamado não é o lado mais interes- obras dos outros artistas? de certa forma, algo de sem ser preciso ir lavar as Manuel Vaz. A revista sante desta empreitada, (não se trata aqui idêntico, permita se me mãos num lava-palavras. chegou a ter um impacto que, a certa altura, as- de plágio, que apenas é o sofisma. As frases do Tenho carências de ter- importante, nomeada- sume destemidamente agressão matreira) texto original são pro- nura e preciso de lançar mente em Paris, onde ela como objectivo a alcan- Uma colagem não é plá- priedade in¬telectual do mais um livro para poder era imprimida e editada, çar a divulgação de um gio nem “roubo”, aquele autor, contudo uma vez dançar com elas, mas digo sendo depois distribuída estilo literário, que em vergonhosamente usurpa- publicado o seu texto, este para mim mesmo que nem noutras cidades francesas francês se chamou, como dor, este, parte integrante fica à disposição dos que tudo está perdido, ainda e na Bélgica, em Bruxelas, supracitado, Litérature de da dialética da Arte. Uma o leram , e o colador não tenho o Bounce e outras Charleroi e Liège. Térébenthine e em portu- colagem é simplesmente faz mais do que escolher merdas como o amor num Em meados de dessa dé- guês Literatura de aguar- arte, arte menor e humil- no seu seio alguns “tijolos” Festival da Canção, com os cada o cantor francês, rás, epíteto que se referia de, mas arte. e desviá los temporari- seus umbigos a nu a dan- poeta e famoso composi- à principal preocupação A ideia de fazer cola- amente para realizar uma çar num palco, bundas a tor, autor de canções in- dos fundadores do movi- gens literárias devo a a nova construção. andar à roda em corpos de esquecíveis, Renaud, fi- mento Albatroz e de todos um amigo do peito, poeta Findo o trabalho o colador sereia… a cultura nacional cou entusiasmado com aqueles que passassem a militante e pedreiro como restitui a César o que é de no seu melhor pior. o projecto de Littérature integrá-lo, aderir a um dis- ele se nomeia a si próprio, César, inclina se com o É meio-dia, hora de repou- de Térébenthine (Litera- curso contundente, direc- para mim um Mestre. devido respeito e espera so, mas, mesmo se nunca tura de aguarrás) daqueles to e sem verniz, ousar em Devo a também à que o público aprecie. acreditei em mim não dois emigrantes lusos e todos os casos de figura memória de antiquíssimas Senão... posso perder esta ocasião, decidiu espontaneamente chamar gato a um gato e tradições africanas de et- “ Não é pelo facto dos pe- a Véronique vai passar no patrocinar não só a revista evitar eufemismos e figu- nias pré colonialistas, no- dreiros construirem pare- atelier com o seu olhar Albatroz, mas também ras de rertórica edulcora- meadanente bantus, nas des irónico de cidadã modelo outras facetas do projec- da. Para tudo isso, aguarrás quais as terras, as casas, os que eles se emparedam no e o seu rosto ucraniano. to artístico que abrangia em cima. utensílios de trabalho ou silêncio” É foda. 40 FOLHA8 22 DEJUNHO DE2013 // EM FOCO Todos os seres são contra a violência, mesmo até aqueles que nós pensamos vândalos!

TEXTO DE Félix Miranda

as os di- rigentes têm de entender que a vi- Molência não é só física ou material letal. Muitas vezes uma lei ou decisão mal inten- cionada e lesiva, quando por capricho restringe alguém de alguma coisa que ele sabe é do seu di- reito, é pior do que a vi- olência material. Quando um cidadão se vê privado de ter uma casa condigna; quando um pai de famíl- ia não consegue tomar banho, não consegue se deslocar até nem mesmo a um hospital com a sua criança moribunda que pelo facto lhe morre nos braços; quando um indi- víduo no fim do dia não sabe o que vai dar ao seu filho que chora baba e ranho por fome ou é for- çado por impotência a usar da violência contra sua esposa por lhe exigir o que ele não pode dar, por ser desempregado, não por culpa própria sim do governo que o comanda; quando um cidadão pelo simples facto de pautar repressão como solução, cam a morte lenta dos ci- fendeu “a construção do sempre mais hedionda do pelo contrário de quem não se pode duvidar da dadãos, a causa primária país sem derramamento que a moral; é ela que im- governa, é vilmente perse- reacção do povo nestas das manifestações “vio- de sangue”. É perfeito, pulsiona o ser humano a guido; quando um outro proporções ditas “vandal- lentas” que se alastram racional que assim seja, tomar medidas extremas, não pode obter um crédi- istas”. como o Tsunami que vem fácil de se exigir ao outro, sobretudo quando sabe to, digamos útil, urgente “Os dirigentes muitas vez- de baixo e de mansinho, como o é condenar todo o que alguém tem mil vezes e necessário; quando um es abusam da paciência do mas cujas repercussões, tipo de violência. Contu- mais e não só não partilha, cidadão é permanente- povo”, disse um dos inter- são sempre tempestuo- do, não é célere pensar-se como o cospe, o rejeita mente coagido pela polícia nautas quando se comen- sas e irreparáveis. O Povo que haja alguém, melhor a coberto de um sorriso ou forças da ordem que tava as manifestações do acordou, o Povo decidiu: falando, que grande núme- ou de um discurso rendil- deveriam ser seus protec- Brasil. Quem diria estes “Ou Pára a Roubalheira ou ro goste do sangue. O sad- hado de boas intenções. É tores e confidentes; quan- brasileiros pacíficos dos Pára(mos) o Brasil”, In Fa- ismo ou “masoquismo” o que acontece agora com do em suma, um vizinho Sem Terra!? Ninguém cebook não é social, muito menos relação aos movimentos estabelece a comparação duvida da humildade do No Índico, o Presidente sociável, é uma praga, o sociais que reivindicam o de vida com um outro e povo, mas são estes ti- Armando Guebuza de mesmo que dizer, nin- que lhes é devido. remarca abismal difer- pos de agressões políti- Moçambique condenou guém tem o prazer de ver A RENAMO em Moçam- ença; quando na propor- cas subtis, as agressões o assalto a um paiol “de sangue jorrar, salvo um bique tomou a decisão cionalidade, os dirigentes “pacíficas”, maquiavélicas, armas” no distrito de sanguinário ou kamikaze. por todos condenável, se isolam, se bunkerizam finalmente de indiferença Savane na Província de É tempo de perceber, que de retomar a via armada, e em troca só baixam a e imoralidade que provo- Sofala e segundo o JA de- a necessidade é mesmo mas outrossim, é culpa FOLHA8 22 DEJUNHO DE2013 41 EM FOCO\\

do próprio Guebuza que sim, desde os tempos idos foi apenas pelo aumento da massa humana exas- menosprezou os outros, dos “Maios dos trabal- do preço dos transportes perada de tanta injustiça maltratou e em contra- hadores” contra o patro- públicos se bem que o e ambição desmedida partida ele e a sua plebe nato capitalista explorador movimento é vida. Hoje de seus ditos dirigentes. “Quando os políticos palaciana e nepotista abur- e evoluíram agora muito todos nos surpreendemos Pena é que os ditadores não mais representam guesaram-se confiscando mais com as redes sociais. e quando já refastelados, pensam sempre inat- os interesses da popu- em contrapartida tudo o Mas, fazem-no de propósi- também condenamos. ingíveis, confiando nas lação se transformam que é válido em Moçam- to, para justificarem o Tem-se dito: “ A ferida forças de repressão ou numa classe que faz bique em detrimento de emprego da força bruta só dói a quem a tem”, é na intimidação corrup- apenas a luta do poder um Dlakama e toda a ne- e desproporcional. Nin- verdade pois outro só tiva e no suborno a párias pelo poder sem ideias e gralhada dos ex terroristas guém nasce violento, é a a sente se exalar cheiro desalmados e desaver- ideias de puro pragma- da RENAMO, vezes sem sociedade, esta teleguiada ou quando gangrenada gonhados bajuladores, tismo. Aí, de classe para conta enxovalhados e a por um poder instituído pelo seu aspecto nojento. seus comparsas e carras- a Casta é um passo. A quem pediam incessante- que determina a forma de O mesmo se pode dizer cos do povo. A situação voz da rua pede um mente que se comportas- pensar e de se comportar dos turcos. A Primavera do Brasil não pode, não basta a corrupção, à má sem de forma civilizada da gente, em ocorrência, o turca veio de um nada, de deve ser ignorada. qualidade dos serviços ante tamanha humilhação. cidadão por exemplo an- um pretexto, entretanto Se realmente o nosso públicos, o sistema que Os dirigentes, sobretudo golano, o preterido, mel- considerado legitimo e Presidente Eduardo dos gera isso tudo e a queda os ditadores esquecem-se hor dito o nacional que se fundado que incendiou Santos tem o ex Presi- destas castas encaste- ou fingem sempre de que perverte por consciência, a pradaria, muito mais dente Lula da Silva como ladas no poder. Novos todo o animal a dado mo- como consequência, claro, atiçada por declarações seu ídolo ou modelo, ventos, novos tempos. mento reage aos estímulos com alguns casos excep- arrogantes e irrespon- deveria acatar sua men- Ninguém vive sem negativos, por mais angéli- cionais a mistura. sáveis de Erdogan. Pois sagem. Ao corroborar utopia, que o velho dê cos que seja. Quem diria os brasileiros, não se acredita que mil- às declarações de Dilma lugar ao novo que está Os presidentes, não por generosos descendentes hões de pessoas saiam à Rousseff, Lula disse: nascente e que esta ger- incapacidade, muito mais del Cristo Rei, os meni- rua só porque o Dirigente “Ninguém em sã con- ação não repita os erros por hipocrisia, fazem-se nos bonitos do Samba, do decidiu construir um Su- sciência pode ser contra da anterior. Política é a de ignorantes de que é a Carnaval promíscuo, do per-mercado num deter- as manifestações da so- arte do possível sim, é reunião destas partículas Rei Pelé, da Morena cor minado local; a verdade é ciedade civil”, para bom a arte de tornar possível negativas que resultam de fogo e da Liberdade que algo já estava latente, entendedor, meia palavra hoje o que era impos- a matéria atómico-social e Terra, se transfiguras- uma raiva encubada, in- basta. Quanto aos ango- sível ontem”, In Face- e esta redunda inevitav- sem raivosos e num ápice, contida e a gota de água lanos, estão entregues às book. elmente nas convulsões diga-se, atingissem o ru- foi suficiente para fazer mãos de Bento kangam- sociais. Foi sempre as- bro. Mentira dizer que transbordar a torrente ba! Dr. M.K Rungwe Grande Astrólogo Especialista em medicina tradicional Trata de quem sofre de:

1-Impoténcia sexual. 13-Dores de coração 2-Esterilidade 14-Aumento do tamanho 3-Corrimento do pénis 4-Borbulhas no pénis 15-Sonhar a fazer sexo 5-Sífilis 16-Deixar de fumar 6-Doenças venérias 17-Dar sorte no trab- crónicas alho 7-Asma 18-Recuperação de 8-Dores de útero amor perdido 09-Período prolongado 19-Ajuda de todo tipo de 10-Diabete problema que você tem 11-Hemorróide 20-Ser apertado por 12-Comichão maus espiritos Os interessados deverá contacta - me no seguinte terminal: 932630361 42 FOLHA8 22 DEJUNHO DE2013 // CULTURA

Conferência Artistas chineses e africanos reunidos em certame

epresen- tantes de 26 países africanos, incluindo Angola, e cerca de 120 R agentes cul- turais de organismos go- vernamentais chineses estão reunidos desde 19 de Junho em Beijing para abordar a actual situação da indústria cultural da China e dos países afri- canos. O evento, primeiro do género, decorre até 24 de Junho e serve para troca de opiniões sobre as experiências bem- -sucedidas e explorar o potencial da cooperação sino-africano que possi- bilite trazer a arte afri- cana ao público chines e vice-versa. No acto da abertura, a vice-ministra da Cultura tural um novo sector Na sua comunicação, o entre a China e Angola, entre o povo chinês e os da China, Zhao Shaohua, para o desenvolvimen- representante de Ango- em particular, e entre a povos africanos. afirmou que o reforço da to económico, tem um la no evento, José Luís China e África, em ge- À margem do encontro, cooperação sino-africana significado “estratégico” Mendonça, director do ral, devem ser capazes os participantes vão vi- em todos os sectores é para promover de forma Jornal de Artes e Letras de superar a distância sitar locais históricos “uma missão da história” completa o novo tipo de das Edições Novem- geográfica e a diferen- de Beijing, além de uma e uma “opção da época”. parceria estratégica en- bro, defendeu que os ça entre nacionalidades, deslocação à moderna Sendo a indústria cul- tre os dois - adaiantou. intercâmbios culturais tornando-se uma ponte cidade de Shenzhen.

BREVES

LITERATURA - Os Movi- leitores a troca de ideias, conhecimento e in- A Expansão da literatura angolana; Plano Na- mentos Literários de Luanda realizaram a 08 formação, em torno deste movimento artísti- cional de Literatura e já estão confirmados de Junho 2013, na Sede da União dos Escritores co cultural e intelectual surgido no início dos os seguintes movimentos: Brigada Jovem de Angolanos, o Iº Congresso sobre Movimentos anos 40 com o Movimento Vamos Descobrir Literatura de Angola, Clube Nacional de Po- Literários de Angola, sob o lema: “MAIS LEI- Angola. etas e Trovadores de Angola, Movimento Li- TURA, MAIS ARTE E MAIS ALIANÇAS”. Este congresso foi organizado em painéis te- terário Vianense, Movimento Café Cultural, O objectivo foi incentivar o estudo da litera- máticos, as comunicações abordarão diversas Movimento Berço Literário, Grupo Requintal tura, a criação de mais movimentos literários, questões, destacando-se as seguintes: Surgi- da Poesia, Brigada Jovem de Literatura do Hu- recreativos e culturais, inclinando-se sobre a mento e realizações dos Movimentos Literá- ambo, Movimento Literário Lev´Arte, Núcleo sua origem, realizações, criatividade e inova- rios em Angola; O livro e a leitura; A criação e Lev´Arte Benguela, Núcleo de Estudos Literá- ção, e possibilitar aos estudiosos, escritores e a problemática da critica literária em Angola; rios – Jorge Macedo, Grupo Praisarte. FOLHA8 22 DEJUNHO DE2013 43 CULTURA \\ Agualusa vence primeira edição do prémio Manuel António Pina

O escritor angolano venceu a primeira edição do Prémio Manuel António Pina com A Rainha dos Estapafúrdios. O prémio é novo mas carrega o nome de um dos maiores nomes da literatura portuguesa, Manuel António Pina, que morreu no ano passado, o que lhe confere à partida um lugar de destaque no mundo das letras. O primeiro premiado, anunciado a 21 de Junho, é também um nome bem conhecido no meio, José Eduardo Agualusa. O escritor espera agora que se comece a valorizar mais a literatura infanto- juvenil, área à qual o prémio é dedicado.

prémio Tcharan. “Há muito interesse, contadas mio importante mas sim foi apenas poucos prémios para de forma cuidada”, a homenagem que quer anunciado a escrita para crian- defende Agualusa. fazer. “É uma homenagem no final do ças, existem prémios Sobre o livro agora merecida, é muito bom que ano passado, para a ilustração mas premiado, Agualusa, os prémios prestem estas dois meses não para a escrita”, diz de 53 anos, revela que homenagens”, conclui o depois da Agualusa ao PÚBLI- é o preferido da sua escritor, que nunca chegou Omorte de Manuel António CO, destacando que filha de 8 anos. “Ela a conhecer Manuel Antó- Pina, numa iniciativa da esta é uma área que ri-se muito com este nio Pina. editora Tcharan que, além “devia ser mais valori- livro”, conta o escri- O júri do prémio, com- de querer prestar uma ho- zada”. “Afinal implica tor, explicando que A posto por Adélia Carvalho menagem ao escritor, quer a conquista de novos Rainha dos Estapafúr- (fundadora da Tcharan), promover a literatura para públicos”, acrescenta dios, ilustrado por Da- Inês Fonseca Santos (jor- a infância e juventude. Po- o escritor, para quem nuta Wojciechowska, nalista) e Álvaro de Ma- diam concorrer os autores deviam existir ainda conta as aventuras de galhães (escritor), decidiu com obras inéditas publi- mais prémios nesta ca- Ana, uma perdigota ainda atribuir uma menção cadas durante o ano de tegoria. irrequieta e curiosa, à especial, no valor de 500 2012. José Eduardo Agua- Para o escritor é na procura de uma rou- euros, a Emílio Remelhe, lusa estava na lista com A idade infantil que se pa mais colorida do que assina com o pseudó- Rainha dos Estapafúrdios começam a criar há- que aquela que a na- nimo Eugénio Roda o livro (D. Quixote) e acabou por bitos de leitura e por tureza lhe deu ao nas- minhamãe (Edições Etero- ser o escolhido. isso acredita que devia ser isso não é verdade, não são cer. “É um livro com muito gémeas), ilustrado por Gé- Foi com surpresa que o es- uma prioridade o incenti- um público nada fácil. As humor, que reinventa algu- meo Luís. critor, que recentemente vo e promoção da litera- crianças são muito aten- mas histórias tradicionais.” Estas duas distinções serão editou A Vida no Céu na tura para estas idades. “Há tas e é preciso sempre ter No valor de dois mil euros, entregues a 18 de Novem- Quetzal, recebeu a notícia, quem diga que é mais fácil muito cuidado na escrita, Agualusa diz que não é o bro, no Porto, data em que aplaudindo a iniciativa da escrever para crianças mas elas querem histórias com dinheiro que torna o pré- Manuel António Pina com- 44 FOLHA8 22 DEJUNHO DE2013 // CULTURA

Manifestação e Juventude: Caso de Angola

a construção deveres (ao risco de ser diálogo; (ii) seguir a moda moda é uma velha manta instruídos da maneira de do Estado- punido): as relações Esta- – porque todo mundo que ainda serve no corpo se comportar perante os -nação atra- do/Cidadão operam-se na o faz – a fim de “matar” jovem. Se durante a infân- agentes da Ordem Pública. vés de prin- base do “Respeito pelas curiosidade. cia, operou-se o processo E, o que é lamentável, seus cípios da instituições” e “Protec- Primeira razão: “Exprimir- de se familiarizar com o “líderes” não me parecem democracia, ção”. -se”. Muita coisa falta a que existe como norma, ter cuidadosamente me- a manifesta- Instrumentos da integri- juventude: (a) experiên- a juventude é de certo trificado os resultados de Nção é legítima, e devemos dade. A integridade da ju- cia que corresponda ao modo a faixa etária não só cada acção em relação ao considerá-la como veículo ventude compreende: conhecimento cognosciti- de exprimir-se (concor- objectivo principal; (iv) comportamental da juven- (1) Bem-estar, que signifi- vo, por isto, ela pensa ser dando ou discordando), seria errado considerar os tude (força do trabalho e ca: (i) proporcionar acesso “capaz” e é facilmente ali- mas sobretudo é mesmo manifestantes como “me- progresso) para fortalecer a uma boa educação; (ii) ciada a fazer coisas (a ma- uma explosão para afirma- liantes” e “desorientados” as instituições do Estado e distribuir as oportunida- nifestar, por exemplo) em ção de sua personalidade. ou ainda como “indisci- instalar “reservas” da esta- des de felicidade (bom troca de alguns benefícios É por isto que a juventu- plinados”. Os que hoje são bilidade política. emprego; boa renume- materiais visíveis (ou não); de está no epicentro das os nossos heróis foram Vamos supor que o Es- ração) contando com as (b) dinheiro: geralmente atenções. Mas, esta expe- no passado considerados tado seja “pai” perante a competências técnico- riência é uma “tomada de como “terroristas”. Se eles juventude, já que tem os -profissionais ou técnico- consciência”, e não “ges- não poderiam compactuar prorrogativos para efeito: -científicas dos cidadãos tão da ciência”. A diferen- com o colonizador, hoje os (i) autoridade legítima; (ii) concorrentes; (iii) desen- ça é a seguinte: (i) tomada manifestantes são angola- dispõe de instrumentos volvimento individual, so- de consciência é uma fase nos. Há uma possibilidade legais para proteger a inte- cial/cultural e económico de assimilar as teorias, de- de encontrar, entre eles, gridade da juventude. garantido pelas receitas pois de compreender os vários jovens delinquen- Autoridade legítima, im- fiscais que o Estado trans- propósitos: coisa da juven- tes. Mas é tarefa do Estado plica: forma em programas so- tude/sangue novo; (ii) ges- reencaminhá-los. Interes- (1) Respeito pelas institui- ciais, como forma de dis- tão da ciência é, depois de sante seria criar redes ou ções: (i) ao nascer, somos tribuir as riquezas. possuir a logística possível plataforma de diálogo en- sujeitos a um quadro jurí- (2) Protecção, que se tra- e a experiência suficiente, tre a Juventude e o Estado dico, sociocultural e eco- duz por: (i) garantir segu- politicar engenhosamente (Ministério da Juventude e nómico que “legitima” a rança individual, colectiva. o que já se sabe correc- Desportos) de forma con- nossa existência; (ii) toda Esta segurança é na saúde tamente: isto é coisa da creto. autoridade é legitimada (protege o cidadão de me- velhice!Na leitura históri- A expressão comum dos pelos sufrágios, e o Esta- dicamentos expirados, ou ca, o passado determina o manifestantes parece ser do/Governo coloca em dos consumos arriscados, a juventude não tem di- presente. Como, na verda- simples: (i) jovens querem marcha um sistema social etc.), na economia, etc.; nheiro, por se encontrar de, são as produções e as emprego, ainda que em que leva os seus cidadãos (ii) da mesma forma que na “fase de investimen- políticas de gerir as eco- maioria tenha pouca quali- a respeitar as instituições se protege um adolescen- to”. E, se por algum mila- nomias que determinam dade; (ii) a juventude quer que “legitimam” sua exis- te ingénuo, o Estado deve gre o tiver, difícil será de a sorte do “bem-estar” e um “bem-estar” social tência; (iii) “legitimar” a accionar prontamente os conservá-lo no futuro, por que nem todos são bem através da justiça social; existência sendo garantir mecanismos de socorro ser a “juventude” uma fase sucedidos,O Estado deve (iii) a juventude reclama os Direitos a Vida… e to- face aos perigos que o pró- de extrema ilusão. Ora, interpretar toda manifes- boa educação. Sei que isto dos Direitos civis, cobra- prio cidadão poderá criar por norma, a juventude é tação como “expressão da faz parte do programa do -se minimamente ao ci- na sua vida social, econó- a chave (mão-de-obra) do juventude” enquanto força MPLA/Governo. Portan- dadão o respeito pelas leis mica, cultural e política. desenvolvimento de qual- social. Ele deve estar sem- to, as manifestações são para o bem-comum (vida Já que são definidas as pre- quer país. Por esta razão, é pre pronto em interpretar sinal das insatisfações. social harmoniosa). missas da minha tese, vou credo que toda expressão as intenções que – ainda Um estudo das verdadei- (2) Direitos e Deveres: (i) formulá-la: se as manifes- da juventude através das que tenham armadilhas ras causas profundas seria os suportes socializadores tações são as expressões manifestações tenha sem- políticas ou militares – o interessante. Eu propõe, à (família, igreja e escola psico-comportamentais pre algum “adulto” por de- alerta de tomar providên- margem do censo popula- convencional ou não) são da juventude, importará trás. A Bíblia diz: “Ai de ti, cias de mudança. cional, que nas universida- as primeiras forças onde que todo Estado-nação ó terra cujo rei é criança…” As relações que as maniEm des locais se publique: (a) o cidadão se familiariza em construção (no caso (Eclesiastes, 10: 16a), pois relação a Angola, acho Os bolsas de pesquisas que sobre as normas. Ele res- de Angola, por exemplo), precipita-se o país para o universitários manifestam Mestres e Doutores pode- peita o pai; tem reverência tenha mais serenidade em abismo. muito exiguamente (em rão levar avante; (b) bolsas ao padre/pastor e deve resolver o epicentro das Segunda razão: “Seguir a 100 manifestante pode para finalistas de licencia- deferência ao seu mestre/ questões. moda”. Geralmente, os jo- haver menos de 10); (iii) turas em ciências sociais professor; (ii) o Estado Porque a juventude mani- vens pensam ser o epicen- a liderança das manifes- para que seus trabalhos garante os “Direitos” do festa-se? Duas razões fun- tro da moda, quando na tações é plural, menos de fim de curso sejam fun- cidadão, e este – devido damentais: (i) exprimir-se verdade são ideias injec- convergente e não prepa- dados neste aspecto; (c) a socialização que conhe- – a favor ou ao detrimento tadas pelos adultos. Nada rada. Percebi-me que os promover concursos nos ceu – cumpre com os seus – como forma de buscar é novo, tudo é velho. A manifestantes não eram meios académicos. FOLHA8 22 DEJUNHO DE2013 45 QUENTE\\

Problema de ética

qui vai um exercício que diz respeito ao conceito de ética, moral e senso de justiça. Angola acaba de obter uma espécie de prémio, de facto foi homenageada, no fim-de-semana passado em Roma, pela Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO), pelo cumprimento do primeiro Objectivo de Desenvolvimento do Milénio (ODM), ao reduzir Apara metade a percentagem da população afectada pela fome e mal nutrição. Uma coisa em grande, com diploma e tudo. Quando toda a gente está ao corrente que morreram crianças à fome no Cunene e na Huíla, este prémio apresenta-se ao mundo como sendo não só um enxerto de porrada aos mortos de fome no Cunene e na Huíla, mas também como uma gatafunhada mediáti- ca, parecidíssima com a cavaqueira de JES na plastificada entrevista da SIC (13.06.13)! Igualzinho! Só falta saber quanto custou aos angolanos, queremos dizer, ao povo de Angola que paga impostos, esta chuchadeira de “M....”! A esse respeito não podemos passar em silêncio o reparo que saiu das pena de Julius Consules, que aqui vai: «Afinal, mais uma vez, estava errado. Os objectivos do milénio de redução da pobreza são ao contrário, estava convencido que não. Onde se morre à fome, isto é que é atingir os tais objectivos. A FAO está correctíssima! E nós burros, como sempre! Portanto, quanto mais miséria e mais mortes pela fome, isto sim, é que é de louvar, porque significa a redução, o fim da pobreza. E em Angola não há corrupção, não há má governação, não há novos- ricos, não há pobreza, porque há muito já foi extinta. Agora uma coisa: e quando toda a população angolana morrer de fome, então sim, atingiu-se a obra-prima da redução da pobreza? Miserável, isto é miserável, um desprezo total por gente que sofre e morre de fome no nosso país, e não só na Huíla e no Cunene. Quanto mais tempo vai ser preciso para tapar a boca a esta “M,...” que ainda tem em mão os destinos de Angola? E o problema de ética então?...Ah! A ética…é o seguinte: digam só se isto é miserável e uma ofensa aos desnutridos do Cunene e da Huíla como aqui ficou expresso, ou digno de parabéns na medida em que se trata de um galardão para o país?

Brazuca e Mwangolé, mesmo combate

foto, ou melhor, o conjunto de fotos que apresentamos nesta página, relaciona-se com um levantamento popular que aconteceu na se- mana passada e princípio desta em várias cidades do Brasil. Impõe-se dizer agora e aqui que todas as manifestações que vêm acontecendo no Brasil e no mundo são decorrentes de problemas que Atêm sua origem, directa e indirecta, no sistema monetário, seus valores inerentes e comportamentos associados. Como causa destes distúrbios grandiosos, diga-se, a subida abrupta do preço dos bilhetes de corrida nos ômnibus (machimbombos) citadinos, uma insignificância E, a esse propósito, eis o comentário ad hoc pub- licado no Facebook: «Ganância, destruição do meio ambiente, desigualdade de acesso aos recursos, busca incessante por lucros, repressão em diversos níveis, violência física e psicológica, dentre outras coisas, são aspectos característicos de um sistema falido, que só irá nos levar à destruição... A certeza que desponta é a de que é hora de mudanças! Estamos acordando!» Até parece que foi escrito por um angolano sobre o que se está a passar no nosso país

JES, “The Great Angolan Disaster” onfessamos sem vergonha de confessar que estamos tristes, mas com vergonha do acon- tecimento que não nos sai da cabeça, ou seja, a figura de triste memória dada pelo nosso chefe supremo, JES, na entrevista plastificada num molde caseiro da semana passada, através da SIC, canal da televisão portuguesa. A verdade é que “o homem escolhido por Deus” para governar Angola, tal como muito boaC gente pensa por aí, não tem qualidades para ser presidente de qualquer país, talvez só de sua casa. “A bomba atómica hoje não serve de nada”, disse ele, entre outras derrapagens verbais. É possível que não saiba o que o que está a dizer por estar a ser mal informado, e por isso é que não dá entrevistas há mais de 22 anos. É considerado pela elite intectual angolana como um papagaio bem treinado pela máfia internacional e nós acrescentamos que não lhe vemos outra razão de agir senão a de enriquecer e defraudar o povo angolano. Entretanto, nas redes sociais foi divulgado um vídeo mostrando JES num bate-papo com o jornalista plastificado que lhe fez a entrevista e lhe enviou as perguntas que ambos tinham nas mangas. Mesmo aí, já com tudo planeado, as mãos do JES falaram muito mais do que ele próprio e confessaram que ele não tem categoria. O homem parecia um caloiro de entrevistas na inquieta expectativa de que, se se portasse bem, iria ter direito a uma boa nota. Nesse bata-papo antes da entrevista, o entrevistador falou, falou e JES praticamente não abriu a boca. Um desastre mediático incrível para um presidente! 46 FOLHA8 22 DEJUNHO DE2013 // DESPORTO

Palancas Negras Acabou o sonho do Mundial

erminou Angola jamais saiu vito- de forma rioso do estádio “Nelson inglória a Mandela”, em Kampala participação City, Uganda; aliás, foi na- de Angola quele recinto onde se esfu- “Palancas mou o prestígio do técnico T Negras” na Luís de Oliveira Gonçal- primeira fase das elimina- ves e provocou a “fuga” tórias qualificativas para prematura do treinador a campeonato mundial de francês, Hervé Renard, de- futebol (Copa do Mundo pois da goleada sofrida, no FIFA-2014), maior evento terreno dos “Cranes”, de- futebolístico, a decorrer na nominação oficial da con- República Federativa do junto nacional ugandês. De Brasil, entres os meses de vergonha, o mister gaulês Junho e Julho do próximo alegou atraso salarial para ano. justificar a escapadela. Às ordens de Gustavo Fer- No último embate com o rín, técnico de nacionali- Uganda, Gustavo Ferrín e dade uruguaia, a Selecção pupilos entraram dispos- Nacional de Futebol de tos a mudar o curso do Honra “Palancas Negras” destino, Angola, por in- consta do Grupo “J”, ao termédio de Job, marcou lado das congéneres do primeiro tento do desafio. Senegal, Uganda e Libéria. Quando faltavam dez mi- Apesar das surpresas do nutos para o fim do jogo, “desporto-rei”, tratou-se a selecção nacional do de uma série fácil, o fra- Uganda “ the Cranes” ru- casso é resultante do débil bricou dois golos, termi- desempenho técnico. nando o sonho dos “Palan- O fracasso da Equipa co- cas Negras” de chegar ao mandada pelo treinador -campeão da última edição referente à 5ª jornada do no Brasil, onde decorre a campeonato mundial de uruguaio, substituto de do CHAN, verificou-se Grupo “J”, zona África, de presente edição da Taça futebol do Brasil em 2014, José Carlos Fernandes Vi- no jogo contra a selecção apuramento ao Mundial das Confederações, com o maior evento desportivo digal “Lito Vidigal”, vice- do Uganda, em Kampala, da FIFA-2014, a realizar-se brilharete de Neymar. universal. Consulado infeliz de Pedro Neto

Antes de assumir o cargo Pedro Neto, aproveitou os da Selecção Nacional que de presidente da Federa- momentos iniciais da crise era uma das causas da po- ção Angolana de Futebol futebolística nacional e a lémica. Sem estratégias, foi (FAF), Pedro Neto foi dos crítica “severa” dos órgãos buscar o Gustavo Ferrín, principais críticos do ante- da Comunicação Social desconhecido no mundo cessor, Justino Fernandes, para chegar ao auge. O ain- do treinamento desporti- pelos resultados dos “Pa- da general das Forças Ar- vo, inclusive na terra dele. lancas Negras” nas com- madas Angolanas achou- Pedro Neto sabe que está petições continentais e da -se redentor dos “Palancas longe de alcançar os feitos qualidade dos árbitros no Negras”. de Justino Fernandes, en- Girabola, esqueceu-se dos Ladeado por João Lusevi- quanto responsável máxi- feitos inédito anteriormen- kweno, actual vice-presi- mo do organismo regente te alcançados; o apura- dente da FAF para as Rela- do futebol no País. Para mento para a fase final da ções Internacionais, Pedro justificar o infortúnio se Copa do Mundo (Alema- Neto parecia mesmo o esconde no programa “re- nha-2006) e quartos-de- salvador do desporto-rei novação dos Palancas Ne- -final do CAN. angolano, mas tudo co- gras”. O general está “afli- O sucessor de Justino Fer- meçou a fracassar quando to”, ainda só se mantem nandes no órgão reitor do decidiu manter Lito Vidi- no cargo por vergonha de desporto-rei em Angoa, gal no comando técnico anunciar a demissão. FOLHA8 22 DEJUNHO DE2013 47 DESPORTO \\ Girabola-2013 Libolo entra em “desespero”

á sem possibilida- volta. O actual treinador do des de conquistar conjunto Militar da Região o título da 34ª edi- Leste de Angola (Moxico) ção do Campeona- conseguiu conquistar dois to Nacional de Fu- títulos consecutivo na Vila tebol da I Divisão de Calulo. J(Girabola-2013), De acordo com a críti- face à diferença pontu- ca desportiva nacional, al com os três primeiros Rui Campos terá dor- classificados, a direcção mido à sombra da ba- do Recreativo do Libolo naneira, como se diz na do Kwanza-Sul, liderada gíria, face aos resultados por Rui Campos, demitiu conseguidos nas duas o técnico português, Hen- últimas edições do Cam- rique Calisto, e contratou o peonato Nacional de Fu- treinador angolano Miller tebol da I Divisão (Gira- Gomes, demitido da tur- bola-2011/2012), nas quais ma do Atlético Petróleos se sagrou campeão. “Ne- de Luanda pelas mesmas nhum dirigente desporti- razões. vo “glorioso” dispensaria Os maus resultados terão um treinador como Zeca influenciado na “senten- Amaral. O Recreativo do ça” da equipa directiva do Libolo está a pagar caro campeão em título, porque pela vaidade”. almejara a conquista do Na óptica do mesmo, a di- terceiro título consecutivo recção do clube da provín- na maior prova futebolísti- cia do Kwanza-Sul perdeu ca no País. Para tal, pensou a humildade demonstrada Rui Campos, teria de refor- Amaral e trouxe consigo o título terá cometido o pior do Futebol Clube Bravos nos dois primeiros anos çar o sector técnico com a luso Henrique Calisto, mas erro ao dispensar Zeca do Maquis, terceiro clas- no Girabola, esbarrou-se presença de um especia- antes despachou o mister Amaral que hoje desenvol- sificado do Girabola-2013 nos erros cometidos pelas lista mais experimenta- José Dinis. ve um trabalho exemplar e quando falta uma jornada grandes equipas (Petro e do, assim dispensou Zeca A direcção do campeão em digno de respeito à frente para o término da primeira d´Agosto). Angola procura título perdido

A Selecção Nacional de bem estudada e procurará Basquetebol Sénior Mas- resolver os jogos nos dois culina, às ordens de Paulo primeiros quartos e evi- Macedo, prepara-se para o tar o confronto físico, so- Campeonato Africanos das bretudo com adversários Nações da categoria “Afro- altos. Os objectivos estão basket-2013”, a decorrer bem definidos, resgatar a em Abidjan, Côte d’Ivoire. mística perdida na capital O “Afrobasket-Côte malgaxe. d´Ivoire-2013” está apraza- Para a operação na Côte do para os 20 e 30 de Agos- d´Ivoire, Macedo pré- to, razão pela qual o Cinco -seleccionou os seguintes Nacional já iniciou o está- basquetebolistas: Edmir gio pré-competitivo, a fim Lucas, Felizardo Ambró- de obter o resultado espe- sio, , rado por todos que passa Islando Manuel, Joaquim pela reconquista do título Gomes “Kikas”, Reggie africano, perdido para a Moore, António Monteiro, Tunísia em Antananarivo, Edson Ndoniema, Muto Madagáscar, no africano Fonseca, Roberto Fortes, de 2011. Carlos Morais, Divaldo Nesta edição, A Equipa Na- Mbunga, , cional, sob batuta de Paulo Paulo Santana, Eduardo Macedo, antigo base do Mingas, Milton Barros e 1ºde Agosto, vai com a lição Olímpio Cipriano. EDIÇÃONACIONAL KZ250.00 WWW.JORNALF8.NET ANO18 EDIÇÃO1147 22DEJUNHODE2013 SÁBADO

Rua Conselheiro Júlio de Vilhena, - 5º, aptº 19 «Só depois de: +335 dias Bairro Ingombota - Luanda A última árvore ser derrubada, BASTONÁRIO INFORMANTE Departamento Administrativo, Financeiro e Comercial: o último peixe ser morto, EDIção Manuela Joaquim o último rio envenenado, Hermenegildo Cachimbombo violou Secretariado, Publicidade e Marketing: os Estatutos da Ordem de Advogados, Paula Padrão vocês irão perceber que Folha ao enviar processos dos membros ao Tel: 391943 - 394077 Telefax 392289 Caixa dinheiro não se come!» SINFO e a PGR, para incriminar cole- Postal 6527 (Pensamento indígena) E-mail: [email protected] gas. Vergonhosa “bufaria”. E nisso os NACIONAL E-mail: [email protected] 8 bons acobardam-se com o silêncio. Quem tem pai na cozinha, tem tudo E do ovo nasceu uma… multimilionária não vão – como Isabel – almoçar em Londres num restaurante habitualmente frequentado por Bill Clinton e Tom Cruise. Ficam-se pela é ovo, é ovuéé... da Belinha lavras, ou pelos caixotes do lixo. é ovo... é ovuéÉ A provar o seu esforço de empreendedora, Isa- da morena... bel lembra que nunca esteve no mundo da po- lítica, mundo onde – apenas por acaso - manda deste a independência, em 1975, o partido que é liderado pelo seu pai. Com uma rara perspicácia empresarial, cer- tamente hereditária levando em conta que o êxito é comum à família, Isabel entende que “cresceu de forma muito mais rápida do que as infra-estruturas podiam acompanhar”. É claro que, embora longe da política, Isabel diz que as desigualdades se combatem “criando oportunidades e criando cada vez mais desen- volvimento, acordar de manhã e ir trabalhar, fazer alguma coisa”. Revela, aliás, algo que tem escapado ao benemérito pai. Ou seja, que exis- tem desigualdades no país governado pelo seu pai e desde 1975 pelo partido por ele também dirigido. Diz Isabel que “o pai gosta de cozinhar e de pei- xe” (provavelmente graúdo, ou não fosse ele um tubarão das causas humanitárias), acres- sabel dos Santos, modesta que é (sai, lhos estavam alimentados e iam à escola”. centando que “nunca tivemos o sentido da também neste aspecto, ao pai) não está Bem dito. Foi, aliás, esse espírito empreendedor grandiosidade”, razão pela qual “eu ia a pé para preocupada com clichés como o de ser da avó que também serviu para o êxito (aliado a escola”. um pouco mais do que milionária. Faz ao trabalho e ao conhecimento) do seu pai, por Para além de confessar os segredos do suces- muito bem. Preocupados devem estar sinal um dos mais carismáticos democratas da so, como ir a pé para a escola, Isabel também apenas e só aqueles para quem o farelo é era moderna. conta que o sentido para os negócios se revelou a base diária da dieta alimentar. A empreendedora de sucesso (maior accionista muito cedo pois “vendia ovos quando tinha seis IAo apresentar-se no New York Fórum África da Zon e da Unitel, a segunda mais influente na anos”. que se realizou este mês em Liberville, capital estrutura accionista do BPI) citou como áreas Mesmo indo a pé para a escola, Isabel recorda do Gabão, a multimilionária foi peremptória: de futuro em Angola as pescas, o sector mi- que “tinha cerca de 23 horas de aulas por sema- “Chamo-me Isabel e sou uma empreendedo- neiro e a indústria farmacêutica. Tudo porque, na, mais os laboratórios, mais os relatórios, pelo ra”. disse, “Angola goza de segurança, estabilidade que não havia tempo para divertimentos”. Toda Isabel (dos Santos) explicou que trabalha mui- e paz e isso permitiu o crescimento económico a atenção teria de estar virada para as galinhas, to e que a chave do seu sucesso “é o conhe- e o surgimento de inúmeras potencialidades”. para os ovos. cimento”. Tem razão, se bem que trabalhar Bem vistas as coisas, para além da educação Hoje, tal como ontem, “estou sempre a traba- muito só por si não chega. Já o conhecimento empreendedora e do conhecimento que her- lhar, sete dias por semana”, diz Isabel, expli- dá uma boa ajuda. Se a isso se aliar o trabalho dou do pai, Isabel nada beneficiou do ponto cando que “o trabalho é divertido”. Divertido e o conhecimento da família, então o sucesso de vista material do poder paternal. Como em porque “se se faz alguma coisa que vai dar um está garantido. tempos explicou, de cátedra, ao “Financial Ti- emprego a alguém, e essa pessoa depois pode Sobre as suas mais importantes referência de mes”, “há muitas pessoas com ligações familia- pagar a educação do seu filho, e depois o seu vida, Isabel citou a avó paterna: “O meu mo- res, mas que hoje não são ninguém”. filho vai ser um médico, que provavelmente delo seria alguém como a minha avó. Uma É, aliás, isso que se passa com a esmagadora ajudará muitas outras pessoas, isso é muito mulher africana que vendia no mercado, que maioria dos angolanos que têm ligações fami- motivante. Muito mais divertido do que ir acordava cedo e se assegurava que os seus fi- liares mas vivem na miséria. E estes, é claro, para a praia”.