EDIÇÃONACIONAL KZ250.00 ANO18 EDIÇÃO1155 SÁBADO 17 DEAGOSTO DE/2013 DIRECTOR WILLIAM TONET

Discriminação +298dias Judicial Procurador mentiu... O Procurador Geral Adjunto da República, Adão Adriano, mentiu, no dia 06 de Novembro de 2012, ao País sobre o advogado William Tonet, caluniando, difamando e colocando - o no desemprego sem provas. Até hoje nin- guém toma medidas. É a justiça ideológica, Folha WWW.JORNALF8.NET8 submissa e militarizada. MESMO SEM TSUNAMI, TAL COMO O HOSPITAL GERAL KILAMBA PODERÁ CAIR DEFEITO NAS INFRA-ESTRUTURAS

Próxima edição

É necessário “agarrar o touro pelos cornos”, quanto antes, pois os habitantes desta nova centralidade correm sérios riscos, caso não sejam rectificados, com urgência, problemas graves que estão a afectar as infra-estruturas dos edifí- cios. Existem lençóis de água que estão a afectar os caboucos , parta além de estar a ser consumida; através de bom- Kopelipa Junior, beamento a partir do Centro de tratamento das águas das fossas sépticas sem terem sido tratadas a 100%. acusado de burla General Nunda garante FORBES ACUSA Cabinda em estabilidade militar Na mesma altura em que a ISABELINHA EXPOENTE DA CORRUPÇÃO UNITA denunciava o assas - sinato, a tiro, de Luís Poba Sumbo, o general Sachipen - go Nunda, garantia que Cab - inda goza de estabilidade político e militar Ministro da Geologia Minas Pedras e armas com os generais O ministro das Minas reaf - irma o objectivo de aumento de 5% na produção de dia - mantes, um valor que pode ser ultrapassado caso as A nossa Isabelinha dos Santos, a condições de mercado o per- dilecta filha do “escolhido de Deus”, mitam a menina vítima de trabalho infantil Liberdade de imprensa (ainda pequenina já vendia ovos pelas ruas de ), amordaçada a nossa moderna “Regime intimida Ngola Ana Nzinga e alicia jornalistas” Mbande (ou Rainha Lisa Rimli, diz que muitos pro- Ginga) continua a ser jectos de imprensa estão no atazanada pelos pé- papel por a regulamentação rfidos mentores de da Lei estar parada desde um internacional eixo 2006. Denuncia ainda a in - do mal... timidação e aliciamento que o regime faz aos jornalistas. 2 FOLHA8 17 DEAGOSTO DE2013 // AQUI ESCREVO EU!

Um gigante com pés de barro

WILLIAM TONET [email protected]

s actuais di- rigentes de , de tão arrogan- tes e petulan- tes, desfilam Oos egos em passarelas barrocas de fal- sas grandezas. Tudo o que fazem rotulam como sendo maior de Áfri- ca e do mundo. Têm ab- soluta razão. A boçalidade também tem legitimidade em democracia, diferente da autoridade pagã em di- tadura. Na nossa selva indígena, a maldade dos barões, con- tra os pobres é institucio- nal. As injustiças contra os fracos são arrasadoras e a discriminação contra os que pensam diferente da cartilha regimental, só é su- perada pela Guiné Equato- rial, Zimbabwe, Coreia do Norte e China. fazendo recurso ao n.º 2 do tão desmedida, que a frau- Presidente da República. turpada pelos órgãos de O regime angolano, osten- art.º 23.º da Constituição de de, a corrupção, a discrimi- Sem eles, com instituições comunicação social pú- tando na lapela tão relu- Angola, “(…) ninguém, deve nação, a humilhação, os as- de cidadania, uma justiça blicos, para vaticinarmos zentes medalhas, não con- ser privilegiado (…) em ra- sassinatos encomendados despartidarizada e uma como será o quadro e o segue, até hoje, conviver zão da sua ascendência”. de membros da oposição e imprensa livre e imparcial, tratamento dos actuais com a democracia, por, Logo ela, como ucraniana- intelectuais não bajulado- o poder do actual MPLA dirigentes, caso ascen- como diz o Presidente da -angolana, filha de um dos res, justificam e encobrem esfuma-se em dois tempos. da ao poder um membro República, José Eduardo mais antigos presidentes os fins da ambição fascista, E este prognóstico não é radical das forças da mu- dos Santos, com a honesti- africanos no poder (32 anos que “tamis com ela”. por faltar mérito ou com- dança. dade e legitimidade que se sem nunca ter sido eleito), Diante deste quadro dan- petências internas, ao par- Por tudo isso, tenho a fir- lhe conhece, “lhes foi im- tendo-o sido, somente, em tesco, pese toda a publici- tido dos camaradas. Não! me convicção de que o posta”. eleições atípicas, ao come- dade e bajulação dos meios É por se ter transformado actual MPLA, privatizado Ora, quem não acredita na morar 33 anos de poder, de comunicação social do numa organização política como está, concorrendo democracia, não conse- mas com um ruidoso coro Estado, estamos diante privatizada, arrogante, pe- em igualdade de circuns- gue beber da sua água, tão de contestação, não deve de um gigante de pés de tulante, discriminadora e tâncias, sem batota, cor- pouco implantá-la, como ser apontada como um barro, capaz de ruir, com que cultiva o ódio por onde rupção e fraude, com as mandam as regras demo- claro exemplo de nepotis- um toque, bastando que a passa. demais forças políticas, cráticas, por estar intrinse- mo. Isso por haver vícios unidade dos excluídos se Basta ver como os adver- em qualquer pleito eleito- camente ligado às normas difíceis de um regime ha- efective e, tal como diz o sários são tratados e hu- ral; autárquico, legislativo ditatoriais fascistas. bituado a conviver com a pergaminho da democra- milhados, sem o mínimo ou presidencial, não tem Daí ser da mais pura inveja, ditadura branquear, conse- cia, o povo chame a si a sua de pudor, nas instituições condições de se sustentar a revista Forbes falar mal guir ultrapassar. Mas ain- soberania, nas urnas ou na públicas, incluindo o Par- no poder, por muito tem- de uma empresária de su- da assim se aceitou fazer rua, para inverter o actual lamento. Recordemo-nos po, porquanto a transpa- cesso inquestionável, Isabel a inversão de marcha, não quadro. da triste farsa e mentira rência, a lisura e a ética dos Santos, a primeira bilio- pode apenas avocar para a Isto porque o regime só que virou quase verdade, não fazendo parte da sua nária angolana e top 10, afri- sua esfera os benefícios da é forte, por controlar as protagonizada pelo líder cultura, facilmente su- cana, cuja riqueza foi feita a democracia, deve também forças policial, militar e da bancada parlamentar cumbirão, pois o eleitor pulso, vendendo na zunga, respeitar as suas regras. de segurança do Estado, do MPLA, a propósito tem consciência de que ovos de ouro, logo nunca Infelizmente, a apetência para além de deter ainda de uma proposta de lei Angola só será diferen- teve nada de Angola e dos pelo dinheiro e poder, por um outro aparatoso exér- da CASA-CE, matreira- te com uma mudança de angolanos de favor, nem parte da clique do regime é cito privado ao serviço do mente manipulada e de- políticas e de regime. FOLHA8 17 DEAGOSTO DE2013 3 DESTAQUE \\ ficha técnica Propriedade A lagoa pestilenta WT/Mundovídeo, Lda. Reg. n.º 62/B/94

Director William Tonet do Kilamba Director Adjunto António Setas TEXTO DE William Tonet e Arlindo Santana Félix Miranda

Editor-Chefe Fernando Baxi s desventu- fase da Centralidade do Passado mais ou me- nos vivem com menos de ras no (des) Kilamba (as obras esta- nos um ano, em meados 2 dólares por dia». Chefe de Redacção caminho da vam e ainda hoje estão do ano passado, 2012, a Genial! César Silveira comercia- longe do seu previsto ter- prestigiosa revista Natio- No sentido da mediocri- Editor Cultura lização das mo), os resultados práti- nal Geographic publicou dade a caminhar para o Nvunda Tonet A moradias cos dessa empreitada re- uma reportagem sobre a absurdo! Editor Economia da centralidade do Ki- dundaram num aparatoso centralidade do Kilam- Naturalmente, quando o António Neto lamba foram tantas, que fracasso, pois as mais de ba com o seguinte títu- Executivo, lá do alto do Editor Política & On-Line vale a pena fazer um rá- 20 mil moradias à venda lo: «Chineses de Angola seu pedestal de extra- Orlando Castro pido “flas-back” sobre os apresentavam-se como constroem cidade fantas- terrestre, soube da pu- acontecimentos passados praticamente invendáveis ma», desenvolvendo esta blicação desse artigo da Editor Nacional Fernando Baxi e debruçarmo-nos sobre e ficaram vazias durante epígrafe com alguns co- National Geografic, di- uma denúncia que chegou longos meses, denuncian- mentários que de laudati- fundida em quase todos Editor Sociedade à mesa da nossa Redac- do um desinteresse total vo nada tinham e de que os países do mundo, viu- César Silveira ção a propósito do que se no que toca à aderência salientamos aquele que -se obrigado vir a público Editor Desporto passa actualmente nesse de compradores das mes- melhor define o fracasso dar uma explicação aos Fernando Baxi aglomerado habitacional, mas. do projecto presidencial, angolanos e concluiu que Editor Regiões que, com tanto atropelo Por causa dos preços, «os apartamentos do Ki- era preciso aligeirar a bu- William Tonet por que passou, se poderia propostos sem levar mi- lamba foram propostos rocracia e o resultado foi aventar que se encontra a nimamente em conta o para venda, via publicida- o aparecimento de uma Redacção William Tonet, braços com algum feitiço! poder de compra do an- de on line, a preços entre espécie de inferno criado António Setas, Depois de JES ter inaugu- golano da classe média. 60 mil e 120 mil dólares pelas empresas Sonip, li- Félix Miranda, Fernando Baxi, rado pomposamente em É evidente que das clas- (que depois passaram a gada à Sonangol e a Delta César Silveira, Julho de 2011, de entre- ses mais carentes seria ser de 120 a 200 mil dóla- Imobiliária, agência liga- Orlando Castro, meio com muitos arrotos simplesmente absurdo res), não obstante se es- da, ela, à Sonip. Tudo em Tito Marcolino, Nvunda Tonet, de lagosta, a chamada 1ª falar. time que 2/3 dos angola- família. António Neto, Antunes Zongo, Luísa Pedro, Sedrick de Carvalho

Colaboradores Arlindo Santana Sílvio Van-Dúnem Gil Gonçalves Kassinda Henda Kuiba Afonso Wango Tondela Nelo de Carvalho Luís Filipe Patrício Batsikama Marta de Sousa Costa Fongani Bolongongo Domingos da Cruz Armando Chicoca Israel Samalata

Fotografia Theo Kassule Garcia Mayomona

Edição Gráfica Francisco da Silva (Editor Gráfico) ([email protected]) Sedrick de Carvalho ([email protected])

Administração & Finanças Manuela Joaquim

Secretariado & Publicidade Paula Padrão

Redacção Rua Cons. Júlio de Vilhena, n.º 24 - 5.º andar, Apart. 19; Tels: 222 391 943; 222 394 077; 222 002 052; Fax: 222 392 289; Luanda, Angola

E-mails [email protected] 4 FOLHA8 17 DEAGOSTO DE2013 // DESTAQUE O remendo furado de JES

Os geniais peritos do MPLA e do Futungo, co- adjuvados pelos cientistas da Sonangol, cozinharam então um sistema de pa- gamento que deveria, teo- ricamente, resolver o pro- blema do enchimento das casas virgens do Kilamba, baseado no princípio de pagamento de uma entra- da, variável segundo o tipo de residência (para um T3, por exemplo, entrada é de 16 mil dólares), seguida de um período de tempo vari- ável, entre 15 e 20 anos, se- gundo a idade do compra- dor, de pagamento de um aluguer levado em conta para o pagamento da resi- dência. Entusiasmadíssimas, cen- tenas de pessoas começa- ram a fazer fila de madru- gada em Luanda para se inscreverem como candi- datos a um apartamento nos projectos do Kilamba, Kapari, 44, Cacuaco e Zan- go. Pois é, mas o problema é que, além do oficial es- quema teórico de acesso à compra das residências, nomeadamente das do Kilamba, apareceram ou- tros esquemas em forma de vírus, hackers e outras espécies de parasitas, logo à entrada, no arranque do processo, a vender fichas que davam acesso à com- 200 a 400 dólares. De res- costume, digerida nas cal- tempéries e a centralidade pra de uma casa. A banda to, a propósito da obtenção mas pelos agentes de au- virou rio; depois havia as de parasitas chegava a pas- dessas fichas chegou a ha- toridade do Estado, que casas que rapidamente co- sar a noite no Kilamba para ver maka entre os homens também deviam comer no meçaram a apresentar fis- poder receber as fichas e ao serviço da Segurança mesmo bolo. E, entretanto, suras inquietantes; a partir em seguida poder cobrar do Estado, MININT de não se viu um único diri- de Fevereiro, de entremeio umas centenas de dólares um lado, FAA do outro, É que o sanea- gente mesmo da oposição, com inundações e hesita- por cada uma delas, reve- perante o olhar sereno da mento básico, levantar-se para denunciar ções, o regime conseguiu zando-se e colocando no- SONIP e da DELTA, que, feito em cima do esta vergonhosa situação, encontrar um meio de co- mes de pessoas que nem estando-se completamen- dir-se-ia mesmo que mui- mercializar as casinhas de sequer se encontravam no te a marimbar para o povo, joelho e ao` mais tos dirigentes, considera- sonho… local.” A rede estendeu-se estabelecia uma obrigato- baixo custo pos- dos por muitos populares, E agora, mais de dois anos até às bombas de combus- riedade de presença às 16h, sível, não deu va- como os palhaços do go- depois da sua espampa- tível próxima e pelo Kero às 20h, às 0h, e às 4h da zão` aos aluviões verno acham que tudo o nante inauguração pim- aonde se ia aglomerando manhã, e caso o mwangolé que se está a passar no Ki- pas, a centralidade con- “o povo faminto, por ter faltasse a umas das chama- causados pelas lamba é normal. É próprio. tinua a estar longe de ter passado dias ao relento, das o seu nome que estava intempéries e a Isto é Angola! chegado ao termo da sua sem se alimentar e a dor- nos números 50, rapida- centralidade virou Depois veio o tempo das construção, apresentando mir no chão”. Era só vê-los! mente se transformava em chuvas e o Kilamba trans- semelhanças inquietantes Naturalmente que o pes- 2182. rio formou-se numa espécie com um ovo oco que se soal de asseguramento da O mais espantoso de tudo de afluente do rio Kwanza. foi enchendo, mas mal, a polícia não podia ficar de isto, é que esta rebaldaria É que o saneamento bási- braços com defeitos de fa- fora deste quinhão, afinal sem nome, esta vergonha co, feito em cima do joelho brico graves, como prova isto é Angola e todo mun- inqualificável, esta rouba- e ao mais baixo custo pos- a denúncia que recebemos do se vira como pode, para lheira generalizada, toda sível, não deu vazão aos esta semana na nossa Re- eles o preço rondava entre esta sujeira foi, como de aluviões causados pelas in- dacção FOLHA8 17 DEAGOSTO DE2013 5 DESTAQUE \\ Kilamba de Agosto de 2013 consome águas das fossas

A denúncia sobre mais um percalço que assola o tor- tuoso percurso da comer- cialização das moradias e apartamentos da cen- tralidade do Kilamba foi- -nos comunicada por um pacato cidadão angolano, ex-expatriado na Alema- nha, que tinha regressado à pátria com a ideia fisgada de se instalar e colaborar no engrandecimento de Angola. Instalou-se na cidade do Kilamba, que ele pensava ser aquilo que a propagan- da do regime fazia e faz por intermédio da TPA, o que o levou a compará-la, na sua mente, às mais be- las e conseguidas cidades modernas do Mundo. O homem chegou, viu, bastante mal, e comprou gundo o ex-expatriado, era esse lago pestilento, o qual, quer dizer, os Executivos, próprios habitantes veri- um apartamento sem ter tão forte que ultrapassava como que para agravar a central e local, estão-se ficar de onde vinha essa realmente a noção exacta os limites do suportável, situação, já havia trans- borrifando para o bem- água nauseabunda e, eis o do que estava a fazer e de sobretudo ali, naquela bordado para a estrada, -estar duma centralidade que assevera o nosso in- onde se estava a meter. centralidade, orgulho de cerca de dois meses atrás, que deveria ser um ponto formador a propósito da Mas era na sua terra, sua Angola, pedra mestra da aquando de uma dessas fulcral da sua propagan- sua “descoberta”: “Pos- pátria grande, sua casa política governamental. chuvadas que a cada ano da política, Incrível mas so afirmar sem medo de própria, não podia estar Assim sendo, urgia tomar que passa fiscalizam o de- verdade «Deixa estar a errar, que esta água tem errado, comprou sem cal- algumas iniciativas para sempenho das autorida- aguinha. Isso fica para sido bombeada a partir cular. Só depois é que se minimizar a situação. des, invariavelmente com depois, temos negócios do Centro de tratamento apercebeu que a centrali- Em conversa com várias nota zero, pois os proble- importantes a concluir», das águas das fossa sép- dade era de meio-tostão pessoas, notou que muita mas e situações graves de parece ser isso o que se ticas sem terem sido tra- com falta de tudo e de gente não sabia de onde ontem, nos quais se pude- está a passar. tadas a 100%, no mínimo mais alguma coisa, nome- vinha toda essa imensa ram contar vítimas mor- Sendo este o cenário, de acordo com as normas adamente infra-estruturas quantidade de água que tais, perduram, reapare- considerando que era ne- exigidas, e é isso que pro- importantes, tais como, naquele local, por assim di- cem e por vezes com mais cessário “agarrar o touro voca o cheiro pestilento Hospital, Esquadra Poli- zer, estacionava e formava forças do que antigamente, pelos cornos”, foram os que se faz sentir nesta cial, Bombeiros, etc. zona», e acrescentou, «o Mas, como sobredito, ter ideal, seria tratar estas um tecto é sempre uma águas das fossas a 100% boa coisa na vida e ele lá e, depois de a tornarem se foi acomodando, até potável, então sim, cons- que, a certa altura, deu-se truir uma lagoa artificial, conta de algo de bizarro que até poderia ter pei- na entrada a sul do Kilam- xes, e fazer deste sítio ba, onde existe uma lagoa uma zonas de lazer». com águas esverdeadas Pois é, quando se vem e cheiro nauseabundo da Alemanha para An- frequentada por grande gola, as decalagem entre quantidade de famílias de o que lá se faz e o que mosquitos, que, por se ter aqui não é feito, inspira o tornado, graças à sua po- mwangolé a fazer sonhos dridão, uma fonte de re- assim, bonitos, mas im- produção desses insectos, possíveis de realizar por se foi transformando, ma- enquanto, enquanto mui- lembe, malembe, em um tos no poder conside- verdadeiro atentado a Saú- rados por muitos como de Pública, com tendência fazendo parte de uma se- para se ir agravando com o lecta e restrita camarilha passar do tempo. que governa Angola não O cheiro dessa lagoa, se- for posta no olho da rua. 6 FOLHA8 17 DEAGOSTO DE2013 // DESTAQUE

Forbes aponta favorecimento A nossa Isabelinha continua na ribalta

TEXTO DE Orlando Castro e William Tonet A FOLHA8 17 DEAGOSTO DE2013 7 DESTAQUE \\ FORBES TEM INVEJA E NÃO TEM ESPELHO

À falta de espelhos lá por casa, o pessoal da revista Forbes teima em adul- terar a nossa história, esquecendo-se que esta só pode ser escrita pelos vencedores. E estes são os donos do regime. Em Janeiro, a revista garantia RAFAEL MARQUES É UM DOS AUTORES DA DENÚNCIA DA FORBES que Isabel dos Santos, a muitos documentos. Eis filha mais velha do Pre- aqui o primeiro estron- sidente José Eduardo dos doso falhanço da matéria Santos, era – como se apresentada. Desde logo isso fosse crime - a mu- não falaram com a única lher mais rica de África. pessoa com conhecimen- Eis senão quando, agora, to dos factos e detentor a Forbes avança com um do diploma de dono da trabalho em que passa a verdade: José Eduardo O trabalho da For- pente fino as origens de dos Santos. A isso acres- bes é da autoria uma tão avultada fortu- ce que documentos váli- de Kerry A. Dolan, na. Diz a publicação que dos são apenas, reconhe- tudo tem origem no facto ça-se, os que constam da uma das coorde- de Isabel ficar com uma Presidência e que não nadoras da lista parte, sempre de leão, foram obviamente con- anual dos milioná- das empresas que se es- sultados. rios,` e pelo` nosso tabelecem no nosso país, Tanto quanto se sabe, ou da providencial as- nem Isabel dos Santos colega Rafael Mar- sinatura do pai (e então nem o empresário portu- ques, que dizem estavam à espera que o guês Américo Amorim, ter falado com progenitor servisse para parceiros umbilicais nos quê?) numa lei ou decre- negócios mais transpa- muita gente no to. rentes do mundo, foram terreno e consul- O trabalho da Forbes é consultados pelos auto- tado muitos docu- da autoria de Kerry A. res. É uma falha grave. mentos Dolan, uma das coorde- Kerry A. Dolan e Rafael nadoras da lista anual Marques falaram com as dos milionários, e pelo galinhas sobreviventes nosso colega Rafael mas esqueceram-se de Marques, que dizem ter auscultar a versão da ra- falado com muita gente posa que é dona do gali- no terreno e consultado nheiro. 8 FOLHA8 17 DEAGOSTO DE2013 // DESTAQUE PRINCESA DESMENTE AS CALÚNIAS

Fazendo uso da sua habitu- feitos em Angola ou em al e congénita filantropia, países a quem, como Por- Isabel dos Santos achou tugal, concedeu o estatuto por bem desmentir as afir- de protectorado. Para a mações da Forbes. Não te- revista, trata-se de uma ria sido necessário porque, “forma de extrair dinhei- na verdade, ninguém acre- ro do seu país, enquanto dita na revista e todos se se mantém à distância, ajoelham reverencialmen- de maneira formal”, o que te perante o “escolhido de lhe permite, “se for der- Deus”, venerando também rubado, reclamar os seus todo o seu séquito. bens, através da sua filha. Isabel dos Santos afirma Se morrer enquanto está que o artigo é obra de “um no poder, ela mantém o conhecido activista políti- saque na família.” co que, patrocinado por in- teresses escondidos, pas- seia pelo mundo a atacar Angola e os angolanos”. O comunicado do gabinete da Presidência… da filha do presidente esclarece que “Isabel dos Santos é uma empresária independente e uma investidora privada, representando unicamen- te os seus próprios inte- resses”. A revista norte-americana, Isabel dos San- cujo valor e isenção fica a anos-luz do emblemático tos afirma que o “Jornal de Angola”, diz pre- artigo é obra de to no branco que a história “um conhecido` de Isabel dos Santos, a mi- lionária de 3000 milhões activista político de dólares num país onde que, patrocina- 70% dos habitantes vivem do `por interesses com menos de 2 dólares escondidos, pas- por dia, “é uma rara jane- la para a mesma trágica seia pelo mundo a narrativa cleptocrática em atacar Angola e os que ficam presos muitos angolanos” outros países ricos em re- cursos naturais”. José Eduardo dos Santos, de 71 anos de idade, é o impoluto Presidente da que já foi Popular mas que hoje é apenas República de Angola desde 1979, e é o não menos impoluto chefe de Estado que governa há mais anos sem ser monar- ca. Todo este curriculum, ao contrário do que advo- ga a Forbes, legitima que José Eduardo dos Santos inclua a sua filha em to- dos os grandes negócios FOLHA8 17 DEAGOSTO DE2013 9 DESTAQUE \\ RIQUEZA DE FORMA TRANSPARENTE?

Isabel dos Santos tem 24,5% da Endiama, a em- presa concessionária da exploração mineira no Norte do país – criada por decreto presidencial, que exigia a formação de um consórcio com parceiros privados. Os parceiros privados da filha do Pre- sidente, que incluíam ne- gociantes israelitas de dia- mantes, criaram a Ascorp, registada em Gibraltar. Na sombra, diz a Forbes, citando documentos ju- diciais britânicos, tinha o negociante de armas russo Arkadi Gaidamak, um antigo conselheiro do Presidente angolano durante a guerra civil de 1992 a 2002. O escrutínio internacional dedicado aos diamantes, que também são sangue, explica a revista, aconte- ceu no mesmo período em que Isabel dos San- tos transferiu a sua parte do negócio, que a Forbes angolanos exangues, Isabel de Isabel dos Santos disse ve a Forbes. Os 25% que Amorim, que abarca as classifica como “um poço é dona de 25% da Unitel, a que ela contribuiu com ca- Isabelinha tem da Unitel áreas financeira, através de dinheiro”, para a mãe, primeira operadora de te- pital pela sua parte da Uni- são avaliados, segundo do banco BIC, e petrolífera, uma cidadã britânica. lecomunicações privada tel, mas não especificou a analistas financeiros ouvi- através da Amorim Ener- Tudo continua em casa, do país, e que resultou de quantia; um ano depois, a dos pela revista, na módi- gia e dos seus negócios sublinha a revista. um decreto presidencial Portugal Telecom pagou ca quantia de mil milhões na Galp e com a Sonangol, Além dos diamantes, que directamente para a filha 12,6 milhões de dólares por de euros. tem sido um sucesso. A sendo de sangue deixam os mais velha. “Um porta-voz outra fatia de 25%”, escre- A parceria com Américo revista lembra o investi- mento de 500 milhões na portuguesa ZON e explica também como Isabel dos Santos acabou por ficar à frente da cimenteira an- golana Nova Cimangola, também através (mera coincidência) de negócios com Américo Amorim. Depois de a Forbes a ter declarado como uma bi- lionária, o “Jornal de An- gola”, órgão oficial do re- gime, exultava a caminha do Prémio Pulitzer com prosas também dignas de um Nobel: “estamos mara- vilhados por a empresária Isabel dos Santos se ter tornado uma referência do mundo das finanças. Isto é bom para Angola e enche os angolanos de or- gulho”. Pois é. Se ao menos o or- gulho enchesse a barriga, a esmagadora maioria do nosso Povo daria às filhas o nome de Isabel e aos fi- lhos o de José Eduardo. 10 FOLHA8 17 DEAGOSTO DE2013 // DESTAQUE

Reservas morais se esfumam perante uma audiência de 700 convidados, na sua qualidade de accionista de referência e presidente do Conselho-Geral e de Su- Até Tu, Lopo! pervisão da Coba. “No próximo ano iremos a TEXTO DE Rafael Marques Argélia e juntamente com a Sonangol contamos en- trar em três novos países africanos. Estes movimen- tos deverão ser realizados em perspectiva idêntica à que utilizámos em Ango- la, no âmbito de parcerias com empresários locais”, disse Lopo do Nascimento na ocasião. Conclui-se então que a So- nangol dá para tudo. No entanto, a questão fundamental mantém-se: porquê e para quê o país precisa de leis, mesmo quando os representantes eleitos do povo e as suas reservas morais não as respeitam? A Constituição é clara quanto às incompatibilida- des de Lopo do Nascimen- to, ao acumular funções de deputado com um cargo social de uma sociedade comercial. Ademais, o deputado do MPLA man- tém uma relação jurídico- -laboral com uma empresa trajectória de assumiu o cargo de presi- rais subordinadas com em- nangol, e o líder da Sonan- estrangeira. Como presi- Lopo do Nas- dente do Conselho-Geral presas estrangeiras ou or- gol é o engenheiro Manuel dente do Conselho-Geral cimento, ac- e de Supervisão da Coba, ganizações internacionais”. Vicente. Ao ser o líder tem e de Supervisão, o deputa- tual deputado uma das maiores empresas Já a Lei da Probidade defi- a maioria do capital. Outra do tem responsabilidades do MPLA na portuguesas de consultoria ne como acto de enrique- pessoa fundamental para legais para com a Coba, Assembleia em engenharia civil e am- cimento ilícito a obtenção nós é o doutor Lopo do contrariando o disposto na ANacional, como a voz mo- biental. de vantagem económica Nascimento, que é parte Constituição da sua pátria. derada, credível e crítica Em 2010, Lopo do Nasci- “para intermediar a dispo- desse consórcio e que já é Na realidade, são vários os do regime, é digna de um mento formou um con- nibilização ou a aplicação nosso parceiro em Ango- deputados do MPLA enga- livro. Durante muitos anos, sórcio empresarial com a de verba pública de qual- la. Há também um banco jados na prática de acumu- vários sectores da socieda- empresa pública Sonangol, quer natureza”. angolano, e não preciso lação de funções incompatí- de, quer no seio do regime que adquiriu 49 porcento Por altura da conclusão do saber mais. Se houver mais veis. Em abono da verdade, quer no seio da oposição e da Coba, ao mesmo tempo negócio, em 2011, o pre- alguém, será alguém que já há deputados da oposi- da sociedade civil, alimen- que era deputado na As- sidenta da Coba, Ricardo tem uma posição minori- ção que também seguem a taram a esperança de que sembleia Nacional. Oliveira, disse ao Diário tária”. mesma prática, com a mes- Lopo do Nascimento seria Lopo do Nascimento, con- Económico que “há cer- Não há qualquer informa- ma convicção de impunida- o candidato presidencial tinua a exercer, cumula- ca de um ano, o grupo de ção pública sobre o mon- de. Caso paradigmático é o ideal para congregá-los. tivamente, as funções de Lopo de Nascimento pro- tante investido pelo con- do antigo secretário-geral Viam nele uma reserva deputado e de presidente pôs-nos fazer esta parce- sórcio angolano ou sobre a da UNITA e actual deputa- moral da política nacional. da Coba, baseada em Por- ria, um processo que está contribuição financeira do do à Assembleia Nacional, No entanto, também se tugal. agora concluído”. Na altu- Estado angolano, através Lukamba Paulo “Gato”, que reconhecia em Lopo do Segundo a Constituição, ra, ninguém questionou, da Sonangol, para a referi- preside, cumulativamente, Nascimento, que já ocu- o mandato de deputado como a Sonangol, empresa da empreitada. O relatório ao conselho de administra- pou os cargos de primeiro- é incompatível, entre ou- pública, pode ter feito par- e contas da Sonangol, de ção da Yoka, uma empresa -ministro e secretário-geral tros, com “o exercício de te do grupo empresarial 2011, não faz qualquer refe- de empreendimentos e in- do MPLA, falta de coragem funções de administração constituído pelo deputado rência ao seu investimento vestimentos. para enfrentar abertamen- e gerência ou de qualquer do MPLA, para o efeito. na Coba, assim como não Dada a frequência destas te o presidente José Eduar- cargo social em sociedades Em entrevista ao Público, a inclui entre as suas asso- práticas e a impunidade do dos Santos e o seu cír- comerciais e demais insti- na altura, Ricardo Oliveira ciadas. com que são abertamen- culo de poder pessoal. tuições que prossigam fins explicou a estrutura accio- Por ocasião do 50° aniver- te mantidas, a Assembleia A respeitabilidade política lucrativos”. A Constituição nista da Primagest, a em- sário da Coba, celebrado Nacional bem pode rasgar cultivada por Lopo do Nas- estabelece, também, como presa angolana que ficou no Centro Cultural de a Constituição e declarar cimento passou a ser ques- incompatível, “o exercício com a Coba: “Já referi que Belém, em Lisboa, Lopo Angola um Estado de Anar- tionável quando, em 2011, de relações jurídico-labo- o líder do consórcio é a So- do Nascimento discursou quia. FOLHA8 17 DEAGOSTO DE2013 11 DESTAQUE \\ Irá Eduardo dos Santos adoptar as teses do seu amigo Mugabe? presidente sos seguirem o exemplo do Zimba- de Desmond Tutu e do bwe, Robert arcebispo de York, John Mugabe, Sentamu, no seu apelo a aconselhou Deus para que Mugabe O os oposito- seja afastado da Presidên- res que estão a contestar cia do Zimbabwe”. a vitória de Robert Muga- “Ele tem de ser afastado be, nas eleições de 31 de à força para que acabe o Julho, a “enforcarem-se”. sofrimento dos filhos de Se calhar alguns dos seus Deus no seu país”, referiu homólogos têm outras es- Seoka, salientando que tratégias mas, ao fim e ao “pedir o afastamento não cabo, a finalidade é a mes- adianta”. ma. E não adiantou. Aliás, re- “Os que estão chocados corde-se que em Novem- com a derrota, podem bro de 2008, o Governo do enforcar-se, se quiserem. Zimbabwe, aquele prós- Nunca desistiremos da pero e democrático país nossa vitória”, declarou do sul de África que é na o chefe de Estado zim- actualidade o maior expor- babueano, de 89 anos de tico”, acrescentou Muga- Condoleezza Rice, defen- “Estragos e mortes sem tador mundial de... refu- idade, no poder há mais de be. Aliás, já em Junho de deu a demissão pela força conta”? Se este for o baró- giados, vetou a entrada no 33, e agora reconduzido no 2008, afirmara que o “Povo de Robert Mugabe. Mas metro, Joe Seoka tem de país do ex-secretário-geral mandato, por cinco anos. do Zimbabwe deu uma li- tudo ficou por aí. acrescentar muitos, mas da ONU, Kofi Annan. De nada e para nada conta ção de democracia”. Desmond Tutu, para muitos, outros nomes à Aliás, Robert Mugabe im- o facto de tanto a oposição As afirmações de Robert quem, “entre outros cri- listagem dos potenciais pediu a visita de Kofi An- como os observadores lo- Mugabe (ou Frankenstein, mes”, o presidente do Zim- Hitleres. nan, do antigo Presidente cais, terem verificado vá- segundo Desmond Tutu) babué “destruiu um país O responsável religioso norte-americano, Jimmy rias fraudes no escrutínio. têm levado o arcebispo lindo que até foi um celei- sul-africano não poupou Carter, e da activista dos É, aliás, caso para dizer sul-africano e prémio No- ro da região”, advoga até críticas aos dirigentes po- Direitos Humanos, Graça que, como noutros países, bel da Paz, tal como já fize- o afastamento de Robert líticos da Comunidade de Machel, que pretendiam as fraudes são a alma de ra Nelson Mandela, a fazer Mugabe pela via militar. Desenvolvimento da Áfri- avaliar a situação humani- algumas “democracias” críticas ferozes ao presi- Também o bispo anglica- ca Austral (SADC), acu- tária no país em nome do africanas. dente do Zimbabwe. no de Pretória, Joe Seoka, sando-os de protegerem “Grupo dos Anciãos”, ao O adversário derrotado, Certo é que estas críticas considerava já em 2008 há longos anos o “camara- qual pertencem. o primeiro-ministro ces- de altos dignitários mun- que o Presidente do Zim- da de ditadura” do Zimba- Sejamos francos. O que sante, Morgan Tsvangirai, diais e vizinhos, Angola babué, “deve ser visto bwe. eles queriam era (e é por do Movimento para a Mu- é uma excepção dado os como um Hitler do sécu- Será caso para dizer que essa e por outras que a dança Democrática (MDC, laços de amizade entre os lo XXI, uma pessoa sem tanto são Hitleres os que amizade entre Eduardo oposição), apresentou um presidentes, não altera- consciência, nem remor- protegem Hitler, como o dos Santos e Robert Mu- recurso aos tribunais para ram a estratégia de Robert sos e um assassino”. Hitler propriamente dito? gabe é indestrutível) ata- tentar invalidar o escru- Mugabe que, aliás, as co- É claro que, do ponto de “A liderança da SADC e as zanar a paciência do pre- tínio, por considerar que mentou dizendo que “nem vista do regime angolano, suas estruturas têm prote- sidente. E ele, como bom as listas eleitorais tinham Mandela nem Tutu sabem não é correcto chamar Hi- gido o seu camarada de di- democrata que é, não está sido manipuladas de for- o que dizem quando falam tler a Robert Mugabe. Essa tadura enquanto os líderes com paciência para aturar ma a favorecer a vitória de do Zimbabwe”. designação, segundo a tese internacionais apelam, em gente preocupada com Robert Mugabe e do parti- E não sabem porque são oficial, tem mais cabimen- número crescente, ao seu uma coisa que não existe do União Nacional Africa- falsas as alarmantes notí- to quando dirigida a esse afastamento. Membros da no Zimbabwe: direitos hu- na do Zimbabué - Frente cias sobre a intimidação inimigo público mundial SADC como o Botswana manos. E se não existe... Patriótica (ZANU-PF). levada a cabo pelas forças que dava pelo nome de Jo- têm, no entanto, levantado Harare acusou o “Grupo A oposição, tal como os do Governo para que o nas Savimbi. Qual Robert a voz em protesto contra dos Anciãos” (criado em observadores, deveriam povo fosse votar em quem Mugabe, qual Idi Amin, as violações dos direitos 2007 por Graça Machel e estar felizes com a cres- devia. Tão falsas que, diz qual Jean-Bédel Bokassa, humanos no Zimbabwe, pelo seu marido, Nelson cente modéstia do presi- Robert Mugabe, “a demo- qual quê!? expressando preocupa- Mandela) de apoiar o Mo- dente já que, numa clara cracia funcionou e a esma- O bispo Seoka acusou Ro- ções que continuam a ser vimento para a Mudança prova da vitalidade demo- gadora maioria do povo bert Mugabe de ter provo- ignoradas pelos outros”, Democrática (MDC), o crática do pais, Mugabe votou em mim”. cado, durante a sua eterna afirmou o bispo anglicano principal partido da opo- só foi reeleito na primeira Todo o mundo, com a ex- governação no Zimbabwe, da capital sul-africana. sição. volta, com 61% dos votos, cepção oficial de Angola, “estragos e mortes sem Para o prelado, que em Lu- Seja como for, Robert contra 34% de Tsvangirai. sabe o que se passa mas, conta” e exortou África e anda ninguém sabe quem Mugabe parece ter razão “Apresentamos a demo- mais uma vez, nada faz. a comunidade internacio- é (como não sabe quem é quando afirma que só cracia numa bandeja. É pe- Em tempos, num devaneio nal a afastarem Mugabe do Desmond Tutu ou Nelson Deus o poderá demitir. gar ou largar, mas o povo para africano ver, a secre- poder pela força a bem do Mandela) “chegou a hora Não é o único a pensar as- esteve num acto democrá- tária de Estado dos EUA, país e do povo. de todos os líderes religio- sim. 12 FOLHA8 17 DEAGOSTO DE2013 // DESTAQUE Um laranja discreto Mbakassy compra Soares da Costa antecipando-se a eventuais surpresas internas TEXTO DE Orlando Castro e William Tonet

empresá- rio António Mosquito acaba de comprar dois terços Odo capital da empresa portuguesa Soares da Costa Construção, o que acontecerá através de um aumento de capital de 70 milhões de euros que será subscrito integralmente em dinheiro. Como em Portugal, não foi preciso dizer de onde vinha tanto dinheiro, nem de quem é procurador, o provável, o homem deu a cara, assumindo mais uma nefasta engenharia para a fuga de capitais, visando o resgate de uma empresa portuguesa que vivia dificuldades de te- souraria. Estranho é um empre- sário angolano, não ser sensível ao desempre- go de milhares dos seus compatriotas, bem como construtora portuguesa. de assimilação imposta de algumas obras no nos- a falência de centenas de Ficam, contudo, algumas pelo Presidente da Repú- so país. construturas angolanas, dúvidas. O que leva um blica e do MPLA? No dia 14.08, dia seguin- mas comover-se com a empresário angolano, de Certo é que a Soares da te ao anúncio da entrada desgraça lusa... assinalável êxito, a com- Costa fechou o ano de de António Mosquito, as Do ponto de vista da sa- prar uma empresa es- 2012 com um prejuízo de acções da construtora lubridade económica e fi- trangeira quando poderia 47 milhões de euros, o que chegaram a disparar 28%, nanceira da Soares da Cos- montar uma, de raiz, no compara com um lucro de mas terminaram a sessão ta, a entrada de António seu país e assim ajudar a 2,4 milhões de euros no bolsista com uma valoriza- Mosquito foi o que melhor economia nacional? ano anterior. No primeiro ção de 12% para 0,28 euros, poderia acontecer, mesmo Estará António Mosquito, semestre deste ano regis- tendo trocado de mãos estando por definir os con- a exemplo do que fez em tou um resultado líquido 3,24 milhões de títulos. tornos exactos do negócio. várias situações, a anteci- não – pôr ao “fresco” uma negativo de 9,2 milhões de Com esta operação de Acredita-se, por outro par com rara perspicácia boa reserva financeira, evi- euros (14 milhões de per- venda, o Grupo Soares da lado, que do ponto de vista (ou será mera futurologia?) tando qualquer surpresa das em período homólogo Costa, até agora controla- de António Mosquito, des- eventuais e talvez drás- por parte dos seguidores do ano passado). do a 71% por Manuel Fino, de logo porque não é no- ticas mutações políticas do “escolhido de Deus”? O volume de negócios terá uma posição secundá- vato na matéria e ao longo internas que possam ter Temerá António Mosqui- caiu 26,3% neste período, ria e limitada a 33,3%. de décadas não tem dado reflexos económicos, fi- to que os herdeiros dinás- descendo de 428,5 para Tecnicamente a opera- pontos sem nó, também nanceiros e empresariais? ticos de José Eduardo dos 315,9 milhões de euros, ten- ção, mais uma, liderada seja um bom negócio. No Sendo a ponderação uma Santos venham, ao contrá- do a quebra sido registada pelo empresário angolano cômputo até é possível das suas qualidades, esta- rio do que aconteceu nos quer no mercado nacional enquadra-se no conceito que seja mais vantajoso rá o empresário nascido últimos 34 anos, a roer a (44%) como internacional macroeconómico da es- para a estratégia pesso- no Huambo (cujo pai foi corda, alterando – talvez (17,6%). Para este compor- tabilidade financeira da al do fundador do Grupo o primeiro negro a ter um por já não considerarem tamento terão contribuído empresa e na criação de M’Bakassy do que para a BMW) a – pelo sim e pelo necessária – a estratégia as demoras no arranque sinergias que coloquem a FOLHA8 17 DEAGOSTO DE2013 13 DESTAQUE \\

Soares da Costa Constru- é candidata à exploração ção numa posição de lide- onshore. Mais recente é rança que, apesar de rela- a sua aposta mineira. Há tiva, poderá abrir novos cerca de 15 anos, quando horizontes e estabilizar as confrontado com a even- operações em curso. tual alienação da partici- Por outro lado, a injecção pação da SPE -Sociedade deste montante vai fun- Portuguesa de Empreen- cionar como estabilizador dimentos na SML - Socie- e, eventualmente, como dade Mineira do Lucapa, desacelerador do endi- António Mosquito foi a vidamento bancário do jogo. O negócio não avan- grupo, que ronda os 228 çou porque o Governo milhões de euros. português reconsiderou a De novo a escolha de intenção de se retirar do António Mosquito resul- sector dos diamantes. tou da análise feita pelo O nome de António Mos- BCP, banco cujo principal ciou-se à Teixeira Duarte geiro e esquecer o que é a protecção do imenso quito surge igualmente accionista é a Sonangol, e à brasileira Odebrecht, nacional. guarda-chuva do regime. associado ao negócio, junto de potenciais inves- tem 12% do Banco Caixa Mais do que o seu presen- E foi isso mesmo que fez. supostamente através de tidores que, como se sabe, Geral Totta de Angola, te, o passado demonstra Embora mantendo a sua concurso, da instalação gravitam todos em redor onde o banco do Estado uma enorme seriedade, equidistância política, An- em Angola de uma linha do núcleo duro do regime, português, em união com mensurável – por exem- tónio Mosquito aproveita de montagem de automó- o que nesta altura é consi- o Santander, detém 51% (a plo – pelo facto de, depois todos os ventos favoráveis veis Volkswagen e Sko- derado condição “sine qua Sonangol conta com 25%) da fuga para Portugal dos para que as suas empresas da em 2005. A empresa non” para negócios com e é sócio da Novabase. É proprietários da Olivei- naveguem a grande velo- vencedora, registada nos este volume de dinheiro. ainda accionista em outros ra Barros & Cia, António cidade e sem problemas. EUA, comprometia-se a Recorde-se que a Soares três bancos, importador Mosquito ter ficado a gerir No entanto, ao contrário vender 49% da sua filial da Costa tem em Angola das marcas Audi e VW, e a contento a empresa. do que lhe era habitual, angolana a cinco entida- a sua galinha dos ovos de investidor petrolífero. Há Depois disso seguiu-se o vira-se agora para inves- des: a M’Bakassy & Fi- ouro, desde logo porque pouco tempo criou um nada inocente apoio do re- timentos no estrangeiro, lhos; a Acapir, de Tchizé o ano passado o nosso fundo de capital de risco, gime que, perante as muta- facto que permite algumas dos Santos, filha do pre- país teve um peso 44,1% António Mosquito Capital ções políticas e económi- especulações, sobretudo sidente da República; a no volume total de negó- Partners. cas mundiais, necessitava de índole política e que GEFI (outra empresa do cios, o que correspondeu a António Mosquito é consi- de ter empresários priva- passam pela manutenção MPLA); a Suninvest, da 353,5 milhões de euros, um derado, leve-se ou não em dos que dessem cobertura de capitais e de fontes de Fundação Eduardo dos crescimento de mais 8% conta a imprescindível e à tímida e ainda hoje insi- rendimento fora de Ango- Santos; e a Tchany Per- em relação a 2011. incontornável bênção de piente economia de mer- la. digão Abrantes, prima de Portugal, que é o segundo José Eduardo dos Santos, cado. António Mosquito O êxito do seu Grupo Tchizé. maior mercado do grupo, um empresário pondera- aliava ao prisma económi- M’Bakassy começou com Registos dessa altura valeu 236,5 milhões de eu- do, capacitado e ligado a co-empresarial o facto de, a importação de carros apontam para o facto de ros (uma queda de 28%). “task force” do Presidente sem ser hostil ao regime, Audi e VW, quase todos António Mosquito ter fi- Embora o acordo com An- da República, sendo mes- ser etnicamente conotado destinados ao Estado; cado “virado do avesso” tónio Mosquito tenha a va- mo apontado como “laran- com a UNITA. construção civil (Odebre- por lhe terem sido reti- lidade de seis anos, causa ja” em muitos negócios, da O empresário sabia, sem- cht e Teixeira Duarte), rados 16% da sua quota alguma estranheza que a “família real”, pese embora pre soube, que só poderia exploração petrolífera, a favor da filha do Pre- Soares da Costa Constru- a, pelo menos aparente, dar o salto e ansiar por através da Falcon Oil (re- sidente da República, ções continue a ser quem pouca racionalidade de novos voos empresariais gistada no Panamá), que curiosamente nomeada manda na sucursal de An- apostar no que é estran- se, de facto, estivesse sob detém 10% do Bloco 33 e na altura vice-presidente gola e, ainda, que sejam do consórcio. Desagra- excluídos os negócios nos dado com as suspeitas, EUA e em Israel. puxando dos galões da Ou seja, António Mosqui- Quem é António Mosquito sua honorabilidade, o to é o accionista principal presidente Eduardo dos e maioritário, mas as deci- António M’Bakassy nasceu faz 58 anos, na Calenga, província do Huambo, onde com Santos deixou bem claro, sões estratégicas (dividen- 17 anos trabalhava como gerente de uma fazenda de sisal na Caála de Oliveira Barros preto no branco, junto do dos, fusões, aumentos de & Cia. Com a independência de Angola, os líderes da empresa vieram para Portugal representante da empre- capital etc.) terão de ter a confiando assim a António Mosquito a gerência da firma, tendo sido este o ponto de sa vencedora e de Antó- concordância do Grupo partida para o seu sucesso empresarial, juntando com mais alguns trocos do pai, que nio Mosquito que não fo- Soares da Costa, ou seja de era um empresário de sucesso ligado ao sector do milho. ram levantadas suspeitas Manuel Fino. Conhecido pela discrição, não assume publicamente uma filiação política, mas a sua de favorecimento da sua Embora aposte na diver- estrada só é possível com afinidades ao MPLA e, principalmente, ao Presidente da filha. Segundo a impren- sificação dos negócios (a República. Os seus negócios abrangem principalmente quatro importantes áreas: sa alemã, de Julho aquisição do grupo por- os automóveis, a construção civil, o petróleo e os diamantes, sendo o seu grupo de 2005, o presidente da tuguês Controlinveste empresarial Mbakassy & Filhos a principal plataforma para actuar em diferentes Volkswagen, Bernd Pis- ainda está viva mas em sectores, além da holding GAM (Grupo António Mosquito) que controla cerca de chetsrieder, adiou os pla- lista de espera), António duas dezenas de empresas. nos de instalação da linha Mosquito sente-se nas Um dos grandes negócios de António Mosquito era a importação de automóveis de montagem de viatu- empresas de construção Audi e Volkswagen para vendê-los principalmente ao Estado angolano. Actualmen- ras, em Angola, devido a como bagre nas águas do te vendeu a maioria das acções a Isabel dos Santos, filha do Presidente da República. alegações de corrupção Rio Keve. Detém a CCL Também a construção civil desempenha um papel importante na sua vida, tendo de gestores seus ligados - Construção Civil, asso- forjado parcerias em Angola com a gigante brasileira Odebrecht e a Teixeira Duarte. ao projecto. 14 FOLHA8 17 DEAGOSTO DE2013 // POLÍTICA General Nunda garante que em Cabinda afinal há estabilidade política e… militar abinda conti- ca do Congo e entram em gem o campo petrolífero bre se espera que o pro- razão da força e não da for- nua na ribalta. Angola para fazer actos de de Malongo”. blema de Cabinda seja ça da razão”. Na mesma al- banditismo”. As acusações à Igreja Ca- resolvido de uma forma Do ponto de vista do maior tura em que o Por sua vez as autoridades tólica de Cabinda, na al- idêntica à de Timor-Leste, partido da Oposição ango- Secretariado de Kinshasa, cujo país tem tura feitas pelo general o padre Jorge Congo sem- lana (UNITA), “é lamentá- provincial da uma fronteira com Angola Sanjar mas que continu- pre disse que “a política é vel a ausência de estraté- CUNITA denunciava o as- de 2.511 quilómetros, afir- am na primeira linha dos algo de muito incerto, e ao gias claras para pôr cobro sassinato, a tiro, do seu mavam que “não apoiam pesadelos do regime ango- contrário de muitos que ao conflito prevalecente militante Luís Poba Sum- movimentos que queiram lano, reflectem o facto de defendem a autonomia, eu em Cabinda, que continua bo no bairro 1º de Maio, o desestabilizar qualquer alguns prelados assumi- espero pela independên- a produzir as mais flagran- chefe do Estado Maior Ge- país vizinho, muito menos rem abertamente a defesa cia”. tes violações dos direitos neral das Forças Armadas Angola com quem têm dos cabindas, indo alguns Jorge Congo aponta duas humanos”. Angolanas, general Geral- muito boas relações”. ao ponto de advogarem a razões, “a primeira é por- Nzita Tiago, líder de uma do Sachipengo Nunda, ga- Já nessa altura, no seio das própria independência do que temos todo o direito das facções que se bate rantia que a província de Forças Armadas Angola- território. de pedir a independência de armas na mão pela in- Cabinda goza de estabili- nas, dizia-se que as afirma- Quando questionado so- porque a história está do dependência de Cabinda, dade político e militar que ções do general Sanjar vi- nosso lado. Em segundo, revelou que logo após a permite a livre circulação savam directamente a RD porque o MPLA faz de Ca- morte de Jonas Savimbi, de pessoas e bens em toda Congo que, nesta altura, binda aquilo que quer pelo a FLEC recebeu de Isaías a extensão territorial. seria o único factor impe- que é chegada a altura de Samakuva, seu sucessor O general Nunda, que fa- ditivo da neutralização das o problema deixar de ser eleito, garantias da con- lava no final das manobras actividades militares da uma questão do partido tinuação do apoio que a militares com fogo real, FLEC. no Poder para passar a ser UNITA sempre prestou realizadas na localidade de De acordo com a FLEC, uma questão de Estado”. aos independentistas de Ntó, sul de Cabinda, expli- “Luanda procura desviar A diferença de Cabinda Cabinda. cou que a “missão” visou a as atenções para a RD em relação a Timor-Leste, A revelação levou o Go- manutenção da prontidão Congo, tentando fazer esclarece Jorge Congo, “é verno angolano a conside- dos efectivos e do arma- crer que os mais de dois o petróleo”. Isto é: “Ambos rar que, por ser uma parte mento. mil soldados da Frente temos petróleo, mas o nos- da questão, a UNITA não Pelo sim e pelo não, o de Libertação do Enclave so já foi distribuído pelos poderá ser chamada a co- general Nunda sublinhou de Cabinda não existem”. grandes”. laborar na resolução do que, não obstante haver Além disso, “é uma forma Quanto à pouca expressão conflito. estabilidade, “vamos con- de fazer com que não se que a questão tem na Co- Talvez por isto é que Luís tinuar vigilantes, atentos fale dos 1 200 mercenários municação Social, o padre Poba Sumbo, membro da e trabalhar afincadamente (israelitas, americanos, Jorge Congo assegura “que UNITA, foi mortalmente para mantermos em pron- brasileiros, portugueses e isso é habitual na maioria baleado na cabeça quando tidão permanente as nos- sul-africanos) que prote- dos que estão ao lado da se encontrava na sua casa, sas Forças Armadas”. na zona do Aviário. Não era necessário o gene- Livro de Miguel Bembe analisa a situação “O Secretariado provincial ral Nunda dizer que existe da UNITA manifesta pro- estabilidade em Cabinda. fundamente a sua preocu- Todo a gente sabe disso, As Reivindicações em Cabinda poderão agravar-se, caso o Governo não resolva os pação pelo ciclo crescente o que aliás é uma realida- problemas sociais da população local. A previsão é do pesquisador em ciência polí- de actos de instabilidade e de com mais de 100 anos. tica Miguel Bembe, e consta do livro “A questão de Cabinda, uma visão estratégica de assassinatos nos bairros Aliás, já em 2004, o general (Evolução da situação e cenários futuros)” que será apresentado terça-feira, dia 20, arredores da cidade de Ca- Agostinho Nelumba San- na Faculdade de Ciências Sociais da Universidade Agostinho, por Elias Chinguli. binda, por elementos não jar, então chefe do Estado- O livro, que resulta da dissertação do curso de mestrado em ciência política de Mi- identificados que utilizam -Maior das FAA, dizia que guel Bembe, analisa as questões de Cabinda desde o tempo dos três reinos: Makon- armas de fogo, com ob- “em Cabinda não há guer- go, Luango e Ngoy até aos acordos de paz em 2006. jectivo de assassinar seres ra, há actos de banditismo, “Existe muita timidez relativamente ao desenvolvimento e a resolução dos proble- humanos, perante o olhar que, lamentavelmente, são mas das populações locais, por isso eu prevejo que se estas questões continuarem sereno dos órgãos com- incitados por algumas in- poderão surgir algumas reivindicações em Cabinda, estas reivindicações sociais fa- petentes do governo”, diz dividualidades, muito em zem surgir reivindicações políticas”, afirma Miguel Bembe. o comunicado, acrescen- particular pessoas ligadas Sobre os acordos entre o governo angolano e Fórum Cabindês para o Dialogo, li- tando que “a UNITA em à Igreja Católica daquela derado pelo seu pai, António Bento Bembe, Miguel Bembe refere que muitos cabin- Cabinda insta a Direcção província”. denses não acreditam no mesmo. provincial da Investigação Acrescentava o general Quanto ao “feed back” por parte do executivo em relação às matérias abordadas no Criminal, para redobrar os Sanjar, que “muitos desses seu livro, o autor deixa um recado: “Os estudos científicos muitas vezes são vistos de esforços no sentido de en- bandidos estão albergados forma estranha pelos decisores políticos, espero que esta obra possa produzir algum contrar os culpados pelo em campos de refugiados efeito, para levar os nossos políticos a terem sempre em consideração aquilo que vai crime e responsabilizá-los na República Democráti- sendo produzido de forma científica e neutra”. criminalmente”. FOLHA8 17 DEAGOSTO DE2013 15 POLÍTICA \\ Venham os que ainda vêm por bem

ministro quanto ao controlo migra- portugueses”. exemplo raro das coisas do do Interior tório” fez com que vários É verdade que são aos mi- demónio. de Angola, portugueses fossem re- lhares os portugueses afri- Com o re(in)gresso de mi- Ângelo de cambiados de Luanda para canos que agora nasceram lhares de portugueses afri- Barros Vei- Lisboa. de gestação espontânea, canos ao Portugal europeu, ga Tavares, Sempre se disse que “não uma espécie de mercená- a situação alterou-se ape- O rumou a Lis- estão em causa as relações rios que nada têm em co- nas por breves momentos. boa para, com o homólogo com Portugal, país com o mum com muitos outros Tão breves que hoje quase português, Miguel Macedo, qual Angola tem fortes la- portugueses de outrora, es- se contam pelos dedos de inaugurar um sistema de ços, culturais e históricos”, ses sim africanos de alma e uma mão os que ainda se agilização de procedimento sendo mera coincidência o coração. assumem como portugue- de controlo de fronteira en- facto de na mesma altura 16 Os novos descobridores ru- ses africanos. tre os dois países. cidadãos angolanos terem mam à África rica (caso de Isto é, muitos dos portu- O chamado Sistema de Agi- sido recambiados de Por- uma parte de Angola) para gueses europeus que foram lização de Procedimentos tugal. sacar tudo o que for possí- para África tornaram-se de Controlo de Fronteira “Estamos a fazer o que Por- vel e depois regressam à facilmente africanos. No entre Portugal e Angola é, tugal faz com os angolanos. sua normal e tipificada for- entanto, ao re(in)gressarem como outros, um projecto- A aplicação com rigor das ma de vida. às origens ressuscitaram a -piloto que está a ser desen- boas práticas internacionais Com a conivência cons- velha mesquinhez de um volvido entre o Serviço de de controlo migratório”, fri- ciente de Eduardo dos San- país virado para o umbigo, Estrangeiros e Fronteiras sou na altura e bem Simão tos, que não dos angolanos, de um país de portas fecha- (SEF) português e o Serviço Milagres, porta-voz dos Portugal aposta tudo o que das. Voltaram a ser apenas de Migração e Estrangeiros Serviço de Migração e Es- tem (lata) e o que não tem europeus. de Angola, com o objectivo trangeiros (SME). (dignidade) nos muitos Nessa mesma leva vieram de “facilitar a circulação de Recorde-se que os cidadãos mercenários que têm as muitos portugueses africa- cidadãos portugueses em portugueses foram impe- suas próprias portas blin- nos nascidos em África. Es- Angola e angolanos em didos de entrar no nosso dadas e sempre fechadas, ses não re(in)gressaram em Portugal, em condições de país porque eram porta- remetendo para as cata- coisa alguma. Mantiveram- segurança para os dois Es- dores de vistos ordinários, cumbas todos aqueles por- -se fiéis às suas raízes mas, tados”. e comunicaram à entrada tudo o que podem, come- tugueses que sempre tive- é claro, tiveram (e ainda No âmbito deste projecto aos agentes do SME que vi- çando o exemplo pelos go- ram a porta aberta. têm) de sobreviver. Apesar está prevista a “afectação nham trabalhar para Ango- vernantes, passando pelos Como é que se vê a diferen- disso, só olham para o um- de boxes de controlo de la, acrescentou o porta-voz gestores e administradores ça? É simples. A grande di- bigo de vez em quando e as passageiros para os voos do SME. públicos e restante casta. ferença é que os portugue- suas portas só estão meias entre os dois países”, e que “Os acordos celebrados Por cá causa alguma estra- ses europeus, os que agora fechadas. se destinam a “todos os pas- (com Portugal, de facilita- nheza o facto de, apesar da aceleram na tentativa de Acresce que muitos destes sageiros desses voos”. Para ção dos vistos de entrada presença massiva de por- chegar à cenoura na ponta acabaram por constituir determinadas categorias em ambos os países) não tugueses, eles nunca serem da vara de Angola, sempre vida em Portugal, muitos de passageiros serão ainda anulam a legislação interna mencionados nos balanços consideraram (quiçá com casando com portugueses criados “espaços próprios angolana”, frisou Simão Mi- do Serviço de Migração e razão) que até prova em europeus. Por força das para o controlo automático lagres. Estrangeiros sobre a expul- contrário todos os estra- circunstâncias, passaram de passaportes”, através do Os portugueses, apesar de são de expatriados. nhos são culpados. a olhar mais vezes para o sistema RAPID (Sistema de viverem muito bem no seu E estranha-se porquê, mes- Já os portugueses africa- umbigo e a porta fechou-se Reconhecimento Automá- país (só são bem mais do mo considerando que es- nos, os que deram luz ao quase completamente. tico de Passageiros Identi- que um milhão de desem- ses cidadãos são súbditos mundo, os que choram ao Chega-se assim aos filhos, ficados Documentalmente) pregados, 20% de pobres e de sua majestade D. Pedro ouvir Teta Lando, Elias Dia nados e criados como e que, segundo o Ministério outros tantos a olhar para os Passos Coelho, as vítimas Kimuezo, Carlos Lamar- “bons” tugas europeus. Es- da Administração Interna pratos vazios), continuam a dos serviços de migração tine ou os N’Gola Ritmos, tes só olham para o umbigo de Portugal, “resultarão aventurar-se pelas nossas são por regra africanos e, de entenderam que até prova e trancaram a porta. Por num acréscimo de comodi- terras, correspondendo ali- quando em vez, uns chine- em contrário todos os es- muito que o pai, ou a mãe, dade e rapidez”. ás a um repto – ou ultimato ses. tranhos são inocentes. lhes digam que até prova Esses espaços destinam- – do seu primeiro-ministro, E Maio de 2009, o Sema- Em África, os portugueses em contrário todos (bran- -se a cidadãos portugueses Pedro Passos Coelho. nário Angolense dizia que africanos aprenderam a cos, pretos, amarelos, cas- e angolanos, titulares de Como em tempos dizia o “aos outros imigrantes é amar a diferença e com ela tanhos ou vermelhos) são passaportes diplomáticos nosso colega Gil Gonçalves, exigido o cumprimento da se multiplicaram. Apren- inocentes, eles já pouco, ou e de serviço, cidadãos resi- “quando a cabeça não dá lei, mas aos portugueses deram a ser solidários com nada, querem saber disso. dentes ou titulares de visto para mais nada, a única sa- não”. E acrescentava: “Mui- o seu semelhante, fosse ele Por força das circunstân- emitido ao abrigo do Proto- ída é embarcar para Angola tos até falsificam documen- preto, castanho, amarelo ou cias, os portugueses africa- colo Bilateral celebrado en- e espoliar mais uns pretos”. tos e dizem-se naturais de vermelho. Aprenderam a nos diluíram-se no deserto tre os governos de Portugal Não é só a cabeça que não Malange – maioritariamen- fazer sua uma vivência que europeu, foram colonizados e Angola sobre facilitação dá para nada, o próprio país te “nasceram” em terras não estava nas suas raízes. e só resistem alguns malu- de vistos. é um deserto e os seus diri- da Palanca Negra –, Huíla, Na Europa, os portugueses cos que, por força dos seus Talvez desta forma se con- gentes uma resistente espé- Benguela, mesmo sem nun- aprenderam a desconfiar ideais, admitiram que o pre- siga evitar a repetição de cie de parasitas. ca lá terem estado”. da diferença e a neutralizá- sente de Portugal poderia episódios, como o de Janei- Mas, diga-se, a culpa não E o jornal concluía: “É ur- -la sempre que possível. estar na Europa, mas sem- ro do ano passado, em que é só dos portugueses de gente investigar e descobrir Aprenderam a ser indivi- pre e desde sempre tiveram a aplicação “rigorosa das hoje que, ao contrário dos quem promove e protege dualistas mesquinhos e a a certeza de que o futuro boas práticas internacionais de ontem, procuram sacar essa invasão silenciosa de só aceitar a diferença como estava em África. 16 FOLHA8 17 DEAGOSTO DE2013 // PUBLICIDADEPOLÍTICA Não faltam pedras e armas ao generalato diamantífero ministro da das empresas para o efeito, Geologia e tendo constatado que são Minas rea- “bons do ponto de vista firma o ob- qualitativo”, pecando ape- jectivo de nas na sua celeridade. aumento de As reservas de diaman- Ocinco por cento na produ- tes, ao nível do kimberlito ção de diamantes, um valor (rocha vulcânica) e de alu- que pode ser ultrapassado vião (depósitos em leitos caso as condições de mer- sedimentares ou fluviais), cado o permitam, noticiou estão estimadas em 180 a o órgão oficial do regime, o 200 milhões de quilates. “Jornal de Angola”. Existindo mais de 700 ca- Francisco Queiroz reuniu- nais de kimberlito (dos -se em Luanda com as em- quais apenas alguns estão presas operadoras do sec- confirmados como sendo tor diamantífero ligadas às economicamente viáveis). atividades de prospecção e As autoridades estimam de produção industrial, para que somente 40% a 50% análise das acções de reco- do potencial de produção lha de relatórios estatísticos diamantífera do território da produção de diamantes, angolano esteja a ser ex- bem como para balanço das plorado. operações mineiras e de No livro “Diamantes de empregabilidade. Sangue: Tortura e Cor- O governante adiantou aos rupção em Angola”, Rafael operadores que o aumento Marques relata os abusos da produção vai garantir das empresas de extracção de forma significativa as de diamantes, que come- receitas fiscais e criar im- çou em 2004 na região das portantes reservas para o Lundas, em particular nas reinvestimento. localidades do Cuango e Segundo o ministro, “ainda Xé-Muteba. se está a tempo” de se po- O autor constatou que der ultrapassar a meta de a Sociedade Mineira do produção anual de cinco Cubango, através da em- por cento, por existir capa- presa de segurança Tele- cidade interna de produ- service, foi responsável ção, sublinhando que o au- por “actos quotidianos de mento da produção pode tortura e, com frequência, interferir nos preços. de homicídio” contra as “Estamos a tempo de ultra- populações e os garim- passar esta cifra. A questão peiros da região. Entre os é saber se é conveniente sócios daquela empresa ou não do ponto de vista estão nove generais ango- do mercado, porque do lanos, entre os quais três ponto de vista quantitativo antigos chefes do Estado- do volume de produção, -Maior General das For- de facto estamos um pou- ças Armadas e o Chefe da co abaixo dos cinco por Casa Militar da Presidên- cento neste momento. Do cia e Ministro de Estado, ponto de vista dos valores, na ordem dos 179,2 mil mi- Queiroz referiu que o Go- “para permanentemente” General “Kopelipa”. os resultados são bons”, lhões de kuanzas. verno tem como estratégia manter informado o Pre- Rafael Marques apresen- realçou o ministro. Angola registou em 2011 para o desenvolvimento sidente José Eduardo dos tou em Novembro de Para o ano em curso, o uma subida de 17 por cen- “rápido, consistente e or- Santos, como titular do 2011 uma queixa-crime Governo estima que a pro- to, comparativamente a ganizado” do sector dia- poder executivo, e as co- na Procuradoria-Geral da dução chegue aos 11,7 mi- 2010, com a venda de 8,32 mantífero, promover o missões do Conselho de República. A investiga- lhões de quilates, permi- milhões de quilates, ob- impulso do investimento Ministros, encarregues de ção da justiça ainda ouviu tindo alcançar receitas no tendo uma receita de 116 privado e incentivar a pro- acompanhar o sector. quatro das dez testemu- valor de 152,1 mil milhões mil milhões de kuanzas, dução de joalharia. O ministério de tutela e nhas indicadas pelo autor de kuanzas, enquanto para enquanto no ano anterior O ministro destacou ainda a Empresa Nacional de da queixa como vítimas e 2014 está prevista uma tinha arrecadado 83,6 mil a necessidade e importân- Diamantes de Angola (En- testemunhas dos abusos e produção de 12,8 milhões milhões de kuanzas. cia de as empresas forne- diama) trabalham em coo- torturas, mas em Junho foi de quilates, com receitas No encontro, Francisco cerem dados estatísticos peração na sensibilização determinado o seu arqui- FOLHA8 17 DEAGOSTO DE2013 17 POLÍTICA \\ vamento, considerando que a queixa-crime “não tem qualquer fundamen- to” e que se trata de uma “construção teórica sem qualquer suporte factual e jurídico-legal”. Segundo o processo de inquérito, a PGR concluiu que não há “conexão en- tre a actuação das socie- dades e/ou das FAA e os alegados casos de homicí- dios, torturas, violações e extorsões denunciados”, acrescentando que “tam- bém não ficou provado que as FAA ou a Polícia Nacional tivessem dado quaisquer ordens aos seus efectivos para reali- zarem os alegados actos de violência (...) contra os garimpeiros e/ou popula- ções civis e indefesas”. Entretanto, de acordo com o Centro Internacio- nal de Conversão (BICC), instituto de pesquisa se- diado em Bona, e no âmbi- to de um relatório sobre a exploração de diamantes nas Lundas, a Alemanha deve pensar duas vezes intervenção mais muscu- de grupos rebeldes. dos direitos humanos no antes de exportar armas lada da comunidade inter- Há também outros actores sector”. para Angola, país onde se nacional, nomeadamente a ter em conta, também Marie Müller reconhece registam sérias violações do Governo alemão. No responsáveis por actos que há limitações naquilo dos direitos humanos. relatório, recomenda, por violentos. “Vimos nos úl- que a comunidade inter- Marie Müller, co-autora exemplo, à Alemanha que timos anos que este con- nacional pode fazer para do relatório, diz que du- pressione as Nações Uni- ceito já não se reflecte na acabar com as violações rante a sua pesquisa en- das para alargar a definição realidade. Em Angola, os dos direitos humanos em controu vários relatos de de “diamantes de conflito” generais participam nas regiões diamantíferas. No abusos, às mãos de forças no esquema de certifica- empresas de segurança e entanto, isso não pode de segurança privadas e ção do processo de Kim- de extracção. E, ao mesmo servir como desculpa, diz, também estatais: “Os pe- berley. Segundo esta in- tempo, as mesmas empre- acrescentando que isso quenos garimpeiros de vestigadora, o conceito sas privadas, como, por também se aplica à Ale- diamantes na Lunda Sul e deve deixar de contemplar exemplo, a empresa de No livro “Diaman- manha, que tem interes- Norte são frequentemente apenas o uso de diamantes segurança Teleservice, são tes de Sangue: ses económicos no país. expulsos pelas forças de para financiar a violência responsáveis por violações Recorde-se que toda esta segurança angolanas por- Tortura e Corrup- questão levou um gru- que estão ilegais e a prio- ção em Angola”, po de generais a declarar ridade do Governo é fixar Rafael Marques guerra a Portugal, tendo empresas de extracção relata os abusos a ordem de combate sido industriais. Eles são, por publicada no “Jornal de exemplo, congoleses que das` empresas de Angola”. Embora alguma atravessam a fronteira. E extracção de` dia- imprensa portuguesa te- na sequência destas expul- mantes, que co- nha referido casos como sões, registam-se com fre- o do processo contra quência sérias violações meçou em 2004 o próprio Procurador- dos direitos humanos.” na região das -Geral da República, em O relatório cita, por exem- Lundas, em parti- que João Maria de Sousa plo, números avançados cular nas localida- é suspeito de fraude e de por Rafael Marques e que branqueamento de capi- apontam para 119 assassi- des do Cuango e tais, o caldo entornou-se e natos e 500 casos de tor- Xé-Muteba. sujou a farda dos ilustres e tura, que foram documen- impolutos generais quan- tados ao longo de mais de do um tribunal português um ano e meio de pesqui- arquivou o processo que sa no terreno – uma “pe- tinha sido levantado pelos quena amostra” do que se sipaios próximos do gene- passa no quotidiano. ralato diamantífero contra Marie Müller advoga uma Rafael Marques. 18 FOLHA8 17 DEAGOSTO DE2013 // POLÍTICA

Neocolonialismo interno e externo Cria, apoia e amamenta a corrupção egundo um 2013, da Transparência cional estabelece, como do Centro de Integridade vada e, para Baltazar Fael, estudo da Internacional, 51% dos en- por cá bem se sabe, uma Pública, CIP, “não se pode “sobretudo as polícias de Transpa- trevistados consideram relação entre pobreza e dizer que o país não esteja trânsito e das alfândegas rência In- que os partidos políticos corrupção ao indicar que a fazer nada para combater aparecem no topo”, assim ternacional, são os mais corrompidos, oito dos dez países com a corrupção”, mas, por ou- como “o aparelho judicial oito dos dez 31% acreditam ser a polícia taxas de pagamento de su- tro lado, “há um vazio nas não é de confiar, porque, países com e 24% destacam o Poder bornos mais elevadas são políticas públicas de luta muitas vezes, o executi- S vo acaba por influenciar maior volume de subor- Judiciário como o menos países africanos. Uma das contra o fenómeno”. Ou nos do mundo são africa- transparente – justamente principais inquietações seja, “a estratégia de com- aquilo que é a actuação do nos. Mera coincidência ou, as instituições que se de- para Chantal Uwimana, di- bate à corrupção anterior judicial”. apenas, a constatação de veriam dedicar à erradica- rectora do departamento terminou e, neste momen- Apesar deste cenário ne- que é isso mesmo que as ção da corrupção. Embora africano da organização, é to, o país ainda não tem gro, entre os países que principais potências mun- o retrato seja mundial, até o facto de “uma em cada uma nova estratégia” que a apresentaram perspecti- diais querem que exista? parece que foi apenas feito quatro pessoas afirmar substitua. vas optimistas no com- Se a corrupção é meio ca- cá na banda. que continua a sentir-se Diante destes números, bate à corrupção figuram minho andado para o sa- Além disso, o estudo re- obrigada a pagar luvas”, o quase metade dos inqui- o Azerbeijão, o Sudão, o que das riquezas africanas, vela que a situação piorou que, segundo ela, “perma- ridos acrescentou que Sudão do Sul, o Cambodja, não admira que essa seja em 83 países, comparati- nece uma preocupação”. denunciar um caso de cor- as Ilhas Fiji, a Geórgia e o a principal arma negocial vamente com os dois anos Ao mesmo tempo, “temos rupção não resulta em ne- Ruanda, e entre os piores dos neocolonizadores eco- anteriores, e que apenas cada vez mais cidadãos co- nhuma punição, enquanto aparecem a Argélia, o Lí- nómicos. melhorou em 13 estados, muns, jovens, mulheres e que 35% das pessoas ouvi- bano, a Nigéria, a Tunísia e Mais de metade (53%) da revelando ainda que 27% homens, a envolver-se na das afirmaram não o faze- Vanuatu. população mundial não dos inquiridos admitiram luta contra a corrupção, jo- rem por terem “medo das Noutra frente, embora confia na transparência terem pago subornos a vens determinados a lutar consequências”. Como se contígua, Moçambique e das instituições que a re- membros de serviços pú- para que a situação não se verifica, a radiografia é de Angola tiveram maus re- presenta e acredita, com blicos ou privados no últi- mantenha como está”. Moçambique, mas assenta sultados no relatório do razão, que a corrupção tem mo ano, percentagem que O documento revela, por que nem uma luva noutros Revenue Watch Institute vindo a agravar-se desde o comprova que, mesmo exemplo, que os níveis de países, no nosso por exem- sobre gestão dos recursos início da crise financeira e com leis em sentido con- corrupção em Moçambi- plo. naturais, com o primeiro económica global. trário, tudo continua na que subiram na perspec- Em Moçambique, a des- a sair-se pior do que o se- De acordo com o Baróme- mesma ou pior. tiva dos moçambicanos. crença no aparelho judicial gundo. tro Global da Corrupção A Transparência Interna- Segundo Baltazar Fael, e policial também é ele- Moçambique não gere os

FOLHA8 17 DEAGOSTO DE2013 19 POLÍTICA \\ seus recursos naturais de ` vê que este crescimento no Folha, 8, Paulo Morais, forma suficientemente seja impulsionado “à custa vice-presidente da asso- transparente. Esta é uma do dinâmico crescimento ciação cívica portuguesa das conclusões do Índice Marie Lintzer diz que Angola ganhou da produção petrolífera e Transparência e Integrida- de Gestão dos Recursos pontos nos últimos anos por ter in- de preços de exportação de, afirma que o dinheiro Naturais publicado pelo troduzido medidas que trazem maior elevados”. que cidadãos angolanos Revenue Watch Institute, transparência à gestão dos recursos O início da produção de aplicam em Portugal, “não sendo que este país lusófo- gás natural liquefeito pode- é investimento, serve uni- no está na posição 46, num naturais, nomeadamente do petróleo rá também acrescentar até camente para enriquecer total de 58. dois pontos percentuais ao alguns portugueses”, sen- Para Marie Lintzer, uma PIB angolano no primeiro do que o capital angolano das autoras do relatório, ` ano, realça o relatório, que que chega a destina-se “o Governo moçambicano destaca o “impulso consi- maioritariamente à com- não divulga informação”, derável” que poderá cau- pra de participações em os contratos que o execu- sar na economia do país. empresas que já existem, tivo assina com a indús- Contudo, apesar dos da- sendo que “a actividade tria extractiva “não são di- dos optimistas apresenta- económica portuguesa vulgados ao público” nem dos pelo Banco Mundial, a pouco beneficia dos capi- existe “uma fiscalização organização não-governa- tais angolanos”. do processo de licencia- mental norte-americana Quem beneficia, acrescen- mento”. Recorde-se que Global Financial Integrity ta Paulo Morais, “são os Moçambique possui uma revelou que mais de 350 amigos dos angolanos que das maiores reservas de milhões de euros saem estão disponíveis a alienar carvão do mundo. ilegalmente do país por parte das empresas que De acordo com o relatório ano. têm em Portugal”. Isto por- do Revenue Watch Insti- Tal significa, diz o porta- que, com a chegada de ca- tute, a única informação -voz da organização, E. J. pital de alguns angolanos a publicada pelo Ministério Faga, que, nos últimos dez Portugal, “não tem havido das Finanças prende-se anos, foi possível contar- novas empresas, nova agri- com as receitas combina- -se a saída de cerca de cultura, nova actividade das da energia, mineração cinco biliões de dólares, nas pescas”. Pelo contrário, e hidrocarbonetos. Já o mas “este valor não in- “há um conjunto de por- Ministério dos Recursos clui todo o dinheiro que tugueses cúmplices dos Minerais publica apenas moçambicana ainda está a que, diz, esse crescimento sai ilegalmente do país”. detentores desses capitais informações elementares dar os primeiros passos e, “não funciona a longo pra- Segundo Faga, trata-se de angolanos”. fornecidas pelas empresas. apesar de estar a crescer, zo, porque os recursos são “dinheiro proveniente de Paralelamente, como se Moçambique tem uma é relativamente pequena. finitos”. Para a pesquisado- negócios irregulares, em tudo isto já não fosse su- classificação pior do que Em 2009, o Governo mo- ra, trata-se de uma questão que as pessoas tentam re- ficiente para demonstrar Angola no índice do Reve- çambicano recebeu menos de sustentabilidade. Apos- tirar o máximo de dinheiro que somos um país de es- nue Watch Insitute, apesar de 40 milhões de dólares tar na transparência e na possível através de recibos cravos sob o comando dos dos dois países estarem do sector. Já Angola teve responsabilização irá, ou falsificados”. E esta retira- seus proprietários presi- bastante perto um do ou- receitas na ordem dos 40 iria, ajudar o crescimento da de capital do país para denciais, juntem-se outras tro. Angola ficou no lugar mil milhões de dólares no económico a longo prazo. evitar taxas, acrescenta, “é variáveis contíguas como 41, cinco posições à frente ano passado. No Índice do Revenue responsável por 60% do di- a falta de democracia e de de Moçambique. Apesar disso, a nível mun- Watch Institute, a Norue- nheiro ilegal que circula no liberdade de imprensa. Marie Lintzer diz que An- dial, o índice não dá uma ga ocupa a primeira opo- mundo”. É claro que a comunidade gola ganhou pontos nos perspectiva animadora da sição e Myanmar a última. É claro que esta estratégia internacional poderia pres- últimos anos por ter in- forma como estão a ser Esta foi a primeira vez que de saque do dinheiro que sionar o Governo angolano troduzido medidas que geridos o petróleo, o gás e a organização publicou um é, ou devia ser, de todos, é para que o povo beneficie trazem maior transparên- o sector mineiro: a maioria índice sobre gestão dos re- dominada por um núcleo do desenvolvimento eco- cia à gestão dos recursos dos 58 países analisados cursos naturais. restrito de figuras ligadas nómico. Poder até podia. naturais, nomeadamente (os principais produtores Noutra frente, mesmo ao poder. Dizer-se que a Mas não era a mesma coi- do petróleo. Desde 2010, de petróleo, diamantes e considerando a falta de da- corrupção no nosso país sa. E não era porque as afirma, o país publica o seu cobre) não respeita aquilo dos de maior actualidade, representa 5% do PIB pode principais potências mun- orçamento e a petrolífera que o Revenue Watch Ins- registe-se que entre 1980 e pecar por defeito. Mas, diais são as principais be- estatal, a Sonangol, “tam- titute chama de “padrões 2009, o movimento ilegal mesmo que assim seja, é neficiária da corrupção, da bém publicou, pela primei- satisfatórios” na gestão dos de capitais terá represen- um facto revelador. Tão falta de democracia e de ra vez, relatórios detalha- seus recursos naturais. tado 9,5% do Produto In- revelador como, recorde- liberdade de imprensa. dos sobre as suas receitas Os piores classificados terno Bruto de Angola. -se, a tese do presidente Isaías Samakuva, líder da e sobre a produção”. Mas são também aqueles que Apesar de a economia de José Eduardo dos Santos UNITA, bem como Abel apesar de Angola ter fei- mais dependem dos recur- Angola ser extremamen- que há já quatro anos disse Chivukuvuku, presidente to progressos, “o nível de sos naturais para as suas te dependente do sector que “decretara a tolerân- da CASA-CE, bem dizem corrupção, em particular, receitas. Segundo Marie petrolífero, o Banco Mun- cia zero relativamente à que o combate à corrupção ainda é elevado”, salienta Lintzer, se os governos dial prevê para o país um corrupção”. E, desde logo não pode ser feito apenas Marie Lintzer. gerissem os recursos com crescimento económico porque ninguém foi leva- no país, já que ela se in- No entanto, ao comparar mais transparência dariam de 7,2% em 2013 e de 7,5% do a tribunal, até parece ternacionalizou e benefi- Angola e Moçambique é também uma importante em 2014. que essa enfermidade que cia países, empresários e preciso ter em conta dois contribuição para o de- Os cálculos constam do re- assassina o nosso país não políticos que se estão nas factores, alerta a investiga- senvolvimento económico latório “Angola Economic existe. tintas para os angolanos e dora. A indústria extractiva nos seus países, uma vez Update” de 2013, que pre- Como já escreveu aqui para a origem do dinheiro. 20 FOLHA8 17 DEAGOSTO DE2013 // NAC IONAL

Paulo Kassoma O sacrificado de Dos Santos TEXTO DE Fongani Bolongongo

e para alguns titulares de cargos públi- cos o novo figurino po- lítico-cons- Stitucional da República de Angola [Presidencialismo-Parla- mentar], em vigor desde 2010, lhe-és benéfico; An- tónio terá encarado com reserva o atípico Sistema de “Go- verno” porque tratou de o afastar do cenário político- -administrativo. José Eduardo dos Santos, na qualidade de Chefe do Estado e do Governo, con- fiou cargos de destaque a António Paulo Kassoma, engenheiro electromecâ- nico, que já em 1976 foi vice-ministro da Defesa para o Armamento e Téc- nica. Neste período, An- gola estava sob presidên- cia do saudoso António . Ainda no tempo de Neto, exerceu o cargo de vice-ministro dos Transportes e Comu- nicação [1978 - 1979]. Com a morte do primei- ro Presidente da Repú- blica Popular de Angola [10.09.1979] “desaparece” do cenário político-ad- ministrativo do País. Dez anos depois [1989] lhe-é governador provincial do Huambo a ilustre figura já se via como o substituto lhas, mas tudo mudo com confiada, por José Eduar- Huambo; era a ascensão de político-administrativa de “natural” de Dos Santos. a realização do pleito elei- do dos Santos, a direcção Paulo Kassoma que teve maior destaque, depois do Nandó só olhava, mas dada toral de 31 de Agosto de do Ministério dos Trans- um desempenho exemplar Presidente da República e podia fazer. Afinal, a ascen- 2012. O Chefe do Executi- portes e Comunicação. no Planalto Central, en- presidente da Assembleia são do engenheiro electro- vo precisava de uma vaga O “ciclo governativo” do quanto responsável máxi- Nacional, o Parlamento de mecânico era meteórica, para Manuel Domingos Vi- engenheiro António Pau- mo do executivo, ao ponto Angola. a queda surgiu à entrada cente, neste caso tinha de lo Kassoma na Primeira de agradar o Presidente Já no cargo de coadjutor do do novo figurino político- optar por Fernando da Pie- República termina como da República de Angola, Chefe do Governo, novas -constitucional que origi- dade dos Santos “Nandó” ministro da Administração José Eduardo dos Santos, remodelações foram ope- nou mudanças estruturais ou o antigo responsável da do Território [1991 - 1992]. sendo elevado ao cargo de radas, Kassoma é nomeado nas instituições do Estado. administração provincial A partir daquele ano an- Primeiro-Ministro, antes Presidente da Assembleia O cargo de Primeiro-Mi- do Huambo. dou desaparecido do ce- ocupado por Fernando da Nacional e Fernando da nistro foi extinto, dando Entre Nandó e Kassoma, nário político de Angola, Piedade Dias dos Santos Piedade Dias dos Santos lugar à Vice-presidência da Dos Santos optou pelo já ninguém se lembrava do “Nandó”. Grande subida. “Nandó” foi a Primeiro- República. Manuel Vicente primeiro, assim o segundo engenheiro eletromecâni- Assim, Paulo Kassoma -Ministro. é “cogitado”. ficou excluído da Adminis- co, nem mesmo os antigos passa a fazer parte do Paulo Kassoma tornara-se A Constituição da Repú- tração do Estado, apesar do subordinados da antiga círculo mais “íntimo” de numa figura de refinado blica de Angola deu novo “brilhante” currículo. Para Base Central de Reparação José Eduardo dos Santos, respeito, estava em cima do figurino ao sistema políti- não “morrer de fome” ar- [BCR] das Forças Arma- o Arquitecto da Paz e ide- Poder, sobretudo no seio co-administrativo, Nandó ranjaram-no uma vaga no das Popular de Libertação ólogo do atípico Sistema do MPLA, apenas prestava passa a vice-presidente, Banco Espírito Santo, mas, de Angola [FPLA] faziam de Governo Presidencia- conta ao “Chefe Supremo” enquanto Paulo Kassoma tal emprego só terá apare- ideia do antigo director lista-Parlamentar. Desta e dono do “canteiro de se manteve na presidência cido depois de várias reu- técnico. Quando menos forma, passou de simples obras”. O antigo governa- da Assembleia Nacional. niões no seio dos parentes se esperava, é nomeado governador provincial do dor provincial do Huambo Tudo corria as mil maravi- próximos. FOLHA8 17 DEAGOSTO DE2013 21 NACIONAL \ OMUNGA denuncia caso de Domingos da Cruz perante a União Africana ONG an- toridades angolanas, das golana recomendações da Comis- OMUNGA, são Africana dos Direitos usou do seu do Homem e dos Povos, estatuto de no sentido de pôr fim à observador legislação que perigam o A da Comis- exercício de um jornalis- são Africana dos Direitos mo livre e plural. do Homem e dos Povos, A OMUGA, pode ler-se na junto da União Africana denuncia, recomenda que (UA), para apresentar uma “a Sra. Relatora interce- denúncia/queixa à Relato- da junto do Presidente da ra Especial para a Liber- República de Angola, no dade de Expressão, órgão sentido de: O Estado an- especializado e temático golano respeitar e cumprir da Comissão. Tal queixa com as recomendações foi enviada com cópia para e decisões dos diferentes o Presidente da República organismos internacionais de Angola, JES. de Direitos Humanos; Re- Na extensa denúncia pú- comendamos que a Sra. blica, aquela Organização Relatora interceda junto da Sociedade Civil, sedia- do Procurador-geral da da no Lobito-Benguela, República, no sentido de: lembra as várias reco- O Estado de Angola res- mendações que o Comité peitar os compromissos e o Conselho dos Direitos internacionais assumidos Humanos das Nações Uni- sobre os direitos humanos, das colocaram à Angola de arquivando as acusações e 2010-2013 em matéria de pondo termo ao processo Direitos Fundamentais e que condena Domingos da Liberdade de Expres- José João da Cruz.” são/Imprensa em parti- O Julgamento de Domin- cular, como consequência gos da Cruz, foi remarcado das violações constantes para dia 19 de Agosto, Se- dos Direitos Humanos no gunda-Feira, as 10h, depois país. A queixa da OMUN- de dois adiamentos à 14 de GA, relembra ainda as au- Junho e 19 de Julho. 22 FOLHA8 17 DEAGOSTO DE2013 // SOCIEDADE O dilema dos vidros fumados tendência rias situações pode servir crescente de guarida de deliquentes

de uso de procurados. Por exemplo “vidros fu- sabemos todos que se está mados” nas a procura dos foragidos viaturas no da comarca de Viana, eles APaís, sobretu- podem estar a passear-se

do na cidade capital é uma pelos carros com estes realidade de fácil cons- vidros. Este é apenas um tatação. A permanência, dos muitos exemplos pos- Alguns defensores por alguns minutos nas síveis”, argumentou uma do uso da película principais artérias de Lu- alta patente da Polícia. anda permite concluir ser A colocação de película no vidro vão ga- cada vez maior o número prometida acção policial, apresentada entre os que no vidro, lembrou, é uma rantindo ser` “nor- de viaturas com peliculas considerada, no entanto, apoiam o uso da pelicula. transgressão ao código de mal” em outros nos vidros. Uma realidade desnecessária pelos apolo- Há, no entanto, muitos au- estrada visto representar países,` enquanto que, dá azos para acredi- gistas do uso das películas. tomobilistas que também a alteração das caracterís- tar que a Polícia perdeu Para estes a Polícia deveria condenam a moda, ape- ticas técnicas da viatura. outros admitem a “luta” contra a referida considerar normal, o uso lando, por isso, a Polícia Segundo especialistas da usar apenas por tendência e atirou a toalha da película. Adiante, justi- a combater de facto. “É o DNVT estão autorizadas “uma questão de ao tapete. ficam o fumo como forma necessário é não ficar pe- pela lei a circular com vi- Porém, parece não ser esta de defenderem-se da cri- las ameaças e ou acções dros fumados apenas as via- estética” a realidade. Pelo menos é minalidade na via pública. pontuais. Tem que ser um turas de serviço especiais e o que a corporação deixou “Nos últimos tempos te- combate serrado que deve as com vidros “fumados” de a entender esta semana ao mos tido muitos casos de terminar apenas quando origem. prometer combate serra- viaturas que foram assalta- deixarmos de ver viaturas No entanto, não é a primei- do ao fenómeno nos dias das na via pública durante do género nas estradas”, ra vez que a Polícia prome- que correm. No entanto, o engarrafamento por isso argumentou um dos vá- te combate serrado aos “fu- ao acontecer o referido optou-se pelo fumo nos vi- rios automobilistas que fa- mos” ilegais. Folha8 recorda combate será apenas mais dros para esconder o que laram sobre o assunto. de uma acção parecida em uma vez. A menos de dois levamos no carro” argu- Facto, no entanto, é que a 2005 que, por acaso, resul- meses, por exemplo, não mentou a automobilista Polícia também apresen- tou por alguns bons meses foram poucas as viaturas Laura Caetano. Alguns de- ta a criminalidade como e até anos. Desde aquela cujos proprietários foram fensores do uso da pelícu- razão para combater os altura, por exemplo, ape- obrigados a arrancar as la no vidro vão garantindo vidros fumados que, na nas há cerca de dois anos a peliculas dos vidros em ser “normal” em outros versão policial, possibili- moda começou a dar sinais plena via pública. Mas, países, enquanto outros dade acções criminais no de renascer e hoje é uma re- nesta mesma altura, inú- admitem usar apenas por interior das viaturas. alidade incontornável. meras pessoas “fumavam” “uma questão de estética”. “Entre vá- o vidro das respectivas Poder fazer relações sexu- viaturas. Resultado: Hoje ais no carro sem desperta há mais viaturas com a re- quem passa próxi- ferida pelicula do que com mo da viatura é indícios de que um dia outra razão teve a película. muito Perante isso, resta esperar pelo resultado da FOLHA8 17 DEAGOSTO DE2013 23 SOCIEDADE \\ Viação e Transito sensibiliza contra acidentes o âmbito das DNVT, a condução sob in- tarefas que se fluência do álcool apece na têm realizado quarta posição das causas no sentido e foi responsável por 1.386 de reduzir as acidentes, ao passo que a altas taxas de falta de precaução provo- N sinistralidade cou 1.121, a não cedência rodoviária no País, a Direc- de prioridade de passa- ção Nacional de Viação e gem 1.067 e o mau estado Trânsito em parceria com de veículos 950. o Projecto Vias Expressa Ao uso de telemóvel na da Odebrecht para o últi- condução foram imputa- mo dia 16 uma campanha dos 887 acidentes e à má de consciencialização que travessia dos peões 703. tem como alvo principal Dados, no entanto, que os automobilistas. peca pela ausência, entre A campanha, segundo uma as causas, do mau estado nota da DNVT contou ain- das vias, mormente a falta da com a colaboração do de iluminação visto ser a Instituto Nacional de Es- razão de muitos aciden- tradas de Angola (INEA) tes. e realizar-se-ia em vários Com 1.766 casos, Luanda municípios de Luanda. Se- registou o maior número gundo o programa contou de acidentes, seguindo- com 500 mobilizadores lidade no País, esta ini- semestre do ano em curso provocados pelo excesso -se, Benguela com 893, que distribuíam mais de 18 ciativa, tal como todas as registou-se nas estradas do de velocidade, 1.419 pela Huíla com 558, Huambo, mil folhetos com mensa- outras iniciativas que visa- País 2898 acidentes, cau- ultrapassagem irregular, Bié, Lunda-Sul e Kwanza- gens voltadas aos cuidados rem pura e simplesmente sando 681 mortos e 1.971 e 1.393 pela mudança de -Sul com, respectivamen- no uso da Via Pública. diminuir os índices, mere- feridos. direção irregular. Segun- te, 491, 443, 401 e 389 ca- Pelos níveis de sinistra- ce elogios. Só no primeiro Dos acidentes, 1.376 foram do relatório semestral da sos respectivamente.

Bailes programados para bebedeira e sexo TEXTO DE TITO MARCOLINO

Dantes os çarinos gostavam mais comportamentais. A me- que, nos bailes de hoje, bailes de de bailar que beber. En- todologia era frutífera na limitam-se a beber e beber

contribuição tendiam que dançar não medida em que fazia com se limitam a levantar para desempenha- dispensava estímulo. Por que os bailes em questão deixarem a festa e apenas vam papéis isso o baile e a farra dos terminassem em paz. Sem depois de incapazes de importantes, tempos idos priorizavam distúrbios geradores de fe- continuarem a beber. Npara a desenvoltura dos jo- a dança e secundarizavam rimentos corporais. O sexo é outra “diver- O sexo é outra “di- vens, enquanto candidatos a bebida. Hoje a realidade ` Numa só palavra os bailes são” dos bailes dos dias a futuro salutar. é totalmente contrária. É versão” dos bailes de outrora diferenciavam- de hoje. Aliás, a razão da Actualmente parecem cada vez maior o número dos dias de hoje. -se da maior parte dos ac- bebedeiras de muitos é prestar-se exclusivamente de pessoas que entram e Aliás, a razão da tuais porque os seus orga- tão-somente a busca do para a concentração da ju- saem de festas sem dar um bebedeiras de nizadores primavam por desejo e ou força sexual. ventude amante da bebe- pé de dança. fazer os participantes dan- Inúmeros rapazes limi- deira e do sexo. Em nada A mesa em que se delicia- muitos é tão-so- çar e beber sem excessos tam-se a controlar as jo- se parecem aos pés de vam comes e bebes inter- mente a busca do que lhes transfigurassem vens para que, depois de dança de antigamente, me- valava fases de exercitação ` ao ponto de terminarem as embriagadas, eles levam desejo e ou força todicamente programados rítmica estabelecidas pelo festas com quaisquer tipos para usar como bem de- para a dança intercalada seleccionador das músicas sexual de danos. sejarem. Razão pela qual por períodos dançantes de diversos estilos melódi- Actualmente, grande parte deve-se louvar as poucas com maior percentagem cos. dos jovens e adolescente; mães que ainda conse- para a selecção musical. Punha-se em horas pró- homens e mulheres vão guem impedir que os res- Outrora dançava-se mais prias de modo a permitir aos bailes com o objectivo pectivos filhos vão a qual- do que se bebia, não por que o efeito estimulador único de embebedar-se e quer festa quando bem os falta de dinheiro para a das bebidas que serviam abusar do sexo. “Dançar apetece. Pena é que são compra da bebida mas não conduzisse os dançari- para quê?”. Interrogar-se- cada vez menos os pais também porque os dan- nos a cometerem excessos -ão muitos dos inúmeros com esta capacidade. 24 FOLHA8 17 DEAGOSTO DE2013 // SOCIEDADE

José Tavares não tivesse se mani-

festado contra a transferência, ga- rantindo que tal não aconteceria por ele desconhe` - cer` o processo quando é a auto- ridade máxima do território abarca a referida zona.

Bairro Margoso REACENDE luta na gestão de Luanda processo “Quero dizer à população segundo o plano são 150 te que pensa que o adia- A situação mais grave, de trans- que se mantenha calma famílias, mas estas 150 fa- mento resultou da mani- prosseguiu “é a de Lu- frência dos porque não vai haver mílias, não concordam ir festação dos moradores, anda, onde essas con- moradores nenhum realojamento para o Zango sem as mí- mas os que conhecem o tradições e incompatibi- do bairro amanhã, já que o órgão nimas condições” referiu processo e a governação lidades de génios estão Margoso, executivo de Luanda é um dos membros da co- do País garantem que o a prejudicar o trabalho O na Maianga a Comissão Adminis- missão dos moradores. adiamento foi influencia- do Partido e do Estado. volta a le- trativa da cidade e não Um outro morador con- do por José Tavares que, O Bureau Político está a vantar a questão da inde- temos conhecimento de siderou “grande injus- no entanto, moveu-se em estudar o assunto para finição entre as funções nenhum acto de realo- tiça” a pretensão das função da manifestação tomar as medidas que se do Governo Provincial jamento amanha”, dis- autoridades pretender dos moradores. impõem”. de Luanda e da Comissão se, salientando que “não efectivar a transferência A ser assim, trata-se de Se no discurso, JES deixou Administractiva da Cida- haverá realojamento” sem antes criar as condi- mais uma vitória de José claro que Bento Bento é de de Luanda. enquanto não falarem ções. “Onde nos querem Tavares sobre Bento Bento que estava a travassar, vis- A referida transferência, com ele. Esta, no entanto, meter no Zango 4 não há na conhecida “luta” entre to que Tavares não ocupa segundo um documento parece ser a razão mais água, não há luz, não há os dois. No dia 25 de Janei- cargo político, a vitória de do Governo Provincial de certa, pois o histórico diz escolas, não há creches, ro, por exemplo, discursan- Tavares ficou clara quan- Luanda iniciaria as 5 ho- que as manifestações e não há trabalho para nós do na abertura da 6ª sessão do naquele mesmo dia foi ras do último dia 14. Mas lamentações dos popula- que vamos sair daqui da ordinária do comité central autorizado a realizar a fes- tal não aconteceu. Terá res não têm comovido os cidade,” argumentou do MPLA, José Eduardo ta da cidade de Luanda na sido a decisão dos mo- decisores no sentido de um dia antes do previsto dos Santos manifestou cidade de Alta quando es- radores manifestarem- recuar na decisão de par- para a mudança que, en- saber do mau relacciona- tava prevista a acontecer, -se contra a decisão que tirem casas e realojar os tretanto, não aconteceu. mento entre os dois. em outro local. motivou o adiamento? É populares em condições O Administrador do dis- “Alguns militantes, que Portanto, a visivel crispa- possivel. Ou melhor, esta lastimáveis. trito urbano da Maianga, ocupam funções parti- ção causada pela trans- bem poderia ser aceite Reconhecendo não terem Manuel Marta, apresen- dárias e político-admi- ferência ou não dos mo- como única razão se no poder para exigir a per- tou como razão do adia- nistrativas, no exercício radores do Margoso é decurso do processo o manência no local onde, mento a necessidade de das suas obrigações não apenas mais uma entre Presidente da Comissão muitos moram desde an- criarem-se as condições. tratam dos assuntos de as duas individualidades. de Luanda, José Tavares tes da independência, os “É um processo que não forma objectiva, na base Enquanto isso, o mo- não tivesse se manifes- moradores limitam-se a tem retrocesso, o que nós das leis ou dos regula- radores manifestam-se tado contra a transferên- exigir condições de ha- vamos fazer é criar con- mentos do Partido e co- felizes pela decisão. A cia, garantindo que tal bitabilidade no Zango 4 dições para que este pro- locam questões subjecti- transfrência foi a anun- não aconteceria por ele onde está previsto serem cesso possa ser feito sem vas e pessoais acima dos ciada há cerca de quatro desconhecer o proces- transferidos. constrangimentos para interesses gerais, geran- anos e como razão as au- so quando é a autorida- “Queremos sair sim mas ambas as parte”, salien- do contradições, atritos e toridades apresentam a de máxima do território com dignidade, nós não tou. Esta explicação está incompatibilidades com necessidade requalificar abarca a referida zona. estamos a exigir nada, mais próximo da corren- outros quadros”, disse. a zona. FOLHA8 17 DEAGOSTO DE2013 25 SOCIEDADE\\

TITO MARCOLINO OVERBO DO COTA Quem não ouve os mais velhos fracassa ão há quem tros tendo em vista tor- não diga que nar possível o diálogo em quem não Angola volte a ser prática ouve mais dos cidadãos dos diversos velhos fracas- grupos etários. sa. Apesar da Estão tristes por que- Nunanimidade rerem servir e não ha- em torno de tal realidade, ver correspondência da velhos e novos em Angola parte dos que gostariam continuam sem dialogar. que fossem destinatários Sem comunicação. Como dos seus conselhos, não quem vive em mundos se cansando por isso de diferentes e, como, se não manter predisposição bastasse sem esperança para a transmissão da ex- de o mais cedo possível periência por eles adqui- iniciar entre si, diálogo fru- rida ao longo de décadas tífero. de andanças pelos mean- O reparo brota das bocas dros da vida. dos mais velhos da socie- Não é por acaso que conti- dade angolana desconten- nuam a martelar apelando tes por se acharem demiti- que vontade passe a haver dos da seu dever de passar dos jovens em escutá-los o testemunho aos jovens por recearem que a per- angolanos carecidos de sistente prevalência dos subsídios para visionarem ouvidos de mercador re- o que fazer para singrarem dunde, em consequências na vida. drásticas para as gerações Embora reconheçam não vindouras. Não gostariam haver resposta aos apelos de passar sem passar tes- que vêem fazendo para temunho; em ensinar o que sejam escutados acre- que aprenderam ao longo ditam valer a pena persis- de décadas de andanças tir na esperança de virem a pelos meandros da vida. fazer parte das discussões Querem diálogo em que do que fazer para a cor- verdadeiramente todos recção do que consideram participem com certe- continuar por fazer por Admitem ser enfadonho ausência de interacção en- tem fizeram para que eles za, de serem ouvidos. eles, permanecerem longe bater sempre na mesma tre velhos e novos. encarassem a vida com a Minimizam a conversa do debate. tecla, mas acham útil mar- Das recordações que man- vitalidade com a qual têm entabulada com regras Dizem insistir por acredi- telar para que sejam ouvi- têm do seu já longínquo sabido vencer peripécias. limitativas fazendo votos tarem na capacidade que dos e consequentemente passado assinalam os en- A importância que dão à de que passageiro seja o têm para ajudarem os ór- lhes seja feita a vontade. contros que tiveram com passagem do testemunho actual virar de costas ao gãos de decisão na solução Estão ávidos de dar o que os velhos dos seus tempos às gerações seguintes é diálogo de verdade entre dos problemas que ainda têm para oferecer ao de- primaveris manifestando- tanta que não se impor- a jovem guarda e a velha enfermam a sociedade an- bate que se impõe. Daí es- -se ansiosos em trazer tam de repetir o apelo à guarda sapiente, expe- golana. tarem preocupados com a hoje o que os velhos on- harmonia entre uns e ou- riente e lúcida. 26 FOLHA8 17 DEAGOSTO DE2013 // CASO POLÍCIA Polícia prende alegados “assassinos” de Jeovania TEXTO DE Antunes Zongo

a edição passada, F8, noticiou o assassinato da jovem es- tudante, Jeo- vania Morais, N precisamente no dia em que completou 25 anos de vida, no 08 de Agos- to. Morte tão estranha que apanhou de surpresa quem com ela partilhou os últimos momentos de vida, nome- adamente, os três colegas; dois rapazes e uma rapa- riga, que momentos antes do fatídico acontecimento, com ela brindaram “muitos parabéns e felizes e longos anos de vida”, mas o desti- no assassino quis o inverso, para profunda tristeza dos dois filhos, pais, familiares, vizinhos, amigos e colegas. No entanto, ainda no calor da dor, os familiares e popu- jeovania morais lares souberam que agentes da investigação criminal, violada e assassinada FOLHA8 17 DEAGOSTO DE2013 27 CASO POLÍCIA\\

afectos ao Posto Policial do foram constituídos arguidos, Morro da Luz, adstritos ao em fase de instrução prepa- Comando de Divisão da ratória, com o processo n.º Polícia prende alegados Samba, detiveram três pre- 3290/013 LNA e, talvez, por sumíveis suspeitos de esta- esta celeridade processual, rem ligados ao assassinato, a família da vítima esteja a antecedido de violação da receber telefonemas amea- “assassinos” de Jeovania jovem Jeovania Morais, no çadores, visando convence- passado dia 13 Agosto, numa -los a não prosseguir com a das ruas do interior do bair- acção ou a não reconhece- ro Rocha Pinto em Luanda. rem os presos. Face a este A detenção foi possível de- quadro, o viúvo, Daniel do vido a colaboração de alguns Nascimento está refugiado operativos juntos da comu- em local desconhecido, não nidade e para surpresa geral, podendo sequer, receber os foi finalmente, “caçado”, um pêsames das pessoas, por dos bandidos mais escorre- temer eventuais retaliações gadios da zona, conhecido de membros das gangues, por Dadinho, cujo nome cujos líderes estão, neste atemoriza, jovens e adultos, momento, a contas com a tais são as façanhas crimino- justiça. sas e a ligeireza com que se Recorde-se ter Jeovania

esgueirava das autoridades Morais, após violação, sido, policiais. “O jovem parecia asfixiada com um cabo de ter protecção, vamos ver se energia eléctrica, no pesco- agora se descobrem provas ço, por mais de três cida- DNIC discute com das suas participações em dãos, por volta das 11h00 da

muitos dos crimes de que é noite, deixando-a estatelada acusado, cometidos aqui no num beco, rodeada de pre- autoridades sul-africana Rocha Pinto e arredores”, servativos, no passado dia 8 disse o morador Oliveira de Agosto de 2013, data em crime é Por outro lado, dado o tigação trabalharão nos António. que a mesma completou 25 cada vez índice de criminalidade, “pontos alvo”, nomeada- Neste momento, os presu- anos de idade. Voltaremos mais um principalmente, na região mente, Aeroporto Inter- míveis autores do crime, ` assunto de Gauteng, com inci- nacional Oliver Tambo, de Estado dência na capital Joanes- em Joanesburgo, esta- e de Esta- burgo e em Pretória, mui- belecimentos prisionais dos, quan- tos angolanos residentes, e várias infra-estruturas O do ele es- têm sido molestados, ligadas ao combate ao Jeovania Morais, após violação, sido, tende os seus tentáculos levando a que este seja crime organizado. asfixiada com um cabo de energia para várias regiões do também um dos pontos Recorde-se que uma boa eléctrica, no pescoço, por mais de três mundo. Por esta razão, da agenda, assegurou ao parte dos assaltos, ocor- as autoridades policiais, F8, o porta-voz do Co- rem nos períodos noc- cidadãos, por volta das 11h00 da noi- migratórias e judiciais, mando Geral da Polícia turnos, principalmente te, deixando-a estatelada num beco cruzam cada vez mais in- Nacional, Aristófanes dos nos voos da companhia formação, visando a uni- Santos. aérea SA, que chegam às ficação de esforços, para O grupo de oficiais cri- 19h00, por ingenuidade, o seu estancamento e ou minalistas é chefiado os angolanos aceitam a ` redução. por Eugenio Alexandre, pretensa solidariedade de É neste quadro que, face actual director Nacional estranhos, para os acom- a onda de roubos e assal- de Investigação Criminal panharem em dado lugar. tos a que têm sido alvo, e integra ainda os chefes Na semana passada, o muitos angolanos que de operações nacionais jovem Paulo, residente viajam para a África do de investigação criminal em Orange Groove, Joa- Sul, que, no quadro da e da Interpol/Angola, não nesburgo, que foi buscar SADC, um grupo de dez tem ainda uma data de familiares ao aeroporto, (10)oficiais da Direcção regresso, tal o volume de foi seguido por um grupo Nacional de Investiga- assuntos para serem ana- de meliantes e ao chegar ção Criminal (DNIC) de lisados e investigados. a casa, foram colocados Angola, está desde o dia “A DNIC cansou-se de e retirados todos os seus 13.08, no país de Mandela, ouvir as reclamações de pertences e valores, in- para discutir com as au- diversos cidadãos que cluindo passaportes. “Ti- toridades locais, aspectos viajam em negócios ou vemos que ir ao nosso relacionados com o “mo- férias, para a África do Consulado para tratar dus operandi” de grupos Sul e têm sido recorren- salvos condutos para re- de assaltantes, com rami- temente roubados, as- gressar, pois não tínha- ficações nos dois países saltados e muitas vezes mos outra forma uma vez e informadores, localiza- agredidos, sob o olhar termos ficado sem nada e dos nos aeroportos, cujo pávido e sereno de mui- a Polícia sul africana não objectivo é o rasteio de tas autoridades policiais nos deu nenhuma garan- passageiros, que trans- sul-africanas”, adiantou tia e segurança de que portem dinheiro e objec- Aristófanes dos Santos. iriam ao encalço dos ban- tos de valor. Os operativos da inves- didos”, assegurou ao F8. 28// ACTUALIDADE FOLHA8 17 DEAGOSTO DE2013 No Sumbe CHIVUKUVUKU Visita INP

Chivukuvuku visitou longamente o INP - Instituto Nacional de Petróleos no Sumbe e aparentemente gostou do que ouviu e viu, não obstante não ter tido a oportunidade de interagir com os estudantes em período de férias. Recebido com as devidas honras pelo Director em exercício Alegria Raul Joaquim, mereceu um Breefing pormenorizado e aturado sobre o porquê e o funcionamento do Centro, impecavelmente “bem” tratado.

TEXTO DE Félix Miranda

D acordo 60% dos formados são empresa, do que enviá- percorreu quase todos se Chivukuvuku. o corpo di- introduzidos nos secto- -los para o exterior. os corredores e labirin- Recorda-se que em tem- rector do res petrolíferos de em- Os critérios requeridos tos técnicos de formação po de guerra, o INP do INP, são presas nacionais, a come- para a frequentação não sempre com os detalhes Sumbe era um dos locais 700 os can- çar pela Sonangol, apesar são muito exigentes, bas- pacientes do Director mais minados de Angola. didatos a de terem rubricado pro- ta ter concluído a 9ᵃ Clas- em Exercício. Biblioteca A quando da campanha D engenharia tocolos de Cooperação se, ter menos de 15 anos e do último grito, salas de de desminagem, foram de petróle- com outras empresas e uma média de fim de ano Multi-média, Informáti- desactivadas, mais de 68 os e com a possibilidade ainda com países como de 14 valores. Contudo, ca, línguas estrangeiras, mil engenhos que ser- de desembocarem a cur- a Africa do Sul que dão e como em tudo quanto Engenharia-mecânica, viam de cordão protector sos superiores, nos mais continuidade depois do se refere a regimes de sector de intendência, para evitar ataques das variados ramos. De entre ciclo de formação pro- internato, não tem sido dormitórios muito bem tropas da UNITA. Neste os 700, refira-se em regi- gramado no Sumbe, isto fácil manter os estudan- organizados_ cremos não período, pelo menos dois me de internato, 200 são depois da 12ᵃ Classe. Esta tes entre os muros. Nem só para efeitos de visita, e estudantes internados mulheres o que não dei- medida de investimento todos os que para aí vão o ainda o sector de armaze- haviam accionado minas. xa de ser proveitoso, isso na formação no país e na fazem por opção e vonta- namento alimentar e co- Chivuku muito palmi- se realmente as duzentas própria unidade é muito de própria, grande parte zinha, Chivuku lá pisou. lhou Angola e durante atingirem o terminus e mais rendosa, claro, me- simplesmente satisfazem No 1° Trimestre de 2014, meses e anos o que mais com o aproveitamen- nos onerosa e implica os desígnios dos pais. poderá arrancar o Insti- viu foi aldeias, comunas to que se espera, o que muito mais tanto os for- A visita da delegação do tuto Superior de Petróle- e vilas, umas em franco nem sempre acontece. mandos como os jovens Presidente da CASA du- os. O Complexo conhe- desenvolvimento, outras Administra-se no Insti- em formação na vida da rou mais de uma hora e cerá uma expansão das nem por isso, ou mesmo tuto cursos como: Perfu- suas infraestruturas no em digressão; todas elas ração e Produção, Técni- alongamento dos terre- desfalcadas de unidades co de Minas; Refinação; nos contíguos onde fun- de transformação ou su- Processamento de Gás; ciona actualmente o INP. perestruturas de traba- Geologia de Petróleo e “Se realmente comple- lho colectivo produtivo outros. Respondendo as xos de formação pro- e remunerativo. Na sua questões de Chivuku- fissional como estes do maioria, fundeadas na de- vuku espelhando as pre- INP do Sumbe se multi- pendência de um Orça- ocupações partilhadas plicassem noutros secto- mento Geral do Estado, com a camada jovem que res produtivos e a nível nunca ou se tanto, muito repetidas vezes se co- nacional, sem intromis- raras foram as vezes que loca a questão do “Para sões de índole política recebeu um Breefing so- quê estudar”, Alegria Jo- ou outra fora do âmbito bre uma unidade fabril de aquim, disse até aqui ter do critério de selecção transformação industrial havido muito bom apro- científica, estaríamos e empregadora, Made In veitamento e cerca de num bom caminho”, dis- Angola. FOLHA8 17 DEAGOSTO DE2013 29 TOP SECRETO\\

No Sumbe CHIVUKUVUKU Fim de um segredo centenário? ste não é um top secreto, a não ser no sentido figurado, pois o que aqui revelamos constitui simplesmente um ínfimo levantar do véu que encobre um dos mais intrigantes mistérios da história: as estátuas da ilha de Páscoa. Visita INP Localizada no Pacífico, a ilha vulcânica de Páscoa foi descoberta pelo navegador holandês Jakob Roggeveen, no domingo de Páscoa de 1722. Tornou-se posse chilena em 1888. Du- Erante quase três séculos o que era conhecido por serem apenas grandes cabeças, sabe-se agora que essas estátuas escondem muitos segredos, como, seja ter sido recentemente descoberto que mais de metade do seu tamanho está enterrada no subsolo e revelarem a existência de corpo e mãos. Atribui- se a descoberta ao casal Routledge, mas outro grupo de pesquisa privado tem escavado recentemente uma estátua e descobriu muitos escritos sobre o corpo. Enquanto ainda muitos mistérios cercam a ilha da Páscoa, a descoberta desses escritos colocados no subsolo podem iniciar muitos debates. Na verdade, se quase todos os cientistas estão de acordo que foi após um ecocídio (destruição metódica de um ecossistema ou de uma comunidade vegetal ou animal) que a população, há cerca de 4000, desapareceu. Mas… que teria então acontecido a estes gigantes de pedra enterrados? Seriam assim desde o início quando foram erigidos em estátuas feitas pelos Rapanui (civilizações antigas da ilha), ou foi o passar do tempo que as enterrou? A hipótese mais provável é que um maremoto varreu a ilha e a sua civilização, que se perdeu nas brumas do tempo. Os turistas desconhecem que sob os seus pés há um tesouro escondido que se adi- vinha. As estátuas não devem ter sido enterradas, mas o fluxo de transporte da onda gigante trouxe muito entulho, poeira e sujeira que as enterrou e a civilização desapareceu como que apagada de uma só vez. Volta a pensar-se no mito da Atlântida e do continente Um, cujas lendas ressurgiram com esta desc- oberta excepcional.

A Monsanto é o “Diabo” multinacional Monsanto, vergonhosamente conhecida por ser a “inventora” de produtos alimentares transgénicos altamente nocivos para a saúde humana, mas também por ter pro- duzido um insecticida que, destruindo o sentido de orientação das abelhas, já vitimou milhões delas e perante o perigo de despolinização subsequente ter proposto para substituí-las, robôs abelhas formatadas para executar em seu lugar essa função de polinizar, acaba de comprar Aa maior empresa de mercenários do mundo! Como referido numa rede social «Nem é bom pensar com que objectivo uma multinacional de agrotóxicos e de sementes e produtos transgénicos, que estão já ser timidamente combatidos em vários países, necessita de um exército... Para impô-los pela força?» Essa abracadabresca empresa, diga-se, tem as costas largas e é protegida por muito boa gente. Por outra, segundo a fonte a que aludimos supra, «(…) no momento em que a Beelogics investigava o “abelhicídio” provocado pelos seus produtos, o que fez a Monsanto? Comprou a Beelogics!... Nunca como no governo de Obama se aprovaram tantos produtos transgénicos. Bill Gates que, com a sua fundação “filantrópica”, pretende estender a “revolução verde” (!) da Monsanto à África, é um dos principais accionistas da Mon- santo, juntamente com George Soros, dono da Open Society, exportador de “revoluções coloridas” um pouco por todo o mundo e principal mentor de Rafael Marques em Angola. É preciso dizer mais alguma coisa?» Aqui, o Folha 8 clama: Pára o baile, não confundamos o cu com as calças (sendo a palavra “cu” a única correcta em língua portuguesa para designar a parte mais carnuda do corpo humano). Ler Rafael na corda-bamba do “Diabo”.

Rafael na corda-bamba do “Diabo” or mais que nos associemos ao que está escrito no Top Secreto “A Monsanto é o “Diabo”, não podemos de modo algum concordar com a intempestiva conclusão refer- ente à relação feita entre as exacções e procedimentos mais que duvidosos da multina- cional Monsanto e as pesquisas feitas não só em Angola, mas também em Portugal, pelo jornalista angolano Rafael Merques, seguidas, de resto, por outros trabalhos da mesma índoleP de jornalistas angolanos aos quais se vêm associando outros profissionais de órgão da comunicação social portuguesa, e não só, porque os franceses também já começaram a investigar. O que é mais curioso nesta observação feita a partir de uma abordagem com enfoque nos malefí- cios da Monsanto é o mistério que envolve o seu esquisitíssimo relacionamento com o trabalho que vem desenvolvendo Rafael Marques sobre a podridão indesmentível das práticas de alguns altos dignitários angolanos. O que manifestamente se passa é que, pelo menos, se confundem al- hos com bugalhos, pois é mais que evidente que Rafael Marques nada tem a ver com a Monsanto no que toca à sua luta em Angola contra o garimpo ilegal, contra a lavagem de dinheiros, contra as violações da constituição, contra o desprezo prestado aos direitos humanos e também contra uma das mais gigantescas corrupções mundiais, corrupção que não pára de crescer, perante o beneplácito do regime JES/MPLA, o tudo, quase institucionalizado! 30// ECONOMIA FOLHA8 17 DEAGOSTO DE2013

E por outro lado, afirmam pela troca ou renovação Novo alvará comercial que o novo alvará poderá do alvará. Explica que, limitar as acções das acti- para o cidadão obter o vidades comerciais. novo documento, precisa Segundo as normas im- juntar a certidão comer- plementadas neste do- cial, comprovativo do cumento, o comerciante pagamento das taxas e Comerciantes que estiver licenciado emolumentos, fotocópia para exercer a actividade do Bilhete de Identidade comercial numa determi- do sócio-gerente e o cer- nada província não pode- tificado de vistoria, WC e vítimas rá expandir para outras um armazém devidamen- províncias, deverá sim te equipado. solicitar um outro alvará. Aclarou também, que os Na óptica do empreen- comerciantes que dese- de extorsão dedor, acreditam que, se jam obter o alvará pela assim for, será um retro- primeira vez precisam cesso, pois que o actual reunir a certidão comer- TEXTO DE António Neto foto de théo cassule alvará permite, nestes ca- cial, o comprovativo de sos, expandir a actividade, pagamento das taxas e a sem fazer um novo regis- fotocópia do Bilhete de Comer- cem que sabem que da mento que o comércio to, mas averbando-o. Identidade do sócio ge- ciantes troca ou renovação do al- emitiu um novo modelo Falta de informação sobre rente. e presta- vará comercial, mas des- de alvará comercial, que a troca do alvará comer- A ministra referiu que dores de conhecem, os métodos de será emitido em três dias, cial as cores do documento serviços avaliação ou inspecção mas, não sabíamos que Desde que o Ministério do variam de acordo com o mercantis para efectivar a referida deveríamos pagar altas Comercio deu a conhecer tamanho dos estabeleci- estão a ser substituição. multas para a troca”, disse sobre a emissão do novo mentos comerciais. C vítimas de Entre os entrevistados, o proprietário de uma das alvará comercial, afecto Em relação ao pagamen- extorsão pelos agentes da proprietários de lojas e lojas sito no São Paulo, Al- ao “Programa de Emis- to das taxas e emolu- brigada especial do mi- armazéns, sito no distrito fredo Coelho. são de Novos Alvarás de mentos, poderá variar nistério do comércio face do Sambizanga afirma- Segundo o gestor, alega Actividade Comercial”, de acordo com o tama- ao processo de renovação ram que foram multados que, “a troca do docu- apreciado pela Comissão nho dos estabelecimen- do novo alvará comercial por não reunirem todas mento nesta primeira fase Económica do Conselho tos comercias. Portanto, emitido pelo Ministério as condições exigidas é grateis, segundo infor- de Ministros. Vários co- os estabelecimentos de do Comercio, constatou a pelo ministério do comér- mação que veicula nos merciantes angolanos e grande superfície pagam, Folha 8 numa ronda sobre cio. Falam que, por ser a meios de comunicação estrangeiro reconhecem para cinco anos, 350 mil as vantagens e aceitação primeira fase da troca ou social e não há informa- estar desenformados so- kwanzas, enquanto os do novo documento. renovação do documen- ções contrárias a essas”, bre o processo de reno- de pequena dimensão A denúncia surgiu, aquan- to, os agentes deveriam assegurou. vação do referido docu- devem desembolsar 20 do da reportagem efectu- antes, orientar ou adver- Os comerciantes, na sua mento. mil kwanzas por ano. Já ada junto de estabeleci- tir os comerciantes a to- maioria estrangeiros, la- Segundo uma fonte da os vendedores nas feiras, mentos comerciais e de marem todas as medidas mentam o facto de serem brigada especial do Co- mercados e ambulantes prestação de serviços organizativas para a efec- obrigados a pagar volu- mércio, responsável pelo devem adquirir, para um mercantis, onde os em- tivação da mudança. mosas multas, por erros levantamento dos estabe- ano, um cartão que custa preendedores reconhe- “Já é do nosso conheci- de organização de stock. lecimentos comerciais e mil kwanzas. FOLHA8 17 DEAGOSTO DE2013 ECONOMIA\\ 31 Juventude garante Empresariado local carece de mais apoio TEXTO DE António Neto foto de théo cassule empresa- para a prossecução dos es- riado local tudos, “muitos jovens locais de diversos têm o ensino médio con- sectores de cluído, mas não conseguem investimen- prosseguir com os seus es- to deve me- tudos por falta de emprego recer maior para custear a sua forma- O atenção do ção”, relatou. Executivo, bem como, fa- Apelou as entidades com- cilidades na obtenção de petentes a fim de promove- apoio dos programas de rem mais oportunidades de financiamento as micros e emprego aos jovens, com pequenas empresas, segun- vista a contribuírem tam- do afirma a juventude num bém na reconstrução das encontro sobre o diálogo localidades. para desenvolver os proble- Dando sequência ao certa- mas sócio económico dos me, o funcionário público, jovens realizado pelo distri- Gaspar Abílio, disse que to do Sambizanga. alguns dos trabalhadores No debate de auscultação auferem salários muito juvenil que está acontecer baixo e residem em locais por todo país, a juventude impróprio a condição hu- empresarial e desempregada mana, por falta de casas aponta entre outras dificul- condignas. dades o acesso ao crédito Por outro lado, membros jovem, assim como, a falta de das organizações juvenil transparência na distribuição do MPLA, que aderiram dos programas de financia- em massa, se mostraram mento e apoio ao empresa- atento aos problemas dos riado local, a falta de emprego restantes e parafrasearam e habitação são tidos como dando respostas insusten- os principais obstáculos. Por táveis aos mesmos. outro, denunciam também, Segundo a fonte, perten- as facilidades de apoio a um cente a organização juve- grupo de empresários selec- nil do MPLA, no distrito tivo (filhos dos ricos e do re- do Sambizanga, da cidade gime) e não a todos aqueles plementar maior dinâmica para nós, pois que, com a Por um lado, no debate de de Luanda, considerou o que realmente precisam. nos pequenos sectores de mesma conseguimos o nos- auscultação protagoniza- encontro de auscultação No entanto, a análise que investimento, de forma a so ganha-pão no dia-a-dia”, do pelo ministério da ju- da juventude como uma esta a ser feita pelos jovens, reduzir o índice de desem- disse Ricardo João. ventude e desporto com oportunidade para a apre- figura no âmbito da jornada prego e da pobreza, bem O mestre em serralheira, anuência do presidente da sentação dos problemas realizada pelo Ministério da como, na diversificação da Ricardo João, proprietário república de Angola, com que os jovens enfrentam e Juventude e Desporto, face economia local. de uma oficina. Aponta o o tema “diálogo para desen- participarem na busca de ao encontro que José Eduar- Assim, o Executivo inves- elevado índice de desem- volver onde jovens de vá- soluções. do dos Santos, presidente da tiu em centro de formação prego no país, como so- rios estratos sociais e sen- Falando à folha8, no final do república de Angola, mante- técnico profissional, para lução de investimento ou sibilidades políticas podem encontro de auscultação da ve com organizações políti- colmatar o défice de quadro apoio nos sectores precá- abordar temas sem precon- juventude, disse que os jovens cas/social, buscando assim, profissionalizante e garantir rios das localidades. ceitos”. A falta de emprego, puderam apresentar detalha- compreender as dificuldades mais postos de emprego a O gestor justifica que, estes habitações, aumento de damente todas as questões que a juventude angolana juventude. sectores geram emprego centros de formação socio- que os inquietam. “Só assim, atravessa. Entre os jovens presentes, para a juventude e facilitam profissionais, acesso ao cré- o executivo poderá levar em Logo, através das várias encontravam – se serra- a redução de desemprego e dito jovem, o fornecimento consideração algumas ques- complicações que a popula- lheiros, mecânicos, mar- da pobreza no seio das fa- de energia e água potável, tões levantado pela juventude ção atravessa, o Executivo ceneiros, decoradoras, re- mílias. “Se o governo apoia aumento de mais escolas e e estão mudar o modo de vida criou vários programas de cauchoteiros, electricistas, – se na realidade estes sec- outras necessidades foram dos habitantes locais, reco- financiamento para apoiar as todos carecem de apoio, tores, acredito que, o índice apresentadas na ocasião pe- nhecendo também a neces- micros, pequenas e medias pois trabalham por conta de emprego iria aumentar e los participantes. sidade de melhorar bastante empresas. própria. “O programa de a condição sócio económi- O jovem Leandro Assis fa- todos os sectores de adminis- O mesmo programa, se- formação profissional do ca das famílias melhorar”, lou da falta de emprego, o tração pública”, considerou a gundo o governo visa im- governo foi uma mais-valia exemplificou. que vem sendo obstáculo fonte. Ledo engano. 32 FOLHA8 17 DEAGOSTO DE2013 // DOSSIÊ

A GUILHOTINA POLÍTICA Nas tumbas de Nambuangongo Nos últimos tempos é frequente falar-se muito de Diálogo de Concertação com a juventude, quando não faz muito tempo esta mesma juventude era tida como arruaceira, perdida, sem qualificação, ou seja não considerada como interlocutora válida para o concerto dos projectos e programas da reconstrução nacional. No mesmo processo, as populações estão enquadradas neste dito diálogo, mas nem todas, porquanto muitas, a sua maioria estão até agora, fora do baralho. É o caso do município de Nambuangongo, suas populações que serviram anos a fio, como testa de ferro do MPLA durante as lutas de libertação nacional contra os portugueses e para escorraçar a FNLA, continuam no buraco, lançadas, segundo elas pelo Presidente Eduardo dos Santos TEXTO DE Félix Miranda

ada a dimen- Combatente, Veterano do pendência Nacional pela a morte do Dr. António suas populações. são político- MPLA, de seu nome “Si- qual é o que mais se sacri- Agostinho Neto, e que o Geograficamente é um -histórica do mão Paciência Mapange”. ficou, senão mesmo o que proprietário nascido desse Município de 5 604 km² município de mais foi sacrificado. Como negócio político-jurídico que dista a cerca de 160 Nambuan- Heróis se não bastasse, nem mes- e geo-administrativo, que km de Luanda – do Poder gongo, e caso esquecidos mo os frutos destes 11 anos é o “Diabo” teve que o Político e Administrativo D houvesse co- de paz conhece o sabor, abandonar também à sua Central do País, e que ain- erência e gratidão política O nosso interlocutor, nas paz esta que também cus- sorte… talvez seja esta a da tem as pontes partidas por parte do partido no vestes de Porta-voz, come- tou a esse povo sacrifícios razão da sua exclusão pelo pela dita guerra “como di- poder o seu desenvolvi- çaria por dizer: Volvidos incomensuráveis, que ine- Executivo ou pelo Estado, zem” e por se reconstruir. mento não devia depender 37 anos de independência ditamente teve que aban- desde os primórdios da Tudo isso é fruto da “Gui- das estruturas do Gover- nacional, o Município de donar o seu Município por sua independência. lhotina política sem nexo no Provincial do Bengo, Nambuangongo continua força da crueldade… para É um povo amaldiçoado e despropositado. Não se mas sim das estruturas do sendo a única parcela do vir deixar centenas de al- pela ingratidão política pode conceber que um Executivo Central do País. território nacional exclu- mas no «bendito» deserto Estatal, que ao longo dos país que se diz “uno e indi- Tantas são as queixas, os ída do plano nacional de do Porto Quipiri – Caxito! 37 anos de independência visível” a sua construção e lamentos e as tendências Reconstrução e do Desen- O Município de Nam- e, 11 dos quais de plena e desenvolvimento seja tão para revolta que depois volvimento e cujo modelo buangongo – parece ter absoluta paz, nem uma defeituoso e despropor- de termos protelado por de vida das suas popula- sido alienado logo após a estrada asfaltada mereceu, cional. algum tempo, resolvemos ções nunca passou do “pri- proclamação da Indepen- para não falar mais de ou- penetrar no âmago do por- mitivo”! dência Nacional em 1975, tras infraestruturas sociais Traídos quê para compreendermos O povo de Nambuangon- e cuja “escritura pública” e económicas importantes o fundo da questão. Assim, go não conhece até aqui o ter sido publicada 4 anos capazes de desenvolver e Pelo andar das coisas, e nos abeiramos do Antigo verdadeiro sabor da Inde- depois, isto é, logo após dignificar o Município e pela cruel e indesmentível FOLHA8 17 DEAGOSTO DE2013 33 DOSSIÊ \\ realidade que as popula- da 1ª Região, tal como to- ções de Nambuangongo, dos os filhos deste mar- avaliada em cerca de 115 tirizado e marginalizado mil e seu Município vivem Município. Por isso não e vêm vivendo desde a in- me conformo com a sor- dependência, não se pode te que o meu MPLA, por ter o receio de seguramen- sua “macabra” ingratidão te fazer aqui conjecturas, reserva a este Município, que Sua Excelência Sr. Município este que torna- Presidente da República, o ra “VALENTE” Agostinho Engenheiro José Eduardo Neto, para o sucesso da dos Santos – a personalida- sua luta e da sua caminha- de de que eu mais admiro da Revolucionária. neste país (meu ídolo), venha a deixar o poder ou Ingratidão a presidência da Repúbli- ca, com as populações de Se esta minha aventura Nambuangongo ainda de me CUSTAR A MORTE, rostos tristes, mais tristes só me farão um grande fa- que na era colonial, e sem vor, pois eu sou tão “insig- saberem o porquê luta- nificante” em relação aos ram, para quê lutaram por valentes combatentes e uma independência cujos célebres Comandantes, os frutos “o poder” nega-lhes únicos heróis que eu acre- a conhecer o seu sabor! dito e venero, que a custa Razão que os impede a das suas vidas, Suas Exce- orgulharem-se pelo que fi- lências estão onde estão… zeram por este país, senão e estes, a sua maioria nas- a decepção apenas. ceu em Nambuangongo, O povo de Nambuangon- Município que o MPLA go sente-se bastante traí- mais abomina, e absurda- do e humilhado pelo seu mente onde existem os próprio partido no poder mais “fiéis militantes do “MPLA” desde a procla- escala e de forma ininter- de Nambuangongo até MPLA” que adoram os mação da independência rupta, e que por incrível está proibido de sonhar, seus símbolos que nem a nacional, partido que sob a que pareça, consomem os pois quando já para lá se “Cruz de Cristo” mesmo sua bandeira este povo deu seus produtos em parceria desloca um alto Dirigente de barriga vazia, mes- o seu melhor até o impos- com os animais selvagens, do MPLA, lê-se “Dino Ma- mo circulando nas mais sível de forma abnegada, estes que os ajudam a es- trosse”, a dar conselhos cruéis picadas deste país estando apenas imbuídos coá-los para a selva, por- para este povo não se pre- cobertas de lamas e de de sentimento patriótico, que infelizmente essas po- ocupar com os estudos, enormes precipícios!... In- ao ver o seu Município es- pulações não têm o direito qual é a pretensão? A pre- gratidão é aquela que tem quecido e excluído em to- de ter boas vias de comu- tensão é de um dia fazer nome. Mas a que o MPLA das as esferas da vida… nicação, nem tão pouco os deste povo “escravo” pela agracia a este povo de meios necessários para es- Hoje, o povo de sua matumbice, pois as- Nambuangongo não tem Porquê coar tais desperdícios para Nambuangongo sim mesmo tal Dirigente nome nem sentido! penalizados as cidades e outros des- o disse: “nem todos devem O meu partido “MPLA” tinos dentro do território carrega a mais estudar, porque senão nin- não tem noção do mal que Estranho é que os Dirigen- nacional, por este povo ter pesada “Cruz” da guém há de trabalhar para vem causando contra esse tes do meu partido, com cometido o maior crime da sua história` pelo os outros”… Coitado do povo de Nambuangongo tanto poder, tanta capaci- história recente de Angola, povo de Nambuangongo, e do seu Município, e nem dade e tanta personalida- “ao ter se colocado de cor- seu desmedido ontem já foi “escravo” da sequer mensura as con- de político-jurídica e não po e alma” à disposição de patriotismo e fi- independência e da paz, e sequências… Nambuan- só que os caracterizam, Agostinho Neto (MPLA), delidade` ao MPLA como se não bastasse, ain- gongo tem quadros, tem não conseguem e nem e outros à disposição de e não só… esse da querem que o seja para intelectuais! Futuramente têm a coragem política de Holden Roberto (FNLA), os nossos futuros SUSE- os terá mais ainda, porque chegarem à terreiro dizer pela causa da Independên- povo não só care- RANOS! em quase todas Universi- perante a opinião pública cia Nacional!... ce de boas estra- Sem evasivas, “Simão Pa- dades do país quer públi- nacional e internacional A pior desgraça do povo das – carece de ciência Mapange” con- cas e privadas, estão lá os as razões que os levam e de Nambuangongo é de tudo tinuou: Eu não falo em filhos de Nambuangongo que sempre os levaram a não ter nenhum represen- nome do povo de Nam- – uma expansão total… e marginalizar o Município tante quer no meu próprio buangongo, mas sim em estes a beberem de nós de Nambuangongo e suas partido no poder, quer nome da verdade, da terrí- esta amarga realidade, populações, em termos de no Governo ou Executi- vel realidade e da desgraça não sei se o futuro terá a desenvolvimento social vo, quer no Parlamento, e à que está votada as popu- mesma cara para o MPLA. e económico, depois de que bem merecia pela sua lações desse Município, Se hoje faz deste povo os colocar ao “Pódio”… É história, pois em termos assim como falo também como no passado que inconcebível que Nambu- político-revolucionários, em nome da justiça social. nem sua “reserva fundiá- angongo seja mesmo par- houve Regiões que mais Eu sofri na carne e na alma ria” em termos políticos, te integrante do território se destacaram em relação durante os 14 anos de luta mas a realidade no futu- nacional, onde suas popu- a outras na conquista da pela independência nacio- ro poderá vir a ser outra, lações produzem em larga Independência! O povo nal que passei nas matas acreditem!... 34 FOLHA8 17 DEAGOSTO DE2013 // DOSSIÊ

Eduardo dos Santos contra Nam- buangongo

Desde o advento da paz a 11 anos, o país está sendo ligado por estradas mo- dernas, desde primárias às terciárias, Municípios li- gando às Comunas e estas às Aldeias… mas a que liga Nambuangongo e deste para o Uíge nas vertentes “Quitexe e Quipedro” para o MPLA nem pensar… Creio que se Nambuan- gongo não se tornasse em “TEATRO DAS OPERA- ÇÕES” na luta pela Inde- pendência Nacional, e que mais ameaça representava ao poder colonial, por ter sido a Base da 1ª Região político-militar do MPLA, e quiçá da FNLA também, por ter se localizado a es- cassos km de Luanda, (e como geográfica e admi- nistrativamente pertencia Luanda), o Colono teria deixado Nambuangongo de forma diferente em termos do desenvolvi- mento à semelhança do que fizera no Centro, Sul e Litoral do país, porque crime, para que esse povo na-kassala, uma Comuna Perguntem a Sua Excelên- parece que temos um ou- ali deixaram-no trabalhar peça de joelhos o inédito que dista a 45 km de Ca- cia sr. Ministro do Terri- tro “Lesoto” em Angola, a vontade, pois não houve perdão para poder viver xito, porque é nesta onde tório, que recentemente cuja diferença entre si resi- guerra nessas regiões… é condignamente, se é este o chegou o asfalto, temendo chefiou a Delegação inter- de na “governação própria bom não continuarmos a preço que esse povo ainda que a chuva o faça refém -Ministerial que para lá se de um (o enclave da África escamotear a verdade para deve pagar!!! caso ele se aventure en- deslocou, o que tem de do Sul)” e a “desgoverna- o bem das novas e futuras frentar a picada do inferno especial o Município de ção ou abandono de outro gerações, embora nessas Simplesmente que o leve a sede Muni- Nambuangongo? Inclusive (Nambuangongo, enclave regiões, irrefutavelmente ignorados cipal de Nambuangongo saíram de lá a correr para de Angola)”! Não se sabe tenham nascido também (MUXALUANDO)! É as- virem almoçar na Comuna ao certo se estamos peran- muitos Nacionalistas. Paciência, extremamente sim que vai de vento em de Cana-Cassala, onde tem te “parcialidades gover- Hoje, o povo de Nambu- furioso, mas não arrepen- poupa a “GOVERNAÇÃO o asfalto, temendo que a nativas” ou “assimetrias angongo carrega a mais dido por ter dado o cabe- MODERNA”, basta ver a chuva os deixassem reti- exacerbadas” no ponto de pesada “Cruz” da sua his- dal para apoiar Agostinho ponte sobre o rio Lifune, dos lá caso almoçassem vista paradigmático!... É tória pelo seu desmedido Neto, continuou: Não me na referida via que vai para na sede Municipal… per- inacreditável que o Estado patriotismo e fidelidade revejo no actual Gover- Nambuangongo, no troço guntem a ele como é que angolano ou o Governo li- ao MPLA e não só… esse no Provincial do Bengo Caxito/Quicabo, com uma está o estado das picadas derado por MPLA pudesse povo não só carece de e, nem nunca tal hipótese largura da “língua de ca- por onde passaram, sendo chegar a tal extremo de boas estradas – carece de ocorreu para com os an- maleão” onde só se passa ele Membro do Bureau Po- tamanha irracionalidade tudo: não conhece a água teriores Governos dessa uma viatura de cada vez, lítico?! para com o povo de Nam- potável, não conhece a Província, desde que Lu- enquanto a viatura do sen- Sou um ouvinte assíduo buangongo!!! O que mais luz elétrica, não conhece anda foi dividida em duas tido contrário aguarda a da Rádio Nacional de An- esse povo pode esperar do a assistência médica e me- para o maior pesadelo. To- sua vez. Não sei se a isso gola, razão pela qual não seu próprio partido?! dicamentosa, não conhece dos esses Governos nunca se chama “progresso ou oiço outra Rádio; é assim Banco, não conhece fá- passaram de “mensageiros regresso”! Tudo isso é o que de todos os planos de As vias de brica, enfim, não conhece de desgraças” para o Mu- reflexo da incompetência desenvolvimento do país Comunicação nada! nicípio de Nambuangongo e da falta de experiência projectados pelo Executi- O povo de Nambuangon- e suas populações! Um dos governativa. Pois não tem vo que já ouvi até aqui re- Em Fevereiro de 2011, o go deve ter cometido ao anteriores Governadores outra ilação, porque não ferentes a todos os Muni- acto central das comemo- MPLA (meu partido de dizia que em Nambuan- se pode conceber que en- cípios e Comunas de todo rações do 4 de Feverei- sangue) um crime talvez gongo se iria com carros quanto umas Províncias o território nacional, não ro, passou-se em Caxito maior ao que “seus piores novos e deste voltavam progridem no desenvol- me lembro ter ouvido nada – Bengo; daí o Governo inimigos da história recen- carcaças! Enquanto que o vimento, outras regridem sobre o Nambuangongo Central enviara meios de te o cometeram”… Qual outro faz visitas ao Muni- apenas para a desgraça e acerca disso e da realida- transportes para todos os é então? Divulgam o tal cípio terminando em Ka- atraso!... de social e económica. Até Municípios e Comunas do FOLHA8 17 DEAGOSTO DE2013 35 DOSSIÊ \\

A independência deste país custou

a vida dos melho- res filhos desta parcela do terri- tório nacional, e ante` estes ` valoro- sos heróis eu não sou ninguém… mas se alguém mais deve dar a Bengo para a recolha das cadas, e os ditos “Bois” senhores! Porque não é Um povo que não quer populações aí residentes tiveram que percorrer justo que até os que sub- ver outra bandeira senão sua vida por mais a fim de irem ao acto. Por cerca de 25 km a pé para verteram este país duran- a do MPLA, que venera o esta causa, és-me incrível que pareça, foram chegarem às suas casas ou te anos, são hoje nossos MPLA que nem Jesus Cris- aqui meus senho- enviados para o resto dos às suas Comunas… e o Go- MAGNATAS, porquê que to na cruz. Que outro tra- Municípios e Comunas verno Provincial do Ben- o povo de Nambuangongo tamento poderão merecer? res! dessa Província, auto- go nada faz senão pactuar deve continuar a comer o Deixam ao menos os nos- carros de luxo e, para o com esta crueldade moral pão que o diabo amassou? sos filhos e netos viverem Nambuangongo enviaram e desumana! Aliás a ida da Eu não quero nem imagi- condignamente, desfru- uma frota de caminhões Camionagem p’ra lá, foi nar, o que poderá aconte- tando em nosso lugar os da Unicargas para irem por indicação do Governo cer futuramente com as benefícios da Independên- carregar “os bois” de Nam- do Bengo. populações de Nambuan- cia e da paz pelas quais buangongo a fim de irem A independência deste gongo. Se com o MPLA no lutamos árdua, abnegada assistir ao acto… já de re- país custou a vida dos me- poder, partido pelo qual e patrioticamente! Já que gresso a procedência após lhores filhos desta parcela se tornaram “idólatras” nós temos os dias conta- o acto, foram despejados a do território nacional, e recebem em troca este so- dos, que nem mesmo ao meio do caminho e debai- ante estes valorosos heróis frimento, esta exclusão so- túmulo vamos levar algu- xo duma chuva torrencial, eu não sou ninguém… mas cial e esta miséria, que sor- ma lembrança boa que a porque os mesmos já não se alguém mais deve dar te lhes serão reservadas se gente tenha ganho destas podiam mais avançar dado a sua vida por mais esta eventualmente surgir um porcarias da Independên- ao péssimo estado das pi- causa, és-me aqui meus outro partido no poder? cia e da paz!!!... O DESABAFO Eu não sou um político e militante emergente no MPLA, não. Eu fui bem ideologizado politicamente quando o MPLA ain- da era latente, por aquele que um dia serviu de uma das pranchas de salvação para o MPLA nos momentos mais cruciais de luta. Faço parte dos mais acérrimos militantes do MPLA… o meu desabafo aqui é bastante óbvio, pois quando as coisas não funcionam internamente, só é possível publicamente. Aliás a desgraça de Nambuangongo é conhecida pública e in- ternacionalmente. Nasci numa célebre, histórica e heróica Aldeia, de onde nasceram vários Comandantes e Nacionalistas, com o destaque ao meu tio “Miranda Marcelino (Miramar)” e prima do 1º grau “Teresa Afonso (a Heroína Nacional)”, e um bom número de guerrilheiros integrados nos Esquadrões militares do MPLA – “CIENFUEGOS e KAMY” nasceram nessa aldeia, e que alguns sobreviventes estão lá mofando de miséria extrema!!! Detenho a história do MPLA como detenho a da minha própria vida… pois eu tenho 59 anos de idade, contra quase 57 anos do MPLA, como se pode ver, vi o MPLA a nascer e, juntos crescemos. Também já não sou aquele “maquisardo analfabeto” como nos chamavam depois da papa feita; sou um estudante do 4º Ano da Faculdade de Direito. Tudo quanto eu quero ganhar com isso, é ver o meu Município de Nambuangongo, do qual me orgulho, livre da discriminação, livre da ingratidão e da crueldade social que o próprio Estado ou Governo angolano inflige contra esse Município, e que o meu partido MPLA seja mais grato, mais honesto e coe- rente consigo mesmo… Não se pode governar o país deste jeito beneficiando uns e prejudicando outros!!! Não alienam o Município porquê se não precisam dele? Se a única coisa que fazem dele é excluí-lo e marginaliza-lo? Nambuangongo tem riquezas que muitos países neste planeta não têm! Eu sou “SIMÃO PACIÊNCIA MAPANGE”, tenho a certeza absoluta de que este nome não lhes é estranho, pois posso ser localizado nos arqui- vos do partido, nos do Conselho de Ministros, nos dos “SERVIÇOS(…), onde labutei durante 17 anos a partir de Luanda, Lunda Norte e Bengo respectivamente, nos das Forças Armadas Angolanas, nos dos Antigos Combatentes e Veteranos da Pátria, e por último nos arquivos da nossa Presidência da República, onde foram cartas que nunca conheceram resposta ainda que negativa. 36 FOLHA8 17 DEAGOSTO DE2013 // CARTOON

cONSULTÓRIO MÉDICO

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Moda & Decoração Rua António Manuel de Noronha, 42 Maculusso (junto à Liga Nacional Africana e BFA) Telefone 923 506 652/ 917 045 142 Luanda/Angola FOLHA8 17 DEAGOSTO DE2013 37 CRÓNICA \\

Luís Filipe * cONSULTÓRIO MÉDICO EJACULAÇÃO PRECOCE enho exercido A base do meu tratamen- clínica em vá- to consistiu em clarear o rios países do Fígado e tonificar o Yang mundo. É em do Rim. Angola onde A minha principal preo- tenho encon- cupação foi prescrever- Ttrado mais -lhe uma dieta baseada em queixas sobre ejaculação cereais integrais, vegetais precoce. e leguminosas. A fórmula A ejaculação precoce Ji Sheng Shen Qi Tang, ti- refere-se à ejaculação nha por missão aquecer e de sémen antes ou ime- tonificar o Yang dos Rins. diatamente após o início Aconselhei também ao pa- do acto sexual. É geral- ciente que fizesse 20 trata- mente causada por acti- mentos de acupunctura. vidade sexual excessiva, Ao fim de uma semana masturbação frequente de tratamento o pacien- e alimentação desequili- te notou uma melhoria brada, gerando consumo na sua erecção, embora da Essência do Rim, defi- continuasse a ter ejacula- ciência Yin do Rim e hi- ção precoce. Nesta altura peractividade de primei- aconselhei uma ligeira ro – ministro do Fogo. modificação na alimen- A nossa primeira preo- tação, introduzindo mais cupação para tratarmos o trigo-sarraceno, cenouras paciente é equilibrar-lhe e feijão preto. a alimentação. Todos nós Foi curioso, que ao fim de sabemos que os angola- mais de 15 tratamentos, nos têm hoje um dos pio- o paciente já sentia erec- res hábitos alimentares ções fortes e já controlava baseados em excesso de melhor a ejaculação. Ao proteínas animais, gordu- final dos 20 tratamentos ras, abuso de açúcar e be- o paciente já conseguia bidas açucaradas, exces- controlar a ejaculação du- so do consumo de álcool e rápido. Neste caso, reco- tonificar o Yin e Yang do mentos hormonais. Che- rante 15 minutos durante e também excesso de sal. menda-se a tonificação do Rim. Para tal deve-se fazer garam a aconselhar-lhe o acto sexual. Esta alimentação provo- Yin e a contenção do Fogo. sessões de Acupunctura injecção intramuscular de Pedi ao paciente para que ca, não só o surgimento Para solucionarmos deve- e tomar a fórmula herbal propionato de testoste- mantivesse o equilíbrio de ejaculação precoce, mos aconselhar o paciente para tonificar o Qi do Rim. rona, 25mg em cada dois alimentar e que continu- mas também impotência a tomar a Fórmula de Ane- Geralmente costumo pres- dias. Ao fim de oito dias de asse a tomar a fórmula por e outras doenças degene- marrhernae, Phellodendri crever para este caso a fór- tratamento o doente sen- mais dois meses. rativas. e Rhemanniae. Para além mula Jin Suo Gu Jing Wan. tiu uma forte dor na parte Em Janeiro deste ano o Existem duas síndromes a disso, sessões de acupunc- Em Fevereiro de 2012 re- direita do abdómen, irra- paciente veio visitar-me considerar: tura são extremamente cebi um paciente de 52 diando para os testículos. e afirmou que a situação 1 – Deficiência de Yin e eficazes. anos queixando – se, há É nesta altura que o doente continuou a melhorar, não hiperactividade do Fogo 2 – Deficiência de Yin e de mais de 5 anos, de ejacula- ouve falar em mim e veio à tendo havido recidiva. - Manifesta-se por ocor- Yang – Manifesta-se por ção precoce e também de consulta. rência frequente e incom- aversão ao frio, membros erecções fracas. Recorreu Depois de lhe ter feito o *luisfilipe03@yahoo. pleta erecção do pénis, frios, desânimo, respira- a vários médicos e clínicas, diagnóstico específico da co.uk emissões nocturnas asso- ção curta, dor, e fraqueza mas não obteve sucesso Medicina Tradicional Chi- Mestre em Medicina ciadas com sonhos, tontu- na região lombar e nos nenhum. A sua situação nesa (pulso, língua, apalpa- Tradicional Chinesa ras, palpitações, zumbido joelhos, impotência, lín- piorava. Geralmente as ção abdominal etç) verifi- Life Rising Clinic – Ban- nos ouvidos, secura na gua pálida, pulso profun- prescrições que lhe acon- quei que havia um quadro gkok - Thailand boca e na garganta, lín- do e fino. O princípio do selhavam eram fórmulas de desarmonia do Fígado e gua vermelha, pulso fino tratamento consiste em herbais, e também trata- do Rim. 38 FOLHA8 17 DEAGOSTO DE2013 // CRÓNICA TROCANDO DE BÚZIOS TEXTO DE Onofre dos Santos ela janela do Branca onde na noite ante- tras fechadas, de cor rosa andros daquele arquipéla- a sua obrigação era melhor avião só via as rior eu hesitara, na compa- sobre a toalha dourada. go em miniatura. ter-me poupado o trabalho nuvens bran- nhia de tanta gente conhe- “Sabe, eu conheço cada “É capaz de ver onde está a de perguntar aos búzios...” cas como neve cida de consultar a mãe de búzio, cada concha, pelo sua concha?” Creuza explicou-me então sobre o azul ce- santo lançadora de búzios. seu número... uma delas é a Não tive, confesso, a menor o que devia fazer. Que pen- leste mas o ros- Era sábado, dia de Oxum, sua... quer que eu jogue os dificuldade em localizar o sasse muito bem ali... na- P to de mulher deusa das águas doces, rios, búzios para si?” pequeno búzio estriado de quele momento em que os que me ocupava a mente, fontes e lagos, ela própria “Mas como, se não sabe cor rosa com reflexos de espíritos eram suas teste- A hORA DA LEITURA não me abandonava, como deusa do jogo de búzios e nada de mim?” madrepérola. Pensei que munhas com quem queria se estivesse colado à reti- do amor. O seu elemento “O jogo dos búzios tem devia ser assim neste jogo ficar... só eu o podia fazer... na... água e a sua personalidade apenas duas regras, a arit- havia um búzio que era ou deixava os búzios como N O solavanco ao atingir a maternal e tranquila trans- mética, somar dois com uma espécie de carta mar- estavam sobre a mesa ou pista sacudiu-me no banco portava-me à beleza élfica dois... e a intuição, o pres- cada que qualquer iniciado os trocava de posição... e por momentos o meu do rosto que me ocupava a sentimento... o saber antes neste oráculo seria capaz Olhei-a e vi o seu sorriso pensamento fixou-se na mente. Quando lá cheguei que alguém nos diga algu- de achar sem dificuldade. trocista, enigmático, quase minha chegada a São Sal- já tinha soado o toque dos ma coisa... bastou-me vê-lo Caso isso não acontecesse me parecia diabólico, num vador da Baía... tinha atra- atabaques e todos os orixás ontem ali a olhar para mim ela poderia sempre reco- rosto tão angelical, diáfano, vessado o oceano para che- já tinham sido saudados e o para antever o que queria meçar até ter a certeza que quase transparente, com os gar à terra dos quitutes, da terreiro fervilhava. Eu não saber...” o búzio personalizado seria seus cabelos de oiro caindo capoeira e dos candomblés estava interessado naquele “E o que é que acha que eu descoberto naquela peque- soltos sobre o seu vestido e as suas mães de santo. A ritual e em todo o êxtase quero saber?” na multidão de conchas do longo a condizer com a cor razão da minha visita era que ele procurava atingir “Isso é o que terei de per- mar. de Oxum. uma reunião de escritores com viagens estranhas en- guntar aos búzios... ora va- “É esta não é?” Avancei a mão como um que durante alguns dias tre o céu e a terra de que mos lá a ver... sente-se aí “Sim, sem dúvida...” jogador de xadrez prepa- iriam confraternizar, falar todos se apercebiam mas neste banquinho para ficar “É fácil fixar uma concha... rando-se para o xeque- dos seus livros, das tendên- que não me diziam nada. mais ao pé de mim...” mas eu tenho de as fixar a -mate e peguei na concha cias da literatura actual..., Perguntei por Creuza, a Creuza espalhou as con- todas... pois cada uma delas que estava quase colada à pretexto para muitas con- jovem que eu ontem vira tas que encheram por é alguém que está relacio- minha concha de reflexos versas, com muitos janta- numa pequena tenda a lan- momentos as suas mãos e nado consigo... é claro que prateados e com a outra res e passeios pelo meio. çar as suas conchas sobre esvaziou-as sobre a mesa. neste jogo eu só tive de agarrei na concha situada Nada nem ninguém, toda- uma toalha imaculada, toda Depois com a palma da fixar especialmente duas nos confins do tabuleiro via, iria afastar aquele sorri- ela de vestido branco e um mão foi-as acariciando e a que têm a máxima impor- e num cruzar de mãos, tal so desafiador do meu pen- enorme colar branco, pois certo momento apontou tância para si...” como um ilusionista, colo- samento. Enquanto falava era dia de Oxalá o criador com um dedo indicador “Sim? Quais?” quei ambos os búzios nas ou ouvia os meus colegas, de todos os homens, obs- um búzio entre tantos... Vê esta que está aqui ao pé posições contrárias. quando saboreava uma boa tinado, voluntarioso e in- “Este aqui é você... está a de si? E esta que está aqui Creuza ficou por um mo- receita de vatapá na baixa dependente. Lá estava ela, ver bem? É uma concha nesta ponta da mesa? Uma mento séria, foi juntando do sapateiro ou mordia um outra vez, mas quase não a aberta... tem estas estrias... delas está sobrando!” vagarosamente todos os aracajé na praça junto ao reconheci toda vestida da é capaz de a identificar? Era “Qual é a que está sobran- búzios no meio da mesa, embarcadouro, enquanto cor do ouro, o colar doura- bom que fosse capaz de a do?” menos um... depois pegou corria as alas do mercado do a balançar no pescoço e reconhecer...depois...” “De verdade? Você não num cristal pesado como junto ao porto a explodir sorrindo para mim como Creuza ficou por instantes sabe quem está a mais? um pisa papéis levantou-o de cores e de odores, ou se me esperasse. pensativa, como se igno- Foi a minha vez de ficar em à altura do ombro e subi- olhando a cidade a perder “Sabia que vinha... mas está rasse a minha presença, muda contemplação dos tamente desferiu um gol- de vista para lá da esteira atrasado...” chegou mesmo a fechar os búzios, verdadeiramente pe certeiro sobre o búzio de espuma deixada pelo “Como podia saber? Só de- olhos, eu diria que estava a aturdido com aquele diag- sacrificado que explodiu barco que nos transporta- cidi agora e creio que foi rezar, pois percebi um leve nóstico sobrenatural. Aos em brilhantes fragmentos va num pequeno cruzeiro preciso vários tragos de murmúrio dos seus lábios... meus ouvidos chegavam de porcelana tal como uma pelas ilhas, eu retinha no cachaça de Petrópolis para baixou o rosto sobre os agora mais altos e estriden- supernova no céu a desfa- meu espírito a seu rosto, o me encorajarem a chegar búzios e arrecadou-os no- tes os cânticos vindos do zer-se em luz até se trans- seu corpo, o seu modo de aqui...” vamente nas suas mãos... terreiro onde os orixás de- formar em poeira brilhante andar, não sabendo nem “Isso é o que você pensa... começou a entoar uma viam estar a descer sobre na via láctea. explicar como e porquê pois não vê que tenho o canção que parecia mais os pais e mães de santo no De repente, senti-me dife- aquela obsessão se apode- futuro nas minhas mãos...? um queixume e subita- arrebatamento do candom- rente, como se eu próprio rara de mim sem que eu Basta-me agitá-las, assim, mente os búzios voltaram blé. De repente eu estava flutuasse e quisesse ter vo- fosse capaz de esboçar o lançar os búzios e tudo fica a espalhar-se pela mesa, imerso naquele mundo de ado dali com os estilhaços menor sinal de resistência. presente...para mim! alguns rolando até quase à magia, de adivinhação e do búzio quebrado...sem Depois de uma rodada de “A Creuza é mãe-de-santo? extremidade da toalha, ou- predição do futuro, como corpo e sem alma para o aguardente de cana no ter- “Sou mãe-pequena... mas tros concentrando-se em se tivesse acreditado na- impulso dum último dese- raço do hotel sobre a pisci- nasci aqui, praticamente duas ou três áreas. Num queles oráculos a vida toda. jo que se foi desvanecendo na de pequenos mosaicos neste terreiro... os búzios relance a mesa era um mar “O que devo fazer? Diga- como neve a derreter à iluminada que dava a ilusão são o meu dom”. e as conchas ilhas forman- -me por favor...” chegada do sol ardente. de um mar transparente Enquanto falava Creuza do um arquipélago de for- “Eu não lhe lancei os búzios Na viagem de regresso onde no fundo se reconhe- sorria e olhava não para mas misteriosas. Só então por favor... ninguém o faz... olhava pela janela do avião cia a imagem de Iemanjá, a mim mas para aquelas con- Creuza focou o seu olhar todos os pedidos vêm com e já só via as nuvens bran- deusa dos oceanos, tomei chas que lhe passavam pe- por aquele mar de búzios uma obrigação... se não es- cas como chantilly num a decisão de voltar à Casa los dedos umas abertas ou- perscrutando todos os me- tiver preparado para fazer céu de anil... e nada mais! FOLHA8 17 DEAGOSTO DE2013 39 CRÓNICA \\

ANTÓNIO SETAS NA hORA DA LEITURA A Lei do mais vivo!! De Manuel R. Ferreira urante um - Sou eu mesmo. assalto, - Andava de Audi, Honda em Guan- NSX e tinha uma DUCATI gzhou, com seu nome? China, o as- - Sim senhor!!! saltante de - Morava em Mônaco, D bancos gri- mas tinha apartamentos tou para todos no banco: em NYC, Paris e viajava “Não se mova! O dinheiro quando queria para o Bra- pertence ao Estado. Sua sil no seu próprio jatinho vida pertence a você...” particular? Todo mundo no banco - Correto. agiu calmamente. Isso - Aquele que até hoje a fa- chama-se “ Mudar a forma mília é acionista da Audi convencional de pensar”. do Brasil? Quando a senhora estava - Eu mesmo!!! sobre a mesa provocativa- - Aquele que comeu a mente, o ladrão gritou para Xuxa, e a Adriane Galis- ela: “Por favor, seja civiliza- teu? da Isto é um assalto e não - Sim. um estupro!” - Putz ... pode entrar, mas Isso chama-se “ser profis- você vai achar o Paraíso sional”. Concentre-se ape- íram, o gerente do banco drões contaram e conta- S. Pedro recebe uma merda! nas no que você está trei- disse ao supervisor ban- ram e contaram, mas eles Ayrton Senna Mulher: - Mestre, por que nado para fazer! cário para chamar a po- só contavam $ 20 milhões. um homem que faz sexo Quando os assaltantes vol- lícia rapidamente. Mas o Os ladrões estavam muito Quando Ayrton Senna com várias mulheres é taram para casa, o ladrão supervisor lhe disse: “Es- irritados e reclamaram: chegou ao céu, São Pedro chamado de campeão e mais jovem (MBA trei- pere, vamos dar US $ 10 “Nós arriscamos nossas foi logo perguntando: uma mulher que faz sexo nado), disse para o ladrão milhões do banco para nós vidas e só levamos 20 mi- - Como é seu nome, meu com vários homens é cha- mais velho (que só com- mesmos e adicioná-los à lhões dólares! O gerente filho??? mada de vagabunda? pletou seis anos na escola 70 milhões dólares que já do banco levou 80 milhões - Ayrton Senna da Silva... Mestre: - Filha...Veja bem, primária): “Mano, vamos haviam sido desviados do dólares com um estalar de - Ah!!! Você é aquele piloto uma chave que abre vá- contar o quanto nós te- banco”. seus dedos! Parece que é da F1, não é??? rias fechaduras é uma mos.” Isso chama-se “nadar com melhor ser educado para - Sou eu mesmo. chave-mestra. Já uma O assaltante mais velho a maré.” Convertendo ser um ladrão!” - Aquele que tinha uma fechadura que abre com rebateu e disse: “Você é uma situação desfavorável Isso chama-se “Conheci- ilha em Angra dos Reis qualquer chave, não serve muito estúpido! Há tanto à seu favor! mento vale ouro!” com heliporto, quadra de para nada. dinheiro que vai levar mui- O supervisor diz: “Vai ser O gerente do banco esta- tênis, praia particular entre Discípulo: - Sábio e hon- to tempo para contar! Hoje bom se houver um assalto va sorrindo e feliz porque outras coisas, mais um jato rado mestre, poderia à noite, o noticiário da TV a cada mês.” suas perdas no mercado executivo Learjet 60 de 12 ensinar-me a diferença vai nos dizer o quanto nós Isso chama-se “Tédio de acções são agora co- lugares comprado por US$ entre uma pérola e uma roubamos do banco..!” Killing”. A felicidade pes- bertas por este roubo. 19.000.000,00, um helicóp- mulher? Isso chama-se “experiên- soal é mais importante do Isso é chama-se “Apro- tero bi-turbo avaliado em Mestre: - A diferença, cia”. Hoje em dia, a expe- que o seu trabalho. veitando a oportunidade.” US$ 5.000.000,00 uma lan- humilde gafanhoto, é que riência é mais importante No dia seguinte, o notici- Ousadia para assumir ris- cha Off Shore de 58’, uma numa pérola pode se en- do que as qualificações de ário da TV informou que cos! fazenda em Tatuí e que fiar por dois lados, en- papel! US $ 100 milhões, foram Então, quem são os la- ganhava US$ 1.200.000,00 quanto numa mulher so- Depois que os ladrões sa- retirados do banco. Os la- drões reais aqui? por corrida? mente por um lado. 40 FOLHA8 17 DEAGOSTO DE2013 // OPINIÃO

FÉLIX MIRANDA CONHEÇA O HOMEM Sobas do Mussende contra Colan Xuxuado s mais ve- capacidade de evacuação lhos pedem para Malange quão distan- socorro ao te, também muito por cul- Executivo de pa de alguns longos troços José Eduardo carcomidos. dos Santos Auscultada, uma das rapa- O para travar rigas, evoca a moda como a onda do Xuxuado que a causa e a razão deste fe- se está a transformar num nómeno. Não vêem outra verdadeiro Tufão pior coisa nas televisões que do que o Tsunami contra mesmo pobres, em cada 10 a moral. Uma autêntica casas, tem uma parabólica. praga mais do que social, Por isso, pensam ser nor- é cultural; desta vez Dia- mal o que fazem e acham bo em pessoa a partir dos os mais velhos caducos infernos desceu as Terras e os conselhos ressonan- de Angola. Os velhos estão tes para os tempos ditos a perder a cabeça com as modernos. Outras culpa- mais novas que para além bilizam os próprios sobas de faltarem ao respeito que também não conse- com respostas do arco- guem controlar e educar -da-velha, estão a promo- Blutoof e um rompimento quadris se ter baixado para Logo na tenra idade, desde suas filhas e netas. Dizem: ver a prostituição visual. dos Stoks de VIAGRA nas executar a ordem ou o pe- os 13 anos se fazem engra- “As filhas deles são piores Ao invés de irem a escola, farmácias e nos vendedo- dido, tudo “ficou à mostra”; vidar. Inexperientes e por bandidas, se não têm go- passam de rua em rua a res ambulantes de medica- “vamos fazer mais como falta de médicos em obste- norreia, têm SIDA e se en- exibirem as xuxas a saltitar mentos. assim”. Por causa disso, as trícia que deveriam inter- gravidam a toa”. nos peitos atrevidos, unta- Vai daí, um dos kotas, ao miúdas são frequentemen- vir em cesariana para sal- São acusações um tanto das com óleo e a brilharem explicar o que acontece, te violadas e muitas não var bebés, na sua maioria, ou quanto graves, mas com o reflectir do Sol que disse certo dia ter manda- escapam aos assassinatos, nem uma coisa nem outra. que finalmente não dis- aproveita as aberturas das do uma das miúdas apa- os moços estão raivosos As mortes se multiplicam, tam muito da realidade. A blusas decotadas para tor- nhar uma boneca no chão, e procuram vingar-se na- tanto das mães como dos vida vai mal nessas para- na-las mais provocantes. mal a pequena de pernas quelas que também são bebés quando outro pro- gens. As miúdas, na gene- Mesmo empoeiradas, as grossas e bunda a sair dos vítimas de quem governa. blema se põe, a falta de ralidade, toda a juventude garotas atiram a atenção está sem eira, nem beira. até dos velhos já na refor- Para além de não possu- ma sexual. As saias me- írem recursos que lhes dem apenas um palmo de poupe desses males, não tecido malicioso e fingem têm outra forma de se dis- cobrir qualquer coisa que traírem, a não ser namo- afinal de contas se torna rar que o fazem em dis- mais sensual; os vestidos puta entre elas e eles. As serrados aos corpos e os miúdas desafiam as mais colans muito transparen- velhas e com os mais ve- tes, não têm diferença com lhos, muito mais idosos os vestidos de noite. Isto ainda, uns mais idosos do provocou um aumento da que seus próprios pais. É procura de estimulantes sem dúvida o Apocalipse sexuais, os tradicionais “Now”. FOLHA8 17 DEAGOSTO DE2013 41 OPINIÃO\\ ONDE ESTÁ O PRESIDENTE!?!? TEXTO DE Nelo de Carvalho*

uma demo- quase 40 anos tratou o ci- vistos como matéria social obscurantista que ganhou como se não bastasse, mi- cracia de dadão: um ser de última inservível. de um povo sofrido-, ima- lhões de pessoas num es- verdade instância para com o Esta- Um Estado como o ango- ginem no que dá: corrup- tado de ignorância absolu- isso é inad- do que aí está. lano que vive do segredo ção absoluta e sem freios. ta e inadmissível põem-se missível. O país onde os Governan- e do poder absoluto, dado Não há mão em Angola, de joelho e juram fidelida- Isso prova tes são o povo e o Povo são a um homem tido como nesta situação, que segure de a esse Partido aí, que Nmais uma vez como o os governantes; estes ( o clarividente e ex-comunis- o freio; e freio que segure nem consideração tem por Estado Angolano nestes povo literalmente) sempre ta - com a “legitimidade” as quatros rodas deste ca- eles ( os cidadãos). minhão de poder roubado Se chegou a hora de procla- ao Povo Angolano. marmos o fim da UNITA, A ausência sem explica- também, chegou a hora de, ção e sem acompanha- ao menos, proclamarmos a mento de informações e morte de vícios e hábitos notícias ( tudo só baseado que mantêm este estilo em fofocas e especula- de Governação: que pro- ções), por 45 dias, do país, duz corrupção em grande é a prova de que o MPLA escala, que faz do cidadão fez da nação , aquilo que um tonto, um desqualifica- precisamente negou aos do para fazer política. outros dois MOVIMEN- Chegou a hora, ainda que TOS ( FNLA E UNITA); seja só nos nossos cora- que para isso o MPLA pre- ções, almas e sentimentos cisou difamá-los e acusá- de patriotas, de declarar o -los de canibais, de traido- fim de José Eduardo dos res, antipatriotas e vende Santos e de todos aqueles Pátria. E o pior, pegar em que dão lhe protecção. armas; ou armar um povo, Eles podem ser até os do- inocente, para lutar contra nos das empresas desse aqueles que o partido no país, da minas de diaman- poder trouxe como con- tes, dos poços de petróleo, vicção, das matas, de que mas não podem ser donos eram inimigos do povo ou das nossas consciência. É da nação! um direito nosso e mais de O pior, ainda –como sem- ninguém dizer não a essa pre, parece que nós os an- corja de delinquentes que golanos estamos predis- governam este país. postos a lidar com coisas *[email protected] piores-, é que diante disso, 42 FOLHA8 17 DEAGOSTO DE2013 // CULTURA Especial Óscar Ribas Uma vida em prol da divulgação da cultura angolana Já se passaram quatro anos desde a realização da 1ª conferência internacional sobre a vida e obra de Óscar Ribas que teve lugar no palácio dos congressos entre os dias 17, 18 e 19 de Agosto de 2009. Um encontro que na altura reuniu especialistas angolanos, brasileiros e portugueses para abordar a produção, investigação e literatura do legado de Óscar Ribas

TEXTO DE Nvunda Tonet

obra do et- honrar o nome de Ango- em Benguela, com apenas nógrafo, an- la dentro e fora das suas catorze anos de idade, co- tropólogo fronteiras. meçou a sentir os primei- e escritor Antes mesmo da conferên- ros sintomas da cegueira Óscar Ribas cia e tal como temos divul- que o viria a afetar total revela o seu gado, realizou-se um pou- e definitivamente vinte e A compromis- co pelo país, um programa dois anos mais tarde. Con- so moral e cultural com os de palestras, peças teatrais siderado como o fundador hábitos e costumes de An- e exposições. Durante o da ficção literária angolana gola. Durante a sua vida, o encontro foram igualmen- moderna, no seguimento autor procurou divulgar o te colocados à disposição de Assis Júnior, o autor modo de vida dos angola- do público leitor 15 títulos deu os primeiros passos nos, apoiado sempre por da obra de Óscar Ribas re- da sua atividade no campo investigações profundas editados pelo Instituto Na- das letras, publicando, em numa altura em que os cional do Livro e do Disco. 1927, Nuvens que passam recursos materiais eram Assim, os investigadores e, dois anos mais tarde, em escassos e o pensamento e estudantes de literatura, 1929, Resgate de uma falta. negro era discriminado antropologia, sociologia Depois de vinte anos sem pelo regime colonial. e os nutricionais podem editar, Óscar Ribas sur- Destacam-se na sua obra, saciar parte da sede de co- preendeu os seus leitores os provérbios que perpas- nhecimento. com o livro Flores e Espi- nal e filosofia dos povos Angolanos (UEA), Óscar sam pelos três volumes de Os provérbios descritos nhos, publicado em 1948, de língua Kimbundu. Estas Ribas foi galardoado com Missosso, enquadrados na pelo autor devem ter outro o qual, juntamente com temáticas iriam, então, ali- diversos prémios, a saber: recolha da literatura oral. aproveitamento, tal como dois novos títulos publica- cerçar e enformar o con- Prémio Margaret Wrong A deficiência visual aos 36 sublinhou Kanguimbo dos em 1950, Uanga, e em junto da sua obra, constitu- (1952); Prémio de Etnogra- anos de idade não impediu Ananás. Devido aos seus 1952, Ecos da Minha Ter- ída pelos seguintes títulos: fia do Instituto de Angola que o autor se interrompe conteúdos educativos, ra, constituem, de acordo Nuvens que passam (1927) (1959); Prémio Monsenhor o árduo percurso de inves- dotados de patriotismo e com alguns estudiosos da - novela; Resgate de uma Alves da Cunha (1964). Foi tigação, que passou a con- disciplina tão indispensá- área das Literaturas Afri- falta (1929) -novela; Flores também homenageado tar com auxílio de um guia. veis para a formação do canas, a segunda fase de e Espinhos (1948); Uanga com os seguintes títulos: Na obra “Alimentação re- homem novo. publicações do autor. O (1950); Ecos da Minha Ter- Membro titular da Socie- gional de angolana”, o au- romance Uanga consti- ra (1952); Ilundo - Espíritos dade Brasileira de Folk-lo- tor faz uma apresentação Biografia tuiu-se como um relato e Ritos Angolanos (1958 e re (1954); Oficial da Ordem da alimentação, o modo de da sociedade luandense 1975); Missosso (3 volumes, do Infante, título conce- cozinhar nas diferentes re- Escritor, poeta, jornalista da época (finais do século 1961,1962 e 1964); Alimen- dido pelo governo portu- giões do país bem como os e ensaísta angolano, Óscar XIX), onde se apercebem tação Regional Angolana guês (1962); Medalha Gon- temperos que serviram de Ribas nasceu no dia 17 de os traços caracterizadores (1965); Izomba - Associa- çalves Dias pela Biblioteca base para estudos seme- agosto de 1909, na cidade do seu folclore, das suas tivismo e Recreio (1965); Nacional do Rio de Janeiro lhantes na América Latina. de Luanda, e faleceu a 19 superstições, da sua orali- Sunguilando- Contos Tra- (1968); Diploma de Mérito Para nós é uma honra, de Junho de 2004, em Cas- dade, da sua gastronomia e dicionais Angolanos (1967 da Secretaria de Estado da apresentar uma edição es- cais. das suas formas de relacio- e 1989); Kilandukilu - Con- Cultura (1989). pecial à margem da confe- Fez uma breve passagem namento. tos e Instantâneos (1973); Óscar Ribas foi agraciado rência internacional sobre por Lisboa onde estudou Denotando uma preocupa- Cultuando as Musas (1992) com o Prémio Nacional a vida e obra de Óscar Ri- aritmética comercial. Re- ção extrema com a pesqui- - poesia; Dicionário de Re- de Cultura e Artes, nas bas, em alusão ao cente- gressou, depois, a Luanda, sa, conservação e registo gionalismos Angolanos. categorias de literatura e nário do seu nascimento. empregando-se na Dire- das tradições do seu país, Escritor prestigiado nos investigação em Ciências Retrata-se nestas linhas ção de Serviços de Fazen- o autor debruçou-se sobre meios literários nacionais Sociais e Humanas, outor- a memória de um filho da e Contabilidade. temas de literatura oral, e internacionais, membro gado pelo Ministério da que tão sabiamente soube Aquando da sua estadia filologia, religião tradicio- da União de Escritores Cultura, em 2000. FOLHA8 17 DEAGOSTO DE2013 43 CULTURA \\ Especial Óscar Ribas Miado dum leitor que não enternece TEXTO DE António Quino*

obra de Ós- instalara no Bié, também car Ribas em Bailundos o cantarolar traduz em nocturno, “de baladas si a ideia da inocentes”, de “negras importân- comitivas de bailundos”, cia do leitor. não parece canto, mas um AOs teóricos da estética da mórbido lamento que se recepção, como Wolfang arrasta há várias gerações. Iser, Stanley Fish e Hans- Recorrendo ao seu ensina- Robert Jauss valorizam o mento cristão, Óscar Rib- leitor no nó autor/obra/ as tem interiorizado que é contexto/leitor, por o con- preciso não esquecer a im- siderarem o elemento que portância do cântico en- valida qualquer obra de quanto alimento da fé, e o arte através do processo seu valor na libertação do interpretativo iniciado povo de Deus, conforme com o desdobramento dos se pode ver no livro do códigos presentes na peça. Êxodo, onde se encontra o Talvez por isso é que a Cântico de Moisés. estética da recepção, li- A canção, como se obser- gada às comunidades in- va na libertação do povo terpretativas propostas de Deus do jugo do Egipto, por Stanley Fish, encara a é um testemunho de fé, literatura como produção, de esperança, de resistên- recepção e comunicação, cia à colonização. Enfim, estabelecendo um triân- a amásia cantava para at- gulo dinâmico entre autor, rair a esperança. Mas uma obra e leitor. Aliás, o autor leitura mais profunda, e que estamos a citar refere (talvez) mais actual, faz que a literatura é o produ- emergir a ideia da relação to de um modo de ler e de subalternizada da mulher um acordo comunitário no factor género, em que o implícito acerca daquilo canto afoga a aparente res- que deverá contar como ignação e evoca o sentido literatura. de igualdade, quando a Mas esta tríade, apresen- raça negra pode – também tada por esse importante – funcionar como um pa- teórico norte-americano, ralelismo com o chamado não só valoriza a im- sexo frágil. portância do leitor que é, Há um anunciado de René para as comunidades in- Wellek, em Teoria da lit- terpretativas, o sopro da eratura (1949), página 124, vida de qualquer obra de que pode resumir tudo arte, como remete o acto isso: O processo mais de leitura a dois aspectos: comum de abordar as o implicado pela obra e o relações da literatura com da experiência do leitor. elemento valorável pela negros em caravana, poeti- pelos séculos, tal o ferrete a sociedade é, de longe, Stanley lembra, em Is comunidade interpretativa zados por Agostinho Neto de sua despersonalizaçao! aquela que reside no es- There a Text in This angolana. Particularizemos (Contratados) e por Tom- Por isso, a canção da po- tudo das obras literárias Class? (1980) que os dois a obra Tudo isto aconteceu az Vieira da Cruz (Bailun- bre negra não parecia enquanto documentos so- aspectos estão acasalados, – romance autobiográfico, dos), utilizando o canto canção, mas um mórbido ciais. já que as condições socio- mas precisamente o conto como um lamento calado lamento de um longínquo Portanto, Óscar Ribas históricas das diversas O miado que enternece (p. na alma: sofrer. doa-nos um legado socio- interpretações textuais as 93-94). Uma voz fina, magoada, Não poderia ser mais sug- histórico bastante valioso interliga. Ou seja: o autor O processo socio-histórico saía de casa: era a amá- estiva essa ideia do triste e, concomitantemente, conta uma história (con- da colonização angolana e sia que cantava enquanto canto da alma ser expelida convida-nos a desdobrar texto e experiência do au- todas as suas envolvências, cozinhava. Mas seu can- pela amante do branco os seus textos em função tor) e o leitor, ao interpre- pode levar-nos a reflectir tar não exprimia canto, saudosista, que bem no das nossas próprias ex- tar tal história, reconta-a sobre o significado do can- antes um profundo e dol- fundo prefere uma branca periências e contextos, tendo em atenção as suas to dos negros enquanto es- orido chorar. Mas ela não a dormir do que uma ne- renovando assim os seus próprias experiência e cravos ou contratados. chorava, não, seu viver gra acordada, conforme textos literários. contexto. No seu conto Miado que não a atormentava. Invol- narra em prosa Óscar E é aqui que pretendemos enternece, Óscar Ribas untariamente, talvez cho- Ribas. *Mestre em Literaturas olhar para a obra literária transporta-nos para o sim- rasse o infortúnio de sua E à semelhança da amante em Língua Portuguesa. de Óscar Ribas enquanto bolismo do cântico desses raça – raça excomungada do branco Katemu, que se Professor Universitário 44 FOLHA8 17 DEAGOSTO DE2013 // CULTURA Luanda Urbana: António Ole TEXTO DE Patrício Batsîkama*

ciclo con- Viteix integrava na segun- a presença, nas cores, da tista: Gonga, Etona, Gonga, temporâneo da corrente, mas olhava na expressão tonal rupestris- Quissanga, Sam Mateus, artístico an- primeira corrente como ta. Se, por um lado, ele foi etc. golano é do- uma clareira metodológi- “baptizado” por José Redi- (iii) Geração pluri- minado pela ca para alcançar o diálogo. nha sobre a pintura parietal -moderna: Sabby, Raul presença e António Ole pertence a lûnda/côkwe (Culturgest, Silvestre, Marco Kabenda, Oproeminên- segunda corrente também, 2004: 14), como ele próprio Dom Sebas, Paulo Kussy e cia artística de António e acha a primeira corrente o confessa, deveria então Etona junta-se a este gru- Ole. A sua condição bicul- “um regionalismo barro- conhecer a gramática ele- po, com a sua policroma tural e formação (Maiorca/ co e completamente ino- mentar das cores naquelas construtivísta (depois de Portugal; Liceu Salvador perante, fechado para o populações; por outro, a ti- etonismo). Coreia/Luanda; UCLA/ mundo, muito deslocado”, pificação das cores que ele Estados Unidos de Améri- “profundamente negati- recorre lembra-nos a gra- A policroma luandense ca) permitiram-lhe maior vo e perigoso, chauvinis- mática cromática que Vi- exprime excelentemente visibilidade para este ciclo ta, exclusivista e racista” teix melhor desenvolveu. a pluralidade que Luan- histórico. (Culturgest, 2004: 10). Podemos mencionar as da tem quer nos valores Em 1968 – em plena colo- Ole fez parte da elite mes- seguintes obras: O beato e sociais, quer nos valores nização portuguesa – ele tiça luandense dos anos o corvo (1986: 55,5x77cm), culturais quer, ultimamen- faz a sua primeira exposi- 60/70 e já no liceu Salvador Máscara da Floresta (já te, nos valores políticos. ção individual no Museu Coreia escreveu alguns mencionada), Casulo A morfologia cromática de Angola, o que é notório, textos sobre a arte con- (1990: 140x100cm), Ave de do Ole pode ser vista em na verdade. Já em 1967 par- temporânea (Culturgest, rapina (1990: 140x100cm) e três épocas: 1967/1986, ticipara numa exposição 2004:12) sendo possuidor Viajantes (1991: 92x65cm); 1989/1998 e 1999/2008. Os colectiva, e desde então de uma formação primária (ii) a reconstrução dos va- dois primeiros períodos até 1973, sempre durante portuguesa fina. Daí re- lores angolanos (endóge- autenticam a idiossincra- a colonização portuguesa, sulta a sua visão sobre as nos) face aos desafios que sia do pintor no último pe- fez-se presente nas ex- correntes. Ao contrário de politicamente se viviam ríodo. O segundo período posições importantes da Viteix que está consciente nos anos do pluralismo terá “colorido” – graças as colónia, nomeadamente: das assimetrias entre as político (Culturgest, 2004: instalações e fotografia – o (i) Salão das Festas da Ci- forças socioculturais no 26,28, 29). Algumas obras último período. dade de Luanda (1969); (ii) diálogo em questão com expressam de forma clara: No último período, o pin- VIIIª Festas do Mar (Mo- maior participação (e ao Nó (1991: 100x140cm), Sem tor sintetiza a sua expres- çamedes, 1969) e Salão de mesmo tempo maior ex- título (1993: 157x157cm), A são: (i) rupestrista cromá- Arte Moderna (1970, 1973). clusão) dos valores bantu noite (1994: 60x80cm), O tica; (ii) neo-policroma É justamente durante esta (e Khoisan), António Ole dia (1994: 64x94cm). Neste pictural. Na primeira ex- época que ele se destaca. busca na portugalidade aspecto, importa salien- pressão estão incluídos Por um lado, a sua obra (valor paterno da primei- mais com esta policroma tar os seus companhei- Van, Jorge Gumbe, Álvaro Sobre o consume da pílula ra infância) o instrumento luandense. ros, nomeadamente: Van: Cardoso, etc. Na segun- (81x64,8cm) deu-lhe des- universalizador do diálogo. Grosso modo, a “policro- Confidência, acrílico, 1991: da, estão presentes: Jorge taque nos jornais e outros Daí, a sua crítica sobre os ma luandense” é a expres- 76x90cm (Expo Sevilha, Gumbe (mais uma vez), veículos da informação; autenticistas que se recor- são abstraccionista (e mes- 1992: 51); Jorge Gumbe: Sé- Sabby, Dom Sebas. O anti- e por outro, ele ilustra al- rem à língua portuguesa (o mo surrealista) cromática rie variante, acrílico s/tela, -autenticismo (Thompson, gumas revistas e jornais que, para ele seria contra- onde, por um lado, os léxi- 61x81cm (Expo Servilha, 2006: 16) de Ole ilustra a ligadas as Artes e Letras ditória). cos cromáticos reflectem 1992: 33), etc. sua perspectiva de que a quer em Angola quer na Mais tarde António Ole o mosaico cosmopolita de As instalações, a fotogra- “cultura é continuamente metrópole. descobre os Estados Uni- Luanda e, por outro, vários fia e colagem surgem com criada e atemporal” e nun- Como pode se notar, An- dos de América e abraçou modelos contrastam-se força entre 1993 e 2000. ca estática. tónio Ole vem com um uma “cultura dialogadora”. nos tempos e espaços va- Luanda volta a ser retra- De uma forma resumida, reconhecimento da arte Bebeu em Basquiat este riáveis e intermináveis. Ela tada de três formas: (i) di- a pintura de António Ole académica assimilacio- diálogo para inicialmente estiliza o mundo pluri-mo- álogo entre modernidade ilustra simbolicamente nista desde o tempo colo- (entre 1982-1988) definir derno que se vive e inter- e tradição; (ii) background “Luanda urbana” e os pro- nial (época “finda”, grosso uma “policroma luanden- preta melhor as pequenas cultural do passado local blemas que esta urbanida- modo, em 1961). Talvez se” que melhor expres- estruturas da existência em prospecção futurista de tem desde a imigração seja por isso que, recente- sa esta ideia. Algumas cujo aporte na globaliza- global; (iii) neo-policroma sociocultural, suas dinâ- mente, o governo portu- obras podem o explicar ção se efectua na deferên- mwangolê. Esta viagem/ micas socioeconómicas e guês condecorou-lhe. melhor: New York City cia. Interessante é ver que metamorfose – como em transformações sociopo- Na descoberta de Angola (1982: 40x80cm), O pastor estas pequenas estruturas Ovóide – define o que se líticas. Mas não podemos profunda tinha duas cor- e o boi (1984: 34x34cm), não são estagnadas, dina- pode compreender da limitar o génio artista dele rentes de ideias: (i) corren- Máscara da floresta (1986: mizam-se continuamente “Arte contemporânea an- na pintura apenas. Tam- te de autenticidade onde 100x100cm), Vórtice (1988: e forjam novas semânticas, golana”: três gerações. bém fez escultura, fotogra- a cultura bantu (e, poste- 140x140cm), etc. Ele teve, novas morfologias e novas (i) Geração pós-in- fia, cinema, etc. riormente, Khoisan) era de imediato, alguns com- existências. Uma perpetua dependente: Álvaro Car- exaltada; (ii) diálogo cultu- panheiros, nomeadamen- reinvenção, na verdade. doso, João de Deus, Jorge *Universidade Agostinho ral entre as forças sociais te, Jorge Gumbe, Van e, Na transição dos anos 1980 Gumbe, Valentim Caterça, Neto constituintes de Angola hoje subsequentemente para 1990, já eram visíveis Van, etc Auxiliar a Investigação face aos desafios da época. Sabby isola-se cada vez duas metamorfoses: (i) (ii) Geração noven- Científica FOLHA8 17 DEAGOSTO DE2013 29 A QUENTE \\

Diálogo em Angola. Tema: um roubo! ornalista: Bom dia, mano. Este “alô” é só para te perguntar uma coisa: ontem, quando passaste por minha casa e estiveste a usar o meu computador, telefonaste ou recebeste algum telefone- ma? O amigo (leal, mas da onça): sim, dei um bip (sic) à prima, porque não me quis atender pelo celular. J: O problema é que eu tinha 2,300 MB no dia 3 de Agosto de 2013 ( a prova está inscrita no meu “Computa”)J e depois de tu teres dado um puxão de orelhas à tua “prima” fiquei com 345 (limpidíssimo roubo da UNITEL, pois os telefonemas por Skype são grátis por toda a parte)… Eu costumo fazer telefonemas gigantescos para as minhas filhas que vivem em Portugal. Por vezes mais de uma hora, só que chamo por skype a minha filha, peço-lhe para me chamar e depois de termos fechado a ligação é ela quem me telefona. Mas, tás a ver?, liga a partir de Portugal, onde o skype é de borla como em quase todo o mundo... excepto no país da UNITEL. Descobri essa falcatrua quando telefonei pela primeira vez para Lisboa, há mais de um ano, quase dois, e a ardósia foi ainda mais pesada, quase 3000MB’s, mais de 70 dólares por um serviço grátis. Um roubo, sujo, de gente que não sabe o que fazer ao dinheiro que surripiam assim! Agora estou quase sem internet e tenho que apertar a cintura até receber o salário. Quero evidentemente que faças um gesto para pagar a diferença O que corresponde praticamente a 2000MB, ou seja um carregamento de 2000MB. Espero que faças um bom gesto para eu poder tapar o buraco que fizeste nas minhas contas de somar, não de sumir! No Bié brinca-se com o Registo da Conservatória oje vamos dar um exemplo de um dos milhares de atropelos à lei angolana, uma rebaldaria notória que nos vem do Bié na sequência de reclamações de cidadãos sobre o comportamen- to menos correcto daquele que está à frente da Conservatória do Registo Civil dessa província, Aníbal Lumati. HTrata-se de um estratagema inventado com o claríssimo intuito de, preci- samente, fugir ao que está escrito na lei. E, além de ser ilegal, esse modus operandi está a transformar-se numa maneira de proceder constante que já quase se insere numa espécie de bizarra normalidade. O autor da engenharia, Aníbal Lumati, não é caloiro nestas andanças de meter a unha para safar a lei, as suas manigâncias datam do tempo em que ele era conservador adjunto. Como subiu de posto, a sua nova patente abriu-lhe portas para um mais alargado exercício do poder na sua área e ele aproveita-se disso. Com grande apetência para o vil metal, não se coíbe de emitir certidões (de nascimento, casamento e outras), cujo assento não existe nos livros daquela conservatória. Atrapalhado com os transtornos que a sua indecorosa conduta têm causado, em virtude de aqui e acolá se vislumbrarem algumas carecas do seu modo de agir, vai daí, Lumati teve a “brilhante” ideia de adquirir um livro de registos, (sabe-se lá aonde), no qual ele se dá ao árduo trabalho de transcrever os registos já existentes. E, aprimorando no sentido da malandrice o seu desempenho, ele não se coíbe de ajuntar nesse livro outros registos por ele fabricados, conferindo autenticidade a estes últimos. Simples. Nesta empreitada bastante lucrativa, o homem tem-se desdobrado em esforços, a ponto de, a pouco e pouco, começar a ter parecenças com o famoso Mister Hyde que, noite vinda, virava Mister Jeckyll, pois ao que tudo indica, a engenharia prospera bué, e tanta é a obra que o homem já foi visto altas horas da noite empenhado no seu “métier”. O lamento indignado do mwangolé hoje o lamento, “a quente”, refere-se ao frenesim criado pela falsa revelação da revista Forbes (falsa porque nem sequer é revelação, na medida em que o que a Forbes revela é coisa que toda a gente já sabe) a propó- sito da ilegitimidade do abracadabrante enriquecimento de dona Isabel dos Santos. Acorreram ao socorro da “princesa” os lacaios do Regime, os extra-lúcidos lambedores de botas e os experts de reputação local em termos menos cordatos, do género, “Activista morto de fome, Rafael Marques, faz trabalho sujo com Oamericanos”, ou “Amigo Marques aqui está o dinheiro pelos teus serviços prestados em prol da calúnia e difamação de dirigentes angolanos” (sic), o que levou o amigo Nelo de Carvalho a reagir do seguinte modo: «A baixaria é tanta nas propagandas de desinformação que fica mesmo difícil saber quem é mais promíscuo que quem. Acho que já estamos naquele nível de 1974, quando o MPLA começou a trombetear que os Bacongos, os zaírenses e os fenulas eram todos canibais que deviam ser expulsos de Luanda. Sejamos sincero, dinheiro sujo não é só o dinheiro da CIA ou dos americanos; dinheiro sujo é também o roubado dos cofres públicos, para se continuar a dar legitimidade e defender um governo corrupto; dinheiro sujo são os bilhões de dólares de algumas personalidades na arena nacional, tidas como ricas, mas que nunca conseguem explicar a origem desses bilhões. Nem mesmo quando o Esta- do corrupto, dirigido por Sua Excelência José Eduardo dos Santos, se oferece para defender esses milionários vampiros da nação....» O dinheiro que Rafael Marques usa para sair por aí viajando e fazendo suas pesquisas e difundindo-as. Com certeza não deverá vir de boas mãos, mas é muito mais digno que o dinheiro dos apadrinhados, filhos e afilhados deste regime corrupto, assim como dos bajuladores que estão espalhados por aí no sistema nacional de comunicação e informação. 46 FOLHA8 17 DEAGOSTO DE2013 // DESPORTO

Os “escolhidos” de mister Macedo

O treinador da Selecção Nacional, Paulo Mace- do, já divulgou os nomes dos basquetebolistas seleccionados para defender as cores de An- gola na 27ª edição do Campeonato Africanos das Nações da modalidade [Afrobasket-2013], a realizar-se em Abidjan, capital da Costa do Marfim, de 20 a 30 de Agosto do corrente. Paulo Macedo teve imensas dificuldades para selecionar os doze basquetebolistas porque durante o estágio no Reino de Espanha todos os pré-convocados trabalharam a fim de con- seguir uma vaga na lista final. Se dependesse da equipa técnica angolana os quinze atletas, inicialmente, seleccionados teriam lugar no grupo que vai a Abidjan competir com o ob- jectivo de reconquistar o troféu africano em posse da selecção tunisina. Apesar de abdicar de três jogadores [Divaldo Bunga, Roberto Fortes e Edmir Lucas] consi- derados influentes no esquema táctico da Se- lecção Nacional de Basquetebol Sénior Mas- culino, a equipa técnica acredita no sucesso na montra maior da bola ao cesto africano, na qual espera lograr os objectivos traçados que passam por vencer a prova e voltar ao apogeu no Continente Berço da Humanidade [África]. A “Taça virá a Angola”. Eis os “escolhidos” de Paulo Macedo para o AFROBASKET-2013 Afrobasket-2013: , Milton Bar- ros, , Carlos Almeida, Olímpio Cipriano, Carlos Morais, Leonel Pau- lo, Felizardo Ambrósio, , Eduar- do Mingas, Joaquim Gomes Kikas e Valdelício Angola em resgate Joaquim. O grupo promete trazer, novamente, o ouro. do título Selecção Nacional de Bas- toda a facilidade porque nenhum dos três quetebol Sénior Masculina, oponentes terá potência técnico-táctica a fim às ordens do treinador Pau- de travar a marcha triunfante do Combinado lo Macedo, está pronta para do mister Macedo. Abidjan, Costa do Marfim, O emparceiramento está a favor da Selecção palco da 27ª edição do Cam- Nacional de Basquetebol Sénior Masculina peonato Africano das Nações porque os dois primeiros jogos são, aparente- A [Afrobasket-2013]. mente, mais fáceis, se comparado com o últi- O maior evento basquetebolístico no Conti- mo. A República Centro Africa é considerada nente Berço da Humanidade [África] começa superior em relação a Moçambique e Cabo a 20 de Agosto de 2013 e termina dez dias de- Verde; a priori, selecções sem historial nas pois [30.08.13]. A Equipa angolana páginas “douradas” da FIBA-ÁFRICA, orga- estreia-se diante de Cabo Verde, aliás é o jogo nismo reitor da bola ao cesto no Continente de cartaz da primeira jornada do Grupo “C”, Berço da Humanidade. do qual também fazem parte as selecções de Para Angola, a 27ª edição do Campeonato Moçambique e República Centro Africana, Africano das Nações em Basquetebol Sénior antiga potência do basquetebol continental, Masculino da Costa do Marfim [Afrobasket/ inclusive chegou a conquistar títulos. Abidjan-2013] começa a partir da segunda Angola volta ao palco da competição no dia fase, nesta etapa do torneio a derrota implica seguinte [21.08.18] para defrontar o time na- eliminação, realidade que Paulo Macedo quer cional de Moçambique. O último jogo na fase evitar porque a meta é conseguir o décimo preliminar do Afrobasket de Abidjan será primeiro título continental e resgatar a místi- contra a República Centro Africana. Nada ca continental, perdida a favor da Tunísia no impedirá de os angolanos triunfarem com “Antananarivo-2011”. FOLHA8 17 DEAGOSTO DE2013 47 DESPORTO \\ Girabola Petro passa a equipa vulgar s resul- da agremiação petrolífera tados do foi a demissão do mister Atlético Miroslav Maksimovic Petróleos quando a equipa jogava de Luanda um futebol vistoso e ti- na presente nha apostado num plantel temporada constituído por jovens. Ofutebolística, no calendá- Miller Gomes, actualmen- rio da CAF, deixam-no te no Recreativo do Libolo em situação desfavorável do Kwanza-Sul, também porque granjeia o rótu- dirigiu o clube petrolífero, lo de melhor equipa no mas ficou pelo caminho. Campeonato Nacional de José Dinis, técnico por- Futebol da I Divisão [Gi- tuguês que antes treinou rabola], face ao número o Atlético Sport Aviação de títulos conquistados [ASA], está à frente do [quinze], desde o ascenso comando técnico dos tri- à Fina-Flor colores, desde a segun- Num passado muito re- da volta da 34ª edição do cente, sobretudo quando Campeonato Nacional de venceu os dois últimos tí- Futebol da I Divisão (Gira- tulos do Girabola, a equi- bola-2013) e os resultados pa adstrita à Sociedade são negativos. O Título da Nacional de Combustí- época é sonho impossível. veis de Angola [Sonangol] Com José Dinis no co- conseguiu “reabilitar” a mando técnico os resul- reputação manchada pe- tados tardam a chegar, los insucessos verificados a equipa caiu do quarto nas edições passadas. Ber- para o sétimo lugar na ta- nardino Pedroto, técnico bela classificativa, à saída português, actualmente da 20ª jornada do Gira- vinculado ao Interclube bola-2013. A goleada [4-2] de Angola, foi o obreiro sofrida contra o Futebol do “renascimento” do clu- Clube Bravos, no estádio be tricolor no respectivo conseguidos às ordens do de Luanda nunca mais se mas os resultados tardam comandante “Jonas Kufu- torneio. treinador Pedroto, a equi- encontrou, inclusive con- a chegar. A pior “borra- na Mundunduleno” teste- Depois dos dois títulos pa do Atlético Petróleos tratara vários treinadores, da” do elenco directivo munha a crise petrolífera. Libolo procura vitória na Liga Depois da deslocação à tória, a acontecer seria que mede forças com um Costa do Marfim, onde a primeira fora de casa adversário de peso, talvez jogou e perdeu ante o [estádio municipal de superior ao Sewe de San Sewe Sport de San Pe- Calulo] e certamente Pedro, time costa-marfi- dro, em partida váli- consegue o primeiro lu- nense, carrasco dos libo- da para a 2ª jornada do gar do Grupo B, do qual lense na presente edição Grupo B da Liga dos também estão empar- da Liga dos Clubes Cam- Clubes Campeões, o Re- ceiradas as formações peões. creativo do Libolo do do Sewe Sport de San A equipa de Angola en- Kwanza-Sul defronta o Pedro e Esperance de tra em desvantagem Coton Sport de Garoua Túnis, tido clube mais pelo facto de jogar no dos Camarões, no Stade forte da série. reduto do adversário Omnisport, recinto da Independentemente da que contará com o apoio agremiação camarone- vontade de vencer, como dos adeptos camarone- sa. qualquer equipa futebo- ses. Os árbitros também Apesar de jogar no re- lística almeja, fora ou den- poderão influenciar no cinto do adversário, o tro de casa, o Recreativo resultado, caso aconte- conjunto angolano, às do Libolo do Kwanza-Sul, ça será sempre contra o ordens do treinador au- único “embaixador” an- Recreativo do Libolo do tóctone, Miller Gomes, golano nas Afrotaças, terá Kwanza-Sul, ainda cam- está determinado em de se empregar a fundo peão em título do Gira- conseguir a segunda vi- para evitar a derrota por- bola. Está por perder. EDIÇÃONACIONAL KZ250.00 WWW.JORNALF8.NET ANO18 EDIÇÃO1155 17DEAGOSTODE2013 SÁBADO

Rua Conselheiro Júlio de Vilhena, - 5º, aptº 19 «Só depois de: +384 dias Bairro Ingombota - Luanda A última árvore ser derrubada, BASTONÁRIO INFORMANTE Departamento Administrativo, Financeiro e Comercial: o último peixe ser morto, EDIção Manuela Joaquim o último rio envenenado, Hermenegildo Cachimbombo violou Secretariado, Publicidade e Marketing: os Estatutos da Ordem de Advogados, Paula Padrão vocês irão perceber que Folha ao enviar processos dos membros ao Tel: 391943 - 394077 Telefax 392289 Caixa dinheiro não se come!» SINFO e a PGR, para incriminar cole- Postal 6527 (Pensamento indígena) E-mail: [email protected] gas. Vergonhosa “bufaria”. E nisso os NACIONAL E-mail: [email protected] 8 bons acobardam-se com o silêncio. “Regime intimida e alicia jornalistas” m entrevis- províncias do país, recebe ta à Voz da avisos “amigáveis” através Alemanha, da família. “São coisas do DW África, a tipo: o seu parente está em pesquisado- perigo. Devia convencê-lo ra da Human a deixar de fazer isto por- E Rights Watch que ele pode ser morto”, (HRW), Lisa Rimli, diz que exemplifica. muitos projectos de comu- A pesquisadora notou que, nicação social em Angola com o passar dos anos, as estão no papel porque a re- práticas se tornaram tão gulamentação da Lei está comuns que ninguém mais parada desde 2006. Além fala sobre o assunto: “A disso denuncia intimida- maior parte das pressões ção e aliciamento que o sobre os jornalistas são regime faz aos jornalistas. informais e podem acon- Embora não se tratando de tecer nas redacções ou nenhuma novidade, várias no terreno. É muito difícil organizações ligadas à de- tirar fotos numa manifes- fesa dos direitos humanos, tação ou relatar questões em sentido lato, e da liber- sensíveis de demolições, dade expressão continuam que afectam muitas pes- a denunciar as sistemáti- soas”. cas violações da liberdade “A lei de imprensa diz do exercício do jornalismo que, para abrir o espaço por parte dos detentores radiofónico, tem de haver do poder no nosso país. regulamento. Na teoria Isso mesmo diz todos os é possível, mas a regula- anos a Freedom House. mentação não é aprovada. Como todos sabem, embo- liberdade de expressão, extremamente sofistica- variação de práticas o ob- Às vezes também é muito ra sejam poucos os que se considerando por isso que das e eficazes. Neste con- jectivo é o mesmo”, cons- oneroso para os próprios atrevem a dizê-lo, o regi- os blogues e os sites são texto, poucos profissionais tata. requerentes”, explica Lisa me continua a comandar e cada vez mais importan- conseguem ser jornalistas “Muitos jornalistas são Rimli, temendo restrições a domesticar tantos os ór- tes, embora no nosso país investigativos sem restri- vulneráveis à pressão eco- às redes sociais mais po- gão de comunicação social apenas “3% das pessoas ções: “Pouquíssimos con- nómica porque o custo de pulares como o Facebook, públicos como os que, sob têm acesso à internet”. seguem levar queixas a vida é muito alto no país. a exemplo do que já acon- a capa de serem privados, Lisa Rimli acrescenta que tribunais sobre os abusos São oferecidos acessos a tece através da intimida- obedecem e sobrevivem outro empecilho é que Es- que documentaram”. casa própria ou empregos ção de bloguistas e donos graças ao apoio oficial. tado interpreta as leis de Ela considera que a cober- nos veículos de imprensa de sites informativos. “O universo dos média in- forma vaga e usa instru- tura do serviço de segu- estatais. É claro que este “No Facebook ainda não dependentes em Angola mentos de cooptação de rança do Estado é bastante tipo de aliciamento leva a se sentiu nenhum condi- é muito reduzido e, desde profissionais de imprensa ampla e que existe uma autocensura”, afirma Lisa cionamento do espaço da 2008, é cada vez menor”, para reduzir o poder críti- intimidação individualiza- Rimli. internet em Angola. Existe constata Lisa Rimli, acres- co da média independen- da. Por vezes, ela ocorre Tentativas de aliciamento investimentos na vigilân- centando que a maior tes. através de familiares de como estas podem parecer cia informática. Pela natu- parte dos jornais e rádios Relata Lisa Rimli que, em jornalistas, que, por sua menos perigosas, mas têm reza confidencial não são privadas estão sob contro- 2011, por exemplo, o nosso vez, acabam pressionando uma ameaça velada por- conhecidos. O patrulha- lo directo ou indirecto do director, William Tonet, o profissional de imprensa que “recusar uma oferta mento do Facebook ainda partido no poder (MPLA). foi processado por três a abandonar o trabalho. destas pode ser perigoso”, não se constata neste mo- A Rádio Despertar é um generais do Exército de Lisa Rimli salienta que adverte a investigadora da mento, mas poderá ser o dos poucos veículos priva- Angola e acabou sendo também acontecem amea- HRW. próximo passo”, alerta Lisa dos de comunicação. Mes- condenado a prisão. Trata- ças directas anónimas, via Lisa Rimli diz que, do gru- Rimli. mo assim, sofre restrições, -se, diz, de um caso emble- telefone ou SMS. “Há indi- po de jornalistas angolanos Lisa Rimli diz também que transmitindo somente em mático, onde os militares víduos que são mais fáceis com quem teve contato os próprios jornalistas de- Luanda e, mesmo assim, foram acusados de corrup- de serem intimidados do nos últimos dez anos, pra- veriam estar mais organi- “nem sequer é ouvida em ção pela reportagem. que outros. À medida que ticamente todos sofreram zados. “Há um sindicado toda a capital”. A investigadora da HRW o jornalista é visto como algum tipo de aliciamen- de jornalistas que nem Lisa Rimli assinala que denuncia também pres- teimoso, as intimidações to. Quando um jornalista sempre dá voz às preo- são poucos os veículos sões informais e invisíveis, podem subir de nível. O se torna incómodo, facto cupações dos jornalistas”, tradicionais privados com mas, ao mesmo tempo, comum nisto é que nesta que acontece muito nas critica.