(Re)Inserção Social Dos Angolanos De Ascendência Portuguesa À Luz Dos Estudos Pós-Coloniais
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Carolina Barros Tavares Peixoto Ser, não ser, voltar a ser ou tornar-se? Uma reflexão sobre a (re)inserção social dos angolanos de ascendência portuguesa à luz dos estudos pós-coloniais Tese de Doutoramento em Pós-Colonialismos e Cidadania Global, apresentada à Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra para obtenção do grau de Doutora Orientadores: Professor Doutor Boaventura de Sousa Santos e Professora Doutora Maria Paula Meneses Coimbra, 2015 Agradecimentos À Maria Paula Meneses e Boaventura de Sousa Santos, que no processo de supervisão do desenvolvimento desta tese de doutoramento sempre me incentivaram a superar meus limites, o meu muito obrigado. Foi um grande privilégio poder contar com os seus exemplos e conselhos nesta importante etapa do meu crescimento profissional e pessoal. Ao Prof. Dr. Victor Kajibanga e ao Prof. Dr. Fidel Reis agradeço por apoiarem institucionalmente, através da Universidade Agostinho Neto, a realização do estágio doutoral que permitiu o desenvolvimento de meu trabalho de campo em Angola. Ao Gilson, o grande kamba que me ajudou a encontrar condições para realizar o trabalho de campo em Angola; à mana Egídia por me receber como se eu fosse da família; à Angélica e ao João pelo mecenato; à Akira por me ensinar a não me perder por Luanda; aos Brunos pela amizade compartilhada e muito mais; aos inesperados amigos Ziza, pela foto da capa e todo o resto!; e Koque, por transformar meu sonho de conhecer Benguela e me aproximar da ‘Angola profunda’ em realidade; e a todos/as os/as angolanos/as que aceitaram compartilhar comigo as suas memórias e perspectivas sobre a história e a situação atual de seu país o meu muitíssimo obrigada. Espero que este trabalho corresponda à confiança que vocês depositaram em mim. Agradeço com carinho e saudades a Ana Cláudia, Anna Poïsa, Bruno Andrade, Bruno Diniz, Caetano de Carli, Juca, Iolanda Vasile, Lúcia Helena, Margarida, Rinah e também os reforços que foram aparecendo ao longo do caminho (especialmente nossas ‘veteranas’ Júlia Benzaquem e Karine Queirós e os queridos visitantes Caio Araújo, Fernanda Vieira, Mariana Trotta e Orlando Aragón), que mais do que meros colegas de turma foram grandes companheiros na aventura que foi cursar a parte letiva do programa de doutoramento em Pós-colonialismos e Cidadania Global que, primeiro, muito nos confundiu para logo depois muito nos esclarecer. O que só foi possível graças ao excelente trabalho conduzido pelos Professores António Sousa Ribeiro, Boaventura de Sousa Santos, Clemens Zobel, José Manuel Mendes e pelas Professoras Maria Paula Meneses e Margarida Calafate Ribeiro que nos ensinaram a endurecer (n)as críticas sem perder a ternura jamais, pelo que registro aqui os meus mais profundos agradecimentos. III Aos investigadores mais gente boa do CES, os amigos Bruno Sena Martins, Catarina Gomes e Celso Rosa, agradeço pela parceria que rendeu, e espero que siga rendendo, uma preciosa troca de ideias, saberes e sorrisos também. À Maria José, Acácio e Ana, os competentes responsáveis pela Biblioteca Norte/Sul, e à D. Fernanda que faz a gente ter a sensação de que CES se escreve com C de casa, muito obrigada por todo o carinho e a ajuda que sempre me prestaram. A todos/as os/as amigos/as que encontrei em Coimbra, especialmente João Paulo Galvão dos Santos e Dimitri Vilhena que de tão amigos entraram para a família, muito obrigada por compartilharem comigo as dores e delícias de estar de passagem por uma cidade e uma etapa marcantes da vida, mas também por, neste porcesso, me mostrarem na prática como o mundo é diverso e, por isso mesmo, maravilhoso. Muito obrigada ao sanfoneiro e doutor Paul(inh)o Fonseca e ao pessoal do Forrocatu por preencherem essa fase da minha vida com a mais bela das trilhas sonoras. Com vocês Coimbra teve muito mais encanto. Aos amigos e amigas que deixei do outro lado do mar oceano, mas que nem por isso me tiraram do coração, especialmente Camila Sampaio, Renata Moraes e Carlos Eduardo Coutinho, muitíssimo obrigada por todos os incentivos, trocas de experiência, ajudas, bons conselhos, boas vibrações e abraços apertados, ainda que virtuais. À minha mãe, Joselha Maria Barros, agradeço por ter sido sempre o meu melhor exemplo de que todos os desafios são ultrapassáveis desde que a gente se empenhe e que faça isso não só com determinação, mas também com amor. Aos meus familiares cariocas, especialmente ao tio Neto que me ajudou a driblar um probleminha para atender aos trâmites burocráticos inerentes à solicitação do visto de estudante, agradeço por todo apoio. Agradeço à minha família chilena pelo carinho, cuidado, paciência e incentivo, especialmente à Varínia, minha cunhada-irmã e mentora nas artes do divino feminino, que me ensinou a reconhecer o poder da energia vital que guardo em mim e como canalizar a força dessa energia para o que realmente importa. Aos mestres João e António, ao Dr. Diogo Amorim e todas/os companheiras/os das aulas de yoga e partilhas de Reiki com quem aprendi que para trabalhar melhor, assim como para viver melhor, é preciso manter o equilíbrio, agradeço por me ensinarem a IV administrar o estresse, ser gentil comigo mesma e não esquecer o que realmente é essencial. Agradeço todo o Axé compartilhado com os/as amigos/as integrantes da grande família formada pelos discípulos da Academia João Pequeno de Pastinha – Centro Esportivo de Capoeira Angola – Rio Vermelho (CECA-RV), especialmente ao Mestre Faísca, ao Trenel Junta de Cotovelo e ao camarada David Sumares, que foram os principais responsáveis por transmitir, no núcleo de Coimbra, os conhecimentos legados pelo nosso saudoso Mestre João Pequeno. Às lindas mulheres com quem compartilho a paixão pelas danças orientais, a amiga Susana Carvalho e nossas professoras Marta Mozarabe e Petra Pinto, agradeço por não me deixarem perder o ritmo, em todos os sentidos. Ao professor Gesso e a todos/as os/as amigos/as da Capoeira Muzenza em Coimbra e arredores, obrigada pelo carinho com que me acolheram permitindo que eu voltasse a temperar minha vida com um pouquinho de Dendê. À Mia, por não me deixar perder a hora nem nas manhãs mais escuras, me fazer companhia nos momentos mais solitários e me aquecer nos dias mais frios, a minha gratidão. Ao Pablo, os meus mais profundos agradecimentos por tudo e mais um pouco, pois, sem o seu apoio, que foi total e incondicional, este trabalho nunca seria possível. Muito obrigada amor. V Financiamento Entre janeiro de 2010 e dezembro de 2013 o trabalho de investigação que possibilitou a elaboração desta tese de doutoramento foi cofinanciado pelo Fundo Social Europeu, através do Programa Operacional Potencial Humano e por Fundos Nacionais através de uma bolsa individual de doutoramento – referência SFRH/BD/64059/2009 – concedida pela Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT). VI En África empezó el viaje humano en el mundo. Desde allí emprendieron nuestros abuelos la conquista del planeta. Los diversos caminos fundaron los diversos destinos, y el sol se ocupo del reparto de los colores. Ahora las mujeres y los hombres, arcoiris de la tierra, tenemos más colores que el arcoiris del cielo; pero somos todos africanos emigrados. Hasta los blancos blanquísimos vienen del África. Quizá nos negamos a recordar nuestro origen común porque el racismo produce amnesia, o porque nos resulta imposible creer que en aquellos tiempos remotos el mundo entero era nuestro reino, inmenso mapa sin fronteras, y nuestras piernas eran el único pasaporte exigido. (Eduardo Galeano) VII Resumo Esta tese de doutoramento pretende oferecer um contributo para complexificar os debates em torno dos processos de (re)construção da angolanidade. Um tema que tanto inspirou como desafiou os vários movimentos nacionalistas que se envolveram na luta pela independência de Angola e que, assim como outras heranças coloniais, transcendeu a conquista da soberania e da autonomia angolanas. Percebendo que a questão da legitimidade do pertencimento de pessoas não negras – nomeadamente indivíduos que, devido ao seu fenótipo ou suas características somáticas, são corriqueiramente descritos em Angola como ‘brancos’, ‘claros’, ‘cabritos’, ‘mestiços’ e ‘mulatos’ – à comunidade imaginada angolana continua a ser uma matéria sensível no presente, ao longo deste trabalho procurei recuperar os processos que informaram e/ou ainda informam as (re)construções identitárias dos/as angolanos/as de ascendência portuguesa. Quando o império colonial português chegou ao fim, em meados da década de 1970, Angola possuía a segunda maior população branca de todo o continente africano. Conquistada a independência de Angola, que lugares foram ocupados pelos ex-colonos portugueses e seus descendentes nascidos em território angolano? Partindo de uma perspectiva pós-colonial situada cujo enfoque recai sobre o processo de (des)colonização de Angola e o modo como as práticas e os discursos característicos do colonialismo português impregnaram os regimes identitários nas sociedades que dele participaram, tanto durante o período colonial como depois da independência das colônias (Santos, 2002), esta tese apresenta uma proposta de análise das múltiplas negociações culturais, sociais, econômicas e políticas associadas aos vários processos de (re)construção identitária e (re)inserção social vivenciados por angolanos/as de ascendência portuguesa, no novo país depois de conquistada a independência e/ou na antiga metrópole onde muitos buscaram refúgio durante a longa guerra civil angolana. Palavras-chave: angolanos/as de ascendência portuguesa; identidade; (re)inserção social;