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2 FOLHA8 22 DEJUNHO DE2013 // AQUI ESCREVO EU! PRETOS ao PODER…PORQUE OS NEGROS JÁ LÁ ESTÃO (II) WILLIAM TONET [email protected] O DILEMA DO SER E DO NÃO SER compromisso risco a estabilidade social, das vezes, isenta do paga- da indústria nacional. preta, bastando ver o que de um pro- que todos auguramos para mento de direitos aduanei- Igual comportamento tive- aconteceu a Fernando Gar- fissional, en- Angola. ros. ram estes mesmos dirigen- cia Miala e, agora, a Joaquim quanto jorna- Alguns exemplos?... Até hoje, o governo, viola tes, quanto as moagens e Ribeiro, julgados e conde- lista, deve ser Os negros angolanos foram um preceito constitucional, industriais tradicionais de nados sem qualquer prova, o de alavancar os únicos no mundo a publi- ao não conceder, nem exigir fuba de milho, como a fá- melhor, a prova é a discricio- Oquestões de carem um decreto proibin- às empresas de construção brica Kanine, no Huambo, nariedade do chefe. cidadania com pertinência, do a importação de viaturas civil estrangeiras, e não só, a colocaram no desemprego Por tudo isso, os negros através de ideias, convic- com mais de três anos. O emissão de carteira assinada, mais de 3 mil trabalhadores angolanos estão a anos-luz ções, imparcialidade e sen- objectivo colocando assim os trabalha- e produtores individuais, que da clarividência de Frederi- tido de dever, humanizando foi trazer para o país sócios dores à mercê dos emprega- assistem hoje, desesperados, ck De Klerk, ex-presidente o clamor dos cidadãos sem libaneses e outros estran- dores, com a cumplicidade, ao apodrecimento da produ- branco da África do Sul, as- tibiezas. geiros com o intuito de também, da Sala do Tribunal ção de milho, face à facilitada sumidamente um verdadei- Longe de mim, enquanto conquistar o monopólio dos de Trabalho, que beneficia importação desse produto. ro africano, que transitou do director do F8, incitar ao stands de venda de viaturas, sempre os mais fortes. O regime é useiro e vezei- apartheid para a nova África racismo, como alguns ad- lançando para o desempre- Os dirigentes negros não ro na violação do art.º47.º do Sul, tendo noção de que vogaram, face ao texto da go e mendicidade cerca de se coibiram de encerrar as da Constituição, no tocante as minorias, só no respeito às semana passada: PRETOS 4 mil angolanos, que com moagens nacionais, como ao direito as manifestações, maiorias e vice-versa, conse- AO PODER…PORQUE OS parcos recursos, conse- a Intercomercial Moagem, espancando, prendendo e guem, irmanados, lutar para NEGROS JÁ LÁ ESTÃO. guiam importar carros, para entre outras, que garantiam assassinando os manifestan- a construção e consolidação O enfoque do texto não foi uso pessoal e revenda, a o emprego a mais de 20 mil tes pacíficos, que reclamam de um país forte e melhor a epiderme dos autóctones, preços vantajosos. trabalhadores directos e apenas por uma melhor edu- para todos. mas o desnorte de uma ges- O regime, num outro mo- cerca de 10 mil indirectos, a cação, redução do preço dos Este deve ser o dever sagra- tão pública danosa e dolosa, mento, aumentou os direitos fim de poder escancarar as transportes, emprego, saú- do daqueles que acreditam que vai sufocando a maioria, aduaneiros, para prejudicar o portas aos sócios libaneses e de, saneamento e melhoria que um país só o é realmen- em nome de um complexo florescimento de uma classe paquistaneses, com farinha no fornecimento de água e te independente e plural, de superioridade. empresarial preta, desligada importada mais barata, face energia. quando a diferença anda Racismo seria, hitleriana- das amarras ideológicas, em à falta de constrangimentos A justiça funciona como livre e solta, sem as tentado- mente falando, dizer serem detrimento das sociedades fiscais na importação de ma- alavanca do regime negro e ras mordaças do bajuladora- os pretos superiores e os dos dirigentes, na maioria téria-prima, para benefício está virada contra a maioria mente. únicos autóctones. Nada disso foi e será dito! Longe de mim tal ideia, pois de- DIRIGENTES DO REGIME fendo existirem pessoas coerentes e patrióticas em MARIMBAM-SE NOS PRetoS todas as raças e com igual legitimidade. Tanto assim é que o jornalista Os nossos mitos, símbolos, Passaram a não ter, ao contrá- cação colonial, não interessa E nesse quadro, temos bran- Orlando de Castro, um au- crenças, línguas etc. foram rio dos pretos, características que os pretos mantenham cos assumidamente com- tóctone branco do Huambo, pura e simplesmente banidos identitárias próprias, sendo acesa a fogueira que alimenta prometidos com o sentir fez a seguinte reflexão sobre pelos negros ocidentalizados uma parte igual a tantas ou- a sua identidade. Esquecem- dos angolanos. Vejo patrio- esta série de artigos: “A ver- que, formatados na época tras que, embora angolana, -se, por exemplo, que Por- tismo num angolano bran- dadeira identidade de um colonial, entendem ser crime não destoaria se fosse ameri- tugal pouco ou nada copiou, co, como o escritor Eduardo povo está, ou deveria estar, na manter e apoiar as tradições cana. ou adoptou, da nossa cultura. Agualusa, o engenheiro Ma- sua cultura. No nosso caso, o de um Povo que pensa como Os negros do poder nem se- Nós, pelo contrário, adopta- tos, entre outros, diferente regime colonial impôs a sua, sente é e não como os outros quer admitem que podemos mos tudo, até mesmo o muito da de racistas encapotados mas, de uma forma geral, não querem que ele pense. ser todos iguais no trata- que deveríamos deitar fora e sedentos de sangue, como impediu ou bloqueou os usos, Assim sendo, e assim é de mento, ao assumir o direito por nada ter de angolano. José Ribeiro e Artur Quei- costumes e demais variantes facto, os pretos que são (ou de sermos todos diferentes. E a mais pura da nossa iden- roz, que, diariamente, atra- identitárias autóctones. querem ser) fieis à sua iden- Para eles, devemos ser clo- tidade negra, ancestral, está vés de um órgão público; o Quem, indevidamente e de tidade são – apesar de maiori- nes dos outros, esquecendo nos pretos, que, longe das Jornal de Angola, incitam forma pouco patriótica se tários – marginalizados pelos raízes e ensinamentos, vivên- imposições coloniais e dos ao assassinato selectivo, de incumbiu dessa tarefa neoco- seus irmãos que se deixaram cias e costumes. Os negros, seus seguidores negros, con- quem pensa diferente. lonial foram os ditos “negros globalizar, que se deixaram ao aceitaram passivamente seguiram manter vivo e qua- O que hoje está em causa assimilados”, que, chegados unificar e, dessa forma, serem a aculturação, estão, importa se incólume tudo o que nos é a forma discriminatória ao poder, transpuseram para iguais aos outros e não iguais dizê-lo, a aceitar o domínio da caracteriza como autóctones como esta gente, alcando- a nossa sociedade tudo quan- a si próprios ou, pelo menos, uma cultura estranha e não a angolanos, como Povos afri- rada no poder desde 1975, to puderam copiar do regime aos seus antepassados. partilhá-la com as outras que, canos, e não como povos não consegue cumprir com colonial, esquecendo a nossa Os negros, neste contexto, essas sim, são nossas. mais ou menos europeus a preservação da identidade mais pura e intrínseca reali- deixaram de ser “nós” e pas- É claro que aos negros, fruto que vivem em África e são de dos povos e da melhoria das dade. saram a ser (como) “eles”. de sonhos de grandeza e edu- raça negra.” suas vidas, colocando em FOLHA8 22 DEJUNHO DE2013 3 DESTAQUE \\ com o espectro de partido tem a sua visão. ficha técnica um “pensamento po- Não concordo com essa Propriedade lítico único” nos pró- ideia” de unificação da WT/Mundovídeo, Lda. ximos anos. oposição para com- Reg. n.º 62/B/94 Agualusa con- bater o poder do Director siderou nes- MPLA, explicou, William Tonet sa altura, tal lembrando que o como veio a Parlamento saí- Director Adjunto António Setas ser confirma- do das eleições de Félix Miranda do em 2012, 1992, as primeiras, que os resulta- era mais equilibra- Editor-Chefe Fernando Baxi dos, apontando do. para uma vitória Importa, já agora, Chefe de Redacção do MPLA com recordar que em César Silveira mais de 80 por entrevista ao Se- Editor Cultura cento, repre- manário Angolense Nvunda Tonet sentavam “um (Janeiro de 2008), Editor Economia regresso ao par- Agualusa disse que António Neto tido único”, com “o pior de Angola são Editor Política & On-Line a desvantagem os seus políticos”. Orlando Castro de, agora, ser legiti- Como a situação se mado pelo voto. mantém, é caso para Editor Nacional Fernando Baxi “Os resultados são dizer que Angola não assustadores e pre- tem políticos, tem é ban- Editor Sociedade ocupantes. É um re- doleiros em lugares po- César Silveira gresso ao partido único, líticos, nomeadamente no Editor Desporto só que através do voto. Não Governo. Fernando Baxi AGUALUSA há democracia sem oposi- Mas, fiquemos descansa- Editor Regiões ção. Não há correntes de dos que o problema não é William Tonet pensamento no Parlamen- só de Angola. Aplica-se a to, por excelência, a casa todos os países lusófonos, Redacção CONTINUA NA William Tonet, da discussão democrática”, de Portugal a Timor-Leste. António Setas, sublinhou Agualusa. “O que ele não suporta é a Félix Miranda, Fernando Baxi, José Eduardo Agualusa, independência dos outros, César Silveira, LINHA DE FOGO mostrando-se também “ex- das pessoas, das organi- Orlando Castro, tremamente preocupado” zações, das empresas ou Tito Marcolino, Nvunda Tonet, com a pressa do reconhe- das instituições”, afirmava António Neto, osé Eduardo até agora tem podido sem- cimento da validade dos – nesse ano - o sociólogo Antunes Zongo, Agualusa foi ago- pre) o seu órgão oficial (o resultados, comparou, sem português António Barreto.

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