O Reino Do Congo E Os Miseráveis Do Mar. O Congo, O Sonho E Os Holandeses No Atlântico – 1600-1650” / Stephanie Caroline Boechat Correia
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UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE INSTITUTO DE CIÊNCIAS HUMANAS E FILOSOFIA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM HISTÓRIA MESTRADO EM HISTÓRIA STÉPHANIE CAROLINE BOECHAT CORREIA O REINO DO CONGO E OS MISERÁVEIS DO MAR O CONGO, O SONHO E OS HOLANDESES NO ATLÂNTICO 1600-1650 NITERÓI – RJ 2012 STÉPHANIE CAROLINE BOECHAT CORREIA O REINO DO CONGO E OS MISERÁVEIS DO MAR O CONGO, O SONHO E OS HOLANDESES NO ATLÂNTICO 1600-1650 Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de Pós Graduação em História da Universidade Federal Fluminense como requisito parcial a obtenção do título de mestre. Setor Temático: História Moderna. Orientador: Prof. Ronaldo Vainfas. NITERÓI – RJ 2012 C824 Correia, Stephanie Caroline Boechat. “O reino do Congo e os miseráveis do mar. O Congo, o Sonho e os holandeses no Atlântico – 1600-1650” / Stephanie Caroline Boechat Correia. – 2013. 213f. ; il. Orientador: Ronaldo Vainfas. Dissertação (Mestrado) – Universidade Federal Fluminense, Instituto de Ciências Humanas e Filosofia, Departamento de História, 2013. Bibliografia: f. 208-213. 1. Congo (República Democrática). 2. Holandês. 3. Oceano Atlântico. I. Vainfas, Ronaldo. II. Universidade Federal Fluminense. Instituto de Ciências Humanas e Filosofia. III. Título. CDD 967.5101 AGRADECIMENTOS Este trabalho jamais teria se tornado realidade sem a intervenção de diversas pessoas. Em primeiro lugar, agradeço a meus pais, Rose e Dilson, pelo esforço e sacrifício que permitiram minha formação acadêmica. Agradeço também a Anderson, fiel companheiro, pelas discussões que atravessaram noites e pelo apoio incondicional que sempre manifestou. Agradeço também aos professores que atravessaram meu caminho, influenciando positivamente minha formação intelectual. Em primeiro lugar, ao professor Ronaldo Vainfas, mestre cujas orientações foram importantíssimas para o desenvolvimento desta pesquisa. Agradeço ao professor Guilherme Pereira das Neves que, com sua extrema dedicação e erudição, foi um exemplo de intelectual e docente sempre pronto a atender e a orientar os alunos mais insistentes – entre os quais me incluo. Gostaria de agradecer também à professora Charlotte Castelnau-Lestoile pelas valiosas leituras e discussões que seu curso proporcionou. Gostaria de registrar também minha gratidão por outros professores que, apesar de não serem especialistas em minha área de pesquisa, foram muito importantes ao longo de toda a minha formação na Universidade: Martha Abreu, Carlos Gabriel Guimarães, Ciro Flamarion Cardoso, Denise Rollemberg e Rodrigo Bentes Monteiro. Agradeço também aos colegas que contribuíram para enriquecer os anos de academia: Gustavo, que revisou atentamente este trabalho com enorme dedicação e paciência, Sebastião, Ingrid, Ana Paula e Maria Clara, amiga que a UFF me presenteou. Agradeço também aos funcionários dos arquivos e bibliotecas pelas quais passei que auxiliaram e, muitas vezes, facilitaram meu trabalho de pesquisa. RESUMO Esta pesquisa tem o objetivo de conhecer as relações construídas e desfeitas entre holandeses, portugueses e congoleses no período de 1600 a 1650, prestando maior atenção, aos aspectos políticos e religiosos dessas relações. Para tal, foi importante perceber como as identidades dos senhores locais, sobretudo os mani Congo e Sonho, foram sendo construídas através das disputas travadas e como, muitas vezes, os discursos e as práticas possuíram diferenças enormes de acordo com os interesses e com as situações. Suas mudanças de posicionamentos políticos, seu fazer e desfazer de alianças em relação a holandeses, portugueses, espanhóis e italianos são pontos importantes da pesquisa e são vistos como contradições próprias das relações sociais. Categorias como católico, pagão e herege tinham enorme importância e eram manejadas de acordo com as exigências de cada situação. Foram justamente essas situações que impuseram discursos e práticas identitárias – por vezes aparentemente contraditórias – que se destacaram ao longo da pesquisa e que constituíram o foco de atenção deste trabalho. PALAVRAS-CHAVE: Congo, holandeses, Atlântico ABSTRACT This research aims to understand the relationships built and broken between Dutch, Portuguese and Congolese in the period from 1600 to 1650, paying more attention to the political and religious aspects of these relationships. For such, it was important to understand how the identities of local lords, especially the Congo and mani Dream, were built through the disputes waged and how the discourses and practices possessed huge differences according to the interests and situations. His changes of political positions, their making and unmaking alliances against the Dutch, Portuguese, Spanish and Italian are important points of the research and are seen as contradictions in social relations. Categories such as Catholic, pagan and heretic had enormous importance and were managed according to the requirements of each situation. It was precisely these situations that imposed identity discourses and practices - sometimes seemingly contradictory - that stood out during the research and which were the focus of this work. KEYWORDS: Congo, Dutch, Atlantic SUMÁRIO Introdução.......................................................................................................... p. 08 Capítulo 1: A história africana: controvérsias historiográficas .................. p. 22 Capítulo 2: O reino do Congo: tradições e tensões........................................ p. 38 O Congo antes de Cão............................................................................ p. 40 O Sonho congolês, dissidência anunciada.............................................. p. 59 Capítulo 3: Histórias conectadas: disputas europeias e rivalidades congolesas........................................................................................................... p. 67 Sentidos da expansão europeia na África centro-ocidental..................... p. 67 Gênese da realeza católica no Congo: dilemas....................................... p. 72 Disputa europeia, reino dividido............................................................. p. 84 O reino do Congo e os “miseráveis do mar”........................................... p. 87 Capítulo 4: “Cristãos e idólatras, neófitos e apostatas” ............................... p. 136 As contendas do velho continente e a viuvez dos bispados lusitanos.... p. 138 O reino do Congo e os missionários do Evangelho................................. p. 146 A “cristandade” congolesa...................................................................... p. 167 O reino do Congo e os hereges de Angola.............................................. p. 183 Entre o discurso e a prática: Poder, religião e identidade....................... p. 193 Considerações Finais......................................................................................... p. 202 Bibliografia ....................................................................................................... p.208 [...] as grandes transformações que alteram profundamente a face da Terra não existem em nenhuma parte a não ser pela ação de atores que, na lógica dos contextos peculiares da sua experiência social, se esforçam em garantir para si um lugar, isoladamente e/ou com outros. Jacques Revel. “Micro-história, macro-história: o que as variações de escala ajudam a pensar em um mundo globalizado”. Revista Brasileira de Educação.v. 15 n. 45 set./dez. 2010.pp.444. 8 INTRODUÇÃO Inicialmente o projeto que deu origem a esta pesquisa tinha o enfoque voltado para as relações políticas que envolveram o reino do Congo, holandeses e portugueses no Atlântico da primeira metade do século XVII. A pesquisa, no entanto, possui certa vida própria, uma vez que nem sempre nossas intenções e pretensões iniciais se mantêm quando travamos contato mais profundo com as fontes coletadas. Neste caso não foi diferente. A historiografia e algumas disciplinas do programa de pós-graduação ajudaram para que o enfoque fosse, aos poucos, tomando novos contornos. O objeto principal, no entanto, se manteve: conhecer as relações construídas e desfeitas entre holandeses e congoleses ao longo do período citado, prestando maior atenção, agora, aos aspectos políticos e religiosos dessas relações. É importante ressaltar a impossibilidade de pensar a religião como algo separado de política, economia, cultura etc. – que, aliás, não são mais do que conceitos e ferramentas criados e operados posteriormente pelo pesquisador. Assim sendo, política e religião, no contexto abordado, se misturavam. Diferentemente do que se nota nas sociedades contemporâneas, nas sociedades “modernas” ou “tradicionais” o universo que caracterizamos como religioso estava presente na maioria das áreas da vida social. Por vezes, relações que consideraríamos como políticas ou estratégicas eram acompanhadas de pedidos, reclamações ou exigências de fundo religioso a respeito do material ou do pessoal encarregado da missionação. Igualmente significativo neste trabalho é perceber como as identidades foram sendo construídas através das disputas travadas e como, muitas vezes, os discursos e as práticas possuíram diferenças enormes de acordo com os interesses e com as situações. Os reis do Congo e os condes do Sonho que governaram suas regiões no período destacado continuam sendo o foco principal de atenção deste trabalho. Suas mudanças de posicionamentos políticos, seu fazer e desfazer de alianças em relação a holandeses e portugueses continuam sendo um ponto importante aqui, mas com o olhar de quem procura ver nos discursos e nas práticas