Tomada De Decisão Aplicada Ao Setor De Transporte Aéreo Brasileiro
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Departamento de Engenharia Industrial TOMADA DE DECISÃO APLICADA AO SETOR DE TRANSPORTE AÉREO BRASILEIRO Aluno: João Pedro Dourado Fernandes Orientadora: Fernanda Maria Pereira Raupp Introdução O setor de transporte aéreo vem despertando, sem dúvida, especial atenção do governo brasileiro e certa preocupação dos passageiros nos últimos anos. A dramática expansão do tráfego aéreo na última década – em especial após a retração suscitada pelos atentados de 11 de setembro de 2001 – mobilizou os órgãos responsáveis no sentido de propor projetos de expansão de aeroportos que beiram – ou, mesmo, excedem – sua capacidade de operação, bem como de contratar novos controladores de voo e aumentar a eficiência dos centros de controle de tráfego aéreo nacionais. O número total de passageiros domésticos embarcados, que era da ordem de 27,7 milhões em 1999 – e de 29,8 milhões em 2003 –, atingiu a marca de 58,4 milhões em 2009. O total de passageiros internacionais, que era de 7,5 milhões em 1999 – e recuou para 7,3 milhões em 2002 –, chegou ao ápice de 13,3 milhões em 2008, retrocedendo ligeiramente para 12,6 milhões em 2009. Esses índices retratam um crescimento de 111% no volume de passageiros domésticos no período 1999-2009, sendo um crescimento de 96% apenas no período 2003-2009. O volume de passageiros internacionais cresceu 82% no período 2002- 2008; quando se analisa o intervalo 1999-2009, o crescimento foi de 68%. A TAM apresentou notável crescimento na última década, de modo a se configurar, atualmente, como principal companhia de transporte aéreo nacional. No mercado doméstico, sua parcela de mercado (market share) que era de 27,3% em 1999 subiu para 47,6% em 2008, recuando para 42,0% em 2009, com a expansão da participação da GOL para 43,0%; de 1999 a 2009, o número de passageiros domésticos transportados pela TAM cresceu 225%. Em rotas internacionais, o market share da TAM aumentou de 1,5% para 25,0% nesse período, quando se consideram companhias nacionais e estrangeiras; entre as companhias brasileiras apenas, a participação saltou de 3,1% para 72,0%; o número de passageiros internacionais registrou o impressionante crescimento aproximado de 1660%. Objetivos Investigar o contexto das decisões tomadas pela TAM na consolidação, ao longo da última década, de sua liderança no mercado de transporte aéreo nacional, assim como a eficiência de tais estratégias. A expansão da TAM no período 1999-2009 Mercado doméstico: a consolidação do duopólio TAM-GOL O gráfico a seguir ilustra o crescimento do número de passageiros domésticos embarcados no período 1999-2009: Departamento de Engenharia Industrial Gráfico 1: evolução anual de passageiros transportados – tráfego total doméstico (1999-2009). O número de passageiros domésticos transportados pelas principais companhias aéreas brasileiras no período foi organizado no gráfico seguinte. Foram consideradas as empresas que atingiram, em pelo menos um dos anos considerados, a marca de 1.000.000 de passageiros domésticos transportados: TAM, GOL, VARIG, VRG1, VASP, TransBrasil, Avianca/OceanAir, Azul, Trip e Webjet. Gráfico 2: evolução anual de passageiros transportados – tráfego doméstico por empresa (1999-2009)2. 1 A VRG Linhas Aéreas foi criada em 20 de julho de 2006, em meio ao processo de recuperação judicial da VARIG. Essa empresa incorporou a parcela da antiga VARIG que apresentava boa situação financeira. Em 28 de março de 2007, a GOL incorporou a VRG. 2 O número de passageiros transportados pela TAM em 1999 e 2000 corresponde à soma dos dados das empresas “TAM Transportes Aéreos Regionais S/A”, “TAM Transportes Aéreos Meridionais” e “TAM Linhas Aéreas S/A”; a partir de 2001, esses braços de operação foram unificados, passando a ser designados unicamente por “TAM Linhas Aéreas S/A”. Os dados da TransBrasil referem-se à soma dos dados da “TransBrasil Linhas Aéreas” e da “Interbrasil Star S.A.”. Entre 1999 e 2006, os dados da VARIG foram obtidos por meio da soma dos dados dos seus três ramos de operação: “Nordeste Linhas Aéreas Regionais S.A.”, “Rio Sul Serviços Aéreos Regionais S/A” e “VARIG Viação Aérea Rio-Grandense”. Os índices relacionados à Avianca Brasil, no período 2003-2008, referem-se às operações da OceanAir. Departamento de Engenharia Industrial Também foram organizados na forma de gráfico os índices de market share das companhias aéreas em questão: Gráfico 3: evolução anual do market share doméstico por empresa (1999-2009)2. A análise dos gráficos 2 e 3 mostra que, no período 1999-2002, a TAM conseguiu expandir sua participação no mercado doméstico devido à crise econômica da TransBrasil – que culminou com sua falência em 2001 – e ao declínio da VARIG. Em 2003, a empresa registrou leve redução no número de passageiros transportados e no seu market share, como efeito da desaceleração do setor – provocada pelos atentados de 11 de setembro de 2001 – e da ascensão acelerada da GOL, fundada em 2001. No período 2004-2006, a TAM voltou a se expandir, aproveitando-se da situação financeira desfavorável enfrentada pela VARIG – que foi eventualmente absorvida pela GOL em 2007. A companhia se estabeleceu como líder de mercado, registrando market share de 46,1% em 2006. Nos anos seguintes, a liderança da TAM foi consolidada, atingindo 47,6% de participação no mercado doméstico em 2008. Em 2009, porém, foi registrada redução nessa participação frente ao crescimento da GOL – que se mantem em contínuo processo de expansão desde sua fundação. A participação de mercado da GOL superou a da TAM em 2009. Entretanto, essa liderança da GOL não tende a se expandir no futuro; provavelmente, esse resultado é reflexo do ajuste dessas companhias à nova lógica de duopólio configurada no mercado brasileiro. Nos próximos anos, a tendência é que ambas tentem consolidar suas participações, possivelmente se alternando na liderança do mercado. A presença combinada do duopólio TAM-GOL no mercado foi registrada no gráfico 4. Além disso, foi registrada a participação das “companhias regionais”. Na presente análise, foram incluídas no grupo das “companhias regionais” companhias de pretensões nacionais que, contudo, ainda não apresentam sua malha de rotas consideravelmente diversificada pelo território nacional; entre estas, pode-se destacar: Avianca – sucessora da OceanAir –, Azul, Trip e Webjet. Departamento de Engenharia Industrial Gráfico 4: evolução anual do market share do duopólio TAM-GOL e das companhias regionais (1999-2009)2. O gráfico 4 ilustra o rápido crescimento das companhias no período 1999-2006, frente às dificuldades financeiras enfrentadas por competidoras tradicionais, a saber: VARIG, VASP e TransBrasil. A partir de 2006, a participação do duopólio no mercado mostra-se consolidada, mantendo-se entre 80% e 90%. Nota-se, também, uma tendência de crescimento das empresas de menor porte, manifestada no ano de 2009. A expansão dessas companhias – em especial, daquelas de pretensões nacionais – pode configurar uma ameaça ao domínio exercido pelas líderes de mercado nos próximos anos. Mercado internacional: TAM como nova flag carrier brasileira Foram organizados no gráfico a seguir os dados relativos ao número total de passageiros internacionais embarcados e ao número de passageiros internacionais transportados por companhias aéreas brasileiras e estrangeiras no período 1999-2009: Gráfico 5: evolução anual de passageiros transportados – tráfego total internacional e sua distribuição entre companhias nacionais e estrangeiras (1999-2009). Departamento de Engenharia Industrial O gráfico seguinte ilustra a evolução do market share do mercado brasileiro de rotas internacionais referente às empresas nacionais e estrangeiras no período 1999-2009: Gráfico 6: evolução anual da distribuição do market share de rotas internacionais entre companhias nacionais e estrangeiras (1999-2009). Foi registrado a seguir, ano a ano, o número total de passageiros internacionais transportados pelas companhias brasileiras no período 1999-2009: Gráfico 7: evolução anual de passageiros transportados – tráfego internacional por empresa (1999-2009)2. Foram, também, organizados graficamente os dados relativos à participação das companhias aéreas brasileiras no mercado nacional de tráfego aéreo internacional: Departamento de Engenharia Industrial Gráfico 8: evolução anual do market share internacional das empresas brasileiras (1999-2009)2. No período 1999-2001, a TAM encontrou espaço para expandir ligeiramente suas rotas internacionais, em razão da falência da TransBrasil e do cancelamento das rotas internacionais da VASP – que, envolta em dívidas, viu-se obrigada a abrir mão de grande parte de sua frota de longo alcance –; a participação da TAM se consolidou em torno de 15% do mercado. Nessa época, entretanto, o setor era dominado pela VARIG, que mantinha entre 70% e 80% de market share. Em 2001, os atentados ao World Trade Center afetaram severamente o setor de transporte aéreo internacional, manifestando-se na redução do número de passageiros transportados por TAM e VARIG – únicas empresas brasileiras com rotas internacionais à época –, no ano de 2002. Esse impacto, contudo, foi mais intenso em outros países, forçando empresas estrangeiras a reestruturarem suas malhas internacionais; como resultado, o market share das empresas aéreas nacionais atingiu o melhor resultado no período analisado, com um índice de 49%. Nos anos de 2003 e 2004, a VARIG manteve sua hegemonia no setor, com participações ainda maiores, entre 80% e 90% do mercado. Entre 2005 e 2007, a crise financeira enfrentada pela VARIG abriu espaço para uma expansão