Brasil Canibal: Antropofagia E Tropicalismo No Macunaíma De Joaquim Pedro De Andrade

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Brasil Canibal: Antropofagia E Tropicalismo No Macunaíma De Joaquim Pedro De Andrade UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE INSTITUTO DE CIÊNCIAS HUMANAS E FILOSOFIA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM HISTÓRIA WALLACE ANDRIOLI GUEDES BRASIL CANIBAL: ANTROPOFAGIA E TROPICALISMO NO MACUNAÍMA DE JOAQUIM PEDRO DE ANDRADE NITERÓI 2011 2 WALLACE ANDRIOLI GUEDES BRASIL CANIBAL: ANTROPOFAGIA E TROPICALISMO NO MACUNAÍMA DE JOAQUIM PEDRO DE ANDRADE Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de Pós-Graduação em História da Universidade Federal Fluminense como requisito parcial para obtenção do título de Mestre em História. Orientador: Prof. Dr. Paulo Knauss de Mendonça NITERÓI 2011 3 Ficha Catalográfica elaborada pela Biblioteca Central do Gragoatá G924 Guedes, Wallace Andrioli. Brasil canibal: antropofagia e tropicalismo no Macunaíma de Joaquim Pedro de Andrade / Wallace Andrioli Guedes. – 2011. 144 f. Orientador: Paulo Knauss de Mendonça. Dissertação (Mestrado) – Universidade Federal Fluminense, Instituto de Ciências Humanas e Filosofia, Departamento de História, 2011. Bibliografia: f. 141-144. 1. Cinema brasileiro. 2. Cinema Novo. 3. Tropicalismo (Movimento musical). 4. Andrade, Mário de, 1893-1945. Macunaíma. 5. Adaptação para o cinema. 6. Antropofagia. I. Mendonça, Paulo Knauss. II. Universidade Federal Fluminense. Instituto de Ciências Humanas e Filosofia. III. Título. CDD 791.430981 4 UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE (UFF) INSTITUTO DE CIÊNCIAS HUMANAS E FILOSOFIA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM HISTÓRIA (PPGH) MESTRADO EM HISTÓRIA SOCIAL BRASIL CANIBAL: ANTROPOFAGIA E TROPICALISMO NO MACUNAÍMA DE JOAQUIM PEDRO DE ANDRADE BANCA EXAMINADORA _________________________________________ Prof. Dr. Paulo Knauss de Mendonça(Orientador) Universidade Federal Fluminense _________________________________________ Profª. Dra. Mônica Kornis Fundação Getúlio Vargas _________________________________________ Profª. Dra. Sônia Cristina Lino Universidade Federal de Juiz de Fora _________________________________________ Profª. Dra. Ana Maria Mauad Universidade Federal Fluminense 5 Aos meus pais, sempre. 6 AGRADECIMENTOS Agradeço ao Programa de Pós-Graduação em História da Universidade Federal Fluminense por ter aberto suas portas para minha pesquisa e por ter me dado todo o suporte necessário para concretizá-la. Agradeço também ao meu orientador, professor Paulo Knauss, presente sempre que necessário, mas também interessado em me dar liberdade para desenvolver minhas ideias por conta própria, respeitando a todo momento o caráter autoral deste trabalho. Estendo meu agradecimento aos professores do PPGH/UFF com os quais estabeleci algum tipo de contato, pois foram importantes no amadurecimento de algumas reflexões centrais em minha pesquisa. Deixo explícita também minha gratidão aos amigos que fiz no Mestrado, pessoas queridas vindas de diferentes cidades que tornaram ainda mais marcante minha passagem pela UFF, e contribuíram significativamente para minha recém-adquirida paixão pelo Rio de Janeiro. Dentre eles, não posso deixar de citar Gabriel, Marina, Natália e Julia. Agradeço também aos amigos que deixei em Juiz de Fora, sempre presentes, ainda que distantes. Por fim, agradeço à minha família, meus avós, minha irmã Larissa e meus pais, pelo carinho, confiança e sobretudo pelos sacrifícios feitos. Essa vitória talvez seja mais deles do que minha. 7 It was the best of times, it was the worst of times, it was the age of wisdom, it was the age of foolishness, it was the epoch of belief, it was the epoch of incredulity, it was the season of Light, it was the season of Darkness, it was the spring of hope, it was the winter of despair, we had everything before us, we had nothing before us, we were all going direct to Heaven, we were all going direct the other way. (Charles Dickens) Against the assault of laughter nothing can stand. (Mark Twain) 8 RESUMO O objetivo desta pesquisa é colocar em destaque as relações estabelecidas entre dois dois principais movimentos artístico-culturais do Brasil da década de 1960, o Cinema Novo e o Tropicalismo, a partir de análise do filme Macunaíma, adaptação da rapsódia modernista de Mário de Andrade realizada pelo cineasta carioca Joaquim Pedro de Andrade em 1969. Macunaíma-filme foi taxado, desde seu lançamento, como exemplo máximo de “cinema tropicalista”, expoente de uma nova fase do Cinema Novo que dialogava com o movimento que surgira, há pouco, na música com Caetano Veloso, Gilberto Gil e outros. E foi sob esse rótulo que o filme de Joaquim Pedro passou à história do cinema brasileiro. No presente texto, busco problematizar a classificação de Macunaíma enquanto “filme tropicalista”, a partir da compreensão, num primeiro momento, dos dois movimentos artísticos aqui discutidos. Nesse sentido, são retomados os debates internos ao Cinema Novo, suas diversas “fases” e a atuação intelectual de seus principais nomes, dentre eles, Joaquim Pedro de Andrade. Também lanço olhar para os confrontos entre tropicalistas e artistas nacionalistas, para a descoberta do pensamento de Oswald de Andrade por Caetano, Gil e, a partir deles, por toda uma cena artística brasileira do período, e para os significados múltiplos do movimento tropicalista e suas ramificações para além da música popular. Dou, entretanto, devido destaque à discussão em torno do já citado pensamento oswaldiano, particularmente no que concerne ao seu conceito de antropofagia: é a representação ou citação do ato canibal – presente tanto nas canções e no procedimento tropicalista quanto no filme Macunaíma (e também em outros filmes do período) – uma das responsáveis por esta aproximação estabelecida entre a obra mais célebre de Joaquim Pedro e o Tropicalismo. Realizo, então, discussão acerca da antropofagia, no intuito de compreender suas nuances no tempo, e as diferentes possibilidades de apropriação deste conceito. A compreensão de que podem existir diferentes antropofagias é fundamental para o objetivo primordial deste trabalho: relativizar a relação entre o filme Macunaíma (e, de forma mais ampla, o Cinema Novo brasileiro) e o movimento tropicalista. Palavras-chave: Cinema Novo, Tropicalismo, Macunaíma, antropofagia. 9 ABSTRACT The purpose of this research is to highlight the relations established between two main artistic-cultural movements of Brazil in the 1960s, the Cinema Novo (New Cinema) and Tropicalism, from the analysis of the film Macunaíma - an adaptation of the modernist rhapsody by Mário de Andrade, turned into reality by Rio-born filmmaker Joaquim Pedro de Andrade in 1969. Macunaíma – the movie – has been labeled, ever since its premiere, as the uttermost example of “tropicalist cinema”, exponent of a new phase in Cinema Novo which conversed with the movement that came to light, not long before, through songs by Caetano Veloso, Gilberto Gil and others. And it was under that label that the film by Joaquim Pedro went into Brazilian cinema history. In the present text, I aim to problematize the classification of Macunaíma as “tropicalist film”, from the understanding, at a first moment, of both artistic movements discussed here. With that goal in mind, internal debates from Cinema Novo are retaken here, its several “phases” and the intellectual action of its main characters, among them, Joaquim Pedro de Andrade. I also take a look at the confrontations between tropicalists and nationalist artists, at the discovery of Oswald de Andrade’s thoughts by Caetano, Gil and, starting with them, at a whole Brazilian artistic scene of that time, and at the multiple meanings of the tropicalist movement and its ramifications beyond popular music. I give, however, the proper importance to the discussion around the above mentioned oswaldian thinking, particularly concerning his concept of anthropophagy: it is the representation or citation of the cannibal act – present in songs and in the tropicalist procedure as much as in the film Macunaíma (and also in other films from that time) – one of the responsible by this approximation established between the most famous work by Joaquim Pedro and Tropicalism. I bring forth a discussion, then, about anthropophagy, aiming to understand its nuances in time, and the different possibilities of the appropriation of this concept. The understanding that there may be different anthropophagies is fundamental for the main goal of this work of study: to relativize the relationship between the film Macunaíma (and, in a broader sense, the Brazilian Cinema Novo) and the tropicalist movement. Keywords: Cinema Novo, Tropicalismo, Macunaíma, anthropophagy 10 SUMÁRIO Introdução.........................................................................................................................pág. 11 Capítulo I: Cinema Novo e Modernismo no Brasil: artistas-intelectuais em busca de uma nova arte..................................................................................................................pág. 26 Capítulo II: Tropicalismo(s) e a redescoberta da antropofagia oswaldiana..................pág. 59 Capítulo III: E no meio do mato-virgem, nasce Macunaíma.........................................pág. 88 Conclusão........................................................................................................................pág. 126 Anexos.............................................................................................................................pág. 134 Bibliografia.......................................................................................................................pág.140 11 INTRODUÇÃO O historiador Marcelo Ridenti, em seu livro Em busca do povo brasileiro,1 inicia a introdução de
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