Dercy Gonçalves – O Corpo Torto Do Teatro Brasileiro
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Dercy Gonçalves – o corpo torto do teatro brasileiro VIRGINIA MARIA DE SOUZA MAISANO NAMUR DERCY GONÇALVES, O CORPO TORTO DO TEATRO BRASILEIRO Tese apresentada ao Instituto de Artes da Universidade Estadual de Campinas, para obtenção do Título de Doutor em Artes. Orientadora: Profa Dra Neyde de Castro Veneziano Monteiro. Campinas 2009 iii Dercy Gonçalves – o corpo torto do teatro brasileiro FICHA CATALOGRÁFICA ELABORADA PELA BIBLIOTECA DO INSTITUTO DE ARTES DA UNICAMP Namur, Virginia Maria de Souza Maisano. N152d Dercy Gonçalves - o corpo torto do teatro brasileiro. / Virginia Maria de Souza Maisano Namur. – Campinas, SP: [s.n.], 2009. Orientador: Profª. Drª. Neyde de Castro Veneziano Monteiro. Tese (doutorado) - Universidade Estadual de Campinas, Instituto de Artes. 1. Teatro brasileiro. 2. Teatro popular. 3. Paródia. 4. Dialogismo Grotesco. I. Monteiro, Neyde Veneziano. II. Universidade Estadual de Campinas. Instituto de Artes. III. Título. (em/ia) Título em inglês: “Dercy Gonçalves - A devious character of the Brazilian Theater.” Palavras-chave em inglês (Keywords): Brazilian Theater ; Popular Theater; Parody ; Dialogical Grotesche. Titulação: Doutor em Artes. Banca examinadora: Profª. Drª. Neyde de Castro Veneziano Monteiro. Prof. Dr. Clovis Garcia. Prof. Dr. Alexandre Luiz Mate. Prof. Dr. Claudiney Rodrigues Carrasco. Profª. Drª. Sara Pereira Lopes. Prof. Dr. Mário Fernando Bolognesi. Profª. Drª. Regina Aparecida Polo Muller. Data da Defesa: 20-02-2009 Programa de Pós-Graduação: Artes. iv Dercy Gonçalves – o corpo torto do teatro brasileiro v Dercy Gonçalves – o corpo torto do teatro brasileiro DERCY GONÇALVES, O CORPO TORTO DO TEATRO BRASILEIRO vii Dercy Gonçalves – o corpo torto do teatro brasileiro Ao meu avô materno, um homem de espírito; Ao meu pai, um erudito que amava o circo; Aos meus filhos, que admiram Dercy. ix Dercy Gonçalves – o corpo torto do teatro brasileiro AGRADECIMENTOS Ao meu marido Sergio, que me deu todo o apoio e muitas vezes saiu de seu silêncio matemático para me acompanhar em aventuras animadas atrás de Dercy; À minha irmã Angela, que um dia me empurrou para falar com Dercy; À minha filha Ayune, que me deu a melhor das platéias acadêmicas; Às amigas Maristela e Fátima, que me ajudaram a não me afastar tanto deste trabalho; À Aurora, minha revisora de ouro; E, finalmente, mas nunca em último lugar, à minha orientadora, Profa Dra Neyde Veneziano, pela paciência, com que acatou minhas idéias mais extravagantes; pela sensatez com que as redirecionou e pelo entusiasmo com que sempre acolheu seus refluxos já moderados. Além disso, e de modo muito especial, pelo bom humor de nossas “paradas” intelectuais. Evoé, grandes parceiros! xi Dercy Gonçalves – o corpo torto do teatro brasileiro SONETO 270 A DERCY GONÇALVES Recusa-se a morrer. Não morrerá. Talvez caricatura, a sua vida, vestal, velha vedete travestida, inverte o que o pariu pra puta vá. Vai ser a cibernética babá de toda meninice reprimida. Ninguém faz saturnal se não convida a nossa sideral gueixa dada. Mostrou a perereca da vizinha apenas pra alegrar a garotada. Com ela é pau no cu da carochinha. Pôs cada palavrão numa piada. Passou. Não passará. Brilha sozinha. Estrela d'Alva, salva da alvorada. Glauco Matoso xiii Dercy Gonçalves – o corpo torto do teatro brasileiro RESUMO A presente pesquisa tem como objetivo o estudo da produção cênica de Dercy Gonçalves, uma das mais populares comediantes brasileiras. Estendendo-se do teatro de revista e de comédia para o cinema e a televisão e chegando depois de quase um século de atividades às mídias digitais como ícone de um tipo específico de humor, essa produção não foi até hoje devidamente aferida pela crítica e historiografia das artes cênicas no país. Tal desinteresse denuncia, no mínimo, a existência de lapsos entre a teoria e a prática, a partir dos quais melhor se pode compreender tanto a importância do discurso dialógico ou paródico para a sobrevivência da cena popular, quanto a trama entre popular e erudito que malgrado as pretensões oficiais, sempre caracterizou o teatro brasileiro, explicando inclusive a dessacralização que permeia suas expressões mais genuínas, das comédias de costume ao teatro “inteligente” que nas últimas décadas do século XX se impôs no panorama internacional. Encontrada nas estratégias cênicas da comediante em sua forma mais radical, ou seja, em procedimentos de carnavalização e realismo grotesco, o que já justifica seu atávico desconcerto com a oficialidade, a paródia é, conseqüentemente, o conceito emergente no estudo. Como canto paralelo ou cena que se enuncia sempre “à sombra” de outra, com a qual se identifica e simultaneamente se alterna, sugere através do caso em exame a urgência e os prazeres de descobrir, à luz corrosiva das vertentes populares, a pluralidade e o hibridismo que fecundam os palcos nativos. Palavras-chave: teatro brasileiro, teatro popular, discurso dialógico/paródico, comédia popular, grotesco. xv Dercy Gonçalves – o corpo torto do teatro brasileiro ABSTRACT The present research aims to study the scenic production of Dercy Gonçalves, one of the most popular Brazilian comedians. Extending from the revue and comedy theater to the cinema and the television and coming after nearly a century of activities to the digital media as an icon of a specific type of humor, this production has not been properly measured by the critics and historiography until now. The neglect, to say the least, denounces gaps between theory and practice in the panorama officially traced to drama in the country, from which we can better understand both the importance of dialogic or parodic speech for the survival of the popular scene and the weft between popular and scholarly which, despite the official claims, has always characterized the Brazilian scene, explaining inclusively the tradition of unsacredness that permeates its most genuine expressions, from the custom comedies to the "smart" drama that integrated her, in the twentieth century, into the international panorama. Found in the scenic strategies of the comedian in its most radical form, namely in procedures of carnivalization and grotesque realism, which has justified its atavistic uneasiness with the accepted/canonical standards, the parody is, consequently, the emerging concept in the study. As a parallel chant or scene that always enunciates "in the shadow" of another, with which it simultaneously identifies and switches, suggests, through the case under consideration, the urgency and the pleasures of discovering, by the corrosive light of the popular aspects, the plurality and hybridism which fertilize the native stages. Key words: Brazilian theater, popular theater, dialogical or parodic speech, popular comedy, grotesque. xvii Dercy Gonçalves – o corpo torto do teatro brasileiro LISTA de FIGURAS A presente pesquisa resultou em copiosa coleta iconográfica, a partir da qual dois blocos de imagens foram construídos: um de imagens impressas na abertura de cada capítulo e subcapítulo, outro em CD, com fotografias e fragmentos de vídeos usados ora como ilustração, ora como elemento de apoio às análises e, por isso, devidamente registrados em nota de rodapé. Sendo o espaço de coletivização inevitável da web a fonte primordial de tais imagens, considera-se essa iconografia de domínio público, pertencente ao hiper-repertório anônimo e desautorizado da nova cultura digital que embora uma agonizante cosmovisão autoritária e individualista ainda insista em segmentar e controlar por propriedade, recupera e expande princípios da cultura popular. IMAGENS IMPRESSAS AGRADECIMENTOS Figura 1. Caricatura de Dercy/Mona Lisa, de Fernandez. Menção honrosa no 1o Salão de Humor de Bragança – Pará, 2004. CAPÍTULO I AMBIVALÊNCIAS DE ORIGEM: DE DOLORES À DERCY, A INOXIDÁVEL 1.1. E TUDO COMEÇA COM DOLORES... Figura 1. Dercy aos treze anos. In KHOURY, Simon. Bastidores: Dercy Gonçalves, Rubens Correa, Suely Franco, Renato Borghi. Rio de Janeiro: Letras e Expressão, 2000, p. 37. 1.2. LONAS E MAMBEMBES - ESCOLAS DO POPULAR Figura 1. Os Pascoalinos – 1932. In KHOURY, Simon. Bastidores: Dercy Gonçalves, Rubens Correa, Suely Franco, Renato Borghi. Rio de Janeiro: Letras e Expressão, 2000, p. 43. 1.3. OS PASCOALINOS – CHANSONIEURS DE REVISTA Figura 1. Os Pascoalinos em Santos – 1929. In KHOURY, Simon. Bastidores: Dercy Gonçalves, Rubens Correa, Suely Franco, Renato Borghi. Rio de Janeiro: Letras e Expressão, 2000, p. 43. xix Dercy Gonçalves – o corpo torto do teatro brasileiro CAPÍTULO II E VIVA A VIDA DE ARTISTA, VIVA O TEATRO DE REVISTA! Figura 1. A Dercy de aspirações sublimes. In KHOURY, Simon. Bastidores: Dercy Gonçalves, Rubens Correa, Suely Franco, Renato Borghi. Rio de Janeiro: Letras e Expressão, 2000, p. 33. 2.1. DE PAULISTAS E CARIOCAS - A REVISTA REGIONAL Figura 1. Dercy na década de 30. In VENEZIANO, Neyde. Não adianta chorar: teatro de revista brasileiro...Oba! Campinas-SP: Editora da Unicamp, 1996, p. 263. 2.2. REVISTA CAIPIRA, REVISTA PAULISTA. Figura 1. Dercy jovem. In VENEZIANO, Neyde. Não adianta chorar: teatro de revista brasileiro...Oba! Campinas - SP: Editora da Unicamp, 1996, p. 262. 2.3. A CASA DE CABOCLO: REGIONALISMO FEDERAL Figura 1. Dercy e Ratinho em quadro cômico na Casa de Caboclo. In KHOURY, Simon. Bastidores: Dercy Gonçalves, Rubens Correa, Suely Franco, Renato Borghi. Rio de Janeiro: Letras e Expressão, 2000, p. 80. CAPÍTULO III REVIRAVOLTAS: DOS CIRCOS E CABARÉS PARA O SHOW-BUSINESS Figura 1. Dercy em multifoto. In AMARAL, Maria Adelaide. Drecy de cabo a rabo. São Paulo: Globo, 1994 e em KHOURY, Simon. Bastidores: Dercy Gonçalves, Rubens Correa, Suely Franco, Renato Borghi. Rio de Janeiro: Letras e Expressão, 2000, p. 80. 3.1. A PARADISE DE JERCOLIS Figura 1. Dercy, a baiana do Icaray (web). 3.2. DA COMPANHIA DE WALTER PINTO, CASSINOS E OUTROS SHOWS. Figura 1. Dercy, a anti-vedete (web). 3.3. A REVISTA DE BOLSO E A CIA DERCY GONÇALVES Figura 1. Dercy como Dr. Jacarandá, na revista É fogo no pandeiro, de 1946. In KHOURY, Simon. Bastidores: Dercy Gonçalves, Rubens Correa, Suely Franco, Renato Borghi. Rio de Janeiro: Letras e Expressão, 2000, p. 95. CAPÍTULO IV ARREPIANDO CARREIRA: DA REVISTA À COMÉDIA BRASILEIRA Figura 1.