CONTRIBUIÇÃO DISCENTE ESPETACULARIZAÇÃO NO 1 BBB 11: O CASO MARIA

POR CAliny Grasielly Ribeiro dos Santos [email protected] Pontifícia Universidade Católica de Goiás (PUC Goiás) Diene Batista dos Santos [email protected] Pontifícia Universidade Católica de Goiás (PUC Goiás) Rafaela Gomes Soares [email protected] Pontifícia Universidade Católica de Goiás (PUC Goiás) Thamyris Curado Fernandes [email protected] Pontifícia Universidade Católica de Goiás - PUC Goiás

Resumo: Propõe-se analisar o tratamento midiático recebido pela atriz Maria Melilo, campeã do BBB 11, reality show da TV Globo, em três textos opinativos produzidos por mulheres: duas blogueiras e uma colunista da Folha.com. Maria foi alçada a posição de protagonista do programa depois de se envolver com um dos participantes, o músico Maurício, e após a saída deste iniciar um relacionamento com outro Brother, o médico Wesley, que havia entrado na Casa com o programa já em andamento. O estudo será ancorado nos pressupostos da cultura do espetáculo.

Palavras-chave: Reality show; BBB 11; Maria; cultura do espetáculo

6 O objetivo deste artigo é analisar a Maria, a vencedora do BBB 11. participação da atriz Maria Melilo na 11ª edição do reality show 11 2 Brasil , produzido e exibido pela Rede Globo de janeiro a março de 2011. A 11ª edição do “Big Brother Brasil” Para tanto, utilizamos como objeto teve 78 dias de duração: foi ao ar três textos opinativos, todos escritos de 11 de janeiro até 29 de março de por mulheres. São eles: Meu lado 2011. Os participantes conviveram Maria, da blogueira Clarissa Corrêa 3 em um ambiente fechado, vigiados, ; Maria, a amiga íntima, de Fabiana segundo matéria publicada no Portal 7 Motroni 4 e Maria e a revolução da UOL por 65 câmeras ligadas 24 horas “periguete”, de Nina Lemos, colunista por dia, 10 a mais do que o número da Folha.com5 . de equipamentos usados em 2010. A análise do tratamento midiático Algumas câmeras possuíam visão recebido pela campeã do BBB 11 noturna, uma tentativa de flagrar os será ancorada nos pressupostos da participantes em todas as situações. cultura do espetáculo. O material Os confinados conviveram com 75 em discussão é intertextual e traz microfones. O único contato com o uma visão, ora conflitante, ora mundo externo se dava por meio do concordante, sobre o mesmo produto envio de mensagens diárias de até midiático: a pessoa/ personagem 140 caracteres, por meio da internet.

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No total, o programa teve 19 isso atrapalhasse sua imagem junto integrantes8 . A atriz Maria Melilo, 27 ao público 11. anos, que vive em São Paulo, venceu a disputa pelo prêmio 1 milhão e meio Conforme lembra Stycer 12 , o de reais. A forte presença feminina apresentador Pedro Bial teve um marcou a edição do programa, seja importante papel na formação desse pelo forma de agir da participante triângulo amoroso, que se consolidou Natália, um pouco mais ríspida em após o retorno de Maurício para a suas ações seja pela postura proativa Casa.13 encampada por Talula, pela primeira participação de uma transexual, No esforço de convencer Maria a Ariadna, ou o jeito distraído da deixar os escrúpulos de lado, e não se preocupar com o que o público Maria, que conseguiu utilizar o olhar, pode pensar, Bial só faltou entrar trejeito e a inocência para conquistar na casa para convencer a atriz. o público. Primeiro, criticou ‘a liga de mulheres moralistas’, referindo-se às colegas Ela foi responsável também pela de confinamento de Maria, que a alertaram para o risco de trocar de criação do “verbo” mariar, utilizado namorado em uma semana. com frequência pelos outros

participantes quando a atriz Em seguida, estimulou a candidata demorava a entender uma piada, aos gritos: ‘Viva a vida, Maria!’ Disse brincadeira ou uma expressão que ela está sendo ‘visivelmente em tom irônico. Muitas vezes, ao correspondida’, repetiu o grito de longo do programa, ela foi alvo das guerra (‘viva a vida!’) e filosofou: ‘O brincadeiras dos colegas porque que se leva desta vida? Desta vida se errava a grafia das palavras e fazia leva o rock´n´roll’. perguntas que tinham respostas claras, como, por exemplo, se um Entretanto, mesmo com a vitória Brother aliado era amigo.9 Os vários de uma participante que possui um momentos de distração no programa perfil ainda não vitorioso no BBB: a e as brincadeiras em torno do verbo 14 moça bonita , de acordo com Stycer, ‘mariar’ ajudaram a atriz a conquistar a 11ª edição será lembrada como o público e exercer grande influência a que alcançou menor audiência para alavancar a audiência do - uma queda em torno de 20% se programa. comparado com 2010 - e menor Outro fator importante para faturamento da série 15. que o público se identificasse com Maria foi a formação de um triângulo BBB e cultura do espetáculo amoroso entre essa participante, o 10 músico Maurício e o médico Wesley. Falar da cultura do espetáculo é Mau Mau, como ficou conhecido reportar às produções culturais e suas o primeiro affair de Maria, foi o repercussões. Entre esses dois fatores segundo eliminado do programa. tem-se a cultura midiática, agente Em seguida a sua saída, entraram no transformador da imagem pública BBB 11 Adriana e Wesley . Encantada de um produto. Kellner, filósofo com o novo Brother, Maria relutou da Educação pela Universidade da em iniciar uma relação, temendo que REVISTA PANORAMA

edição on line - 38 numero I agosto - 2011 CONTRIBUIÇÃO DISCENTE Califórnia, analisa a qualificação dos despolitização, momento em que realities shows como uma forma- a mercadoria ocupou totalmente espetáculo da cultura midiática, sem a vida social. Esses dois teóricos se desconsiderar as reações sociais diferenciam, fundamentalmente, dessa produção. Para o autor, a no foco de análise. Debord cultura da mídia não aborda apenas desenvolve um conceito monolítico grandes momentos da vida comum, e de totalização da sociedade do mas proporciona uma cobertura farta espetáculo, enquanto Kellner se para fantasias e sonhos. Ela modela o reporta a espetáculos específicos. pensamento, o comportamento e as Entretanto, ambos colaboram para o identidades. entendimento do contexto em que se enquadra o objeto deste estudo. Kellner retrata o contexto, ou, ao menos, as tendências do século O filósofo destaca a importância XXI. Uma delas é a multiplicação da mídia na vida cotidiana. E, nesta dos espetáculos por meio de análise, amplia-se o olhar sobre a novos espaços e sites. Essa representação da vida cotidiana nas atual configuração virtual, demídias, basicamente TV e internet, desenvolvimento de novas mídias com a análise do reality show BBB e da tecnologia da informação, leva 11 e a espetacularização das ações a criação de tecnoespetáculos que dos integrantes que se tornam tem, segundo o autor, determinado celebridades, especialmente as de decisivamente os perfis e asMaria, vencedora da 11ª edição. trajetórias das sociedades e culturas contemporâneas. O enquadramento do programa na cultura do espetáculo é inevitável. Os realities shows, como o Big Brother Primeiramente, é veiculado pela Brasil, são um exemplo de fusão TV que está presente na maioria, se midiática e agregação dos valores não em todos, os lares brasileiros. dessa nova cultura tecnológica. Esse meio de comunicação carrega Kellner retoma o conceito de uma aura de integrante do núcleo sociedade do espetáculo cunhado familiar, portanto, já se tornou por Debord, que descreve uma mais que uma ferramenta de sociedade de mídia e de consumo, lazer ou informativa. Assistir TV se organizada em função da produção tornou hábito. Mas, como manda a e consumo de imagens, mercadorias globalização os media precisam se e eventos culturais. De tal modo, ater às exigências do mercado. O BBB Kellner argumenta que espetáculos foi uma dessas opções de fornecer são aqueles fenômenos de cultura entretenimento para o telespectador da mídia que representam valores e ainda possibilitar a interação deste básicos da sociedade contemporânea, com o programa. determinam o comportamento dos indivíduos e dramatizam suas A interatividade surgiu em sintonia controvérsias e lutas, tanto quanto com os avanços das novas mídias. seus modelos para as soluções de Hoje, o telespectador e o internauta conflitos. necessitam, cada vez mais, de respostas e de voz. O BBB propicia ao Para Debord, espetáculo é uma público: o “poder” do voto, da decisão ferramenta de pacificação ede quem fica ou sai da casa; acesso a REVISTA PANORAMA

edição on line - 39 numero I agosto - 2011 CONTRIBUIÇÃO DISCENTE conteúdos não divulgados em mídia noção, o norte, o jeito, o gesto. Maria, aberta; espaços para conversar com aquela que esquece a dignidade no o integrante eliminado; além da fundo do copo. Maria, aquela que possibilidade de concorrer a estar ataca o cara, chora pelo cara, quer de no programa. Portanto, esse reality todo jeito beijar o cara, é louca pelo é um entretenimento diretamente cara, tarada, maníaca e doente.” 17 intrínseco à realidade de quem assiste. Inclusive, por se tratar de A atriz namorou, foi separada do enclausuramento de pessoas e amado pelo paredão e, em seguida, explicitação de como é o desafio se encantou pelo novo participante da convivência, a identificação do do programa, o médico Wesley. público com as situações coletivas e Com o ex-amado de volta ao reality particulares dos Brothers é recorrente show, Maria começa a representar e viciante. as fragilidades de todas as mulheres que se envolvem intensamente Essa identificação leva á admiração em um relacionamento. Choros, e conseqüente construção de porres, humilhações para tentar novas celebridades no imaginário compreender o porquê das atitudes popular. De acordo com Douglas de Maurício e tentar convencê-lo a Kellner, a celebridade também é reatar o “namoro”. produzida e manipulada no mundo do espetáculo. Para que alguém se A autora diz que Maria faz com que torne uma celebridade é preciso ser as mulheres reflitam e relembrem reconhecido como estrela no campo atitudes e episódios de suas vidas do espetáculo, no caso do BBB, o no que diz respeito a amores não entretenimento. correspondidos e a relações mal resolvidas. O autor também aponta a existência de assessores e articuladores que A Maria representa aquela mulher assegurem a imagem de uma que já perdeu a cabeça e o juízo por causa de um homem. A Maria celebridade para ela ser notada é aquele comportamento que você de forma positiva pelo público. Na teve sábado passado quando, cultura da mídia elas estão sempre bêbada e ofendida, mandou 34 sujeitas a escândalos, mas isso não mensagens para o celular do ex- exclui a viabilidade de um drama de namorado. A Maria sou eu há 5 anos, que corria atrás de um cara celebridade para chamar atenção do que me fazia de gato e sapato.18 público. Enfim, a teoria da Cultura do Espetáculo permeia entre a realidade Com o rompimento entre Mau Mau e o lúdico que move uma sociedade e Maria e as demonstrações de para o consumo de produtos díspares, interesse da atriz e o médico e vice- porém, influentes no comportamento versa, o BBB 11 adquire uma nova e ideologia do indivíduo. configuração: os outros participantes tornam-se personagens secundários Maria: inimiga íntima do triângulo amoroso. Na casa, os confinados se dividem entre os que “Maria, Para a blogueira Clarissa apóiam o envolvimento de Maria Corrêa , a ganhadora do BBB 11, e Wesley e aqueles que criticam Maria, representa “muitas mulheres”. as atitudes da jovem, reforçando a Ela é “aquela que perde o foco, a REVISTA PANORAMA

edição on line - 40 numero I agosto - 2011 CONTRIBUIÇÃO DISCENTE imagem negativa da participante. O uso do termo periguete pelo Assim como os “brothers”, o público público feminino evidencia o tem suas preferências, torce e critica preconceito das próprias mulheres cada ação realizada pelos envolvidos em relação àquelas que abusam na trama. da sensualidade para conquistar, assumem gostar de sexo e bancam Esse cenário é responsável por criar as consequências de “fazer tudo uma dicotomia na Casa: o bem, o que quer”. Ao mesmo tempo representado por aqueles que em que era bombardeada pelos apoiaram o novo relacionamento, colegas de programa, e julgada pelo entre eles o apresentador Pedro Bial; público, Maria, auxiliada pelo jeito versus o mal, aqueles que criticavam descontraído, se tornou a favorita o comportamento da atriz. Como para ganhar o BBB 11. A vitória selada em uma novela, a mocinha, no final do reality, representou, decepcionada com o galã ganha de para Nina Lemos, uma pequena presente do destino um novo amor. revolução nos paradigmas até então E esse presente do acaso serviu para estabelecidos pela sociedade de resgatar o interesse do público em cunho machista. relação ao BBB 11. As duas outras mulheres que Maria: revolução da periguete venceram o Big Brother Brasil apresentaram uma “boa conduta” Antes de entrar no programa, dentro da Casa. Cida (BBB 4) e Mara Maria Melilo realizou uma série de (BBB 6) foram campeãs ancoradas trabalhos com apelo sensual. Fora da principalmente na origem humilde Casa, o boato de que ela seria garota que conquistou a audiência. Maria, de programa se espalhou na web e além de causar polêmica com a na mídia especializada em fofocas conduta amorosa, teria um padrão do mundo artístico. Ao iniciar a elevado de vida.22 paquera com Wesley depois da saída de Mau Mau, a colunista da Folha. Apesar das polêmicas provocadas com, Nina Lemos, relembra que pelas ações de Maria, a jovem, Maria “foi jogada na fogueira moral” 19 conseguiu ganhar R$ 1,5 milhão e . Os defensores de Maurício na Casa, ainda levou um segundo prêmio, em coro, gritavam “essa mulher não o médico Wesley. Novamente, o presta”. enredo de uma novela parece se incorporar ao roteiro do BBB: a Para a autora, esse rótulo foi imposto a protagonista conquista o bom moço Maria porque ela assumiu que “gosta que tem todas as características de sexo”, assim, “mulher que assume de um príncipe encantado. Wesley 20 a sua sexualidade não vale nada” . é médico, a profissão, conforme Do lado de fora do confinamento, ressalta a colunista, “com que as mães segundo Nina Lemos, a opinião das sempre sonham década após década mulheres também ficou dividida. para um genro”. A autora, no texto Uma parcela das garotas afirma que em análise, grafa a palavra médico ela é legal, mas faz uma ressalva: ela em caixa alta (MÉDICO) destacando é periguete, ou seja, “pode ficar com as qualidades do novo namorado de seu marido” 21. Maria diante daqueles que a julgaram

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edição on line - 41 numero I agosto - 2011 CONTRIBUIÇÃO DISCENTE e a trataram como “a mulher que não de inimiga íntima, Maria é a amiga presta”. íntima. E esse íntimo possui um duplo sentido, denotando sexualidade e Acima de tudo, Wesley é importante força: a espinha dorsal e a fonte de para a trama estabelecida porque não energia física e espiritual do gênero se importa com a “má fama” da atriz feminino e de outras “dimensões de e, por várias vezes, deixou claro que ser humano”. tinha “boas intenções” com Maria. Ou seja, depois de ser humilhada, Para falar de Maria, a blogueira enxotada, depreciada pelos colegas recorre ao tarot e a compara com de confinamento, por Mau Mau e a figura da Imperatriz, uma mulher pelo público, a cinderela ganha seu que tenta viver todas as suas final feliz. dimensões e potencialidades. Assim, ao mesmo tempo que remete à Maria: amiga íntima vencedora do BBB 11, a autora parece querer estimular as leitoras a se No texto “Maria, a amiga íntima”, desenvolverem e a se valorizarem. No 23 a autora Fabiana Motroni se seu discurso, é possível notas alguns inspira nos dois artigos analisados pontos que simbolizam um “avanço” anteriormente: “Meu lado Maria” e em relação ao que está estabelecido “Maria e a revolução da periguete”. socialmente. A blogueira refuta a tese de Clarissa Corrêa de que Maria é a inimiga Ao falar da mãe, ela diz que essa íntima de todos as mulheres. Para a mulher não necessariamente precisa feminista, a vencedora do BBB 11 é a ter filhos seus. Seriam adotados? De amiga íntima da mulher. Ela ressalta uma irmã? De uma amiga? Ao citar que “o exercício da sexualidade é a conduta amorosa/sexual, Motroni fundamental- tanto o agir quanto diz que a mulher pode ser a “mais o falar sobre- e me faz dar saltos periguete das amantes”, quebrando o quânticos em várias dimensões da paradigma de que mulher que gosta 24 minha vida.” O auto-conhecimento e de sexo é aquela que não presta. A a atribuição de voz aos desejos sem Imperatriz é “a Rainha, dona de si, considerar o certo ou o errado quebra do seu destino, de sua história”, bem as regras socialmente estabelecidas. como Maria que, conforme lembra É como se Maria inspirasse várias Nina Lemos, “faz tudo o que quer”. mulheres, que mesmo em silêncio, são contrárias aos acordos sociais Conclusões e Discussões tácitos que indicam a forma de agir em cada situação. A realidade de muitas mulheres foi O lado “periguete” discutido por Nina representada por Maria durante o Lemos da Folha.com é retomado BBB 11. A cultura do espetáculo por Motroni. Ela afirma que isso é esteve presente em grande parte dos fundamental na vida das mulheres acontecimentos da casa, seja pelas para que elas se libertem da dicotomia atitudes da Maria, do apresentador bem e mal, que “que nós mulheres ou até mesmo da produção. Todos realmente não precisamos viver trabalharam a favor da cultura (ainda mais) – nem no discurso nem do espetáculo para conseguirem na vida real.” Dessa maneira, ao invés influenciar e persuadir o público. REVISTA PANORAMA

edição on line - 42 numero I agosto - 2011 CONTRIBUIÇÃO DISCENTE Tomando como ponto de análise os três textos aqui apresentados, a intenção era perceber como Maria teve seu comportamento analisado por outras mulheres fora da Casa. Os objetos estudados são um recorte da realidade, mesmo assim expressivos, uma vez que suas autoras podem ser consideradas influentes no contexto em que opinam: a web.

O perfil de Maria, segundo o apreendido dos textos, foi traçado de maneira flutuante. O público feminino admirava aquela mulher que não escondia os desejos, que “fazia (e dizia) o que queria”. Ao mesmo tempo, esse público a condenava, desaprovando o jeito como Maria se exibia, se oferecia a Maurício, se rebaixava pelo amor do músico. Outro ponto delicado na imagem construída da personagem estava ligado a Wesley. Ela enxergava no médico uma maneira de ser percebida por Mau Mau, e investia nessa segunda relação, considerada quase adúltera por se projetar no mesmo espaço físico onde ocorreu o primeiro relacionamento. Entretanto, ao se envolver de fato com Wesley e deixar de lado o outro homem por quem se humilhava, Maria conquistou a simpatia da audiência.

No quadro geral de análise desse artigo, foi possível perceber também as consequências do segundo namoro da atriz dentro do reality show. Se a situação fosse protagonizada por um homem, é provável que não tivesse provocado tanta polêmica quanto causou o triângulo Maurício-Maria-Wesley. O que imperou dentro e fora da Casa foi o preconceito machista, reforçado pelo grupo tido como ‘os três mosqueteiros’ do BBB 11, formado por Rodrigão, Diogo e Mau Mau. Seja por insegurança, ao perceber uma mulher tão decidida em sua sexualidade, seja por pura intriga, eles ajudaram a selar o rótulo de periguete da jovem.

Mesmo desafiando valores morais vigentes na sociedade, Maria conseguiu aprovação suficiente para vencer e levar o prêmio milionário por meio do voto popular. Desse modo, ficam questionamentos cujas respostas não foram encontradas no processo de produção do trabalho. O que conquistou a audiência foram as curvas bem definidas de Maria ou estaria a sociedade mudando seus padrões patriarcais? Seria possível afirmar que a atriz fez história por não temer a opinião pública? Vão-se as certezas, ficam as perguntas à guisa de conclusão para esse artigo.

NOTAS

1- Trabalho realizado para a disciplina Análise do Discurso Jornalístico, sob a orientação da professora Ms. Maria Aparecida Borges, no curso de jornalismo da PUC-Goiás

2- Adotaremos, ao longo deste trabalho, a expressão “BBB 11” para nos referirmos ao edição do programa exibida em 2011

3- http://clarissacorrea.blogspot.com/2011/03/meu-lado-maria.html

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4- http://blogueirasfeministas.com/2011/maria-a-amiga-intima/

5- http://www1.folha.uol.com.br/ilustrada/894883-nina-lemos-maria-e-a-revolucao- da-periguete.shtml

6- É importante ressaltar que os textos foram escritos enquanto Maria ainda estava na Casa e ainda não havia se sagrado campeã do reality.

7- http://www1.folha.uol.com.br/ilustrada/855353-conheca-os-17-participantes- do-bbb11.html

8- A variação do número de integrantes é apenas uma das inovações implantadas no reality com as novas edições. Entre os novos elementos, destaca-se a prova do “anjo”, disputada entre todos os participantes, exceto o líder. O vencedor recebe o colar da imunidade, que deve ser dado a outra pessoa. O “abençoado” com a “graça” do “anjo” não poderá ser emparedado nem pelos outros Brothers, nem pelo líder. Os demais confinados escolhem o segundo nome para integrar a disputa pela permanência na Casa.

9- Na própria entrada dos novos participantes, Adriana e Wesley, com quem se envolveria mais tarde, Maria cometeu uma gafe. Ela perguntou ao médico se ele era o novo participante. “Não, não é”, respondeu Diogo, outro confinado, em tom de ironia. http://bbb.globo.com/noticias/noticia/2011/01/adriana-e-wesley- entram-na-casa.html

10- A entrada de novos Brothers com o jogo em andamento foi uma das táticas adotadas pelo diretor do programa, Boninho, para aumentar o interesse do público pela atração.

11- As Sisters Talula e Jaqueline chegaram a aconselhar Maria a não se envolver com Wesley. De acordo com elas, a participante, por já ter ficado com Mau Mau, poderia se prejudicar no jogo. Segundo as confinadas, o público desaprovaria o novo casal. http://mdemulher.abril.com.br/blogs/bbb/casal/talula-diz-que-maria- ira-se-prejudicar-no-jogo-se-ficar-com-wesley/

12- http://televisao.uol.com.br/bbb/bbb11/critica/mauricio-stycer/2011/02/01/ so-falta-bial-entrar-na-casa-para-convencer-maria-a-beijar-wesley.htm

13- Junto com os participantes Igor, Michelly, Ariadna e Rodrigo, Mau Mau ficou confinado em uma casa montada dentro de um shopping do . Ele foi escolhido pelo público para voltar à disputa por R$ 1,5 milhão. A volta do Brother já eliminado foi outra estratégia para apimentar o jogo e tentar alavancar a audiência do programa.

14- Conforme será debatido adiante, a participação de Maria ainda foi cercada de especulações que davam conta que ela seria garota de programa. Essa informação foi repassada a Maurício pela Sister Ariadna quando ela participou da “casa de vidro” junto com Mau Mau. A suspeita de que Maria havia se prostituído, aliada ao machismo

15- Redatora publicitária e autora do livro de crônicas “Um pouco do resto”.

16-http://clarissacorrea.blogspot.com/2011/03/meu-lado-maria.html

17- Ibidem

18-http://www1.folha.uol.com.br/ilustrada/894883-nina-lemos-maria-e-a- revolucao-da-periguete.shtml

19- Ibidem

20- Ibidem

21-http://www.jb.com.br/bbb11/noticias/2011/03/30/bbb-11-maria-nega-boatos- sobre-prostituicao-e-promete-doacao-para-asilo/

22- Marketeira, comunicóloga e poetisa.

23- http://blogueirasfeministas.com/2011/maria-a-amiga-intima/

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REFERÊNCIAS

Artigos

KELLENER, D. A cultura da mídia e o triunfo do espetáculo. Líbero, Brasil, v. 6, n. 11, 2007. Disponível em http://www.revistas.univerciencia.org/index.php/libero/article/view/3901/3660. Acesso em 29 de abril às 01h23

Outras referências

MOTRONI, Fabiana. Maria, a amiga íntima. Disponível em http://blogueirasfeministas.com/2011/maria-a-amiga-intima/ Acesso em 11 de abril de 2011, às 14h13

CORREA, Clarissa. Meu lado Maria. Disponível em http://clarissacorrea.blogspot.com/2011/03/meu-lado-maria.html Acesso em 11 de abril de 2011, às 14h21

LEMOS, Nina. Maria e a revolução da “periguete” Disponível em http://www1.folha.uol.com.br/ilustrada/894883-nina-lemos-maria-e-a- revolucao-da-periguete.shtml Acesso em 11 de abril de 2011, às 14h33

SOBRE AS AUTORAS:

Aliny Grasielly Ribeiro dos Santos é graduanda em Comunicação Social - Jornalismo pela PUC Goiás.

Diene Batista dos Santos é graduanda em Comunicação Social - Jornalismo, pela PUC Goiás. Participou, como voluntária, dos Projetos de Pesquisa “O discurso de O Popular sobre Educação” e “O contra-agendamento das ONGs do Cerrado Brasileiro”, desenvolvidos pelo Núcleo de Pesquisa em Comunicação e Cidadania (Núcleo SER), da PUC Goiás.

Rafaela Gomes Soares é graduanda em Comunicação Social - Jornalismo, pela PUC Goiás.

Thamyris Curado Fernandes é graduanda em Comunicação Social - Jornalismo pela PUC Goiás.

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