Quantas Curtidas Merece Essa Trans?”: a Recepção Da Transexualidade Nas Mídias Digitais
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UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JÚLIO DE MESQUITA FILHO” Faculdade de Filosofia e Ciências Programa de Pós Graduação em Ciências Sociais Campus de Marília “QUANTAS CURTIDAS MERECE ESSA TRANS?”: A RECEPÇÃO DA TRANSEXUALIDADE NAS MÍDIAS DIGITAIS Luiz Augusto Mugnai Vieira Júnior Marília - SP 2018 1 “QUANTAS CURTIDAS MERECE ESSA TRANS?”: A RECEPÇÃO DA TRANSEXUALIDADE NAS MÍDIAS DIGITAIS FIGURA 01. Thammy Miranda, Ariadna Arantes, Lea T., Thalita Zampirolli e T. Brant. 2 UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JÚLIO DE MESQUITA FILHO” Faculdade de Filosofia e Ciências Programa de Pós Graduação em Ciências Sociais Campus de Marília “QUANTAS CURTIDAS MERECE ESSA TRANS?”: A RECEPÇÃO DA TRANSEXUALIDADE NAS MÍDIAS DIGITAIS Luiz Augusto Mugnai Vieira Júnior Tese apresentada ao Programa de Pós- Graduação em Ciências Sociais da Faculdade de Filosofia e Ciências da Universidade Estadual Paulista/UNESP – Campus Marília, como requisito para obtenção de título de Doutor em Ciências Sociais. Linha de Pesquisa: Cultura, Identidade e Memória. Orientadora: Prof. Dra. Larissa Maués Pelúcio Silva. Marília - SP 2018 3 Vieira Junior, Luiz Augusto Mugnai. V673q “Quantas curtidas merece essa trans?”: a recepção da transexualidade nas mídias digitais / Luiz Augusto Mugnai Vieira Junior. – Marília, 2018. 280 f. ; 30 cm. Orientadora: Larissa Maués Pelúcio Silva. Tese (Doutorado em Ciências Sociais) – Universidade Estadual Paulista (Unesp), Faculdade de Filosofia e Ciências, 2018. Bibliografia: f. 236-263 1. Antropologia. 2. Mídia digital. 3. Transexualidade. 4. Identidade de gênero. 5. Redes sociais on-line. I. Título. CDD 306.768 Elaboração: André Sávio Craveiro Bueno CRB 8/8211 Unesp – Faculdade de Filosofia e Ciências 4 A Redenção (Agradecimentos) A minha viagem imersiva me permitiu mais que uma habilidade de escrita, um desafio de memória, ao colocar cada parte lembrada do retalho no lugar certeiro da colcha antropológica. O rótulo de intelectual, muitas vezes repelido socialmente por ser visto como de um homem frágil e sensível, na realidade, é aquele que foge do modelo de homem misógino. A transexualidade de minha irmã me permitiu romper com o próprio modelo de homem cis hetero e me tornar além de qualquer classificação, um ser humano mais humano. Talvez essa seja uma das principais, se não, a mais nobre função social de um intelectual, se colocar e estar no lugar do outro. Ao longo da escrita da pesquisa, muitas vezes, satisfeito com o meu trabalho, me senti fazendo algo análogo ao ofício de um escultor que lapida dando forma à sua obra prima. Experimentei-me quase como um pequeno Michelangelo, um dos maiores criadores de arte, que ao finalizar a escultura de Moisés exclamou para ela: Parla ! E realmente ela (a tese) falou, com as vozes das pessoas transexuais em resposta ao grito de ódio e ao silêncio ensurdecedor da sociedade imbricada nas mídias digitais que estão cheias de preconceito e violência contra elas, mas que nessa obra poderão ser mais ouvidas. Agradeço por me deparar-me com a trajetória da minha orientadora, Professora e Antropóloga Doutora Larissa Pelúcio quanto às pesquisas que abordam temas como gênero, sexualidade e mídias digitais que possibilitou como seu orientando juntar as coisas. Minha irmã e eu somos naturais de Marília- SP e saímos da cidade para estudar em Londrina - PR e hoje residimos em Cascavel -PR e dessa maneira estava eu diante de um sincronismo, pois a transexualidade que foi o motivo principal de minha saída de Marília- SP era agora a causa de minha volta. Retornar para estudar a transexualidade era uma espécie de redenção; tal que em uma súbita decisão mesmo aprovado nas primeiras fases das duas universidades (UFPR e UFSC) decidi focar-me para a aprovação da Universidade Estadual Paulista - UNESP. As trilhas e as preocupações de Larissa Pelúcio significaria tudo isso e mais, era o encontro de estudar a transexualidade com uma abordagem pelas mídias digitais, sobretudo, juntar todas as peças para os percalços de um estudo antropológico digital. Grato por todo seu cuidado, carinho e conhecimento proporcionado a mim. Eu te admiro profundamente! Aos/as professores/as de cada disciplina que cursei, e por terem me disponibilizado no conteúdo delas reflexões e caminhos para pensar a minha pesquisa. À banca composta pela Profa. Dra. Flávia Teixeira, Profa. Dra. Carolina Parreiras e 5 Prof. Dr. Toni Braga por suas valiosas contribuições e apontamentos. Ao Professor Dr. Luís Antônio de Souza que me despertou enorme admiração e orgulho de ser um Cientista Social. À/Aos meus/minhas queridos/as amigos/as que ao longo do Doutorado pude além das risadas compartilhar as angústias e por nossas trajetórias terem sido cruzadas e termos tido momentos que passamos juntos: Tamires, Zuleika, Rafael, Wahuane, Michele, Juliana Jardim, Késia, Franz, Edson, Thiago, Camila, Alex, Egor e Marlyson. Em especial, as minhas amigas, Lays e Patrícia que me receberam com muito carinho e pude compartilhar as nossas preocupações acadêmicas e sociais e lutarmos juntos sempre também com muita alegria. À minha querida amiga Maria Santana, um anjo que entrou na minha vida e que sou eternamente grato por você ser tanta luz e amor para mim. Ao meu amigo quase irmão Luís Gustavo Seleghin, filósofo e intelectual de grande capacidade de abstração que sempre esteve do meu lado durante a jornada da tese, refletindo em momentos de entraves como também de muitas risadas. Àx my amigxs Silvia Schneider, Izadora Castilho, Camila Torres, Átila Rodolfo, Mariana Mello, Claudimara, Chaí entre outr@s que parte da minha vida sempre estão comigo. À Universidade Paranaense - Unipar pelo apoio e aos meus queridos/as amigos/as colegas: Silvana, Gisele, Fausto, Vlad, Kaoana, Leo, Anália, Juliane, Clarice, Gabriela, Tati, Caio, Cleina, Juliana, Carol, Rudy e a tod@s os/as meus/minhas queridos/as alun@s. À Raquel de namorada a minha amiga confidente que sempre incentivou e valorizou a minha pesquisa e junto dela os meus amores: Ana Luiza, my princess e Nicolas, o baby. À minha Família Garcia e Mugnai Vieira, em especial, Camila e Priscila Mugnai Vieira, as minhas primas de infância e que hoje mais do que laços de sangue, somos luta e resistência enquanto pensamento de transformação social! Aos meus pais, Sônia e Luiz, que mais do que quaisquer outras pessoas me fizeram um ser humano que se reconhece com compaixão no outro, antropologicamente falando com alteridade. Grato por suas orações. Meu amor incondicional por vocês, Mamãe e Papai! À minha querida irmã Juliana e sua família, meu cunhado Rogério e meus amados sobrinhos Lucas e Vinícius por estarem sempre torcendo por mim. À minha irmã alma gêmea Amanda, escritora nata e razão dessa tese e ao seu namorado Ademir. E por fim e o começo à Deus@ ou à energia cósmica ou ao grande plasma do Universo que por meio de suas vibrações conspirou por mim! 6 "Eu não estou onde você me espreita, mas aqui de onde o observo rindo" (Michel Foucault). 7 Renascid@ (para Marília) Era um entardecer, mais gelado que sorvete, Era o vento no meu rosto infantil; O carro maternal, porém guiado pelo papai fazia a função de útero; No banco de trás estavam nós, os gêmeos; Ah, como era refrescante aquele ar do bosque; Sensação única como do primeiro respirar de um recém- nascido; Queria ali, reparar a natureza, congelar aquele momento (...) A Avenida Brigadeiro Eduardo Gomes era nome dela, Casa da vovó, da cidade de um café vencedor®, Numa felicidade incompleta para os pueris era na “verdade” um doce; A direção era o aeroporto; Queríamos voar; O desejo inconsciente de um bis, mas de chocolate, De que tudo seria completo Se fosse ela (...) fosse minha gêmea (...) A volta era contramão A triste realidade o chão O amargo da normatização Às vezes é preciso seguir o vento das piruetas É ! O sonho criou asas E de paraquedas Ela desceu frágil e tão segura Nos ares frescos daquele bosque O que sempre fora, é, e o que eternamente será MULHER. (Guto Mugnai – 21-11-2017) Dedico essa tese aos meus pais, Sônia e Luiz e as minhas irmãs Juliana e Amanda, na doce lembrança de um anoitecer em volta da mesa de jantar oval de casa, quando erámos cinco em Marília – SP. 8 BANCA EXAMINADORA Orientadora Profa. Dra. Larissa Pelúcio (Universidade Estadual Paulista – UNESP – Marília) Membros Títulares Profa. Dra. Flávia do Bonsucesso Teixeira (Universidade Federal de Uberlândia – UFU – Uberlândia) Profa. Dra. Carolina Parreiras Silva (Universidade de São Paulo – USP – São Paulo) Prof. Dr. Luís Antônio Francisco de Souza (Universidade Estadual Paulista – UNESP- Marília) Prof. Dr. Antônio Mendes da Costa Braga (Universidade Estadual Paulista – UNESP- Marília) Suplentes Profa. Dra. Patrícia Porchat Pereira da Silva Knudsen (Universidade Estadual Paulista – UNESP – Araraquara) Profa. Dra. Carolina Branco Castro Ferreira (Universidade Estadual de Campinas – UNICAMP – Campinas) Profa. Dra. Lídia Maria Viana Possas (Universidade Estadual Paulista – UNESP – Marília) Marília, 04 de dezembro de 2018. 9 RESUMO As mídias digitais juntamente com seus aparatos multifuncionais possibilitaram um protagonismo de seus usuários no processo de comunicação. Comentar em um Portal de notícia ou compartilhar, seguir, curtir ou se organizar em um grupo na Rede Social permitiu que os seus usuários expusessem mais efetivamente as suas opiniões assim como também possibilitou uma maior visibilidade de grupos sociais como os das pessoas transexuais. A partir de uma investigação antropológica imersiva oculta em ambientes on-line utilizando-se dos estudos de recepção a presente pesquisa teve como a principal problemática compreender a receptividade da transexualidade. Procurou-se entender quais argumentos têm fundamentado os discursos deslegitimadores da transexualidade e aqueles legitimadores da experiência das pessoas trans. Dessa forma a pesquisa analisou os discursos sobre transexualidade a partir de comentários feitos por leitoras/es do Portal Globo.com - publicações em suas versões digitais e de grupos compostos por pessoas que se identificam ou não com as transexuais alojados no Facebook. Como também as falas de figuras expressivas circulantes na internet que ao falar de identidade e ideologia de gênero se mostram tanto articuladas ou não com o discurso das transexuais.