O Ato Da Sociedade Paulista

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O Ato Da Sociedade Paulista 1 CARLA DE ARAUJO RISSO O ato da sociedade paulista Opinião pública e censura ao teatro de 1957 a 1968: manifestações populares presentes nos processos do Arquivo Miroel Silveira da Biblioteca da ECA/USP Tese apresentada à Escola de Comunicações e Artes da Univer- sidade de São Paulo para obtenção do título de Doutor em Ciên- cias da Comunicação – Área de Concentração: Teoria e Pesquisa em Comunicação – Linha de Pesquisa: Linguagem e Produção de Sentido em Comunicação Orientadora: Profa. Dra. Mayra Rodrigues Gomes São Paulo 2012 2 Autorizo a reprodução e divulgação total ou parcial deste trabalho, por qualquer meio convencional ou eletrônico, para fins de estudo e pesquisa desde que citada a fonte. Catalogação na publicação Serviço de Biblioteca e Documentação Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo Risso, Carla de Araujo O ato da sociedade paulista : opinião pública e censura ao teatro de 1957 a 1968 : manifestações populares presentes nos processos do Arquivo Miroel Silveira da Biblioteca da ECA/ USP / Carla de Araujo Risso – São Paulo : C. A. Risso, 2012. 277 p. : il. + DVD Tese (Doutorado) – Escola de Comunicações e Artes / Universidade de São Paulo. Orientadora: Profª Drª Mayra Rodrigues Gomes 1. Opinião pública 2. Censura 3. Imprensa 4. Teatro 5. Discursos circulantes 6. Ditadura 7. Democracia 8. Liberdade I. Gomes, Mayra Rodrigues II. Título CDD 21.ed. – 070 2 RISSO, C. A. O ato da sociedade paulista – Opinião pública e censura ao teatro de 1957 a 1968: ma- nifestações populares presentes nos processos do Arquivo Miroel Silveira da Biblioteca da ECA/USP. Tese apresentada à Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo para obtenção do título de Doutor em Ciências da Comunicação – Área de Concentração: Teoria e Pesquisa em Comunicação – Linha de Pesquisa: Linguagem e Produção de Sentido em Comunicação. Aprovado em: Banca Examinadora Prof. Dr. ______________________________ Instituição: ___________________________________ Julgamento:____________________________ Assinatura: ___________________________________ Prof. Dr. ______________________________ Instituição: ___________________________________ Julgamento:____________________________ Assinatura: ___________________________________ Prof. Dr. ______________________________ Instituição: ___________________________________ Julgamento:____________________________ Assinatura: ___________________________________ Prof. Dr. ______________________________ Instituição: ___________________________________ Julgamento:____________________________ Assinatura: ___________________________________ Prof. Dr. ______________________________ Instituição: ___________________________________ Julgamento:____________________________ Assinatura: ___________________________________ 3 Dedico esta pesquisa a todos aqueles que resistiram às mordaças, aos coturnos, às pressões, à ignorância, à comodidade. Particularmente, àqueles que resistiram à saudade: Marcello, Alice e Pedro. 4 AGRADECIMENTOS À minha querida orientadora, Profa. Dra. Mayra Rodrigues Gomes, acima de tudo pela confiança, pelos ensinamentos e pelo apoio ao meu trabalho. Sem ela, os caminhos percorridos jamais seriam os mesmos. À professora Dra. Maria Helena Sousa, da Universidade do Minho, pela acolhida e pelo direcionamento. Ao Banco Santander S/A, que, por meio do Programa de Bolsas de Mobilidade Internacional do Santander – USP, acreditou nesta pesquisa. Aos meus entrevistados, Romário Borelli, César Príncipe, Vicente Batalha e Júlio Gago, pela extrema generosidade. A Ferdinando Martins e Rosana Soares, pelos apontamentos. Ao amigo e colega Ricardo Dias, que, além das conversas, livros e revistas, esteve sempre presente neste trabalho. A todo o pessoal do Núcleo de Pesquisas em Comunicação e Censura ECA/USP, em especial a Jacqueline Pithan dos Santos, Lis Coutinho, Barbara Heller, Andrea Limberto Leite e Nara Lya Simões Cabral. Aos companheiros do Midiato – Grupo de Estudos de Linguagem: Práticas Midiáticas – USP, pela convivência. A Analúcia Recine e Mônica Rugai, pela ajuda e amizade. A Silvia dos Santos Vieira, pelo olhar atento. A Rosely Vieira de Sousa, secretária do PPGCOM da ECA-USP, sempre bem-humorada e prestativa. Aos meus queridos amigos portugueses Fernando Jorge, Irene e Manuel Rocha e, em especial, Ana Margarida Pinto, pelos momentos inesquecíveis e por todo o apoio. À Casa de Santa Zita, que deu-me o aconchego de um lar longe de casa. Aos brasileiros que se aventuraram a estudar além-mar: Ênio Moraes, Tânia Tavares, Marilda Beijo e Sílvia Carla Conceição, pelas risadas, conversas e pela companhia nas ruas de Braga. A minha querida família: Maria José, que me ensinou a levar a vida com um sorriso nos lábios; Samuel, que me encheu de sonhos e histórias; Ruy, que me ensinou a dizer “não sei”; Alice e Pedro, que me alimentam de sua juventude; Marcello, que me ampara em seu amor. A todos meus amigos e professores que, de alguma forma, ajudaram-me a ser quem eu sou. 5 RESUMO RISSO, C. A. O ato da sociedade paulista – Opinião pública e censura ao teatro de 1957 a 1968: mani- festações populares presentes nos processos do Arquivo Miroel Silveira da Biblioteca da ECA/USP. 2012. 300 f. Tese (Doutorado) – Escola de Comunicações e Artes, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2012. Na sociedade de massas, os processos de comunicação dos grupos estão, de modo imediato, sob a influência dos meios de comunicação de massa ou intermediados por “líderes de opinião”. Partindo de questões como a opinião pública, a identidade cultural e a contextualização histórica e social, esta pesquisa focou-se nos processos de censura ao teatro profissional presentes no Arquivo Miroel Silveira, bem como sobre as pági- nas dos principais veículos de mídia impressa da cidade de São Paulo. O universo de amostra contemplou peças que contêm abaixo-assinados, telegramas, cartas e manifestos populares em seus processos de censu- ra: Perdoa-me Por Me Traíres, de Nelson Rodrigues (1957), censurada em nome da defesa da “moral e dos bons costumes”; A Semente, de Gianfrancesco Guarnieri (1961), com encenação restrita a um só teatro por abordar questões ideológicas; e Roda Viva, de Chico Buarque (1968), que depois de dois atentados – a de- predação do Teatro Ruth Escobar em São Paulo e a agressão ao elenco em Porto Alegre – foi censurada pelo Governo Federal. Quanto ao estudo da imprensa, todos os jornais pesquisados mantêm relação cronológica com as peças selecionadas. Paralelamente, efetuou-se uma investigação em Portugal com o objetivo de deli- near as relações de poder que estruturam a prática censória nos países de língua portuguesa. A peça escolhida para estudo além-mar foi A Promessa, de Bernardo Santareno (1957), obra que ocasionou protestos durante sua encenação na cidade do Porto. Com essa outra perspectiva, pretendeu-se compreender e caracterizar a cultura, a moral e os valores da época para além das barreiras espaciais, fixando-se no território da estrutura simbólica da língua. Apesar das diferenças em relação à liberdade de imprensa nos dois países no período estudado, verificou-se que a metodologia da censura teatral e as manifestações públicas se davam de forma muito semelhante. Tanto no Brasil como em Portugal, o envolvimento da imprensa nos casos em que ocor- reram manifestações públicas pró ou contra a censura teatral – seja na divulgação das peças, na divulgação dos autores, ou até mesmo na fomentação de opiniões – não foi o único fator a desencadear os eventos. Os casos estudados permitem a conclusão de que a trama do tecido social é permeada por diversos discursos circulantes capazes de influenciar a tomada de atitudes no âmbito de microcosmos sociopolíticos. A partir dessa influência, os pequenos grupos, dispostos a expor as suas opiniões publicamente, adquirem o poder de alterar as deliberações da censura teatral, tanto no sentido de proibição como no sentido de liberação. Na totalidade da amostragem verificou-se que, de alguma forma, a encenação da obra teatral foi prejudicada frente à rejeição de uma parcela, mesmo que minúscula, da população. Palavras-chave: Opinião Pública. Censura Teatral. Imprensa. 6 ABSTRACT RISSO, C. A. The act of paulista society – The public opinion and theater censorship between 1957/1968: popular manifestations in the processes of Arquivo Miroel Silveira, Library of ECA/USP. 2012. 300 f. Tese (Doutorado) – Escola de Comunicações e Artes, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2012. In a mass society, the communication processes of small groups are constantly under the influence of the mass media or intermediated by “opinion leaders”. Based on concepts as public opinion, cultural identity and historical and social contextualization, this study was designed to deal with the censorship process over the theatrical scene in São Paulo, studying the reviews in the press and the previous censorship documents that are in Miroel Silveira Files (ECA/USP). Three plays which contains petitions, telegrams, letters and any sort of popular manifestation were selected: Perdoa-me Por Me Traíres (Forgive me for Cheating Me), by Nelson Rodrigues (1957), was censored in the name of the “moral principles”; A Semente (The Seed), by Gianfran- cesco Guarnieri (1961), a play with the ideological content – communism – was restricted to one theater; and Roda Viva (The Wheel of Life), by de Chico Buarque (1968), which suffered two attacks by a Command Hunt for Communists (CCC – Comando de Caça aos Comunistas) – the invasion of Ruth Escobar Theater in São Paulo and the aggression toward the cast in Porto
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