Dissertação Apresentada À Escola De Comunicações E Artes Da Universidade De São Paulo Para a Obtenção Do Título De Mestre Em Artes Cênicas
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!1 ! UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO !2 ESCOLA DE COMUNICAÇÕES E ARTES PEDRO VICENTE DE AZEVEDO ALVES PINTO A EXPERIÊNCIA DE FAUZI Dramaturgia em processo Dissertação apresentada à Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo para a obtenção do título de Mestre em Artes Cênicas. Área: Teoria e Prática do Teatro Orientadora: Profa. Dra. Silvia Fernandes da Silva Telesi SÃO PAULO 2018 !3 Autorizo a reprodução e divulgação total ou parcial deste trabalho, por qualquer meio convencional ou eletrônico, para fins de estudo e pesquisa, desde que citada a fonte. \ Catalogação na Publicação Serviço de Biblioteca e Documentação Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo Dados inseridos pelo autor ______________________________________________________________ PINTO, PEDRO VICENTE DE AZEVEDO ALVES A EXPERIÊNCIA DE FAUZI: Dramaturgia em processo / PEDRO VICENTE DE AZEVEDO ALVES PINTO ; orientadora, Silvia Fernandes da Silva Telesi . -- São Paulo, 2018. 161 p.: il. Dissertação (Mestrado) - Programa de Pós-Graduação em Artes Cênicas - Escola de Comunicações e Artes / Universidade de São Paulo. Bibliografia Versão original 1. Alquimia do teatro 2. Teatro Brasileiro 3. Contracultura 4. Fauzi Arap 5. Psicoterapia I. Telesi , Silvia Fernandes da Silva II. Título. CDD 21.ed. - 792 ______________________________________________________________ Elaborado por Sarah Lorenzon Ferreira - CRB-8/6888 !4 DEDICATÓRIA Dedico esta dissertação a: meus filhos Davi Puga Alves Pinto e Theo Vicente Prudente de Moraes Alves Pinto, que me acompanham na paixão pelo teatro; minha amada Yasna Yañez pela companhia preciosa durante o estudo; os artistas Ciça e Zélio Alves Pinto, que me deram a vida e muito mais; meus ancestrais indígenas, brancos, negros e alienígenas; meus irmãos de existência nessa realidade incerta; e o desejo vivo de um tempo de paz no coração do mundo. !5 AGRADECIMENTOS Agradeço a: Aimar Labaki Ana Céres Ana Ciça Andrea Cassola Antônio Pinto Antônio Fagundes Antônio Malavoglia Antônio Peticov Bha Prince Camila Mota Carlos Cabrera Carol Badra Carol Bezerra Carolina Ceres Cecilia Alves Pinto Cibele Forjaz Clarice Abujamra Claudia Schapira Clélia Almeida Daniel Lang Daniela Thomas Davi Alves Pinto Débora Duboc Eliana Camargo Elisabeth Silva Lopes Élcio Nogueira Ester Laccava Eugênio Lima Exu Carangola Fábio Atui Fauzi Arap Fernanda Couto Fernando Alves Pinto Fernando Cavalher Gerald Thomas Glauco Vilas Boas Graziela Moretto Guga Stroeter Guilherme Leme Hector Othon Humberto Gentil Igor Maroti Dumont Inês Cardoso Jaqueline Obrigon !6 Jeyne Stackflett Johana Albuquerque José Roberto Aguilar Keren Ora Kiko Vianello Laís Bodansky Lavínia Pannunzio Leona Cavalli Líbero Malavoglia Luaa Gabanini Luah Guimarães Luciana Caruso Luciana Domschk Luis Fernando Ramos Luiz Casado Luiz Damasceno Luiz Feres Luiz Miranda Marcelo Drummond Marcelo Palotta Márcia Abujamra Marcos Bulhões Maria Goretti Pedroso Messias Macambira Nilton Bicudo Paschoal da Conceição Paulo Faria Regina França Renata Duca Renato Borghi Ricardo Van Steen Roberta Estrela D’Alva Rubens Rewald Sérgio de Carvalho Sérgio Mamberti Sérgio Roizemblit Silvana Garcia Silvia Fernades Telesi Stuar Perryn Tamara Elizabeth Cury Sciré Tatiana Vesch Theo Moraes Valéria Carvalho Vânia Terra Yasna Yañez Zé Celso Martinez Corrêa Zélio Alves Pinto !7 RESUMO Investigação sobre a noção de “alquimia do teatro” a partir da leitura do livro autobiográfico Mare Nostrum - sonhos, viagens e outros caminhos, de Fauzi Arap, realizada como estudo para a criação de uma dramaturgia baseada no depoimento. À partir da narrativa, que contempla o envolvimento do artista numa psicoterapia experimental baseada no uso psiquiátrico do LSD, identifica-se um paralelo entre a trajetória do autor e a dinâmica do mito associado à arte teatral - o mito grego Dioniso - e se reflete sobre as circunstâncias em que se deu a criação de sua obra, com foco no período da contracultura histórica brasileira. Buscando delinear a noção sugerida no capítulo 20 do livro “o teatro da alquimia e a alquimia do teatro”, discute-se a questão do “teatro ritual” e se resgata a qualidade alquímica do mito de Dioniso, esboçando-se a noção de uma “alquimia dionisíaca”. Palavras-chave: Alquimia do teatro; teatro brasileiro; Contracultura; Fauzi Arap; psicoterapia; LSD. !8 ABSTRACT Research on the notion of "theater alchemy" from reading the autobiographical book Mare Nostrum - dreams, travels and other ways, by Fauzi Arap, carried out as a study for the creation of a dramaturgy based on the testimony. From the narrative, which contemplates the artist's involvement in experimental psychotherapy based on the psychiatric use of LSD, a parallel is identified between the trajectory of the author and the dynamics of the myth associated with theatrical art - the Greek myth Dioniso - and is reflected on the circumstances in which the creation of his theatrical work took place, focusing on the period of Brazilian historical counterculture. Seeking to outline the notion suggested in Chapter 20 of the book "The Theater of Alchemy and the Alchemy of Theater," the question of "ritual theater" is discussed and the alchemical quality of the Dionysian myth is rescued, outlining the notion of a "Dionysian alchemy". Keywords: Alchemy of Theater; Brasilian Theater; Contraculture; Fauzi Arap; Psichotherapy; LSD. !9 SUMÁRIO Introdução…………………………………………………………………..10 Capítulo 1 - O Barquinho ………………………………………………….20 Capítulo 2 – Cena Química ………………………………………………..91 Capítulo 3 – Oficina Alquímica ………………………………………….102 Capítulo 4 – Teatro Nuvem………………………………………………..131 Capítulo 5 – Vida é cena ……………..……………………………………151 Conclusão………………………………………………………………….165 Referências…………………………………………………………………171 !10 INTRODUÇÃO Fauzi Arap foi um grande ator, diretor e dramaturgo brasileiro, nascido em São Paulo, onde viveu boa parte de seus 75 anos, entre 1938 e 2013. Formou-se em Engenharia Civil pela Faculdade Getúlio Vargas mas nunca exerceu a profissão. Estreou no ofício da cena aos 21, na primeira montagem profissional do grupo Teatro Oficina1, A Vida Impressa em Dollar, de Cliff Oddets2, em 1959. A partir da década de 1960 foi figura marcante na cena teatral por mais de 5 décadas. Ator assíduo nos primeiros 7 anos do Oficina, ao mesmo tempo também atua junto ao grupo Teatro de Arena3 em montagens importantes, marcando um trânsito livre entre os dois mais significativos acontecimentos teatrais de uma geração germinal no cenário brasileiro. Com alguns êxitos e premiações como ator nos dois coletivos e outros trabalhos, em 1965 Fauzi estreia como diretor, numa adaptação pioneira da literatura da escritora Clarice Lispector, na peça “Perto do Coração Selvagem”, com Glauce Rocha, Dirce Migliaccio, José Wilker e o próprio diretor. Depois disso, em pouco tempo abandona o ofício de ator, com poucas exceções nos dois anos seguintes. Duas no cinema, em 1966, nos filmes “Todas as Mulheres do Mundo” de Domingos Oliveira e “O Padre e a Moça”, de Joaquim Pedro de Andrade; e uma no teatro, em 1967, em sua segunda direção profissional, a peça Dois Perdidos numa Noite Suja, do então quase desconhecido autor Plínio Marcos. Fauzi dirige e interpreta a peça ao lado do ator Nelson Xavier. 1 O Teatro Oficina Uzyna Uzona, ou Teatro Oficina, é uma companhia com sede em São Paulo. Fundada por alunos da Faculdade de Direito da USP em 1958, Amir Haddad, Renato Borghi, Fernando Peixoto, Ítala Nandi, Etty Fraser, e outros, com José Celso Martinez Correa como diretor, ou produtor, dramaturgo, agente cultural. Desde a reabertura da sede em 1993, a coordenação da companhia tem parceria do ator Marcelo Drummond. Nas 6 décadas de atividade, o Oficina tem várias fases. O início é de excelência estética e política em montagens realistas; 1967 é o encontro da identidade antropofágica com a montagem O Rei da Vela, de Oswald de Andrade; nos anos seguintes, o teatro agressivo e o protagonismo do coletivo representado pelo Coro, marcado por Roda Viva, de Chico Buarque, remontada em 2018; nos anos de chumbo, o silêncio estrela a experiência cênica do Te-ato; à partir de 1980, o grupo desenvolve o gênero Tragicomediaorgia Antropofágica, que estreia em Hamlet, 1994, se define em As Bacantes, 1996; e frutifica em produções posteriores como a monumental Os Sertões, de Euclides da Cunha, 2003/2010, 2 Cliff Odets (1906 / 1963) dramaturgo, diretor de teatro (e cinema em dois filmes), roteirista e ator norte-americano. 3 Teatro de Arena (1953 /1972) foi um dos mais importantes grupos teatrais brasileiros das décadas de 1950 / 60. Fundado em 1953 por José Renato e egressos da Escola de Arte Dramática da Universidade de São Paulo, estreia com a peça “Esta Noite é Nossa” de Stafford Dickens, com encenação inovadora no centro de uma arena improvisada numa sala do MAM/SP - Museu de arte Moderna de São Paulo. Em 1956 o grupo se funde ao o Teatro Paulista dos Estudantes, de Gianfrancesco Guarnieri, Oduvaldo Viana Filho, Milton Gonçalves e outros, e incorpora o diretor Augusto Boal como professor do método Stanislavski. Em 1958, a peça Eles não Usam Black Tie, de Guarnieri, direção de José Renato, marca as artes cênicas brasileiras. O golpe militar de 1964 leva à proibição da maioria de suas peças de viés realista, e em 1965 estreia “Arena conta Zumbi”, de Boal e Guarnieri, novo marco da arte cênica; em 1971 Boal dirige Teatro Jornal – 1a Edição, de Boal, trabalho que abre caminhos para a criação posterior do seu método Teatro do Oprimido. No mesmo ano, Boal é preso e exilado. Em 1972 o grupo termina. !11 No mesmo ano de 1967, Fauzidirige a peça Santidade, texto transgressor do autor quase estreante, José Vicente4, e acaba criando um momento símbolo da contracultura, uma performance midiática espontânea, quando a peça é censurada antes da estreia e o presidente Costa e Silva condena a obra em rede nacional de televisão. No ano seguinte, Fauzi volta a Plinio Marcos em parceria com Tônia Carrero5 em montagem histórica do texto “Navalha na Carne”: No Rio, naquele mesmo ano, acabei por fazer minha estréia definitiva como diretor profissional na versão carioca de Navalha na came, na produção de Tonia Carrero, e dirigi também meu primeiro show com Maria Bethânia, com quem desenvolvo uma parceria afinada até hoje.