O Coronelismo Ficcional E Os Desmandos Da Política Brasileira Na Telenovela Meu Pedacinho De Chão the Fictional Coronelismo An

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O Coronelismo Ficcional E Os Desmandos Da Política Brasileira Na Telenovela Meu Pedacinho De Chão the Fictional Coronelismo An Carla Montuori Fernandes O coronelismo ficcional e Universidade Paulista – UNIP os desmandos da política Doutora e pós-doutora em Ciências Sociais pela brasileira na telenovela Meu Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC- pedacinho de chão -SP). Professora do Progra- ma de Pós-Graduação em Comunicação e Cultura The fictional coronelismo das Mídias da Universidade Paulista (Unip) e do Centro and the abuses of Brazilian Universitário Assunção politics in the soap opera My (Unifai). É pesquisadora do Núcleo de Estudos em Arte, little piece of ground Mídia e Política da PUC-SP. E-mail: carla_montuori@ ig.com.br El coronelismo ficción y los http://lattes.cnpq. br/1731982225546672 excesos de la política brasileña en la telenovela Mi pequeño pedazo de tierra C&S – São Bernardo do Campo, v. 37, n. 1, p. 213-235, jan./abr. 2015 DOI: http://dx.doi.org/10.15603/2175-7755/cs.v37n1p213-235 213 RESUMO A telenovela brasileira revela um rico hibridismo cultural capaz de incorporar temas longínquos da história do País em um cenário revitalizado pelos códigos da contemporaneidade. Dessa forma, este artigo tem como objetivo analisar a representação das práticas políticas do coronelismo na telenovela Meu pedacinho de chão, exibida pela Rede Globo de Televisão. A trama consiste na produção de um universo moderno, cercado de magia e fantasia, que reproduz, por meio de personagens e enredo, um sistema político que perdurou no Brasil durante o período da República Velha (1989-1930). Palavras-chave: Telenovela. Produção. Cultura. Política. ABSTRACT The Brazilian soap opera reveals a rich cultural hybridism that is able to incorporate distant subjects of the country’s history in a scenario revitalized by the codes of the present time. This article aims at analyzing the representation of political practices of the colonels in the soap opera “My little piece of ground”, aired on Rede Globo television. The story consists of the production of a modern universe, surrounded by magic and fantasy, which reproduces, by means of characters and plot, a political system that lasted in Brazil during the period of the Old Republic (1930-1989). Keywords: Soap Opera. Production. Culture. Policy. RESUMEN La telenovela brasileña revela una rica hibridación cultural, capaz de incorporar temas distantes de la historia del país en un escenario revitalizado por los códigos de la contemporaneidad. Por lo tanto, este artículo tiene como objetivo analizar la representación de las prácticas políticas de los coroneles en la telenovela “Mi pequeño pedazo de tierra”, transmitido por TV Globo. La trama consiste en la producción de un universo moderno, rodeado de magia y fantasía que juega a través de personajes y la trama, un sistema político que duró en Brasil durante el período de la Antigua República (1989-1930). Palabras clave: Telenovela. Producción. Cultura. Política. * Coronelismo (/kɔɾonɛˈliʒmu/) was the system of machine politics in Brazil under the Old Republic (1889-1930). Known also as the “rule of the coronels”, the term referred to the classic boss system under which the control of patronage was centralized in the hands of a locally dominant oligarch known as a “coronel”, particularly under Brazil’s Old Republic, who would dispense favors in return for loyalty. (WIKIPEDIA. Disponível em: http://en.wikipedia.org/wiki/Coronelismo). Submissão: 26/9/2014 Decisão editorial: 30/4/2015 Introdução A telenovela, que surgiu em caráter totalmente experimental no início da década de 1950, tornou-se, ao longo dos anos, o produto cultural mais popular da televisão brasileira. O êxito do gênero pode ser explicado, em parte, pela capacidade de incorporar convenções do melodrama e da realidade e atuar em sintonia com as transformações tecnológicas, sociais, culturais e políticas da história do País (HAMBURGER, 2003). A característica da telenovela, de aprimorar e estreitar a relação entre o real e o ficcional, sobretudo em temas que envolvem a vida política do País, deu origem a uma série de pesquisas na área de comunicação e cultura. Como exemplo, podemos citar a obra O Brasil antenado: a sociedade da telenovela, de Esther Hamburger (2005), que discute como a narrativa ficcional ajudou a construir e disseminar imagens da nação, incorporando fatos cotidianos da vida política dos anos de 1970, 1980 e 1990. Martín-Barbero e Rey (2001, p. 161) elucidam que nenhum outro gênero de programação firmou- se tão popular no País como a telenovela, por atuar “em um dos mais importantes e amplos espaços de problematização do Brasil, das intimidades privadas às políticas públicas”. A capacidade sui generis C&S – São Bernardo do Campo, v. 37, n. 1, p. 213-235, jan./abr. 2015 DOI: http://dx.doi.org/10.15603/2175-7755/cs.v37n1p213-235 215 CARLA MONTUORI FERNANDES de incorporar o público e o privado, o político e o doméstico, a notícia e a ficção, convenções formais de documentário e do melodrama (LOPES, 2009) transforma as narrativas televisivas em espaços estratégicos para a produção das imagens que os indivíduos fazem de si mesmos e com as quais querem se fazer reconhecer pelos demais (MARTÍN- BARBERO, 1997). Em circunstâncias em que os personagens são identificados com figuras públicas reais e a trama incorpora os problemas da nação, a produção televisiva adquire um contexto de verossimilhança, operando o sincretismo entre o real e o imaginário, tornando-o homogêneo (SODRÉ, 1977). Ao pesquisar o enredo das telenovelas, verifica-se, com frequência, temas de caráter público, como a reforma agrária, o coronelismo, a corrupção política, o racismo, as minorias, entre outros (LOPES, 2009). Nesse contexto, ao recontar a história da televisão brasileira, Mattos (2002) destaca que a preocupação da teledramaturgia em representar o cenário do Nordeste, o povo e sua cultura, surgiu em 1969, com a telenovela Verão vermelho, veiculada pela Rede Globo, durante o período de ditadura militar. Ambientada na Bahia, a novela, escrita por Dias Gomes, retratou o universo de coronéis, jagunços e as disputas políticas em torno do poder local. Desde então, inúmeras produções midiáticas buscaram reproduzir o espaço rural e as práticas do coronelismo, sistema de poder político conhecido pelo autoritarismo e pela opressão exercida pelos mandantes locais, diretamente ligados ao meio rural. Sustentado por barganhas e compromissos recíprocos, o coronelismo, durante a República Velha (1889- C&S – São Bernardo do Campo, v. 37, n. 1, p. 213-235, jan./abr. 2015 216 DOI: http://dx.doi.org/10.15603/2175-7755/cs.v37n1p213-235 O CORONELISMO FICCIONAL E OS DESMANDOS DA POLÍTICA BRASILEIRA NA TELENOVELA MEU PEDACINHO DE CHÃO 1930), era formado por uma extensa rede de relações que seguia do coronel ao presidente da República, conforme destaca Carvalho: O governo estadual garante, para baixo, o poder do coronel sobre seus dependentes e seus rivais, sobretudo cedendo-lhe o controle dos cargos públicos, desde o delegado de polícia até a professora primária. O coronel hipoteca seu apoio ao governo, sobretudo na forma de votos. Para cima, os governadores dão seu apoio ao presidente da República em troca do reconhecimento por parte deste de seu domínio no estado. (1997, p. 2). Desse compromisso fundamental entre o poder público e o local surgem as características secundárias do sistema coronelista, definidas por Leal (1975) como o mandonismo, o filhotismo, o voto de cabresto e a desorganização dos serviços públicos locais. Ainda que a prática do coronelismo tenha diminuído a partir de 1930, com a prisão dos grandes coronéis baianos e a posterior implantação do Estado Novo (1937-1945), como defende Carvalho (1997), a temática que exerceu enorme influência na literatura ainda mantém sintonia com os escritores da teledramaturgia. A telenovela Meu pedacinho de chão, readaptada em 2014, revela o interesse da Rede Globo pelo assunto, ao narrar a história de um povoado humilde, localizado na cidade fictícia de Santa Fé, dominado pelo maior fazendeiro da localidade, coronel Epaminondas, que abusa das práticas coronelistas para perpetuar seu poder na região. A trama tem início com a chegada da professora Juliana, contratada pelo prefeito da Cidade das Antas e por Pedro Falcão, inimigo político C&S – São Bernardo do Campo, v. 37, n. 1, p. 213-235, jan./abr. 2015 DOI: http://dx.doi.org/10.15603/2175-7755/cs.v37n1p213-235 217 CARLA MONTUORI FERNANDES de Epaminondas, para alfabetizar as crianças e os adultos do vilarejo. Avesso a qualquer tipo de modernização e progresso, o coronel Epaminondas declara guerra aos inimigos políticos e lança-se candidato à prefeitura da cidade, colocando em prática os desmandos do sistema coronelista. Narrada em tom de magia, típico de contos de fadas, com uma multiplicidade de cores percorrendo os cenários e os figurinos, a telenovela, escrita por Benedito Ruy Barbosa, é contada pelo olhar infantil do menino Serelepe (Tomás Sampaio) e por sua amiga Pituca (Geytsa Garcia), filha do vilão Epaminondas. Em uma atmosfera lírica, com casas de bonecas, árvores coloridas com mantas de crochês e cavalos e vacas de madeira, que se assemelham a peças de carrossel, o cenário da telenovela associou-se a um universo tipicamente infantil (VILALBA, 2014). Ainda que o espaço rural fosse ressignificado em tom de magia, este estudo pretende responder como a telenovela Meu pedacinho de chão incorporou, de maneira verossímil, os desmandos da política coronelista. Assim, este artigo tem por objetivo analisar como foi produzida a representação do coronelismo na telenovela Meu pedacinho de chão durante todo o período de exibição da trama, de 7 de abril a 1º de agosto de 2014. Para compreender o conteúdo veiculado pela narrativa ficcional, recorreu-se à análise de conteúdo (BARDIN, 2011) e às três etapas que compõem essa metodologia. Na primeira etapa, denominada pré-análise, foram selecionadas as cenas que serviram como objetos deste estudo. Após a visualização dos episódios, na etapa nomeada C&S – São Bernardo do Campo, v. 37, n.
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