DISSERTAÇÃO Antônio Márcio Monteiro Gueiros.Pdf
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UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO CENTRO DE ARTES E COMUNICAÇÃO DEPARTAMENTO DE LETRAS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM LETRAS Antonio Márcio Monteiro Gueiros LITERATURA CÚMPLICE: Horizontes literários e políticos na narrativa de Mario Benedetti Recife 2017 ANTONIO MÁRCIO MONTEIRO GUEIROS LITERATURA CÚMPLICE: Horizontes literários e políticos na narrativa de Mario Benedetti Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Letras e Linguística da Universidade Federal de Pernambuco em cumprimento às exigências para obtenção do grau de Mestre em Letras na área de Teoria da Literatura Orientador: Prof. Dr. Alfredo Cordiviola Recife 2017 Catalogação na fonte Bibliotecário Jonas Lucas Vieira, CRB4-1204 G924l Gueiros, Antonio Márcio Monteiro Literatura cúmplice: horizontes literários e políticos na narrativa de Mario Benedetti / Antonio Márcio Monteiro Gueiros. – Recife, 2017. 117 f. Orientador: Alfredo Adolfo Cordiviola. Dissertação (Mestrado) – Universidade Federal de Pernambuco, Centro de Artes e Comunicação. Letras, 2017. Inclui referências. 1. Mario Benedetti. 2. Literatura hispano-americana. 3. América Latina. 4. Literatura e história. I. Cordiviola, Alfredo Adolfo (Orientador). II. Título. 809 CDD (22.ed.) UFPE (CAC 2017-180) ANTONIO MÁRCIO MONTEIRO GUEIROS LITERATURA CÚMPLICE: Horizontes Literários e Políticos na Narrativa de Mario Benedetti. Dissertação apresentada ao Programa de Pós- Graduação em Letras da Universidade Federal de Pernambuco como requisito para a obtenção do Grau de Mestre em TEORIA DA LITERATURA em 9/3/2017. DISSERTAÇÃO APROVADA PELA BANCA EXAMINADORA: __________________________________ Prof. Dr. Alfredo Adolfo Cordiviola Orientador – LETRAS - UFPE __________________________________ Profª. Drª. Brenda Carlos de Andrade LETRAS - UFPE __________________________________ Prof. Dr. Diogo Arruda Carneiro da Cunha CIÊNCIAS HUMANAS - UFPE Recife 2017 A la memoria de mi padre, Márcio, que fue médico y buena gente AGRADECIMENTOS A Bel, “mi amor mi cómplice y todo”. A Maria Eduarda,meu presente com cheiro de futuro. À minha mãe, Stela, que sempre vê o melhor nos seus filhos. Ao meu pai, que era amável. Aos meus irmãos, Luiz, Flávio e Leandra, meus próximos prójimos de toda a vida. A Tio Bolodoro, que, mesmo à distância, plantou a literatura na minha infância. Aos meus amigos, bons companheiros que encontrei por aí. A Dra. Roberta Vasconcelos, Olavo e Thiago, por todo apoio. Ao professor Alfredo Cordiviola, que acreditou neste trabalho do começo ao fim, e depois disto. À professora Brenda Carlos, pelos conselhos e pelas sugestões de leitura. Aos demais professores do Programa de Pós-Graduação em Letras, em espacial Anco Márcio Tenório Vieira, Lourival Villanova, Roland Walter, Antony Cardoso Bezerra e Ricardo Postal. A Jozaías, Diva e todos servidores do Programa. Aos colegas de mestrado, particularmente Bela, Rui, Gilberto, Luís Roberto e Ibson. A Ariel Silva e Inés Silva, que me receberam de braços abertos na Fundación Mario Benedetti. À professora Margarita Neves, que abriu novas perspectivas acadêmicas para mim (e que me ensinou o idioma espanhol). RESUMO O presente texto tem o propósito de apresentar os horizontes literários e políticos da obra narrativa de Mario Benedetti, elementos que traspassam toda sua literatura e que lhe dão particularidade, unidade e harmonia. O estudo se justifica por dois motivos essenciais: a novidade estético-cultural da obra do autor e a importante atuação do intelectual no cenário latino-americano da segunda metade do século XX. Além disso, chama a nossa atenção a pequena quantidade de trabalhos de cunho acadêmico no Brasil a respeito da obra benedettiana e das suas intervenções na rede hispano-americana de intelectuais. Buscamos, portanto, reparar essa ausência e expandir o alcance dos estudos de Teoria da Literatura a respeito da narrativa do escritor. Para tanto, almejamos estabelecer um diálogo entre a sua produção literária e o contexto histórico a que estava condicionado, sem hierarquias entre tais campos, como meio de alcançar o imaginário e o compromisso político de Mario Benedetti, vertentes que se entrecruzam em sua obra. Palavras-chave: Mario Benedetti. Literatura hispano-americana. América Latina. Literatura e História. RESUMEN Este texto tiene el propósito de presentar los horizontes literarios y políticos de la obra narrativa de Mario Benedetti, elementos que cruzan toda su literatura y que le dan particularidad, unidad y armonía. El estudio se justifica por dos motivos esenciales: la novedad estética y cultural de la obra del autor y la importante actuación del intelectual en el escenario latinoamericano de la segunda mitad del siglo XX. Además, nos llama la atención el reducido número de trabajos académicos en Brasil relativos a la obra benedettiana y a sus intervenciones en la red hispanoamericana de intelectuales.Buscamos, por lo tanto, reparar esa ausencia y expandir el alcance de los estudios de Teoría de la Literatura sobre la narrativa del escritor. Para tal fin, esperamos establecer un dialogo entre su producción literaria y el contexto histórico que marcaba su momento, sin jerarquías entre esos campos, como medio de alcanzar el imaginario y el compromiso político de Mario Benedetti, caminos que se entrecruzan en su obra. Palabras clave: Mario Benedetti. Literatura hispanoamericana. América Latina. Literatura y Historia. Pongo estos seis versos em mi botella al mar Con el secreto designio de que algún día llegue a una playa casi desierta y un niño la encuentre y la destape y en lugar de versos extraiga piedritas y socorros y alertas y caracoles (Mario Benedetti) A literatura pode muito. (Tzevetan Todorov) SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO.................................................................................................10 1.1 OS HORIZONTES LITERÁRIOS DA NARRATIVA DE MARIO BENEDETTI.....................................................................................................13 1.1.1 Uma opção estética e um compromisso ético: o cotidiano e a crítica social.....................................................................................................13 1.2 O PERSONAGEM DO FUNCIONÁRIO E O PESSIMISMO COMO DENÚNCIA DA REALIDADE: O JOGO DOS PLANOS..................................24 1.3 AS MARCAS DE “LO MEDIOCRE” E DE “LO OTRO” NOS PERSONAGENS DE MARIO BENEDETTI.....................................................30 1.4 O AMOR NA SOMBRA DA LIBERDADE: A EXPERIÊNCIA AMOROSA COMO ELEMENTO METAFÓRICO................................................................35 1.5 LA TREGUA.....................................................................................................40 1.6 GRACIAS POR EL FUEGO: MUNDO DISFÓRICO, LINGUAGEM E ISOLAMENTO.................................................................................................50 1.6.1 Falsas catástrofes: a frustração da realidade diante do que poderia ter sido..................................................................................................................50 1.6.2 O desabrigo do ser humano espelhado na forma do romance.......................53 2 HORIZONTES POLÍTICOS. MARIO BENEDETTI E O CAMPO INTELECTUAL LATINO-AMERICANO: DO COTIDIANO À REVOLUÇÃO..62 2.1 MARIO BENEDETTI: A DEDICADA CONSTRUÇÃO DE UMA VOCAÇÃO...64 2.2 A REVOLUÇÃO CUBANA E A INTELECTUALIDADE LATINO-AMERICANA: ENCANTAMENTOS, DESILUSÕES E REPERCUSSÕES.............................75 2.3 MARIO BENEDETTI: LITERATURA E POLÍTICA COMO MUCHO MÁS QUE DOS.................................................................................................................84 3 EXÍLIOS E DESEXÍLIOS...............................................................................101 CONCLUSÃO................................................................................................110 REFERÊNCIAS.............................................................................................113 10 1 INTRODUÇÃO Mario Benedetti é um escritor que busca decifrar a verdade através do ato da criação, diria Sylvia Lago (1996, p. 25). Um propósito que requereria uma longa vida de intenso trabalho, de entrega total, de aproximação ao momento histórico, de captação do entorno, de contínua reinvenção pessoal, de experimentação, de provocação, e, em especial, de encontro com o outro, de construção na cumplicidade – exatamente aquilo que ele fez. E, apesar disso, a invenção da verdade não passaria de algo utópico, de um sonho revelado no vazio. Benedetti, no entanto, é um escritor que confessa a si mesmo na maturidade: “por otra parte/ sé proteger el sueño/ con mis gastados párpados/ de manera que puedo/ arrimarme soñando/ a esa espléndida nada/ nada prometedora” (2010, p. 181). Benedetti viveu 88 anos (1920-2009), produziu muitas dezenas de livros multigenéricos e se tornou um dos intelectuais latino-americanos mais atuantes da segunda metade do século XX. Um autor que frequentou a poesia, a narrativa breve, os romances, o teatro, os roteiros de cinema, as letras de música e que se fez a si mesmo no exercício da crítica, do jornalismo e, essencialmente, na leitura. Um artista que se inspira na história que se cria ao seu redor, do cotidiano de seus concidadãos montevideanos aos desafios de todo continente hispano-americano; alguém que elabora uma obra harmoniosa e polifacética, que passa pela intimidade e o íntimo do indivíduo e desagua na revelação do compromisso de (se) construir um novo ser-humano para uma sociedade mais justa. A presente pesquisa se propõe a analisar sobre quais fundamentos se erigiu a obra narrativa do