Capoeira Angola
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PENSANDOCAPOEIRA CAPOEIRA:ANGOLA ENSAIODIMENSÕES SOCIOETNOGRÁFICO E PERSPECTIVAS org.Waldeloir Franciane Rêgo Simplício Salvador, 2015 Prefeito da Cidade do Salvador Fazem parte da “Coleção Capoeira Viva” as seguintes publicações: Antonio Carlos Peixoto de Magalhães Neto Volume 1 – A história de Juma, o capoeira Volume 2 – É Preta, Kalunga: a Capoeira Angola como prática política entre os angoleiros baianos — anos 80-90 Vice Prefeita Volume 3 – Pensando a Capoeira: dimensões e perspectivas Célia Oliveira de Jesus Sacramento Volume 4 – A capoeira em Salvador: registro de mestres e instituições Volume 5 – Capoeira Angola: ensaio socioetnográfico Secretário de Cultura e Turismo Erico Pina Mendonça Júnior Presidente da Fundação Gregório de Ma os Fernando Ferreira de Carvalho Chefe de Gabinete Silvia Maria Russo de Oliveira Assessora Chefe Gildete Nascimento Ferreira Assessora Jurídica Thais Conceição Santana Gerente de Promoção Cultural Wilton Rafael Souza Magalhães Gerente Administrativo-Financeiro Ivã de Araújo Oliveira Gerente de Sítios Históricos Milena Luisa Tavares Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) Gerente do Arquivo Municipal, Fundução Gregório de Matt os Museus e Bibliotecas Lucimar Oliveira Silva R343 Rego, Waldeloir Gestor do Núcleo de Tecnologia da Informação Capoeira Angola: ensaio socioetnográfi co / Waldeloir rego; Ilustração André Flauzino. – 2. ed. – Rio de Janeiro: MC&G, 2015. Eric Ferreira de Castro 431 p.: il. – (Coleção Capoeira Viva, 5) ISBN: 978-85-67589-38-1 Coleção Capoeira Viva 1. Capoeira angola 2. Folclore - Brasil I. Fundação Gregório de Matt os II. Flauzino, André III.Título Coordenação Franciane Simplício CDU: 796 :316.7 Produção Alex Pochat Nágila Diacuí Para os infi nitamente amigos Zélia Amado Emanoel Araújo Sumário Prefácio 7 Apresentação 9 1 A vinda dos escravos 13 2 O termo capoeira 31 3 A Capoeira 45 4 A Indumentária 59 5 O jogo da capoeira 63 6 Toques e golpes 75 7 Os instrumentos musicais 89 8 O canto 109 9 Comentário às cantigas 151 10 Capoeiras famosos e seu comportamento na comunidade social 287 11 As academias de capoeira 309 12 Ascensão social e cultural da capoeira 319 13 A Capoeira no cinema e nos palcos teatrais 351 14 A capoeira nas artes plásticas 359 15 A capoeira na música popular brasileira 363 16 A capoeira na literatura 387 17 Mudanças socioetnográficas na capoeira 393 Bibliografia 397 Índice remissivo 423 Prefácio da segunda edição In Memoriam de Waldeloir Rego A Fundação Gregório de Matt os vem preencher uma carência do público, particularmente os praticantes de Capoeira, ao publicar a segunda edição da obra de Waldeloir Rego, intitulada Capoeira Angola: ensaio socioetnográfi co, uma das mais completas e abrangentes pesquisas do universo da capoeira, de conteúdo sucinto e ao mesmo tempo profundo, que apresenta o pensamento sobre a capoeira, seu signifi cado, como surgiu, entre outros aspectos. Busca atender a uma demanda antiga, pois a única edição, elaborada pela Editora Itapuã/Salvador, em 1968, há muito encontra-se esgotada. Essa é uma obra referenciada e reverenciada por grandes Mestres da Capoeira e pesquisadores. Seu conteúdo foi mantido na íntegra, com uma re- visão de determinados trechos segundo o Novo Acordo Ortográfi co da Língua Portuguesa, mas considerando a diversidade linguística registrada no texto original da primeira edição. Apesar do aumento do nº de páginas, não hou- ve interferência na produção textual do autor. Com cuidado e preocupação constantes, a FGM manteve, nesse intuito, orelhas, citações, notas de rodapé, referências bibliográfi cas e índice remissivo tal qual o original, com uma ou outra atualização ortográfi ca. A nova edição, com tiragem de 1.000 exemplares, apresenta formato de 20 x 21 cm, nova estrutura, novo projeto gráfi co e visual, fazendo parteda Coleção Capoeira Viva. O livro é considerado fundamental para os prati- cantes desta arte. Boa leitura! Fundação Gregório de Matt os Prefácio da segunda edição 7 Apresentação Quando convidado para escrever a apresentação do livro Capoeira Angola — ensaio socioetnográfi co, de Waldeloir Rego dos Santos (1930- 2001), fui pego de surpresa. Contudo, recebi o convite com muita honra e alegria — confesso que aceitei da forma mais impulsiva e imprudente, tanto pelo pouco tempo que me foi dado, como pelo poder-potência que este livro carrega no âmbito da capoeira enquanto obra clássica. Portanto, na hora da escrita, ‘caí na real’, tendo em vista o desafi o posto para tal investida. Antes de qualquer comentário sobre o livro, peço a bênção aos mais velhos, licença aos mais novos e confesso minhas limitações sobre esta vasta obra. Aprendi com o meu Mestre João Pequeno de Pastinha que não dominamos todas as intensidades subjacentes na capoeira, mas que somos afetados ao correr o risco dos acontecimentos de nossas vidas. Ao receber o convite, lembrei-me logo do amigo Frede Abreu, a quem tenho uma enorme referência, não só como pesquisador da capoeira, mas pela sapiência no trato com as formas de expressões da cultura, sobretudo pela sua generosidade com o outro, como o ancestral mais apropriado para tecer esta apresentação. Parabenizo a iniciativa da Fundação Gregório de Matt os que, através da política pública Capoeira Viva, coloca à disposição do público a reedição do livro Capoeira Angola — ensaio socioetnográfi co, ampliando o acesso a esta obra prima que se transformou em uma espécie de relíquia no universo da capoeira. Dela muitos falam, citam e recriam no imaginário imagens da capoeira, construídas a partir desse livro-monumento. Dessa maneira, o livro pode ser considerado patrimônio da capoeira, que aciona a memória da mesma enquanto bem cultural brasileiro, um fantástico dispositivo de memória, no qual cada leitor faz novas ressignifi cações que Apresentação 9 sobrevivem ao longo do tempo sobre as tradições culturais da capoeira que são sempre invenções humanas históricas, passíveis de mudanças. Em uma rápida pesquisa na internet, descobri que o baiano Waldeloir, além de ser um profundo conhecedor do universo da capoeira, também fazia parte do rol de intelectuais (Jorge Amado, Pierre Veger, Carybé e tantos outros) que frequentavam as comunidades de liturgia ancestral dos terreiros de Candomblé. Filho de Oxalá, era Ogã do Ilê Axé Opó Afonjá, um dos mais renomados terreiros da Bahia, comandado atualmente por Mãe Stella de Oxóssí. Além disso, era professor, pesquisador, escritor, etnólogo, folclorista, artista plástico e designer de joias. O livro Capoeira Angola — ensaio sócio-etnográfico, publicado em 1968 pela editora Itapuã, foi contemplado com o Prêmio José Veríssimo pela Academia Brasileira de Letras, na categoria Ensaio e Erudição. De maneira geral, a obra apresenta um rico inventário da capoeira com profícuas histórias sobre a vinda dos escravos ao Brasil, os fluxos de negros levados para Portugal a partir de 1.441, bem como a presença dos negros no território brasileiro, através do infame tráfico de escravos; a descrição intensa sobre a termologia da Capoeira; a busca incessante sobre a origem da capoeira; a indumentária como produto da cultura material da indústria do turismo; o jogo da capoeira e suas nuanças; a densidade dos toques e golpes da capoeira; a riqueza percussiva dos instrumentos musicais que compõem a roda de capoeira; a forma do canto correlacionada à complexidade fonética, léxica e descritiva das letras das músicas; a memória dos capoeiras famosos e seus respectivos legados culturais; as academias de capoeira como lugares de transmissão de saberes; o processo de ascensão social e cultural da capoeira tendo em vista a trajetória histórica de perseguição; os primeiros indícios da interferência da capoeira nas artes do cinema e do teatro. Enfim, uma reflexão crítica sobre as mudanças socioetnográficas na Capoeira. Diante dessa multiplicidade de temas abordada no livro, Waldeloir Rego, além de revelar uma profunda capacidade de erudição, demonstra a preocupação em potencializar a capoeira enquanto fenômeno histórico 10 COLEÇÃO CAPOEIRA VIVA cultural, tendo o Mestre Canjiquinha como referência importante. Dessa forma, acredito que essa obra prima é um legado para pensar e/ou viver a memória da capoeira como algo em movimentação que coloca o leitor em deslocamento temporal, um estado de presente-passado que produz inúmeras histórias acumuladas na arte do corpo jogar, encenar, lutar, representar e festejar a capoeira. Este deslocamento temporal ajuda a descobrir, no livro, os resíduos históricos que fazem parte do passado -presente como necessidade de reatualizar a memória e não apenas como um legado nostálgico. Ademais, o livro não se esgota em si mesmo, permanece vivo, é uma fonte inspiradora de novas criações para todos aqueles que gostam da arte/ofício capoeira, seja o pesquisador-capoeirista e/ou o capoeirista -pesquisador, tanto os Angoleiros como os praticantes da capoeira Regio- nal. Esta obra, considerada uma das pioneiras de fundamentos históricos e culturais da capoeira, também precisa ser apreciada com desconfiança e curiosidade do leitor, como se fosse um jogo de capoeira que está em constante estado de um novo vir a ser, cuja densidade de informações contidas nos interpela. Luis Vitor Castro Júnior, eterno aluno do Mestre João Pequeno, doutor em História, professor titular da Universidade Estadual de Feira de Santana – Departamento de Saúde e coordenador do grupo de pesquisa artes do corpo: memória, imagem e imaginário. Apresentação 11 1. A vinda dos escravos É por demais sabido que durante a Idade Média os portugueses, assim como outros