Contributo Para O Estudo Da Cidade Romana De Ossonoba: a Terra Sigillata Da Rua Infante D
Total Page:16
File Type:pdf, Size:1020Kb
3 “E ao desembarcar junto às veneradas pedras da muralha de Faro, creio dever saudar nelas – como devoto peregrino o faria em anos de Afonso o Sábio – a terra de Santa Maria, a única e verdadeira Ossónoba, mais de dois mil anos de História!”1 1 Viana, A. (1952). Ossónoba. O problema da sua localização. In Revista de Guimarães, 42 (pp.250-285). Guimarães. 4 Resumo Contributo para o estudo da cidade romana de Ossonoba: A terra sigillata da Rua Infante D. Henrique nº 58-60 Apresentam-se, nesta dissertação, os resultados do estudo da terra sigillata da Rua Infante D. Henrique nº 58-60, Faro. Estes materiais foram exumados aquando da escavação arqueológica levada a cabo no local, no âmbito de um acompanhamento de obra numa unidade hoteleira. O contexto no qual estes materiais surgem encontra-se enquadrado numa zona mais recente da cidade romana. Esta poderá ter sido uma área residencial, ou ainda, em parte, industrial. Fruto do crescimento que a cidade teve, consequência de um momento de prosperidade ligado à estabilidade que se fez sentir no Império após as campanhas de Cláudio e a conquista da Britânia, ou seja, ainda durante a primeira metade do séc. I d.C. Porém, esta área terá sido habitada apenas até ao primeiro terço/metade do séc. V. Identificaram-se dois picos de importações de terra sigillata, um entre os meados do séc. I d. C. e inícios do II, e outro entre a segunda metade do séc. III e a primeira metade do séc. IV. Este é um novo contributo para o conhecimento das importações cerâmicas e do dinamismo económico da cidade de Ossonoba. Palavras-chave: Ossonoba; Terra Sigillata; Ligações Comerciais; Economia; Cidade Romana 5 Abstract Contribute to the study of the Roman city of Ossonoba: The terra sigillata from Rua Infante D. Henrique nº 58-60 In this dissertation, the results of the study of the terra sigillata from Rua Infante D. Henrique nº 58-60, Faro, are presented. These materials were recovered during the archaeological excavation carried out at the site during archaeological investigation in a hotel. These materials were recovered from the later phases of the Roman city of Ossonoba. The sector-use of the area is unclear, it may have comprised a residential or industrial zone, buoyed by the prosperity of the Julio-Claudian period, linked to the period of economic stability after the conquest of Britannia in the 1st century AD. The area was inhabited continuously until the first half or middle of the 5th century. Two peaks of terra sigillata imports were identified, the first dating between the middle of 1st century AD and the beginning of the 2nd century and the second from the second half of the 3rd century into the first half of the 4th. This is a new contribution to the understanding played by ceramic imports in the economy of the city of Ossonoba. Key-words: Ossonoba; Terra Sigillata; Commercial Interactions; Economy; Roman City 6 Agradecimentos A realização deste trabalho teria sido impossível sem a ajuda e apoio de várias pessoas, com quem tanto aprendi e às quais estarei sempre grata. Em primeiro lugar quero agradecer aos meus orientadores, Professor André Carneiro e Professor João Pedro Bernardes, que são, muito provavelmente, as pessoas mais pacientes do mundo. Obrigada por terem aceitado orientar este trabalho, por toda a ajuda e disponibilidade, pela resposta rápida sempre que enviava um email ou sempre que aparecia na UÉ ou na UAlg com dúvidas relativas aos “cacos”. Obrigada aos dois por nunca me terem deixado desistir deste projeto. Obrigada pelo profissionalismo, exigência e pelo excelente exemplo que são. À Câmara Municipal de Faro, e ao Museu Municipal de Faro, agradeço a oportunidade de levar a cabo este estudo. Um grande agradecimento ao Dr. Marco Lopes, diretor do MMF, por toda a simpatia, disponibilidade e profissionalismo. Aos Drs. Nuno Beja e Nuno Teixeira, membros do Serviço de Arqueologia, por toda a ajuda, apoio, bons conselhos, ensinamentos e amizade. Obrigada por toda a confiança que depositaram em mim, por acreditarem no desenvolvimento deste trabalho, por me receberem sempre tão bem, com um bom humor contagiante, por toda a bibliografia disponibilizada e até pelas excelentes dicas sobre desenho arqueológico. Aos membros do Serviço de Conservação e Restauro, Drs. Susana Paté, Susana Laneiro, Maria José Barradas, Engrácia Guerreiro, André Gonçalves e Luís Mansinho, por tudo o que me ensinaram enquanto completava este “puzzle de cacos”. E aos restantes colaboradores do museu que sempre me receberam com a maior amabilidade. Aos arqueólogos da Câmara Municipal de Tavira, Drs. Sandra Cavaco, Jaquelina Covaneiro e Celso Candeias que me sugeriram este tema. Ao Dr. Manuel Maia que prontamente me recebeu, nas instalações do Museu da Lucerna, disponibilizando-se para esclarecer dúvidas relativas à escavação. À Direção Regional de Cultura do Algarve. Ao Dr. Frederico Tátá Regala que me recebeu nesta instituição e me auxiliou na procura de documentação relacionada com os trabalhos arqueológicos da Rua Infante D. Henrique nº 58-60. Ao Sr. José Teixeira, ex-proprietário do Hotel Sol Algarve, que me disponibilizou algum do seu tempo para falar sobre a obra, demonstrando sempre grande interesse pelo tema em questão. Agradeço também à Sra. Cindy Mendes e aos novos proprietários do hotel o acesso aos materiais expostos, assim como a cedência de fotografias da escavação. 7 Aos Professores Leonor Rocha e Jorge de Oliveira, por estarem sempre tão disponíveis para os seus alunos. E ao Professor José Mirão pelas sugestões bibliográficas relativas à geologia de região. À Professora Catarina Viegas, por toda a disponibilidade e simpatia, e pelos conselhos e sugestões de quem tão bem conhece as problemáticas que envolvem este tipo de estudo, que me levaram a melhorar este trabalho. Ao Professor José Carlos Quaresma que, enquanto arguente da defensa pública desta dissertação, contribuiu para o seu melhoramento apontando sempre questões extremamente importantes relativas à ceramologia e aos ritmos da economia romana. Tenho também a agradecer as críticas a este trabalho e as sugestões bibliográficas que, certamente, o enriqueceram. À Dra. Mónica Rolo pelos valiosos conselhos e até orientação, por ter sempre uma palavra amiga e um extraordinário pensamento positivo, por todo o auxílio e amizade. E à Dra. Vanessa Dias, por tudo o que aprendi com ela desde os meus anos de licenciatura, por todas as explicações que me deu sobre os processos que envolvem um estudo de materiais. Ao Dr. Edgar Fernandes, por toda a disponibilidade, ajuda, troca de ideias e partilha de bibliografia. Ao Dr. Carlos Pereira pelas explicações referentes ao estudo de lucernas. Ao Dr. Rui Almeida pelos bons conselhos sobre estudos de materiais e informática aplicada aos mesmos. Agradeço também ao Dr. Jesús García Sánchez pelas dicas relativas a questões informáticas. Às minhas colegas e amigas, Eva Basílio e Sílvia Ricardo, pela constante troca de ideias e críticas construtivas. Também à Daniela Nunes Pereira, pelo apoio, bons conselhos e amizade. Aos meus colegas e amigos Rute Colaço, Patrícia Quina, Marta Garcia, Daniel Rosa e Diogo Geada, alunos da Universidade de Évora, Daniela Martins, da Universidade do Algarve, e Irene Salinero Sánchez e Frederico Vieira, da Universidade de Alcalá que me ajudaram na marcação das cerâmicas. Obrigada pelos bons conselhos, apoio, e, claro, pela boa disposição que vos carateriza, não apenas durante as tardes de trabalho, mas sempre. Ao James Dodd, pela partilha de bibliografia e explicações relativas à “dark earth”. E também ao meu colega Humberto Veríssimo, pela troca de bibliografia. Aos meus amigos. Aos de sempre, aos que Évora me deu e aos que a Arqueologia me tem vindo a dar ao longo dos tempos. Um agradecimento especial, e à Maria João 8 Lopes, à Paula Afonso, à Emília Borrega e ao João Fusco, por me terem ouvido falar de “cacos” e unidades estratigráficas até mais não. E às minhas amigas de longa data Tatiana Machado e Leonor Loureiro (que, mesmo sem terem qualquer ligação à arqueologia, por tanto me ouvirem falar da terra sigillata de Ossonoba, já estão familiarizadas com o tema), por lerem esta dissertação, e, acima de tudo, pela vossa amizade. E, claro, às pessoas mais importantes da minha vida: os meus pais. Que são, no fundo, os responsáveis por tudo isto. Agradeço por sempre acreditarem em mim e por me apoiarem incondicionalmente. A eles dedico este trabalho. Muito obrigada por tudo o que fazem por mim! 9 Índice 1. Introdução ................................................................................................................. 16 2. Ossonoba, cidade romana ........................................................................................ 17 2.1. Enquadramento geográfico e geológico .................................................................. 17 2.2. Ossonoba, o historial da investigação ..................................................................... 21 2.2.1. Primeiras referências: os textos clássicos ............................................................. 21 2.2.2. Entre Faro e Milreu............................................................................................... 22 2.2.2.1. Ossonoba em tempos de Humanismo ............................................................... 22 2.2.2.2. Os primeiros trabalhos e a (re)descoberta de uma cidade ................................. 23 2.3. Cidade, economia e território. Ontem e hoje: o estado da questão ......................... 26 2.4. Ossonoba, uma breve introdução à cidade .............................................................