Nº 2 • MARÇO 2006 EDIÇÃO GRATUITA www.embaixadadeangola.org

Presidente da República Primeiro Ministro representou o Presidente nomeia novo Ministro Nandó do Interior Pág.3 da República na tomada de posse de Cavaco Silva

Primeiro-ministro de , Fernando O da Piedade Dias dos Santos “Nandó”, representou o Presidente da República Rei Hélder de Angola, José Eduardo dos Santos, na tomada de posse do Presidente da República Portuguesa, Prof. Dr. Aníbal troca o Kuduro Cavaco Silva. Durante a sua estadia em Portugal o chefe do Executivo Angolano foi recebido pelo pelo Semba novo Presidente Português a quem fez a entrega de uma mensagem do Chefe de Estado Angolano, de que foi portador. Fernando da Piedade Dias dos Santos foi ainda recebido pelo presidente Cabo-verdiano Pedro Pires e manteve um encontro de trabalho com o seu ho- mólogo Português, Eng. José Sócrates, Primeiro-ministro de Portugal. Em entrevista concedida ao Diário de Notícias, o dirigente angolano defendeu Pág.12 a criação de parcerias estruturantes, mutuamente vantajosas, com Portugal, tendo feito uma alusão especial às m dos cantores que mais divulgou o género expectativas em torno da visita de José Umusical kuduro apresentará em Maio o seu Sócrates a Angola. próximo disco, em Luanda. O lançamento de O Primeiro-ministro Angolano reafirmou “Amor à Camisola”, contará com a presença Pág.3 por outro lado as boas relações existen- de um grande elenco de artistas que Hélder tes entre os dois países. MWANGOLÉ convidou para participar no trabalho. Dia 12 de Maio eles estarão no Programa Janela Aberta e dia 13 na portaria da Rádio Nacional de Angola para vender e dar autógrafos. MWANGOLÉ Governo angolano O dia-a-dia Angolanas vencem vai construir dos angolanos pela 8.ª vez 200 mil casas até 2008 na Amadora o Africano de Andebol

Pág.14 Pág.9 Pág.4

EDIÇÃO DOS SERVIÇOS DE IMPRENSA DA EMBAIXADA DE ANGOLA EM PORTUGAL 2 P OLÍTICA • M WANGOLÉ • MARÇO 2006

Voto da diáspora 4 de Fevereiro comemorado em Lisboa • Com debate sobre agricultura Dependente de decisão política A agricultura serviu de mote para uma palestra, bastante concorrida e participativa, participação dos angolanos no exterior nas realizada a 4 de Fevereiro, na sede da Associação de Estudantes Angolanos em Lisboa A próximas eleições do país está dependen- te de uma decisão política ainda não tomada e e promovida pelo Comité de Acção do MPLA de Sintra, para assinalar a data que que caberá à Assembleia Nacional e aos minis- marca o início da Luta Armada do povo angolano contra o colonialismo português. térios da Justiça e das Relações Exteriores. Segundo o coordenador da Comissão Intermi- “ papel da Agricultura no desenvolvimen- O investigador angolano também se referiu 1974, da maioria dos proprietários das grandes nisterial para o Processo Eleitoral (CIPE), Virgílio to social e económico de Angola” foi o à organização agrícola nas áreas libertadas, plantações e dos comerciantes portugueses de Fontes Pereira, que falava em Luanda no O tema da palestra, proferida por João Ferreira nomeadamente Kwanza Norte, e “trouxe consigo a desestabilização económica final de um encontro com as comissões execu- da Costa Neto, agrónomo e investigador do tivas das províncias do Processo Eleitoral, para , zonas que abrangiam cerca de 1/3 que se traduziu na brusca queda da produção Instituto de Investigação Agronómica de que os angolanos na diás- do território, mas fracamente povoadas, com e produtividade, paralisação e sabotagem das Angola que começou por destacar o carácter pora possam ter direito menos de 1 milhão de habitantes. fábricas, maquinarias e equipamentos produ- dinâmico do 4 de Fevereiro de 1961, no- a voto é necessário Nestas zonas, acrescentou, a participação e tivos, desarticulação dos circuitos comerciais e que as três instituições meadamente o papel dos camponeses, das mobilização da população camponesa era das ligações entre a cidade e o campo”. do Estado referidas comunidades agrícolas, como um dos princi- tomem tal decisão. pais actores da Luta de Libertação. “Fonte de efectivada, primeiro através da organização Realçou ainda que a pesada herança colonial recrutamento, de apoio e de abastecimento por brigadas de trabalho, mantendo-se a ac- e a desarticulação de todo o tecido produtivo, logístico (da Luta)”, disse. tividade, segundo a lavra em que era dividida a fuga dos proprietários das explorações, e a Para João Neto, “o principal actor do triunfo em parcelas que serviam como base para cada guerra civil foram os factores que mais con- contra o colonialismo português (percurso até equipa de produção, e terceiro a criação de tribuíram para a queda brusca das produções 1975) e do fim da guerra em Angola (Abril estruturas colectivas de gestão - os grupos ou agro-pecuárias. 2002) é o campesinato” comités de produção que mais tarde seriam Na opinião de João Neto, os quatro sectores Depois de caracterizar a agricultura no período dinamizadores da criação de lavras colectivas. da agricultura (estatal, cooperativo, camponês colonial em empresarial (sobretudo europeu) e e privado) coexistiram durante a I República tradicional (camponês), explicou que a empre- Pesada herança colonial (1975-1991). Os dois primeiros constituíam o sarial se dedicava essencialmente a produtos Ao enunciar as dificuldades dos primeiros anos sector socialista da Economia. de exportação como café, sisal, algodão, ocu- pós-independência, recordou que a saída, em Continua na página 6 >>> pando as terras mais férteis e mais produtivas e utilizando mão-de-obra barata e robusta em “Continuamos a aguardar que os parceiros que dominava o trabalho forçado, enquanto do Estado, com responsabilidade decisiva sobre a questão, digam se vamos ou não rea- que o sector tradicional era caracterizado por lizar o registo eleitoral no exterior”, disse. uma produção agrícola de bens alimentares para o abastecimento do mercado interno, Após a recepção dos pareceres, informou, o CIPE vai formar a sua opinião e apresentá-la ocupando as terras menos férteis; sector onde ao Governo, devendo também contar com a era obrigatório a prática de culturas forçadas e posição da CNE, enquanto órgão supervisor a integração monetário-mercantil bem como o e fiscal do registo eleitoral, quer no país pagamento do imposto indígena e constante quer no estrangeiro. usurpação das terras mais férteis por colonos O também ministro da Administração do europeus. Território admitiu que o registo dos elei- Não deixou de lembrar que a política colonial tores dentro do país possa decorrer até para as comunidades rurais incluía violên- Junho. “Vamos esperar pela concretização cia coerciva, com o objectivo de obter mão de todas as condições técnicas, administra- de obra barata para os trabalhos forçados, tivas e institucionais, cuja preparação está adquirindo assim, lucros fáceis com poucos em curso, para iniciarmos o registo eleitoral investimentos. ainda dentro deste semestre”, sublinhou. “Este modelo era indutor de descontentamen- Tal registo será informatizado, segundo anunciou, o presidente da Comissão Nacio- to e propiciador da adesão do campesinato à nal Eleitoral (CNE), Caetano de Sousa, que luta armada” asseverou. comparando com o último registo (1992) classificou-o de “mais moderno, rápido, célere e seguro”. O processo informático, apoiado por uma Presidente nomeia nova direcção acção tecnológica em que o cidadão será identificado através da impressão digital e da fotografia, vai permitir a criação de um arqui- do Ministério do Interior vo de todo universo de eleitores registados. Do registo será extraído, na fase terminal, o Falando durante o acto de empossamento, o cartão de eleitor. Para Caetano de Sousa isto Presidente da República, José Eduardo dos San- permitirá encontrar também a solução para tos, sublinhou que as tarefas da reconstrução os cadernos de registo eleitoral, que serão nacional, como a recuperação económica, a con- por brigada, província e a nível nacional. solidação da democracia e o funcionamento das instituições públicas, só podem ser cumpridas Garantiu que o quadro humano que vai Presidente da República, José Eduardo dos num clima de ordem e segurança interna. trabalhar no registo eleitoral é angolano e O Santos, conferiu posse ao Ministro do Inte- Apelando à solução dos «problemas internos rior, Roberto Leal Ramos Monteiro “Ngongo”, deverá receber formação para o efeito. de ineficiência» do ministério do interior, pediu nomeado a 24 de Fevereiro último. maior atenção à organização e capacidade de A larga experiência das entidades envolvidas O general “Ngongo” substituiu Osvaldo de Jesus direcção dos seus órgãos. «É preciso fazer mais no consórcio que está a liderar a execução Serra Van-Dúnem, falecido no dia 4 do mês e melhor, poupando-se recursos que são geral- passado. desta solução tecnológica, sobretudo em or- mente delapidados, quando não há controlo, Roberto Leal Ramos Monteiro, que até à sua disciplina e organização», referiu. José Eduardo dos Santos instou ainda à continui- ganização técnico-administrativa de proces- nomeação era embaixador na Rússia, já de- O presidente começou por dizer que, um acon- dade do Programa de Modernização da Polícia sos eleitorais, oferecem ao ministro Fontes sempenhou funções de vice-ministro da Defesa tecimento inesperado e triste obrigou a encon- Nacional, dotando os seus órgãos de meios Pereira, de acordo com o Nacional. trar uma nova direcção para o ministério do humanos e técnicos eficientes sobretudo na próprio, garantias de um Na mesma cerimónia, no “Palácio “Presi- interior, quando «estava em curso um processo protecção de pessoas e bens, segurança interna, dencial”, José Eduardo dos Santos empossou de modernização e reestruturação profundo defesa dos direitos e garantias constitucionais MWANGOLÉ bom trabalho. também o vice-ministro do Interior, António e abrangente dos seus serviços e órgãos sob dos cidadãos, combate à criminalidade urbana Sebastião Martins. sua tutela, para adequá-los ao novo clima de e colaboração com os governos provinciais para A tomada de posse da nova direcção do minis- reconstrução e desenvolvimento do país». a salvaguarda da legalidade e manutenção da tério do interior tem um significado particular, O Ministério do interior, referiu, é uma instituição ordem e tranquilidade pública. porque o governo pretende dar sequência a um com um papel fundamental na estratégia do Go- Pediu especial atenção à protecção das fronteiras processo que estava a ser paulatinamente alar- verno para o desenvolvimento e a manutenção nacionais, «porque o país está a ser vítima de gado a áreas mais sensíveis, como os Serviços da paz social e possui «energias e capacidades uma imigração ilegal organizada que pode deses- de Migração e de Inteligência, de modo a torná- disponíveis para atacar e resolver as deficiências». tabilizá-lo». A reestruturação, apetrechamento los mais rigorosos e mais eficientes, fortalecen- Porém, há que encontrar «soluções para os pro- técnico e a capacitação humana do Corpo de do também a coesão dos seus trabalhadores e a blemas reais. As melhores soluções resultam quase Bombeiros, foi também apontada pelo presiden- unidade de acção. sempre do diálogo e da participação colectiva». te como imprescindível. MWANGOLÉ M WANGOLÉ • MARÇO 2006 • P OLÍTICA 3 NandNandó eemm eentrevistantrevista aaoo Diário de Notícias

é «o campeão» no sector bancário angolano, fortes. Para si, quando se fala em cooperação porque um dos objectivos do governo, passa só se pensa em Luanda, «mas o nosso país é por melhorar o acesso ao crédito aos cida- muito mais vasto» proferiu, acrescentado que dãos. «Por causa da guerra a maioria, não dentro de dois anos já se poderá circular por tem recursos nem economias próprias». todas províncias de Angola. Quanto à linha de crédito de Portugal para An- Indagado sobre o investimento de empresas gola “Nandó” afiançou que será aumentada, angolanas em Portugal o primeiro ministro mas ainda é preciso discutir a sua utilização, manifestou o desejo que o exemplo se esten- uma vez que as prioridades do governo pas- desse ao empresariado privado embora este sam pela reabilitação e construção de infra-es- seja ainda fraco. Aproveitando para apelar aos truturas: estradas, pontes e empresários portugueses que sistema ferroviário. Segundo o acompanharão Sócrates, para Angola e Portugal devem primeiro-ministro não se pre- dialogar com os empresários ser capazes de estabelecer tende apenas reabilitar, mas angolanos, pois os governos parcerias estruturantes ampliar em tudo: no abasteci- podem criar oportunidades, Na sua passagem por Lisboa, o primeiro ministro Fernando Dias dos e mutuamente vantajosas Santos “Nandó” concedeu uma extensa entrevista ao Diário de notícias mento de água, na produção e mas cabe aos empresários distribuição de electricidade, na aproveitá-las Indagado sobre com enfoque nas expectativas em torno da visita a Angola, do primeiro agricultura, na indústria, com prioridade para a as condições para se criar uma cooperação es- ministro português José Sócrates e do reforço da cooperação bilateral. indústria ligeira e transformadora, sobretudo tratégica entre os dois Estados, disse acreditar a alimentar. Em relação às pescas, embora que actualmente já se pode trabalhar de forma ernando Dias dos Santos “Nandó” começou nacional da polícia, referiu o facto da língua Portugal esteja limitado pelas regras da União sistemática independentemente de quem es- por dizer que as perspectivas de reforço da fazer de Portugal um país privilegiado para F Europeia, o ministro sublinhou a disponibilida- teja no governo. cooperação entre ambos os países são muito apoiar Angola na formação de recursos hu- de de Angola para discutir bilateralmente com Sobre a realização de eleições em Angola boas e que se esperam resultados palpáveis da manos, especialmente nos sectores da saúde Portugal. declarou que em breve terá início o recensea- visita de José Sócrates a Angola. e educação. Em especial no sector produtivo, o país preci- mento eleitoral, que termina em Setembro, Questionado sobre o encontro com o presi- Angola precisa de formar quadros médios. sa de formação ampla que beneficie também podendo haver obstáculos mas «nada de dente Cavaco Silva, asseverou que este está «Durante a visita de José Sócrates, será inau- os quadros médios, defendeu o dirigente, muito especial que atrase o processo». em excelente posição para gurada uma escola politécnica e declarando que se pretende privilegiar a Depois do recenseamento far-se-á um balanço ajudar a relançar as relações deverá ser assinado um acordo formação no país e não no estrangeiro por As relações institucionais do trabalho realizado «de forma a podermos com Angola pois é um amigo para formação de quadros» ser mais adequada à realidade, mais eficaz e e pessoais entre os saber se estão ou não criadas as condições antigo de Angola «não foi por informou. mais barata. Presidentes de Angola para que se realizem eleições em Angola», acaso que o processo de re- e Portugal são excelentes À insistência sobre os domínios «Quando falamos em formação estamos a afirmou acrescentando que depois de consul- conciliação entre os angolanos em que se pretende reforçar falar também na formação de formadores e tar os partidos políticos e a sociedade civil, o começou em Portugal no tem- a cooperação com Portugal, numa cooperação em sectores onde Angola presidente da República terá condições para po em que Cavaco era primeiro ministro». respondeu que o governo está aberto a não possui quadros devidamente qualifica- marcar uma data concreta. Para Nandó, a rea- Nandó que é membro do Bureau Político do propostas e novas parcerias, quer entre en- dos» referiu citando como exemplo o facto de lização de eleições legislativas e presidenciais MPLA e foi já ministro do interior, vice-minis- tidades públicas e privadas, quer entre pri- Angola ter já ensino superior em todas as pro- em simultâneo pode acontecer, mas terá que tro da segurança da ordem Pública e director vados. Presentemente, como disse, Portugal víncias, mas precisar de corpos docentes mais ser objecto de consenso. MWANGOLÉ

Na tomada de posse de Cavaco Silva, Primeiro Ministro representou o Presidente da República

primeiro-ministro angolano, Fernando No final da cerimónia declarou à Angop que O da Piedade Dias dos Santos, assistiu na se iniciou outra era para Portugal, sendo por capital lusa, Lisboa, à tomada de posse do isso necessário que haja esperança na me- novo presidente eleito em Portugal, Aníbal lhoria da situação económica. Por outro lado Cavaco Silva, em representação do chefe de disse acreditar no empenho de Cavaco, para Estado, José Eduardo dos Santos. manter o bom entendimento na cooperação Fernando da Piedade, fez a entrega de uma com Angola, principalmente entre os pode- missiva do presidente Eduardo dos Santos res executivo, legislativo e judicial. MWANGOLÉ para o seu homólogo português, manifestan- do o interesse de Angola em reforçar as rela- Nandó recebido ções de cooperação e amizade já existentes. por Cavaco Silva À cerimónia estiveram presentes o embaixa- dor de Angola em Portugal, Assunção dos An- À saída da audiência, Fernando Dias dos jos, e o vice-ministro das Relações Exteriores, Santos “Nandó” disse ter assegurado ao novo chefe de Estado português a Georges Chicoty. Cavaco Silva foi eleito a 22 de irreversibilidade do processo de paz an- Janeiro último, com 50,59 por cento dos votos. golano, o que tem permitido dar passos Aníbal Cavaco Silva Nasceu em Boliqueime concretos no sentido da sua estabilidade (Concelho de Loulé, Algarve) a 15 de Julho e desenvolvimento. A este respeito, dis- de 1939. Foi primeiro-ministro de Portugal se ter informado acerca da real situação Encontro com José Socrates entre 1985 e 1995. Doutorado em economia que se vive em Angola, que, com a paz pela Universidade de York, Inglaterra, em em consolidação, tem permitido dar 1974, trabalhou sucessivamente no Insti- “passos concretos no domínio da esta- ernando da Piedade foi ainda recebido práticos que permitam desenvolvê-los de bilidade económica». Manifestou ainda tuto de Ciências, na Universidade Nova de Fpelo chefe do executivo luso, com quem forma harmoniosa e com vantagens para a Cavaco Silva, a convicção do Governo abordou as expectativas em torno da visita ambas as partes”, referiu. Lisboa, na Universidade Católica e no Banco angolano de que a sua presidência, «vai de Portugal, onde desempenhou as funções permitir reforçar em todos os domínios a a Angola. A frente de uma delegação que inclui o de director do Departamento de Estudos Eco- cooperação com Angola». Fernando Dias dos Santos, apontou a ne- vice-ministro das Relações Exteriores, nómicos. O primeiro-ministro angolano con- “Angola está aberta e Portugal é cessidade de se intensificar a cooperação George Chicoty, e funcionários seniores siderou importante o discurso do presidente um país amigo. Nós privilegiamos as através de medidas concretas que venham do seu gabinete, o primeiro ministro Cavaco Silva, centrado na actual situação do relações de Estado a Estado e quere- seu país e na definição de novas estratégias mos que se fortifiquem”, sublinhou o a beneficiar ambos os países. “Somos manteve também no Hotel Tivoli em Lis- para o futuro. primeiro-ministro. MWANGOLÉ dois povos irmãos destinados a caminhar boa, um encontro com o Chefe de Estado juntos, por isso resta-nos acertar moldes cabo-verdiano, Pedro Pires. MWANGOLÉ 4 R EPORTAGEM • M WANGOLÉ • MARÇO 2006 Amadora Referência... e ponto de encontro dos angolanos Bela Lemos com SM

Os angolanos reúnem-se no café do Roy sobre- tudo aos fins de semana. Nos dias de semana só a partir das 20 horas. O café tornou-se um ponto de encontro, porque ali se forma um ambiente tipicamente angolano, da música à comida, pas- sando pelas conversas e tudo o resto.» A moda é outro ramo de comércio pelo qual op- taram muitos angolanos na Amadora, entre eles Elizabeth Dias, que nos diz, «abri a minha loja de pronto a vestir há cerca de um ano e meio, porque o meu irmão já tinha uma loja por aqui. O número de clientes era imenso, resolvi abrir Maria José da AASAP mais uma para fazer face à procura dos nossos “irmãos”». Centenas de angolanos residentes em outros concelhos de Lisboa, trabalham na Amadora. Ma- rinela Ribeiro de 25 anos, é uma dessas pessoas. Café do Roy Empregada de balcão de uma loja de produtos Trabalho e convívio unem os angolanos que diariamente se cruzam na Amadora. de beleza há quase 6 meses está radiante com o ambiente da zona. «Gosto essencialmente da Alguns dedicam a esta cidade a sua semana de trabalho, outros dedicam-lhe Amadora, porque de certa forma posso estar den- os tempos livres para poder rever os amigos e ouvir as estórias dos que vão e tro da realidade angolana. A esta loja vêm muitas voltam da banda. O Jornal Mwangolé foi dar uma volta ao centro desta cidade pessoas de Angola, quer vivam cá ou não, trazem onde muitos mwangolés residentes em Portugal reencontram o calor da pátria. sempre muitas estórias relacionadas com a nossa terra. Isso faz-me bem, sinto-me em casa.» onhecido como o concelho que possui o maior C número de africanos em Portugal, e situado nos arredores de Lisboa é também onde reside uma grande parte de imigrantes angolanos. Dividido entre pontos urbanos, bairros de “lata” Paula Chimuco no seu salão e sociais, este concelho que é um dos maiores do país de Camões, gera opiniões divergentes Os seus clientes são principalmente angolanos sobre o seu ambiente. Enquanto uns defendem e africanos. São jovens que gostam de estar na que no geral, é calmo, há quem o considere moda e, como diz «aqui na Amadora onde tam- problemático, devido ao número de emigrantes bém vivo, a gente tem tudo isso.» africanos ali residentes. Há ainda quem defenda que os problemas apenas existem nos bairros A angolana Paula Chimuco de 26 anos, é resi- sub-urbanos e sociais. Os angolanos encontram- dente e proprietária de um salão de beleza na se espalhados por todos estes bairros, mas a Amadora. À nossa reportagem afirmou «Amadora grande maioria vive em zonas urbanas e recor- é uma zona boa para se viver porque tem tudo Marinela Ribeiro reu a empréstimos bancários para adquirir as próximo: lojas, restaurantes, farmácias e acima suas próprias casas. de tudo, tem muitos angolanos. Gosto de tudo, por isso abri o meu salão». O Mwangolé, não quis ficar indiferente a esta parte Alternativas de compras da nossa comunidade e por isso resolveu dar uma e passeios... volta pelo centro da Amadora, onde há um grande Elizabeth Dias tem uma loja de pronto-a-vestir E há ainda os angolanos não residentes nem número de negócios dirigidos por angolanos. trabalhadores que se deslocam à Amadora com Começamos por falar com Mariana Miguel de trin- O que esta angolana diz gostar mais na Amadora o objectivo de fazer compras e rever amigos, ta e seis anos, que vive em Portugal há 20 anos, é o facto de ser uma cidade bonita que tem vida como é o caso do músico angolano Alber Rosa, e é proprietária de uma já bastante conhecida própria e tem tudo à disposição dos moradores. com quem nos encontramos e que nos confessou: empresa de documentação localizada no Centro «Aqui sinto-me em casa.» «Venho cá, normalmente para fazer compras, Comercial Babilónia. encontro coisas de muito boa qualidade e, princi- Abriu a sua empresa há cerca de 8 anos, mora palmente, porque posso rever amigos». perto do trabalho e está satisfeita por haver Pedro Francisco de 26 anos, é outro mwangolé muitos angolanos na mesma zona. «Constatei com quem proseamos, numa esplanada onde que existia uma enorme dificuldade por parte se encontrava com um amigo a relaxar e a be- dos meus conterrâneos para tratarem do IRS, IRC, ber cerveja, «vivo em Portugal há cinco anos, é fazer escrituras e até para se legalizarem. Como uma vida muito agitada, uma correria enorme, me formei nesta área, resolvi dar o meu apoio trabalha-se muito. Moro no Cacém mas venho aos imigrantes como eu». sempre passear por aqui para encontrar a malta de Angola», diz-nos.

O lazer sabe bem ao lado dos compatriotas

Depois fomos visitar o famoso Café do Roy, o angolano de 36 anos que vive em Portugal há 16. Roy trabalhou muitos anos na construção civil, mas o facto de ter sofrido um acidente fez com que resolvesse abrir um negócio próprio. «Vivo na Amadora e verifiquei que faltava aqui um sítio nosso, em que pudéssemos ouvir as nossas mú- sicas, comer o nosso funge, já que somos muitos Alber Rosa - músico angolano As comidas da terra na mercearia ao lado do Centro Comercial Babilónia aqui nesta área» afirma. M WANGOLÉ • MARÇO 2006 • R EPORTAGEM 5 Amadora Referência... e ponto de encontro dos angolanos

por Angola, e pela união dos angolanos, coisa que os jovens «infelizmente não fazem». Em relação à Lar Vista Alegre insegurança que muitos afirmam existir no bairro, Maria José considera «Já foi perigoso, já tivemos muitos problemas, mas agora não». A Amadora ainda não era cidade quando os primeiros angolanos residentes no prédio Entre as Associações de angolanos que existem em frente ao campo de futebol, do lado da na Amadora podemos citar ainda a Novager Câmara Municipal, começaram a fomentar a - Associação dos Angolanos Residentes em Por- prática do futebol. O prédio que em 1975 fazia tugal, a Quizomba - Associação Recreativa e Cul- parte dos lares do IARNE chama-se Lar Vista tural dos Angolanos Residentes nos Municípios de Alegre. «Grande parte dos lares desse género Amadora e Sintra, e a Associação para a Defesa da eram geridos por indianos. Havia refeitórios, Cultura dos Bacongos de Angola. mas muita gente preferia cozinhar nos quartos onde colocavam fogões eléctricos». Conta-nos António Reais, um ex-morador do lar onde viveram muitos dos angolanos e retornados À frente do campo existiu um lar do IARNE portugueses vindos de Angola em 1975. E recorda: «Muitas raparigas se transformaram chamavam-no “O Cambodja”. Os rapazes esta- em mães solteiras nesses prédios. No nosso vam divididos por camaratas. Havia camaratas houve pelo menos dois incêndios. Era um só de angolanos, outras só de moçambicanos e prédio com muita confusão». Por isso alguns outras com jovens das duas nacionalidades. Nos anos oitenta a Amadora adquiriu o esta- Kota Neves tuto de cidade. As residências do IARNE, foram sendo abandonadas. Houve quem fosse cons- truir casas na Cova da Moura e nas imediações, O número de figuras notáveis que vivem na Ama- criando assim vários bairros sub-urbanos à dora é também considerável, por isso a equipa de volta do Concelho. reportagem Mwangolé aproveitou a oportunida- «Na altura houve a tendência de muita malta de para bater a porta de uma destacada senhora se alistar nos comandos, porque os Coman- da diáspora, Maria José Ferreira, presidente da dos portugueses têm ali perto o quartel e a AASAP, Associação Angolana de Solidariedade Nelson Policarpo academia», refere o nosso interlocutor, acres- em Portugal. Esta Associação está desactivada centando, «A Amadora era a zona dos boinas por falta de apoios, mas em tempos fez muito vermelhas. Também foi dali que saíram certos jogadores do Estrela de Amadora, médicos, em prol da comunidade naquela zona e não só. advogados, técnicos em várias áreas, e muitos O Clube Amigos da Amadora mantém-se A Associação chegou a possuir um centro de aco- outros que se perderam». lhimento para crianças desfavorecidas angolanas e de outras nacionalidades, encaminhou muitos jovens para as universidades, organizou inúmeras «Trumunos à moda colónias de férias, mas por falta de apoios e como Minorias Étnicas afirma Maria José «atendendo à desmotivação de da banda» muitos dos nossos membros, estamos parados». odos os domingos os angolanos jogam no e Integração Tcampo de futebol situado do lado da Câmara: Faça chuva ou sol, não “abrem mão” destes en- contros que tal como em Angola se denominam integração tem sido uma preocupação trumunos. São encontros que não só permitem A da Câmara Municipal que no final de a prática do desporto, mas que encobrem um Março promoveu, com o Rotary Club da desejo mais forte: Reviver Angola. Amadora um seminário denominado “Mi- Nelson Policarpo de 32 anos diz: «vivo aqui há norias Étnicas e Integração”. Em represen- 14 anos, desde que cheguei de Angola. Venho cá tação do Consulado de Angola em Portugal jogar porque encontro muitos amigos. Fui convi- participou no evento o vice cônsul António dado em 1994 para frequentar um clube que se Alberto Sauímbo. chamava “Amigos da Amadora”. A acção que decorreu no espaço Recreios Os angolanos gostam de comprar Produtos para cabelos africanos Esse clube que passou a organizar os encontros de futebol foi fundado por um grupo de kotas da Amadora procurou dinamizar as boas no Centro Comercial Babilónia são bom negócio angolanos e por portugueses, entre eles o relações com a Imigração, as Minorias kota Neves que é o mais velho da equipa. Os Étnicas e promover a boa integração Indagada sobre o bairro onde vive há 24 anos, De acordo com o Gabinete de Imprensa da Câma- jornalistas Ismael Mateus e Albino Carlos, que destas populações. Defendendo que a responde: «Gosto de tudo no bairro. Estamos bem ra Municipal, não existe um número específico de já se foram de Portugal, assim como outras fi- solidariedade é cada vez mais uma bola guras conhecidas, tiveram por hábito jogar aos de neve que não se cumprirá solitária, servidos, temos transportes a toda hora, farmá- imigrantes residentes por país de origem, mas, domingos neste campo de futebol. cias, centros de saúde, mercados, supermercados, por continente. Segundo os últimos censos do mas em parceria com sentido de justiça, Para além de jogar, os angolanos promovem de partilha e de um mundo melhor para escolas, enfim, é uma boa zona.» INE, em 2001 o número de africanos residentes piqueniques no verão, e almoços em restau- neste Município apontava para quase 30 mil. Este todos. O encontro visou o diálogo em tor- Conhecida como a mulher que organiza gran- rantes ou em casa uns dos outros no Inverno. no da integração das minorias em Portugal mesmo Gabinete garantiu à nossa reportagem Para Marcelo Gonga, um angolano de trinta des almoçaradas para a comunidade, adiantou, através da escola e dos pais. «procuro reunir a comunidade angolana todos que possui uma relação activa com os angolanos e cinco anos, com quem conversamos, esses residentes na Amadora através das suas Asso- encontros foram de grande valia para a sua O presidente do Rotary Club da Amadora os meses num encontro que fazemos em restau- integração em Portugal, «conversamos, tro- ciações, com as quais regularmente programa Sebastião Pires moderou os debates que rantes, ou em casa de um de nós, e preparamos camos experiências do nosso dia a dia, e isso actividades culturais e desportivas. envolveram personalidades distintas e sempre os nossos pratos». Maria José diz fazê-lo emocionalmente fortalece-nos bastante». durante os quais se falou na obra social Filomeno Neves, um dos fundadores do clube, da AMI, do projecto “Os pais e a escola”, conta ao Mwangolé como foi que tudo come- da obra à volta da imigração, da igreja çou: «No inicio éramos um grupo muito restrito de amigos, angolanos e portugueses. Muitos católica portuguesa. A Fundação Rotária foram casando, mudaram de casa, pensamos do Rotary International é uma organização em alargar o clube e foi aí que decidimos criar internacional sem fins lucrativos que pro- um clube de futebol» move a compreensão mundial por meio A comunidade angolana aderiu de imediato de programas internacionais de prestação com entusiasmo, foram-se organizando tor- de serviços humanitários e intercâmbios neios com angolanos de outros bairros e com a educacionais e culturais. Cerca de 1,2 embaixada de Angola em Portugal. Muitos que milhão de rotarianos pertence a mais regressam a Angola deixam espaço para outros, de 31.000 Rotary Clubs em 168 nações. inclusive os mais jovens, como é o caso dos fi- Rotary é entidade humanitária apolítica e lhos do Kota Neves que refere «no fundo, estes sem vínculos religiosos, fundada em 1905. encontros são uma maneira de manter Angola presente no nosso dia a dia.» A jogar, a brincar A Fundação já outorgou mais de US$1,1 ou a comer, o sentimento de união dos angola- bilhão para projectos humanitários e edu- nos está vivo, apesar da distância. MWANGOLÉ cacionais. MWANGOLÉ 6 P OLÍTICA • M WANGOLÉ • MARÇO 2006

Serra Van-Dunem Vítima de doença nquanto Angola comemorava o 45º aniversário Serra Van-Dunem que morreu no Hospital Albert E do Início da Luta Armada contra o colonialismo Einstein, em S. Paulo, Brasil, na sequência de uma português, em São Paulo, no Brasil, o país perdia intervenção cirúrgica, nasceu a 8 de Agosto de um dos seus mais destemidos filhos: Osvaldo de 1950, em Luanda, remontando a sua actividade Jesus Serra Van-Dunem. política a 1973, altura em que participou em acti- Quis o destino que o general, grande lutador, vidades clandestinas promovidas pelo MPLA, ten- como alguém lhe chamou, partisse vítima de do em Julho de 1974 sido um dos organizadores doença aos 55 anos, exactamente no dia que da marcha de protesto realizada em Luanda pelos simboliza a luta do povo angolano pela sua Inde- militares angolanos que integravam o exército pendência, uma das principais datas da História português contra o poder colonial. de Angola. >>> Continuação da Página 6 desenvolvimento agrícola e rural para as À altura da sua morte, Serra Van-Dunem era minis- Procurava-se dinamizar-se a criação de coo- populações mais vulneráveis (sobretudo as tro do Interior, “um dos mais influentes membros perativas agrícolas de produção, por forma a que regressam às zonas de origem); em do Governo”, como reconheceu o Presidente José Eduardo dos Santos. No Ministério, onde estava há conseguir-se que os camponeses abandonas- programas que propiciam a dinamização e a pouco mais de dois anos, deixou a sua marca pelo sem gradualmente o sistema de produção revitalização do sector camponês; e em pro- seu trabalho e abnegação, pela dignificação dos familiar e se integrassem no sector socialista serviços, contra os abusos de poder e corrupção e gramas de incentivo e de fomento à produção pelo respeito dos direitos humanos. da economia. agro-pecuária no sector empresarial. Embaixador em Lisboa entre 2000 e 2003, foi um Desde 1992, segundo o especialista, que a dos diplomatas angolanos mais acarinhados pela Os primeiros resultados visíveis desta políti- comunidade e que com o seu estilo aberto, fron- agricultura e a produção de alimentos são ca, na opinião do agrónomo angolano, são tal, informal e recto contribuiu em muito para a caracterizados por um sector empresarial nomeadamente, a melhoria na segurança unidade da comunidade e a sua aproximação dos angolanos à Embaixada, independentemente das constituído maioritariamente por indivíduos alimentar no país nos últimos anos, com a convicções de cada um. Desempenhou vários cargos no MPLA, de que sem tradição agrária e herdeiros dos então produção de mandioca a atingir quantidades era membro do Bureau Político do Comité Cen- Complexos Agrários, dos Agrupamentos de tral. Entre as várias funções que desempenhou excedentárias, potencialmente comercializá- destacam-se as de chefe da Casa Militar do Pre- Unidades de Produção e por um sector de veis e exportáveis, e a produção de sorgo no sidente da República, de 1992 a 1995, ano em produção familiar (camponesa), este último que assumiu as funções de embaixador de Angola limiar de satisfação alimentar. no Brasil. desarticulado, com fraca integração social e Contudo, adiantou, ainda subsiste um défice Antes, foi ainda governador provincial do económica, onde se assiste a processos de re- e ministro da Juventude e Desportos. alimentar de cerca de 41 por cento de cereais composição social e espacial, reassentamento De 2000 a 2003 foi embaixador de Angola em e alguns focos de insegurança alimentar em Portugal, antes de ser nomeado ministro do e (re) fixação à terra. muitas províncias, principalmente nas regiões Interior. Ainda de acordo com o orador, devido à guerra No último país onde foi embaixador, Portugal, do Planalto Central (Huambo, Bié) cuja dieta altas individualidades do corpo diplomático, do civil e à desarticulação entre os tecidos sociais alimentar depende essencialmente do consu- governo luso, da comunidade angolana e de rurais e urbanos, a produção agro-pecuária Em todas as missões que desempenhou, civis diversas associações, renderam homenagem mo de milho. decresceu ainda mais e, para suprir as neces- ou militares, Serra Van-Dunem, era um exímio ao ministro. O livro de condolências, aberto na A anteceder a palestra sobre a agricultura, cumpridor do dever, colocando sempre os inte- embaixada de Angola, regista de forma unânime sidades alimentares da população, o Governo resses do país acima de tudo. Pacificador nato, o contributo de Serra Van-Dunem ao desenvolvi- Ezequiel de Almeida falou da sua própria expe- de Angola teve que enveredar pela importação nas relações humanas, era um amigo para toda a mento das relações no espaço da CPLP, e não só. riência no 4 de Fevereiro de 1961, da trajectória vida. Solidário, vivia como seus os problemas dos Na cidade do Porto foi igualmente aberto um livro de alimentos. amigos, terno e com grande sentido de humor. de condolências. MWANGOLÉ e do ponto de maturidade da luta clandestina Excedentes de mandioca naquela altura, da razão para a realização da João Neto salientou que desde 2002 (fim da acção naquele dia e do papel de alguns nacio- guerra) a estratégia de acção para o desen- nalistas no desencadear da Luta, entre os quais, volvimento agro-pecuário nacional assenta Agostinho Neto, Neves Bendinha, Manuel Pedro Presidente defende Cooperação em forte intervenção no meio rural através Pacavira e Cónego Manuel das Neves. com a Guiné Equatorial de políticas de apoio ao campesinato (apoios Entre os participantes destaca-se a presen- reabilitação das vias e subsídios agrícolas); na implementação ça do embaixador angolano, Assunção dos de comunicações ela primeira vez os governos de An- (desde 2004) de programas integrados de Anjos. MWANGOLÉ gola e da Guiné Equatorial estabe- Presidente angolano, encorajou recente- P O mente o Governo a concluir a reabilitação leceram as bases gerais de cooperação da rede fundamental de estradas e dos Ca- entre os dois estados, consubstanciadas Angola na vice-presidência da União Africana minhos-de-Ferro de , Namibe e Ben- no Acordo Geral de Amizade e Coope- guela em 2007, para que a participação dos cidadãos nas próximas eleições seja massiva. ração, e quatro outros nos domínios Para José Eduardo dos Santos “a abertura des- da defesa, segurança e ordem interna, tas vias de comunicação vai dar um grande petróleos e transportes aéreos. impulso ao desenvolvimento económico e social de Angola, e também da África Central Esses acordos constituem o resultado das e Austral, e transformar o país num parceiro conversações mantidas em Luanda entre económico de grande peso nesta região, dan- do-lhe também outra dimensão política”. delegações dos dois países, na sequência O Presidente definiu como prioritária a da visita a Angola do Presidente equato- preparação de condições para que as guineense Teodoro Nguema Mbasoco de 16 empresas angolanas e as instituições pú- blicas possam defender da melhor forma a 18 de Fevereiro. os interesses nacionais. MWANGOLÉ A Guiné Equatorial está interessada em aprender com os angolanos a sua experi- ência na gestão do petróleo. “Actualmente a Guiné Equatorial produz petróleo, mas Angola ocupa, desde final de Janeiro, a segunda vice-presidência da União falta-nos experiência e sabemos que An- Africana (UA). A eleição do país ocorreu na Cimeira da organização, reali- zada em Cartum, Sudão. gola pode fornecer-nos esta sabedoria em diferentes áreas do ramo”, disse o ministro Na Cimeira, Angola fez-se representar por uma delegação, chefiada pelo ministro das Relações Exteriores, João Bernardo de Miranda. A reunião, cen- das Minas, Indústria e Energia daquele país, trada na Educação e Cultura, elegeu para presidente em exercício da UA, o Atanásio-Eha Ntugu Nsa, que integrava a chefe de Estado do Congo Brazzaville, Denis Sassou Nguesso. MWANGOLÉ comitiva presidencial. MWANGOLÉ M WANGOLÉ • MARÇO 2006 • S OCIAL 7

O Papel do Movimento Associativo Duzentas mil casas serão construídas Angolano em Portugal. no país até 2008

uzentas mil residências serão construídas Uma Breve Reflexão Dpelo Governo, em todo o território nacional, até 2008, declarou o ministro do Urbanismo e Ambiente, Diekumpuna Sita José, na cerimónia o falarmos do Movimento Asso ciativo Educação, como forma de garantir o futuro de lançamento da primeira pedra do Projecto de A Angolano em Portugal, a primeira per- das gerações e o desenvolvimento da nossa Urbanização da cidade de Cabinda. comunidade e daquelas em que estamos gunta que se faz é no sentido de encontrar A aprovação de diplomas legais que deverão as razões da sua existência. E encontro inseridos e relacionados enquanto diáspo- regular o regime de acesso às habitações sociais pelo menos uma. A de que somos uma ra. Não apostar na Educação é hipotecar o e de concessão de créditos bancários para a diáspora, portanto uma minoria, e que futuro das crianças, é perder as raízes cultu- aquisição de casas próprias está na agenda do quanto mais organizados e unidos, melhor rais, é estar contra o desenvolvimento. Os governo, disse ainda o ministro. As habitações nos podemos defender, (i) sem violência; projectos de educação, a desenvolver pelo serão erguidas no âmbito da cooperação com a Numa primeira fase serão erguidos 22 edifícios (ii) com educação e civismo; (iii) em obser- Movimento Associativo Angolano em Por- República Popular da China. com dois mil e 500 apartamentos cada, num vância à lei e aos valores da sociedade em tugal, devem também abranger os próprios período de 15 meses. O projecto inclui escolas, que vivemos. pais para que estes cumpram cabalmente hospitais, supermercados, edifícios administrati- os seus deveres enquanto cidadãos e como vos, igrejas e centros desportivos. Nesta óptica, as nossas acções devem re- responsáveis pela educação, instrução e ger-se por princípios que sejam as nossas re- orientação dos seus filhos. Segundo o representante da empresa chinesa em ferências, e, por via disto, os pilares básicos Angola, Zu Li Zau, o planeamento e a projecção da Só possuindo os valores antes referidos cidade serão efectuados em função de conceitos sobre os quais devem assentar os valores e podemos então repartir responsabilidades, as iniciativas e acções do Movimento Asso- urbanísticos de países desenvolvidos da Ásia e podemos, de certo modo e dentro de certos da Europa, combinando com o modo de vida e as ciativo Angolano em Portugal. Por ventura, limites, responder uns pelos outros, podemos características arquitectónicas do país. existirão outros. Contudo, nesta análise, refi- em suma prestar a nossa ajuda e a nossa ro-me apenas aos seguintes: (i) Humanismo, Cabinda será construída em blocos formados por solidariedade aos que delas necessitem. Por edifícios de diversas funções. (ii) Família, (iii) Educação, (iv) Solidariedade isso, a Solidariedade deve constitui outro dos e inevitavelmente (v) a Integração. A seguir, desígnios do Movimento Associativo Angolano De acordo com o plano, os carros vão circular fora aponto as razões da minha escolha. em Portugal, rumo ao bem-estar da nossa dos blocos, garantindo a segurança no interior comunidade e daquelas em que estamos inse- O Governo, através do Gabinete de Reconstrução dos mesmos. Humanismo, na medida em que o Movimen- Nacional, vai assegurar a coordenação dos aspec- ridos e relacionados enquanto diáspora. A cerimónia de lançamento da primeira pedra das to Associativo Angolano em Portugal, como tos operacionais, para aumentar a produção dos obras de urbanização de Cabinda é, segundo Zu Li em qualquer parte do Mundo, deve estar Chegados a este ponto, podemos então falar intervenientes no programa de construção das Zau, o início de um projecto de urbanização que centrado no Homem, no sentido do seu de- e desejar a plena integração. Uma integração residências e continuará a incentivar projectos de será levado a cabo em 23 localidades do país. senvolvimento integral, proporcionando-lhe depossuída de preconceitos e de contornos cooperativas habitacionais, de forma a promover as condições necessárias para que ele possa que rocem a humilhação e que permita aos a evolução do processo de entrega e oferta de O projecto de urbanização da cidade de Cabin- expressar na plenitude as suas faculdade e membros da nossa comunidade usufruir dos habitação a custos controlados. da, vai empregar quatro mil angolanos e mil ser digno da responsabilidade crucial que mesmos direitos e deveres consagrados na lei. No âmbito do Projecto de Urbanização da cidade chineses. tem sob o curso da evolução das socieda- Isto é fundamental para as nossas vidas en- de Cabinda, a empresa China International Fund O acto de apresentação do “Projecto de urbaniza- des, do nosso Planeta e mesmo do próprio quanto membros de uma diáspora, aliás tudo vai construir, em 30 meses, 44 edifícios de 15 ção da cidade de Cabinda” foi assistido pelo chefe Universo. depende da forma como for feita a referida andares cada, totalizando cinco mil apartamentos, do Gabinete de Reconstrução Nacional, Hélder integração. Por isso, o Movimento Associativo na aldeia do Yabi, 18 quilómetros a Sul da capital Vieira Dias “Kopelipa”, pelos ministros das Obras A Família, por ser o núcleo em torno do qual Angolano em Portugal deve desenvolver e da província. Públicas, Higino Carneiro, e dos Transportes, An- a sociedade se estrutura e se organiza. A sua participar em todas acções que visem uma O espaço total é de um milhão de metros quadra- dré Luís Brandão, e pelo governador provincial, estabilidade e a sua saúde são fundamentais melhor integração da nossa comunidade na dos e uma superfície de 750 metros quadrados. Aníbal Rocha. MWANGOLÉ para o nascimento e o desenvolvimento de dinâmica socio-cultural local, através daquilo cidadãos sãos em todas as dimensões e por a que eu designo por “osmose sócio-cultural” conseguinte para a prosperidade da nossa cujo resultado é a simbiose entre os valores comunidade e do País que nos acolheu. E culturais e não a perda de identidade cultural nesta matéria, há muito por fazer por parte que é, como se sabe, é também uma caracte- das nossas estruturas associativas. rística dinâmica. MWANGOLÉ

Contribuição à segurança social por via electrónica

contribuição para o Instituto Novo Código Penal A Nacional de Segurança Social ONG americana (INSS) será efectuada por via elec- sobre Justiça e Direito trónica a partir do primeiro trimes- investe em tre de 2006 em todo o país, como vice-ministra da Justiça, Guilhermina Prata, projectos sociais forma de ajudar a instituição a gerir A anunciou em Luanda, que o ante-projecto melhor todos os procedimentos e do novo Código Penal está ser discutido pela m milhão setecentos e dez mil atribuir melhor prestação de ser- Comissão de Reforma da Justiça e do Direito, Udólares serão investidos, a partir viço aos utentes. Segundo um por- criada em Janeiro deste ano, pelo presidente de Janeiro de 2006, em três projec- ta-voz do INSS, Jesus Faria Maiato, da República. tos sociais nas comunidades rurais o sistema electrónico é mais eficaz, A governante avançou esta informação no da província do Bié, pela ONG ame- económico e cómodo, em relação final de um encontro que manteve com mem- ricana “Care Internacional”. Segun- ao processo actual que é bastante bros do Secretariado Nacional da OMA, no do o responsável da ONG, Eugénio moroso, tanto na actualização dos âmbito da jornada contra violência no género. Popma, a instituição vai desenvol- processos como na efectivação do De acordo com Guilhermina Prata, dentro de ver três programas para tratar de pagamento das pensões. “Com pouco tempo, o diploma será submetido ao assuntos ligados aos direitos hu- este sistema a funcionar, o bene- Conselho de Ministros e a Assembleia Nacional manos e a Lei de Terras, HIV/Sida e ficiário poderá controlar as suas para posterior aprovação. Actualmente, no contribuições, acessando a página país, vigora o Código Penal de 1886, diploma para apoiar elementos das extintas do instituto (www.inss.gv.ao), que se encontra desactualizado. Fapla e Unita. A Care Internacional seguindo depois os passos preten- Por seu turno, Carolina Cerqueira, secretária trabalha há dez anos na província didos para a consulta”, salientou. para os Assuntos Jurídicos e Solidariedade da e assiste a população de Chivaulo, As empresas que tenham acima de OMA considerou necessário activar estruturas Cassumbi () Kuanza e Muiha mil trabalhadores serão obrigadas de defesa dos direitos humanos, para preser- (Kamacupa), Chipeta e (Ka- a fazer o pagamento das contribui- vação da família, de modo a que a sociedade tabola), bem como Kangoti e Kutato ções e o registo de remuneração sinta a educação e solidariedade entre os seus (). MWANGOLÉ por este meio. MWANGOLÉ membros. MWANGOLÉ 8 T RIBUNA J URÍDICA • M WANGOLÉ • MARÇO 2006 Imigrante: conhece os teus direitos

D) – Acesso ao direito e aos Tribunais. – Artº 20.º Este é o elenco de alguns direitos garantidos (A todos é assegurado o acesso ao direito pela Constituição aos estrangeiros em pé de e aos tribunais para defesa dos seus direi- igualdade com os nacionais. A Constituição tos e interesses legalmente protegidos). reconhece ainda aos estrangeiros os direitos E) – Acesso à saúde, educação, habitação e consagrados em convenções internacionais emprego condigno e à segurança social. nomeadamente a declaração universal dos (art.ºs 63, 64.º e 65.º) direitos do Homem, e a Declaração Europeia F) – Direito à liberdade e à segurança: (Nin- dos direitos do Homem. guém pode ser total ou parcialmente Para além da Constituição existem leis que privado da liberdade, a não ser em conse- protegem os direitos dos estrangeiros, que quência de decisão judicial. Toda a pessoa iremos identificar: privada da liberdade deve ser informada Imigração imediatamente e da forma compreensível das razões da sua prisão ou detenção. – O Decreto-Lei n.º 244/98 de 8/8 na sua versão dada pelo Decreto-Lei 34/2003 constitui a Art.º 27.º. A prisão preventiva tem nature- actual lei de imigração em vigor em Portugal. za excepcional, não sendo decretada nem Através do D.R n.º 6/2004 regula a entrada, mantida sempre que possa ser aplicada permanência, saída e afastamento de estran- caução ou outra medida mais favorável cial dos trabalhadores por conta de outrem, o geiros do território nacional. ordenamento jurídico do país que nos aco- prevista na lei. – Art.º 28.º quadro legal da reparação da eventualidade de O Decreto-Lei n.º 173/2003 regula as taxas O lhe dedica vários diplomas de reconheci- G) - A extradição e a expulsão só podem ser desemprego. moderadoras. mento dos direitos dos estrangeiros. Começa- decididas por autoridade judicial. – Art.º 33.º Enumeração de alguns direitos dos trabalhado- remos por identificar os direitos reconhecidos O Decreto-Lei n.º 67/2004 cria um registo nacio- H) - O domicílio e o sigilo da correspondência e res estrangeiros: pela Constituição Portuguesa aos estrangeiros: nal de menores estrangeiros que se encontrem dos outros meios de comunicação privada 1 – O direito a um contrato escrito, reconhecido em situação irregular no território nacional. O Art.º 15.º da Constituição Portuguesa dedica- são invioláveis. – Art.º 34.º pela Inspecção Geral do Trabalho, do exclusivamente aos estrangeiros, estabele- I) – Ninguém pode entrar durante a noite no 2 – Direito aos descontos à segurança social, ce o seguinte: Saúde domicílio de qualquer pessoa sem o seu O Decreto n.º 32/2003 aprova o Acordo sobre 3 – Direito ao fundo de desemprego, 1 - Os estrangeiros e os apátridas que se en- consentimento. – Art.º 34.º concessão de Visto Temporário para tratamen- 4 – Direito a tratamentos e indeminização em contrem ou residam em Portugal gozam J) - Todos os cidadãos têm o direito de tomar to médico a cidadãos da comunidade dos paí- caso de acidente de trabalho, dos direitos e estão sujeitos aos deveres do cidadão português. conhecimento do que constar de registos ses de língua portuguesa, por força do tratado 5 – Direito a indeminização em caso de des- informáticos a seu respeito – Art.º 35.º assinado em Brasília em 30/07/2002. pedimento, 2 - Exceputam-se do disposto do número an- terior os direitos políticos, o exercício das L) – Direito à família – art.º 36.º, casamento e O Decreto n.º 36/2003 aprova o Acordo de co- 6 – Direito ao visto de trabalho, funções públicas que não tenham carácter filiação – Art.º 36.º operação entre os Estados membros da comu- 7 – O trabalhador estudante tem direito a sair predominantemente técnico e os direitos M) – Liberdade de expressão e informação nidade dos países de língua portuguesa sobre do posto de trabalho uma hora mais cedo, e deveres reservados pela Constituição – Art.º 37.º o combate ao HIV/SIDA, assinado em Brasília devendo o facto ser do conhecimento do e pela lei exclusivamente aos cidadãos N) – Liberdade de consciência, de religião e de em 30/07/2002. empregador. O Despacho 25360/2001 esclarece eventuais portugueses. culto. – Art.º 41.º Não discriminação 3 - Aos cidadãos dos países de língua oficial O) – Liberdade de aprender e ensinar – Artº dúvidas e determina as medidas de acesso de A lei 20/96 de 6/7 permite a constituição portuguesa com residência permanen- 43.º cidadãos de países estrangeiros aos serviços e como assistente em processo penal no caso de te em Portugal podem ser atribuidos, estabelecimentos do Serviço Nacional de Saúde. P) – Direito de deslocação e de emigração crime de índole racista ou xenófoba por parte mediante convenção internacional e em – Art.º 44.º Asilo condições de reciprocidade, direitos não das comunidades de imigrantes e demais as- Q) – Direito de reunião e de manifestação O Decreto-Lei n.º 218/2001 de 4/4 estabelece conferidos a estrangeiros, salvo o acesso à sociações de defesa dos interesses em causa. – Artº 45.º o regime aplicável à execução do Fundo Euro- titularidade dos órgãos de soberania e das A lei 18/2004 de 11/5 transpõe para a ordem R) – Liberdade de escolha de profissão e aces- peu para os Refugiados. regiões autónomas, o serviço nas forças jurídica nacional a Directiva n.º 2000/43/CE, so à função pública – Art.º 47.º, armadas e a carreira diplomática. A Lei n.º 15/98 de 26/3 estabelece um novo regi- que aplica o princípio da igualdade de tra- S) – Direito de participação na vida pública me jurídico em matéria de asilo e de refugiados. 4 – A lei pode atribuir a estrangeiros residentes tamento entre as pessoas, sem distinção de no território nacional, em condições de – Art.º 48.º origem racial ou étnica, e tem por objectivo es- T) – Direito de sufrágio (por reciprocidade) Trabalho tabelecer um quadro jurídico para o combate à reciprocidade, capacidade eleitoral activa O Despacho IGT 2000/09/28 regula o enqua- e passiva para a eleição dos titulares de – Art.º 49.º discriminação baseada em motivos de origem dramento relativo à situação dos trabalha- órgãos de autarquias locais. U) – Segurança no emprego – art.º 53.º racial ou étnica. dores estrangeiros a exercer a actividade em Este artigo reconhece e confere aos estrangei- V) – Direito ao trabalho e à greve – Art.ºs 58.º Portugal. Liberdade, Defesa e Segurança ros direitos e deveres em pé de igualdade com e 59.º A Lei 20/98 de 12/5 estabelece a regulamen- A lei 5/95 de 21/2 estabelece a obrigatorieda- os nacionais. Faz contudo uma excepção sobre X) – Direito ao ambiente e qualidade de vida tação do trabalho de estrangeiros em território de do porte de documento de identificação. direitos políticos e o exercício das funções – Art.º 66.º português. públicas que integram poderes de decisão. A Lei 147/99 de 1/9 regula a protecção de Y) - Direiro à Infância, Juventude, Terceira ida- A Lei n.º 134/99 de 22/8 proíbe as discrimi- crianças e jovens em perigo. Ainda em relação a estas funções os n.ºs 3 de, maternidade, paternidade. e 4 consagram excepções para estrangeiros nações no exercício de direitos por motivos Z) – Os cidadãos física ou mentalmente defi- Provedor de Justiça dos países de lingua oficial portuguesa, que baseados na raça, cor, nacionalidade ou ori- cientes gozam plenamente dos direitos. tenham celebrado convenções interncionais e gem étnica. A lei n.º 9/91 de 9/4 e lei n.º 30/96 de 14/8 em condições de reciprocidade. Um dos exem- W) – Direito a cultura e ciência. DL 235/92 de 24/10 – contrato de trabalho – Estatuto do provedor da Justiça. plos dessas excepções é o exercício de direito WY) – Direito de acesso a nacionalidade nos doméstico, DL 119/99 de 14/4 – Estabelece ACIME ( Decreto-Lei 251/2002 de 22/11). de voto (eleger e ser eleito) que alguns estran- termos da respectiva Lei. no âmbito do regime geral de segurança so- É o Alto Comissariado para a Imigração e Mi- geiros gozam em virtude de acordos bilaterais norias Étnicas criado para acolher e integrar ou por reciprocidade. os imigrantes. Encontra-se na dependência da Que direitos é que estão inceridos no artigo Presidência do Conselho de Ministros. Dispõe 15.º? A própria Constituição faz a enumeração: de Centros Nacionais de Apoio ao Imigrante e Direito à dignidade social, e igualdade perante de Centros Locais de Apoio ao Imigrante. a lei. (Ninguém pode ser prejudicado, privado O CNAI de Lisboa situa-se na Rua Álvaro Couti- de qualquer direito em razão de ascendên- nho n.º 14 – 1125-025 Lisboa (aos Anjos). cia, sexo, raça, língua, território de origem, O CNAI do Porto situa-se na Praça Carlos Alber- religião, convicções políticas ou ideologias, to 71 – 4050-157 – Porto. instrução, situação económica ou condição Ordem dos Advogados – Criou recentemente social) – Art.º 13.º serviços de atendimento e apoio ao imigrante A) - O direito à vida (art.º 24.º) – A vida huma- – Em Lisboa está localizada no Largo de São na é inviolável. Domingos junto ao Rossio. B) – Direito à integridade moral e física. Nin- Os diplomas enunciados podem ser consulta- guém pode ser submentido a tortura, nem dos nas Bibliotecas, na Imprensa Nacional e no a tratos ou penas cruéis, degradantes ou site do Ministério da Justiça. desumanos. – Art.º 25.º Num Estado de direito, os cidadãos só são livres se C) – Direito à identidade pessoal, à capacidade conhecerem os seus direitos e deveres. MWANGOLÉ civil, à cidadania, ao bom nome e reputa- ção, à imagem e à reserva da intimidade Isaac Paulo da vida privada e familiar. Advogado angolano em Portugal (2/2006) M WANGOLÉ • MARÇO 2006 • E CONOMIA 9 Bolsa de Valores arranca em Outubro Compromisso do Governo primeira sessão de venda e compra de acções A na Bolsa de Valores e Derivativos de Angola Aldeia (BVDA) terá lugar em Outubro do ano em curso com mais de 27 subscritores e um montante de no combate à pobreza 16 milhões dólares para a sua constituição. Segundo o presidente executivo da Comissão de Mercado de Capitais, Cruz Lima, durante o Fórum sobre o Mercado de Capitais, realizado Nova no início de Março, existem já 17 empresas de tecnologia de informação interessadas em fornecer materiais informáticos, com vista o funcionamento da bolsa. Entre os subscritores da bolsa constam a So- nangol, a Endiama, a Ensa, FDES, BPC, BIC, BFA, BAI, Grupo António Mosquito, Sistec e Chicoil. Para as empresas estarem cotadas na bolsa e merecerem a aceitação de eventuais investi- dores devem ter uma contabilidade semestral regularizada, um histórico de três anos e todas as contas auditadas.

Entre as líderes de África reintegração de 600 famílias de ex-mili- Desses 30 hectares, três servirão para o fazen- Atendendo a que o tráfego aéreo ao Waku-Kun- O presidente do Conselho de Administração do tares do Governo e da UNITA, no projecto deiro e 27 para a cooperativa do projecto. go crescerá consideravelmente nos próximos Banco de Comércio e Indústria (BCI), Generoso A agro-industrial Aldeia Nova, província do Tratando-se de uma iniciativa com natureza anos, perspectivou-se ampliar o aeroporto local, de Almeida, para Outubro deste ano, 2006, para corresponder com as solicitações. disse “A verdade é que: estão criadas as con- Kwanza Sul, inaugurado no início de 2006 pelo cooperativista, a produção das fazendas será dições mínimas para que comece a funcionar, Presidente da República, José Eduardo dos San- toda canalizada para o Centro Logístico do Quando as fazendas e as unidades industriais em Angola, o mercado de capitais”, adiantou tos, constitui um compromisso do executivo no projecto que, por sua vez, a comercializará nos estiverem a funcionar em pleno, o tráfego Lu- o interlocutor, aludindo ser importante que as combate a pobreza e consolidação do processo principais centros de consumo do país. anda/Waku-Kungo atingirá um volume anual pessoas ganhem consciência, de que se estará de paz em curso no país. Quarenta famílias de ex-militares do exército de 10 mil passageiros, 14 mil toneladas de diante de um mecanismo financeiro novo a frescos e sete mil toneladas de carga diversa. nível do país, recheado de enormes vantagens O programa consubstancia-se num projecto nacional e da UNITA começaram já a beneficiar e desvantagens. inovador que está a permitir recuperar e cons- do projecto, ao receberem cada uma cinco Sendo o mercado de capitais algo novo no país, truir em todo o perímetro da comuna do Waku- cabeças de gado e três hectares de terra para avança Generoso de Almeida, há que reconhe- Kungo, município da Cela, fazendas agrícolas e início da actividade agro-pecuária. cer, que se levará algum tempo a atingir as per- canais de irrigação, para se dar início à produ- Esta iniciativa sócio-económica empregará formances desejadas. Porém este novo desafio ção de lacticínios, frangos, carne bovina, entre numa primeira fase mil e 400 pessoas, das vai fazer com que os bancos e as demais em- outros. O projecto com uma gestão conjunta quais, 200 trabalharão no Centro Logistico do presas se possam organizar cada vez melhor. entre o Governo angolano e o grupo israelita Aldeia Nova (unidade que fará a gestão e mo- Entretanto, apesar de todos os benefícios que nitorização da produção). a bolsa possa trazer, o presidente do Conselho LR, contempla fábricas de apoio à produção de Administração do BCI mostrou-se preocu- agrícola, matadouros de aves e gado, moinhos O projecto beneficiará as populações das regi- pado com certos riscos que algumas empresas de farinha, unidades de processamento de ões limítrofes ao Waku-Kungo, nomeadamen- nacionais (fundamentalmente as estratégicas óleo vegetal. te Alto Hama e (Huambo), Andulo do ponto de vista estatal) poderão estar sub- (Bié), Kibala, e Hebo (Kwanza Sul), metidos, como por exemplo a alienação de bem como Luanda, principal centro consumi- grande parte dos seus interesses a favor de dor do país. investidores estrangeiros. A Bolsa de Valores e Derivativos de Angola funcionará à base de um “pregão electrónico”. Até 1970, a região já possuía 50 mil cabeças A bolsa de Angola funcionará à base de dispo- de gado, das quais oito mil eram leiteiras e sitivos informáticos, seguindo a tendência ac- produziam anualmente 14 milhões de litros de tual de dispensar a presença de compradores leite, queijo e carne. e intermediários. A partir deste mês a bolsa ganhará vida própria, Distando 420 quilómetros de Luanda, Waku-Kun- com a eleição dos órgãos sociais da instituição. go possui uma extensão de mil e 600 quiló- Apesar de ser supervisionada e fiscalizada pela metros quadrados e conta com uma população Comissão de Mercado de Capitais Generoso de Além da componente reintegradora, a Aldeia estimada em 240 mil habitantes. MWANGOLÉ Almeida explicou: a bolsa terá poder de auto- Nova pode servir de modelo para que inicia- regular a sua própria actividade, através de tivas do género sejam implementadas em Agostinho Kilemba normas a serem estabelecidas. províncias, cujas características climatéricas Angop Ao contrário de outras bolsas mundiais, a se assemelham às da região de Waku-Kungo, BVDA contará com a participação de empre- localidade do Kwanza Sul onde está a ser sas públicas na constituição do grupo de ac- executado o projecto. A implementação de cionistas, desde que cumpram com as normas programas do género em províncias como Luta contra pobreza já consumiu USD 18 milhões contidas na lei. do Kwanza Norte, Malanje, Huíla e Huambo O presidente executivo da Comissão do Mercado permitirá, a breve trecho, baixar os índices de de Capitais, Cruz Lima sublinhou que a velocida- Programa de Luta Contra Pobreza água às populações mais carenciadas, atra- de com que a economia nacional está a crescer, importações e relançar a produção agro-indus- O Urbana (LUPP), cuja primeira fase vés da construção de chafarizes públicos. Angola tem todas as garantias para inaugurar trial no país e a consequente diminuição da começou em 1999 e terminou em 2001, Para sustentabilidade do projecto, criou-se grandes sucessos neste campo. MWANGOLÉ fome e da pobreza. gastou já 18 milhões de dólares america- Associações de Comités de Água que fazem nos em acções de abastecimento de água, a gestão das infra-estruturas. Mais de 11 mil pessoas já beneficiam de água tratada saneamento básico, micro-finanças e no quadro deste projecto inovador da De- micro-crédito, aos municípios do , velopment Workshop. Sambizanga, e Kilamba Kiaxi. A par destes programas, as ONGs estão a Financiado pelo Departamento Britânico implementar na comuna do Hoji-Ya-Hen- para o Desenvolvimento Internacional da (município do Cazenga) um Programa (DFID), a segunda fase do projecto, iniciada de Infância Comunitária (PIC), que assiste em 2001, vai consumir, até 2006, mais 18 actualmente mais de 600 crianças. milhões de dólares em acções do género. De acordo com a presidente do projecto, De acordo com Adérito Mohamed, da Maria Mateus, tal programa de apoio sur- No total, Waku-Kungo terá 600 fazendas fami- unidade de coordenação do LUPP, a giu depois de se ter verificado que muitos liares, facto que permitirá atingir uma produ- implementação do projecto nos quatro petizes eram obrigados a acompanhar as tividade anual de quatro milhões de litros de municípios de Luanda está a cargo das or- suas mães aos locais de trabalho, princi- leite, três mil toneladas de carne de frango, ganizações não governamentais Develop- palmente aos mercados informais. Esta mil toneladas de carne suína, 280 toneladas ment Workshop (DW), Care Internacional iniciativa teve o apoio do Ministério da de carne bovina e 22 milhões de ovos. Cada e Save Children. Reinserção Social e da ONG Candengues família engajada no programa, além da resi- No quadro deste programa, nos municípios Unidos. Nos centros controlados pelo PIC, dência que lhe será atribuída, terá direito a 30 do Cazenga e Sambizanga, a DW concebeu as crianças recebem educação infantil e hectares de terra para cultivar e criar animais. um projecto eficaz de abastecimento de preparação pré-escolar. MWANGOLÉ 10 E CONOMIA • M WANGOLÉ • MARÇO 2006

Angola paga dívida de 100 milhões em Abril Para atender Porto de Luanda as suas necessidades passará para Cacuaco ngola deverá liquidar em Abril as A dívida deveria ter sido saldada em Maio Asuas dívidas à Mota-Engil, avaliadas do ano passado, mas as negociações ar- Angola precisa de oito em perto de 100 milhões de dólares (84 rastaram-se, entre conversações directas das empresas com o executivo de Luanda mil engenheiros milhões de euros), revelou o presidente e negociações integradas no protocolo os próximos seis anos, Angola precisará Arnanldo Figueredo do grupo português estabelecido entre Angola e Portugal, em de pelo menos oito mil novos engenhei- para a área de engenharia e construção, 2002, que abrangeu os contratos cele- N ao Jornal de Negócios. brados até 1998. De acordo com Arnaldo ros e geo-cientistas para poder implementar Figueiredo, as dívidas serão saldadas «ao os projectos planeados nas diferentes áreas Além da Mota-Engil, também Teixeira abrigo do protocolo» de regularização das de infra-estruturas básicas, indústria pesada Duarte, Somague e Soares da Costa de- dívidas comerciais de Angola, assinado há e do sector petrolífero, segundo um estudo verão ser abrangidas pelo pagamento quatro anos. Angola representa actual- conjunto realizado pela Universidade Agos- das respectivas dívidas, por ocasião da mente perto de um quarto da facturação tinho Neto e pela companhia petrolífera BP visita do primeiro-ministro português do grupo Mota-Engil no estrangeiro, que Angola. José Sócrates a Angola. WANGOLÉ ronda os 300 milhões de euros. M Os dados de tal estudo sobre procura e ofer- ta de engenheiros e geo-cientistas, realizado Angola e Portugal assinam acordo de cooperação em 2005, foram divulgados por José Patrício, os próximos 10 anos, as instalações do presidente da BP Angola durante a assina- NPorto de Luanda, localizadas actual- mente na avenida Marginal, no bairro da s dois países assinaram, tura em Luanda de um protocolo de coope- Boavista, serão transferidas para zona de em Lisboa, o Plano ração entre a sua empresa e a Universidade O Cacuaco, para permitir uma maior movi- Anual de Cooperação (PAC), pública, Agostinho Neto. Notou que nos mentação das mercadorias. estimado em mais de 24 próximos seis anos a produção do petróleo De acordo com o administrador comercial milhões de euros, desti- atingirá taxas de crescimento consideráveis, do Porto de Luanda, Nazaré Neto, que fala- nados a apoiar projectos por isso, a BP Angola, como operadora dos va durante a sessão de apresentação públi- de desenvolvimento em blocos 18 e 31, precisará de pelo menos 350 ca do Plano Estratégico de Modernização da Angola, nos sectores da engenheiros e geo-cientistas para fazer face empresa para o quinquénio 2006-2010, o saúde, agricultura, segu- aos desafios nas áreas de pesquisa e produ- espaço actual onde se encontra o Porto não rança alimentar, recursos ção do crude. tem permitido escoar com rapidez as mer- naturais, bem como nos do cadorias, pelo facto de as vias de acesso se De acordo com José Patrício, a UAN, através ensino básico e secundário, terem tornado limitadas com o crescimento das faculdades de Engenharia e Ciências, as- reinserção social, promoção da cidade capital. do emprego e programas sume-se como a maior fonte de engenheiros A escolha de Cacuaco deve-se ao facto de e geofísicos do país, mas está muito aquém de complementares de apoio. ser uma região que contará em breve com O PAC relativo a 2006, rubri- tos em curso, iniciados no partes acordaram em realizar satisfazer as exigências de técnicos nacionais auto-estradas e outras vias de acesso, que cado a 15 de Fevereiro tem âmbito do PIC em vigor, encontros periódicos. qualificados, que Angola tanto precisa, para o permitirão uma maior fluidez do tráfego de como quadro de referência como novas intervenções Subscreveram o documento, seu desenvolvimento sustentável. mercadorias. o Programa Indicativo de enquadradas nas priori- o director da cooperação Neste contexto, disse, a BP Angola entendeu A direcção do Porto de Luanda, em parce- Cooperação (PIC) para o tri- dades da cooperação em bilateral do Ministério das Re- que há necessidade de encontrar formas de ria com os concessionários dos terminais énio, assinado em Luanda, Angola. lações Exteriores de Angola e trabalhar em conjunto com as instituições de de carga, vai investir, nos próximos qua- em Outubro de 2003, com Para o acompanhamento e a presidente do Instituto Por- ensino superior técnico, na perspectiva de tro anos, mais de 130 milhões de dólares vista ao desenvolvimento tuguês de Apoio ao Desen- americanos, no âmbito do programa de avaliação da sua implemen- acelerar o processo de formação e desenvol- económico e social de An- volvimento, respectivamente implementação do seu Plano Estratégico tação, a par dos mecanismos vimento de quadros angolanos altamente gola. Constam igualmente de controlo iniciados no Florêncio de Almeida e Ruth de Modernização, para o quinquénio qualificados nas áreas de engenharia e geo- no PAC-2006, tanto projec- programa de 2005, as duas Albuquerque. MWANGOLÉ 2006-2010. ciências. O plano, assessorado pela empresa interna- Para o efeito, e fruto do acordo rubricado entre cional de consultoria Management Cayman, as duas instituições, a BP Angola passará a tem por objectivo tornar o Porto de Luanda Aumento da produção de petróleo prestar assistência financeira aos estudantes, numa das unidades marítimas de referência através de um programa de bolsas de estudos a nível do continente africano nos próximos partir de 2007, a produção petrolífera ma de exploração Girassol Terceiro campo internas, na perspectiva de aumentar as taxas 10 anos para poder concorrer com portos da África Ocidental, de Walvis Bay (Namíbia), A do país poderá passar dos actuais um do referido bloco a ser ligado ao Girassol. de sucesso académico. milhão e 300 mil (1.300.000) barris diários O projecto Rosa já atingiu uma taxa de Durban, Elisabeth e Cape Town (África do para mais 145 mil, em consequência da realização estimada em 45 por cento, após Para o presente ano académico, a companhia Sul), bem como o Porto do , na pro- ligação do campo Rosa, Bloco 17, à platafor- a efectivação de conexões com outros dois disponibilizou já 60 bolsas de estudos internas víncia angolana de . campos (Girassol e Jasmim) em 2001 e 2003, para os estudantes das duas faculdades. As O alcance de tais objectivos, passará ne- respectivamente. bolsas não vinculam os referidos estudantes a cessariamente pela reabilitação das gruas De acordo com dados da filial angolana da terem de trabalhar para a BP Angola no futuro, existentes, a aquisição de outras novas, multinacional Total (Total Angola), inseridos embora a empresa espere que os alunos ve- construção de novas infra-estruturas e a ma última edição da sua revista “Batuque”, nham a fazer parte dos seus quadros. extensão das pontes cais, para permitir e citados pela ANGOP, trata-se de um pro- uma melhor manobra dos navios. Além da concessão de bolsas, a petrolífera vai jecto que visa ligar 14 poços produtores e À semelhança dos seus concorrentes fornecer material bibliográfico em português, 11 injectores (situados no mar) à platafor- directos, o Porto de Luanda pretende até prestará assistência no trabalho de revisão dos ma de exploração Girassol, através de 105 2010 ter um tráfego anual de 5,3 milhões quilómetros de linhas. currículos e fornecerá materiais modernos para de toneladas de mercadorias, uma cifra O engenho inclui uma torre de elevação, equipar os laboratórios existentes nas duas maior que as actuais (2005) de 4.047.167 além de efectuar importantes modificações unidades orgânicas. MWANGOLÉ toneladas. MWANGOLÉ na plataforma, devido à instalação de sete novos módulos que representam um peso total de 5.300 toneladas. As reservas de petróleo em Angola estão estimadas em 12.4 biliões de barris. No ano passado foram perfurados 22 poços, dos quais 12 de pesquisa e 10 de avaliação. Deste número, foram contabilizados cinco descobertas comerciais. MWANGOLÉ M WANGOLÉ • MARÇO 2006 • E CONOMIA 11 Nota de Estratégia Reparação de estradas do Banco Mundial para Angola concluída em 2008 Governo angolano autorizou, recente- tor de petróleo da África sub-sahariana O mente, a publicação da Nota de Estra- e o quarto maior produtor mundial de ministro angolano das obras públicas Higino Carneiro, foi recebido recentemente em tégia Interina para Angola, documento do diamantes, porém, a guerra civil de 27 O Jerusalém pelo ministro israelita das infra-estruturas nacionais, Ronnie Bar-On, com quem Banco Mundial (BM), para a actual fase de anos, só terminada em 2002, impediu os abordou questões ligadas à cooperação entre os dois países, com destaque para a participação cooperação, até Junho de 2006. angolanos de beneficiar completamente de empresas israelitas em projectos do sector em Angola. O ministro israelita anunciou a ida a desta riqueza. Angola o mais breve possível, de uma missão empresarial do seu país composta por homens de A informação consta da série nº 15 do negócios ligados aos sectores da agricultura, águas e telecomunicações. Em Israel, Higino manteve Diário da República, na qual se considera Realça, contudo, que a macroeconomia contactos com várias instituições ligadas as obras públicas, por forma a atrair investidores, que o Banco Mundial, nas suas acções de regista melhorias; a inflação, embora ainda especialmente, para a área de materiais de construção. No encerramento do Conselho Consultivo cooperação com Angola, estabelece um alta, situada a 30 por cento, baixou nitida- Alargado do Ministério das Obras Públicas, realizado em Benguela, o ministro disse que se projecta documento programático, identificando o mente, e as finanças públicas e as iniciati- a reabilitação completa de toda a rede fundamental de estradas asfaltadas do país até 2008. conjunto de objectivos que persegue em vas de ambiente de negócios reforçaram Acrescentou que está igualmente prevista a elaboração de um novo plano nacional de estradas determinado período de tempo, assim as perspectivas para uma economia não para que novos traçados surjam. A utilização das linhas de crédito, mormente as da China, Brasil, MWANGOLÉ como os meios para o seu alcance. No petrolífera, fazendo atrair importantes com- Alemanha e Portugal, abrem boas perspectivas para 2006, disse a concluir. seu resumo executivo, a nota salienta promissos para o investimento estrangeiro que Angola é o segundo maior produ- directo. MWANGOLÉ Aberta em Angola Empresas projectam a primeira televisão solução para digital de África perfuração de poços TAAG melhora imagem primeira rede de televisão por cabo do om o objectivo de contribuir para o de- A continente africano totalmente digital, foi C senvolvimento do sector privado nacio- inaugurada em Luanda. Com um investimento nal, a Ducard Energy, empresa petrolífera global de cerca de 30 milhões de euros e mais de angolana, em parceria, com três americanas, mil clientes activos, dos quais 60 por cento com nomeadamente Successful Energy, Pratices o serviço Netcabo, o projecto visa a curto prazo a Internacional e Boysenblue/Celtec Interna- cobertura de toda a cidade de Luanda, com uma tional, lançaram uma solução de produtos e rede 100 por cento digital criada de raiz. serviços virados à perfuração de poços pe- Segundo o presidente do Conselho de Adminis- trolíferos, denominada Drilling Solutions. tração da TVCabo Angola, João Avelino, a nível As empresas vão também formar engenhei- mundial, a nova televisão é um exemplo de ros para que não haja acidentes de perfu- pioneirismo, por ser dos primeiros projectos cria- ração nos poços. A Ducard Energy é uma dos numa plataforma completamente digital, ao empresa de direito angolano criada para contrário das várias existentes em todo o mundo apoiar a indústria local com produtos e ser- que tiveram como base redes analógicas, sofren- viços de qualidade internacional, através da do mais tarde migrações para sistemas digitais. cooperação com empresas líderes mundiais. O início da actividade da TVCabo responde as O seu director comercial Alberto Mendes orientações delineadas no Livro Branco das a solução encontrada é importante para o Telecomunicações, que visam promover o futuro da indústria petrolífera, uma vez que desenvolvimento dos serviços de telecomuni- contribui para minimizar custos decorrentes cações de uso público, sendo um serviço que se de quebras operacionais. MWANGOLÉ pretende nacional. MWANGOLÉ

esde 10 de Fevereiro, data do seu 26º Dentro da presente estratégia comercial da Aumentou o registo de empresas nacionais Daniversário, a TAAG, Linhas Aéreas de companhia está o novo uniforme das hospedei- Angola, tem novas instalações em Lisboa, na ras. Os pilotos e comissários de bordo mantêm número de empresas nacionais licenciadas pelo Guiché Único foi subiu de 151, em 2004 para avenida do Brasil, nº 31, num amplo espaço as cores dos fatos mas com novo corte. A O 320, em 2005, disse à Angop, o chefe de departamento administrativo dos serviços gerais equipado com tecnologia de ponta. delegação da TAAG conta com 45 funcionários, desta instituição, Fernando Fortes. na sua maioria recrutados localmente. A compa- A mudança enquadra-se na nova estratégia co- As 471 empresas registadas têm na sua maioria actividade direccionada para o sector do comér- mercial da empresa, visando melhorar a pres- nhia aérea angolana tem ainda uma agência no cio, seguindo-se a indústria e a prestação de serviços. Fez notar que para 2006 está prevista a tação de serviços aos seus clientes. Com cerca norte de Portugal, na cidade do Porto. abertura de quatro balcões do Guiché Único nas provinciais, em Benguela, Huambo, Cabinda e de 1.150 metros quadrados, a nova delegação Malanje, bem como a actualização do site, onde o cliente poderá constituir processos on-line. da TAAG é propriedade da própria companhia, ao passo que as anteriores instalações na ave- Deslocações a Marrocos, à Inglaterra e à Bélgica, num programa conjunto com a Agência Na- nida da Liberdade eram arrendadas. cional para o Investimento Privado (ANIP), com vista a divulgação das actividades do Guiché, é igualmente um programa para desenvolver em 2006. Em declarações ao Mwangolé, o delegado da TAAG em Lisboa, Abílio Fernandes, apontou O Guiché único é um órgão independente, que tem como objectivo estimular a actividade “a melhoria das condições de atendimento empresarial. MWANGOLÉ aos clientes”. Seis novos Boeing Investimento na Sociedade de Informação A inauguração da nova delegação foi presidido pelo presidente do Conselho de Pedro Teta, que falava em conferência de im- Administração da TAAG, Mateus Neto que prensa para apresentação do Plano de Acção para a Governação Electrónica e do Portal do disse estar em curso um vasto programa de Governo, aprovados pelo Conselho de Ministros, crescimento da companhia. sublinhou que este montante será financiado A compra de seis novos aviões Boeing, até pelo Estado e pela comunidade internacional. O 2008 faz parte dos desafios da empresa. plano já foi aceite pelo Banco Mundial. Assim, a TAAG começou já a dar formação Além dos cerca de 96 milhões de dólares, o aos técnicos e mecânicos que funcionarão governo prevê ainda mobilizar 70 milhões de com os aviões. A “acção formativa” é tida dólares para o Plano de Acção da Governação como de grande importância para o futuro Electrónica, igualmente um documento oficial da empresa, designadamente na área de e orientador de politicas de Tics. A governação Governo de Angola propõe-se mobilizar, nos “responsabilização, qualidade dos quadros electrónica em Angola, de acordo com o plano, próximos anos, cerca de 96 milhões de dó- aposta em cinco prioridades estratégicas: ape- e familiarização com os aviões da nova O lares para a implementação do Plano de Acção trechamento tecnológico dos organismos públi- geração”. Até Julho do corrente ano, a com- para a Sociedade de Informação, segundo o co- cos, melhoria destes serviços, modernização da panhia de bandeira nacional vai adquirir um ordenador da Comissão Nacional de Tecnologias gestão, qualificação dos funcionários e partici- Abílio Fernades, delegado da TAAG em Lisboa Boeing 777.200 e outro 737.800. MWANGOLÉ de Informação, Pedro Teta. pação e envolvimento do cidadão. MWANGOLÉ 12 C ULTURA • M WANGOLÉ • MARÇO 2006

Residências artísticas Soso I Lax

organização da Trienal de Luanda, tem A promovido com o patrocínio da Air Gemini, viagens de pesquisa artística a Falecido diversas províncias de Angola. Depois do - O Ngajeta Namibe, e agora com o apoio da Sociedade Beto Gourgel Mineira da Catoca, os artistas angolanos de Conversas no Quintal. Kiluanji Kia Henda, Thó Simões e Yonamine, desenvolvem um projecto na região Lunda cantor e humorista Beto Gourgel Tchokwé, para absorver e pesquisar sobre O faleceu recentemente em Luanda esta cultura que representa a maioria da vítima de doença. Além de cantor, com- população da zona oriental de Angola. positor, Beto Gourgel contracenou, com o nome de “Nganjeta”, no programa Este projecto visa permitir a leitura e com- humorístico “Conversas no Quintal“, da preensão da diversidade cultural do país, Televisão Pública de Angola (TPA), com inserida no mapa da estética e do imagi- o radialista Salú Gonçalves e o músico nário dos povos de Angola. O programa de Dionísio Rocha. Foi igualmente cronista do residências artísticas enquadra-se no inte- Jornal de Angola e colaborador do progra- resse da Soso I Lax (Produtor executivo da Rey Hélder como é conhecido, um dos cantores que mais ma da LAC “Bom-dia, bom-dia”. Trienal de Luanda) em proporcionar, a uma representou o género musical Kuduro, dá-nos a conhecer nova geração de artistas plásticos, meios de O Ministério da Cultura enalteceu o dina- novidades da sua carreira na entrevista que se segue, e, mismo com que Beto Gourgel, desem- produção para o seu trabalho, propondo-se penhou o cargo de secretário-geral da assim mecanismos de sustentação para a reclama dos seus colegas mais recentes. «A nova geração União Nacional dos Artistas e Compositores formulação e produção de instrumentos está cantar letras com mensagens muito negativas. (Unac) na década de 80. Beto Gourgel culturais que permitam aos artistas autono- Por isso, este ano vou trabalhar para divulgar outros géneros foi um dos intérpretes e compositores do mia social, económica e cultural, a fim de cancioneiro angolano, nomeadamente na participarem na reflexão e elaboração de de música angolana, como o Semba e a Kizomba». trova, tendo-se notabilizado a nível na- projectos culturais e políticos do país. cional e internacional. O músico integrou A primeira Trienal de Luanda (arte, cultura, his- várias delegações angolanas ao exterior MWANGOLÉ • Hélder, que novidades nos podes M • Estás confiante? As oportunidades tória e política contemporânea 2005/2006), é adiantar em relação à tua carreira? podem não ser as mesmas que tens cá. do país, nomeadamente nos festivais uma plataforma cultural de observação e internacionais da paz e da juventude e REY HELDER • Vou lançar a 8 de Abril em Luanda RH • Não vou para Angola para ganhar muito análise das mutações estéticas e emocionais um disco com a participação de vários mú- dinheiro. O que o país me poder dar é o estudantes. “A sua morte deixa um grande da sociedade, fixando e recriando a cultura sicos. Metade das vendas do mesmo serão que vou usar para sobreviver com a minha vazio, a cultura perde um dos seus maiores família. angolana/africana. MWANGOLÉ doadas ao músico Virgílio Fire. representantes”, lê-se na nota fúnebre. M • Onde foi gravado, qual o título e M • És casado? Quantos filhos tens? No livro de condolências exposto no ve- porquê essa doação? RH • Tenho uma mulher há 8 anos e temos lório de Roberto do Amaral Gourgel “Beto RH • O Virgílio teve um acidente e neste mo- dois rapazes. Gourgel”, o Presidente da mento está numa cadeira de rodas. M • Vais deixar alguma base aqui em República, José Eduardo O disco foi gravado em Luanda e chama-se Portugal? dos Santos, escreveu “Amor à Camisola”. RH • Sim. Fica uma base porque os portu- que este foi “auto-di- M • É um projecto antigo? De onde veio a gueses estão sempre a procurar pelo Hélder dacta, talentoso, cuja inspiração? para actuar em grandes actividades, nos intervalos dos jogos nos estádios de futebol obra fica na me- RH • Sim, é um projecto que já tenho há mui- mória colectiva do por exemplo. Sou muitas vezes chamado, to tempo. A inspiração veio depois de me por isso vou deixar sempre uma base onde nosso património juntar com vários outros músicos nacionais. me possam encontrar. cultural”. MWANGOLÉ M • Quem são? M • Quem patrocinou o teu último disco? RH • Beto de Almeida, Virgílio Fire, Dog RH • Foi tudo pago por mim, é um disco Murras e Elvio. Temos a participação de um 99% angolano. Tenho a intenção de tentar músico internacional que é o Tó Semedo espalhar o Kizomba aqui pela Europa e pelo de nacionalidade cabo verdiana, e também mundo, do mesmo modo que espalhei o Ku- Daniel Nascimento, Yuri da Cunha, Dj Mania, duro. Quero gravar Kizomba este ano. O Ku- Dalton o Znobia, Os Lamba, Dj Marcelo e Dj Jesus. duro é uma música alegre mas, vendo bem, Não é só um disco meu. É um projecto com algumas dessas músicas estão a transmitir actor angolano Dalton Borralho continua os meus amigos, está a perceber? mensagens muito negativas. A juventude, a em alta no teatro. Recentemente Dalton O M • Não existe uma certa rivalidade entre nova geração está cantar o Kuduro de forma contracenou durante três meses com um os músicos? muito negativa. A imprensa portuguesa já me perguntou o que tenho a dizer sobre elenco inteiramente composto por portu- RH • Por vezes, mas já existiu mais. Não isso. Este ano, não estou apostado em gra- gueses na peça infanto-juvenil denominada concordo com isso. Acho que temos que nos var Kuduro, mas sim Semba e Kizomba. “A ilha Encantada”. unir para melhor nos defendermos, para M • Achas então que o Kuduro está Desde 12 de Novembro de 2005, altura da es- bem da classe. Devemos ser todos amigos pelo bem de Angola. Agora, que finalmente abanda lhado? treia, até Março de 2006, mais de 11.000 espec- estamos em tempo de paz, há que trabalhar RH • Não, mas tem que ter mais disciplina. ttadoresadores assistiramassistiram à estóriaestória queque sese passapassa numanuma de mãos dadas para fazer mais e melhor M • Mas não és um dos reis do género. ilha distante onde o rei de Napóles, o pelo País. Como digo neste último trabalho: Vais abandoná-lo? seu filho, irmão e o “falso” duque de Por amor à camisola, por amor à Pátria. RH • Não é bem abandonar, mas a nova ge- Milão e vários membros da corte conse- M • Quais são as temáticas nas músicas ração está cantar letras que chocam aqui na guiram chegar depois de naufragar. deste disco? Europa. Perguntam-me se não aconselho essa O espectáculo,espectáculo, exibidoexibido aosaos sábadossábados nono RH • É um disco com música bastante varia- juventude a cantar de forma diferente, e eu sinceramente não me consigo defender. O tteatroeatro DonaDona MariaMaria II,II, nono Rossio,Rossio, e nasnas da, tem vários estilos nacionais, só tem dois kuduros. É mesmo um disco para ouvir do problema são as letras, a mensagem em si, qquintas-feirasuintas-feiras nasnas escolas,escolas, provocouprovocou nasnas princípio ao fim, sem cansar. porque o instrumental até é bonito. Por causa ccriançasrianças e nnosos aadultosdultos bboasoas ggargalhadas.argalhadas. UmaUma ppeçaeça qqueue nnosos cconvidaonvida disso já se diz que o Kuduro não é música. a sonharsonhar e a nãonão abandonarabandonar M • Quando foste a Angola visitaste Prefiro apostar no Semba, na Kizomba, na alguma província? a magiamagia tambémtambém nana vidavida tarrachinha. Garanto que até ao fim do ano, RH • Estive na Lunda Norte, visitei dois mu- qqueue DaltonDalton consideraconsidera umum esses géneros musicais estarão no ouvido nicípios, o Dundu e o Cafunfo. Houve lá uma de 70/80% da população portuguesa, como ppresenteresente dede Deus.Deus. «Tra-«Tra- festa com o governador da Lunda e os po- acontece já com o Kuduro. Agora vou divul- bbalharalhar parapara criançacrianças é pulares daquela zona. Estiveram lá também gar semba e Kizomba. uumama eexperiênciaxperiência mmuitouito outros músicos nacionais. M • Achas que os portugueses estarão ggratificante,ratificante, estouestou a gos-gos- M • Pensas regressar um dia a Luanda receptivos a essa música? ttarar muito»,muito», disse-nosdisse-nos o para viver? RH • O Semba é uma boa música, o problema actor. MWANGOLÉ RH • Estou a pensar voltar já neste ano de 2006. é a falta de divulgação e os grandes nomes Quero construir a minha vida em Angola. da música angolana vêm pouco a Portugal. M WANGOLÉ • MARÇO 2006 • C ULTURA 13

decepcionado Novo romance de Isabel Ferreira com o kuduro Migração e poligamia no centro

Enquanto Fernando enriquece com muita facilida- de, arranja três mulheres angolanas com as quais faz 14 filhos, Sanguito, em Portugal, não consegue mais do que precários trabalhos na construção civil. O angolano casa-se com uma portuguesa de quem tem um filho, mas é morto em sua casa pelo amante (também português) da mulher. À polícia a mulher diz que Sanguito era um canalizador que M • O Herman só te convida a ti e ao Sá Leão. foi a sua casa fazer pequenos arranjos e que tentou RH • A questão é que, ele convida quem lhe atacar o seu marido, versão que aquela aceita sem dá audiência. Quando eu vou ao programa do Herman, no dia seguinte todo mundo fala. se preocupar em descobrir a verdade. A criança, Há alguns anos até na Assembleia da Repú- fruto da relação entre Sanguito e a portuguesa é blica se falou do Hélder. Por isso garanto que enviada pela mãe, para bem longe. este ano vou levar o Semba de uma ponta a Depois de 25 anos em Angola, onde fez fortuna, outra de Portugal, aos órgãos de comunica- Fernando regressa a Portugal para a sua mulher, problemática das migrações angolana e ção, porque falta divulgar o Semba. a quem construira uma grande vivenda, mas vive portuguesa (as diferenças de tratamento A inconformado, com imensas saudades de Angola, M • E estás à vontade para cantar o Semba? dos imigrantes), o racismo e a poligamia RH • Tive que treinar um bocado, pensava e das suas mulheres “quentes” porque a portu- constituem a tríade de “Fernando D`Aqui”, guesa é como “lagartixa, a sua pele branca e fria” que fosse coisa de outro mundo mas não é. o novo romance da escritora angolana Isabel O Semba se formos a ver é Kuduro, só que não o emociona. Morre triste, num acidente de Ferreira, que já está a fazer furor. tem mais instrumental. O Kuduro é uma viação em Portugal. coisa mais electrónica, programada. Polémico quanto baste, “Fernando D`Aqui”, com Lançado no Porto a 21 de Fevereiro, no espaço 172 páginas, dividido em cinco capítulos, afigura-se M • Os teus discos vendem bem? Portugal/Moçambique, numa cerimónia come- como uma crítica social que Isabel Ferreira, uma RH • Sim, tem vendido muito bem. Já ganhei morativa do Dia Internacional da Língua, o livro, fervorosa católica, faz ao desvio de certos valores dois discos de platina. Ganhei também um com prefácio do escritor português Urbano Tava- disco de ouro que agora atingiu platina. É o morais na sociedade luandense, a discriminação res Rodrigues e editada em Setembro de 2005 álbum onde cantei com Dog Murras denomi- racial de que são vítimas os imigrantes angolanos pela Komedi, em Campinas, São Paulo (Brasil), endido a autora que dá como exemplos o uso de nado “Festa da paz”. Foi esse disco que fui em Portugal e a poligamia em Angola. foi apresentado pela primeira vez na Academia expressões do livro em Kimbundu, em Maputo, oferecer ao nosso Presidente da República, A “estória”, que cria uma ponte entre Lisboa e Brasileira de Letras no mesmo ano. Seguiu-se o fazendo já parte do vocabulário de muita gente o que foi uma honra para mi. Parecia um Luanda, desenrola-se nas duas capitais tendo lançamento em Angola (Luanda e Benguela), Gui- em Moçambique. “Isso deixa-me muito feliz”, sonho. Já o queria conhecer há muito tempo. como protagonistas as personagens Fernando né-Bissau e Moçambique. Timor Leste, S. Tomé remata. Quando apareço no programa do Herman (português) e Sanguito (angolano). A comparação e Cabo Verde aguardam pela obra ainda neste Actualmente a finalizar o curso de dramaturgia com a camisola com a foto do Presidente, entre a vida do imigrante português em Angola e semestre. do Conservatório de Lisboa, a escritora, nascida queria mostrar aos portugueses que gosto do nosso Presidente, e faço o meu trabalho do angolano em Portugal, é descrita através do Isabel Ferreira mistura expressões em Kimbundu, em Luanda e que é também actriz de teatro e de por amor à camisola, amor ao país e amor Fernando, o português pobre do norte, casado, a sua língua materna, com o objectivo de “re- televisão, já publicou outras três obras literárias: ao nosso povo. Esquecemos o passado e pai de um filho que emigra para Angola e do San- criar a língua”, como disse ao jornal Mwangolé, Laços de Amor (poesia), Luanda/1995; Cami- temos agora um presente e futuro diferen- guito, jovem solteiro que abandona a sua Luanda considerando o acto de “iniciativa exitosa”. A nhos Ledos (poesia), Luanda/1996; Nirvanta tes. O álbum “Amor à Camisola”, dediquei e vem para Portugal a procura do “El dourado”. receptividade por parte dos leitores tem surpre- (poesia), Luanda/2004. MWANGOLÉ ao presidente angolano, Eng.º José Eduardo dos Santos. a colecção de livros que o sector cultural da embaixada Dde Angola lançou nos últimos meses destacam-se os A Casa de Angola lançou livros “Meu canto à razão e a quimera das circunstâncias”, no início do mês duas e “Marítimos africanos, um clube com história” de Felipe Zau, , o livro “A prece dos mal amados” de Fragata de obras literárias: Morais, “Cooperação sem desenvolvimento”, que é um excerto da tese de doutoramento obra “Branco de Quintal” defendida pelo investigador João Milando no A de Fernando Teixeira (Baião), Instituto das Ciências do trabalho e da Empresa sob a chancela da Pangeia Editores (ISCTE) e ainda o romance de Lopito Feijó e o livro sobre o qual se escreve, “O brilho do bronze”. MWANGOLÉ M • Sentes-te integrado em Portugal? “ÂNGELA” RH • Sinto-me bem aqui. A maioria dos de Fernanda espectáculos não faço para os africanos de Carvalho, residentes em Portugal, mas sim para os Com novo livro obra que tem portugueses. Tenho ido à Bélgica, Holanda e a chancela da Estados Unidos. Também tenho feito muita Papiro Editora. coisa para os africanos, mas os portugueses Lopito Feijó é que me dão mais espectáculos a fazer. MWANGOLÉ Não tenho razões de queixa. A mim, dão-me muito carinho. Muitas vezes encerro gran- volta a brilhar des espectáculos de vedetas portuguesas, porque a minha música é quente, vibrante “ Brilho do bronze” é a novo livro de e apareço para marcar a diferença. O poesia do escritor angolano Lopito Feijó, M • As letras das músicas és tu que lançado em Luanda, com a chancela da edito- em Angola no recurso a este estilo literário. escreves ou contas com a ajuda de outras ra Kilombelombe, integrado na colecção “Os Em O brilho do bronze, Lopito Feijó penetra pessoas? nossos poetas”. no kaiku , ora preservando-o, ora inovando, RH • Tenho contado muito com ajuda de ou- O livro está escrito no estilo Haikais, uma téc- como refere “curtindo-lhe ao seu jeito” Lou- tras pessoas, principalmente o Dog Murras, nica oriental que aborda eventos da natureza renço por inerência da dinâmica própria do que é um amigo e um irmão para mim. Já numa determinada estação do ano. Poema de espaço em que cultiva, uma região tropical, nos conhecemos há muitos anos, temos uma estrofe de 17 sílabas distribuídas pelos 3 onde os eventos, amiúde se distanciam dos uma ligação muito forte e temos um bom versos na ordem 5-7-5, ou seja cinco sílabas orientais e para o qual estudiosos sugerem entendimento na música e não só. no primeiro verbo, sete no segundo e cinco uma poesia designada haitropikai. M • Qual é que achas que deve ser o no terceiro. Este tipo de poesia que começa no João André da Silva Feijó, “Lopito Feijó”, papel de um músico na sociedade? Japão fazia parte dos diários de viagens e teve deputado pelo MPLA à Assembleia RH • O músico tem a missão de passar uma no monge Zen Matsu Basbô, o seu principal Nacional, nasceu em Malange a 29 de boa mensagem para a juventude. Mesmo epígono. Como toda a história da poesia, o Setembro de 1963. É membro da União na brincadeira devemos dizer coisas sérias, haikai teve a sua origem no canto e quanto à dos Escritores Angolanos (UEA) e foi um dar bons conselhos que fiquem nos ouvidos forma, prescinde do título e do uso de termos dos fundadores da Brigada Jovem de das pessoas. Por exemplo: há muitos assal- susceptíveis de atrapalhar a sua compreensão, Literatura de LuandaFazem parte das tos hoje em dia. O músico deve com a sua assim como de expressões casuísticas eivadas suas obras Doutrina (1987), Meditando música dizer aos jovens para não roubar, e de sentimentalismos banais», assim escreve (1994), Rosa cor-de-rosa (1987), Cartas transmitir outras mensagens que lhes ensi- Lourenço José no prefácio da obra acres- de amor (1990), Na idade de Cristo nem algo de bom. MWANGOLÉ centando que Lopito Feijó pode ser pioneiro (1987), entre outros. MWANGOLÉ 14 D ESPORTO • M WANGOLÉ • MARÇO 2006 Selecção feminina de Andebol Embaixada de Angola é octocampeã em Portugal Séniores masculinos homenagea atletas vão ao Mundial 2007

selecção nacional sénior feminina de an- momentos difíceis que se revela o nosso carác- Adebol conquistou o oitavo título africano ter e que nos agigantamos, a fim de superar da modalidade, ao vencer na final a Tunísia, todas as barreiras que nos são colocadas”, su- país anfitrião, por 32-30. blinha a missiva. O estadista acrescenta que a O Chefe de Estado angolano, José Eduardo dos nação angolana tem mais uma vez razões para Santos, felicitou a selecção em mensagem se orgulhar das suas filhas e filhos. escrita lida momentos após ao desembarque Durante a recepção, no Aeroporto Internacio- das selecções seniores feminina e masculina nal “4 de Fevereiro”, em mensagem dirigida de andebol. às “senhoras de ouro”, o vice-ministro da Ju- José Eduardo dos Santos realça que o octo, ventude e Desportos, Gonçalves Muandumba, pela forma como foi alcançado, traduz de certo em representação do ministro Marcos Barrica, modo a capacidade de sacrifício e de determi- elogiou o esforço das campeãs. E acrescentou: nação que caracteriza o povo angolano. “É nos “isto obriga-nos a promover uma melhor orga- nização administrativa e financeira e aumentar a capacidade de realização de acções inerentes à modalidade em particular, e ao desporto em geral”, frisou. Por sua vez, a selecção masculina de andebol ficou na quarta posição ao perder frente a Mar- rocos, por 25-26. O campeonato africano de andebol sénior decorreu em Túnis de 10 a 20 embaixada de Angola em Portugal, lhança do desporto, Angola possa igual- de Janeiro. Os rapazes garantiram assim mais A homenageou as equipas nacionais de mente atingir tais performances em outros uma presença num campeonato do mundo andebol, em femininos e masculinos pelas sectores da vida nacional. apesar do quarto lugar alcançado no africano de Tunis. MWANGOLÉ suas prestações nos recentes campeonatos Na oportunidade, o presidente do conselho africanos realizados na Tunísia. técnico desportivo e chefe da delega- O embaixador Assunção dos Anjos, destacou ção, Camilo Ceitas, fez uma retrospectiva o alto nível desportivo atingido pelas selec- sobre as prestações dos dois conjuntos ções seniores femininas e masculinas de nos diferentes certames, enquanto que o Mundial de Andebol andebol que tem permitido várias conquis- vice-presidente da Federação angolana de na Rússia - Duas tas, resultado da humildade e determinação andebol, Pedro Godinho, agradeceu o gesto demonstradas diante das adversárias. da embaixada. angolanas no Para o chefe da missão diplomática, os Antes da confraternização, recheada de resultados alcançados são fruto de muito uma vasta gastronomia angolana confeccio- Top 10 das melhores sacrifício e dedicação dos atletas e dirigen- nada pelo restaurante “Palancas Negras”, marcadoras tes da modalidade, exemplos que devem, Ilda Bengue, capitã da selecção treinada na óptica do embaixador, ser seguidos por por Jerónimo Neto entregou ao embaixador ntretanto, no mundial de Andebol realiza- todos os jovens do país, para que à seme- angolano uma taça simbólica. MWANGOLÉ Edo em Saint Petersburgo, em meados de Dezembro de 2005, na Rússia, as atletas an- golanas Marcelina Kiala e Ilda Bengue fizeram parte da lista das 10 melhores marcadoras do Campeonato do Mundo sénior feminino de andebol. Marcelina Kiala, meia-distância da selecção, subiu da terceira para a segunda posição da lista das melhores marcadoras do Mundial ao marcar 28 golos, de acordo com a organização do evento. Marcelina Kiala aparece na terceira posição da classificação geral da competição, atrás da ja- ponesa Mineko Tanaka (segunda com 17) e da austríaca Tatjana Logvin, primeira da lista com 22 golos marcados. Por sua vez, a “capitã” das hepta-campeãs africanas ocupa o nono lugar com 14 golos, sendo superada pela francesa 1º de Agosto Angelique Spincer. MWANGOLÉ consagrou-se hepta campeão em 2005 formação sénior em femininos do A 1º de Agosto consagrou-se hepta campeã nacional no escalão sénior feminino, fruto de uma vitória sobre a equipa do Interclube por 45-44, em jogo da penúltima jornada referente a segunda volta do campeonato nacional da modalidade, no pavilhão 1º de Maio em Benguela. MWANGOLÉ M WANGOLÉ • MARÇO 2006 • D ESPORTO 15 Angola perde o CAN Selecção joga em Maio com a Argentina selecção nacional de futebol de honras de- terem já enfrentado no passado dia 2, em Seoul, Egipto campeão de África Afronta no próximo dia 31 de Maio, em Nápo- a Coreia do Sul, com derrota de 0-1. les (Itália), a sua similar da Argentina em desafio A selecção, tecnicamente liderada por Olivei- de carácter particular, tendo em vista o campeo- ra Gonçalves, poderá ainda defrontar antes Egipto ganhou o campeonato africano de fu- Broock nato do mundo, a ter lugar na Alemanha. O tebol, CAN 2006, ao vencer através da marca- Trabalhador da Construção da Copa, a Suíça e Arábia Saudita. Angola faz ção de grandes penalidades a Cote D’Ivoire. Assim Civil - 31 anos O confronto com os argentinos, fortes candidatos parte do grupo D ao lado do Irão, México e o Egipto conquista mais um campeonato africano. Acho que um dos factores que à conquista do título mundial, será o segundo Portugal. MWANGOLÉ Este é quinto título depois dos conquistados em levou a selecção nacional à der- teste de controlo dos Palancas Negras, depois de 1957,59,86,98. Os Camarões e Ghana venceram rota foi o facto de não termos quatro campeonatos. conseguido mostrar o potencial O técnico da selecção nacional de futebol Oliveira da equipa. Temos jogadores Gonçalves pediu desculpas ao povo angolano capazes, que são peças fundamentais da equipa, por falhar a qualificação para a segunda fase o Mantorras, o Kalanga, mas o seleccionador fez as escolhas da sua preferência. Mas tenho fé que do Campeonato Africano das Nações (CAN). Em no mundial vamos ganhar no primeiro jogo 2-0 a declarações à imprensa no final da partida em Portugal e depois vamos empatar com o México. que Angola venceu o Togo por 3-2, no Cairo, Está bom para a segunda fase. Gonçalves disse que a selecção Nacional não alcançou o objectivo por cometer muitos erros e faltar alguma sorte. Nelson Octávio Informático da Minolta

“Estamos todos tristes pelo que aconteceu. Não Higino Octávio 39 anos nos apuramos porque fizemos pouco para merecer a qualificação. Sublinhou, que espera pela compre- Acho que a selecção angolana ensão dos angolanos, que o desculpem por falhar é ainda imatura. O treinador Angola infeliz com selecções asiáticas e salientou que a solução é continuar a trabalhar não usou o Mantorras, não sei com os jogadores para colmatar os erros”. porquê. É um jogador que joga num dos melhores clubes da om uma ponta final equilibrada, a selecção O Jornal Mwangolé falou com alguns angolanos re- Europa. Angola, devia procurar mais jogadores como angolana de futebol perdeu em Seul, frente sidentes em Portugal e amantes do futebol. Eis as C o Mantorras. Tem que haver mais pesquisa, mas Higino Octávio à Coreia do Sul, por 0-1, em partida de prepara- suas opiniões sobre a derrota de Angola no CAN. pelo menos gostávamos que o treinador explicasse ção para o Mundial deste ano, na Alemanha. No porque que o Mantorras esteve lá e não jogou. Em relação ao mundial, uma vez que Angola tem pouco ano passado, os Palancas Negras foram derrota- Ademar Damião traquejo para grandes competições, acho que não dos, em Tóquio, pelo Japão, também por 0-1. Estudante - 24 anos tenho grandes expectativas, mas devemos trabalhar O único golo da partida, realizada a 1 de Março, Acho que perdemos porque não para dar o nosso melhor. Já é muito bom estarmos foi marcado por Park, avançado do Manchester jogámos ao ataque, tínhamos apurados para o mundial. Uma vez que Angola é um United da Inglaterra, aos 22 minutos. Apesar possibilidade de ganhar o pri- país jovem, que saiu de uma guerra recente, estar meiro jogo, porque embora os no mundial é um grande passo, é como subir um da derrota, os angolanos conseguiram “travar” Camarões sejam uma grande degrau, faz parte de uma aprendizagem necessária. as acções ofensivas dos sul-coreanos, mais ex- equipa, no campo, no futebol perientes em competições internacionais. isso não conta. Perdemos muitas oportunidades Zizi Ferreira Os pupilos de Oliveira Gonçalves entraram tí- por não termos jogado ao ataque. O problema foi Artista Plástica - 28 anos midos para o desafio, talvez por culpa da triste que o treinador não colocou em jogo jogadores Acredito que se apoderou da campanha africana no CAN, mas cedo desper- fundamentais, e ficamos em desvantagem ao nossa selecção alguma deso- taram e começaram a anular as jogadas do ad- jogar mais na defesa porque temos jogadores rientação porque estávamos versário. Angola, que se apresentou com uma para o ataque. Mas acho que podemos conseguir todos de olhos postos neles. Foi postura diferente da verificada no torneio CAN, melhores resultados. Acho também que há muitos lamentável porque além das ressentiu-se das baixas temperaturas (2 graus jogadores angolanos cá e que em Angola podiam nossas expectativas também se dar um bom contributo para a selecção mas não investiu bastante dinheiro na selecção nacional e centígrados). Antes do Mundial, a selecção há um trabalho de procura desses jogadores. Devia afinal eles não deram o melhor de si. Mas acho que nacional deverá defrontar ainda a Argentina, haver um espião que durante os campeonatos ainda há tempo para a equipa se preparar para o França e Espanha e Futebol Clube do Porto em observasse os jogadores angolanos. mundial. Será uma segunda oportunidade. MWANGOLÉ jogos amistosos. MWANGOLÉ

Angola no “Pote dois” Mundial do Alemanha-2006 Angola foi incluída no “Pote 2” para o sorteio da fase final do Campeonato Mundial de Futebol de 2006, a disputar-se em Junho na Alemanha.

ngola sabe já que não defrontará na primeira fase Aaas outras sete equipas do seu pote: Austrália, Cote D`ivoire, Equador, Ghana, Paraguai, Togo e Tunísia. Portugal figura no pote três. Constituição dos diversos potes onde irão tomar lugar as 32 equipas apuradas:

Pote 1: A lemanha, Inglaterra, Argentina, Brasil, Espanha, França, Itália e México.

Pote 2: Austrália , Angola, Costa do Marfim, Equador, Gana, Paraguai, Togo e Tunísia.

Pote 3: Croácia , Holanda, Polónia, Portugal, República Checa, Suécia, Suíça e Ucrânia.

Pote especial: Sérvia-Montenegro .

Pote 4: Arábia Saudita, Coreia do Sul, Costa Rica, Estados Unidos, Irão, Japão e Trinidad e Tobago. 16 A CTUALIDADE • M WANGOLÉ • MARÇO 2006 Trinta Consulado festeja Natal anos em com as crianças de Angola revista

ara assinalar os 30 anos do País, a PEmbaixada angolana em Portugal editou uma revista especial, que aborda a trajectória de Angola, iniciada a 11 de Novembro de 1975 com a proclamação da Independência por Agostinho Neto. História, Política, Geografia, Economia, Sociedade, Cultura e Desporto, são as secções em que se divide a obra, de 304 páginas, um documento útil para quem se interessa pelas questões angolanas. Retrata o nascimento do país, os caminhos conducentes à Paz, o papel desempenhado pelo Presidente José Eduardo dos Santos na pacificação, as dezoito províncias suas riquezas e necessidades. O estado actual da eco- nomia, apostada em deixar de viver só do petróleo, agricultura, indústria, banca, telecomunicações, construção, turismo e hotelaria são igualmente abordadas. A educação, como aposta chave do Luanda completou 430 anos desenvolvimento, também tema da revista que aborda em Cultura as artes plásticas, o cinema e a literatura, antes e uma noite de teatro e moda bem como o lan- çamento do CD dos Negoleiros do Ritmo. do Desporto com destaque para os O Governo Provincial de Luanda procedeu igual- êxitos que levaram ao apuramento da mente ao lançamento da sua página na Internet. selecção angolana para o mundial de futebol de 2006. No “Angola - 30 anos” podem ler-se Elias Dya Kimuezu depoimentos de políticos, intelectuais homenageado e empresários, como Almeida Santos, ex-presidente da Assembleia da Repú- om a presença de músicos como o bra- sileiro Martinho da Vila, os angolanos blica de Portugal, Inocência Mata, do- C Calabeto, Carlos Burity, As Gingas, Milita, cente da Faculdade de Letras de Lisboa Carlitos Vieira Dias e Sara Chaves, todos e Generoso de Almeida, presidente do eles suportados pela banda Maravilha Banco do Comércio e Indústria, entre tocaram numa gama de homenagem ao considerado Rei da música angolana Elias outros. MWANGOLÉ Dia Kimuezo. O espectáculo contou com a participação ecorreram várias actividades culturais, des- do bailado Minessa e do grupo Yaka. No Dportivas e recreativas em todos os municípios final, o presidente da Assembleia Na- da capital do país, no quadro dos 430 anos da Durante as comemorações de mais um aniversá- cional, Roberto de Almeida, considerou fundação da cidade de Luanda, que se assinalou rio da cidade de Luanda, ocorreu o terceiro encon- a 25 de Janeiro. tro das comissões de moradores e assembleias que a merecida homenagem ao cantor de condóminos, orientado pelo governador Job Organizadas pelo Governo Provincial de Luanda e compositor Elias Dya Kimuezu, vem Pedro Castelo Capapinha. (GPL), as actividades nos nove municípios de Lu- enaltecer o trabalho de um artista que é anda, incluíram campanhas de limpeza, plantação A cidade de Luanda é habitada por cerca de um bom exemplo de persistência para os cinco milhões de habitantes, distribuídos pelos de árvores e embelezamento da cidade e pales- jovens angolanos. Vários outros artistas tras sobre o ambiente e saneamento básico. municípios da Ingombota, Samba, Sambizanga, Rangel, Kilamba Kiaxi, Cazenga, Viana, Cacuaco e interpretaram canções de Elias, durante Campanhas de sensibilização sobre conservação, Maianga. ANGOP o evento, onde o branco e azul foram as protecção e respeito aos parques, largos, monu- mentos e sítios históricos, exposições fotográficas cores predominantes. A emoção foi gran- sobre Luanda, bem como a pintura de edifícios, de quando o homenageado fez recordar, e sensibilização da população sobre o perigo das com a sua canção, a artista Lourdes Van- grandes endemias, fizeram parte da efeméride. Dúnem, igualmente um dos nomes mais Na vertente cultural, o programa do GPL inscreve sonantes da música angolana, falecida o lançamento dos livros “Cidade e literatura”, em Janeiro em Luanda. O Governador da “Fragmentos de memórias” e “O menino de olhos de bimba” dos autores nacionais Tânia Ma- capital, Job Capapinha fez a entrega de cedo, José Pereira da Gama e Jorge Macedo, res- um diploma de honra Cidade de Luanda, pectivamente. Ocorreu ainda a inauguração da e de um cheque no valor de 10.000 dóla- escola da associação religiosa “Sukyo Mahikari”, Os artistas da baixa luandense res americanos ao cantor. MWANGOLÉ a proclamação do fórum provincial da juventude

Ficha Técnica: Edição dos Serviços de Imprensa da Embaixada de Angola em Portugal - Avenida da República, 68 - 1069-213 Lisboa - Tel.: 217942244 - 217971736 - Fax: 217986405 - E-mail: [email protected] Internet: www.embaixadadeangola.org • Design e Paginação: António Salsinha • Produção: Ricmidia • Impressão: Mirandela, Artes Gráficas, S.A. - Tel.: 213 613 400 • Tiragem: 30.000 exemplares • Depósito Legal: 171.523/01