“Elas Jogam, Tocam E Cantam”: Práticas E Discursos Sobre a Experiência Histórica De Mulheres Capoeiristas No Pará

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“Elas Jogam, Tocam E Cantam”: Práticas E Discursos Sobre a Experiência Histórica De Mulheres Capoeiristas No Pará SERVIÇO PÚBLICO FEDERAL UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ CAMPUS UNIVERSITÁRIO DE CASTANHAL PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ESTUDOS ANTRÓPICOS NA AMAZÔNIA – PPGEAA LUCIANE DE SENA CAMÕES “ELAS JOGAM, TOCAM E CANTAM”: PRÁTICAS E DISCURSOS SOBRE A EXPERIÊNCIA HISTÓRICA DE MULHERES CAPOEIRISTAS NO PARÁ CASTANHAL-PARÁ 2019 LUCIANE DE SENA CAMÕES “ELAS JOGAM, TOCAM E CANTAM”: PRÁTICAS E DISCURSOS SOBRE A EXPERIÊNCIA HISTÓRICA DE MULHERES CAPOEIRISTAS NO PARÁ Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Estudos Antrópicos da Amazônia, do Campus Universitário de Castanhal-PPGEAA/UFPA, como requisito parcial para obtenção do título de Mestra em Estudos Antrópicos da Amazônia Linha de pesquisa: Linguagens, Tecnologias e Saberes Culturais. Orientador: Prof. Drº Luiz Augusto Pinheiro Leal. CASTANHAL-PARÁ 2019 LUCIANE DE SENA CAMÕES “ELAS JOGAM, TOCAM E CANTAM”: PRÁTICAS E DISCURSOS SOBRE A EXPERIÊNCIA HISTÓRICA DE MULHERES CAPOEIRISTAS NO PARÁ Data de Avaliação: Banca examinadora _________________________________________ Orientador (Presidente) Prof Drº Luiz Augusto Pinheiro Leal Universidade Federal do Pará/PPGEAA/PPGEDUC _________________________________________ Membro Interno Professora Drª Gisela Macambira Villacorta Universidade Federal do Pará/PPGEAA _________________________________________ Membro Externo Professora Drª Vilma Nonato de Brício Universidade Federal do Pará/PPGCITI AGRADECIMENTOS Ser grata é manifestar com grandeza e sabedoria o respeito a todos os seres de luz que me energizaram e fortaleceram ao longo desses dois anos de estudos. Agradeço primeiramente ao Deus pelas bênçãos alcançadas e pelo fortalecimento espiritual; À minha mãe Elza Camões, meu maior amparo nos momentos de angustia, mulher linda, de sorriso doce e abraços aconchegantes. Gratidão pela compreensão e paciência durante esse período; À meu pai, Mário Camões (in memoriam), meu grande incentivador, o qual com certeza estaria muito feliz de me ver crescendo academicamente e pessoalmente; Ao meu esposo, Celso Xavier, pelo companheirismo, a amizade, a compreensão, a preocupação e as contribuições. Agradeço por ter me acompanhado nas visitas em campo, me incentivado nos treinos de capoeira, me ajudado com as transcrições das entrevistas. Enfim, pelas inúmeras contribuições; Às minhas irmãs Tatiane, Josiane, Viviane, Cristiane e Lidiane, meu irmão Elito, pessoas maravilhosas e que sempre me incentivaram; Às sobrinhas e os sobrinhos, que sentem orgulho por minhas conquistas; À minha sogra Adalgisa e sogro Nonato, assim como as cunhadas e cunhadas, por todo incentivo; Ao meu orientador Augusto Leal pelas contribuições, vivências e aprendizados. Seus escritos sobre capoeira e gênero foram primordiais para construção desse trabalho; Ao Malungo Centro de Capoeira Angola pelo apoio, contribuições, vivência, formações, partilhas e pelas travessias cheias de aprendizado; Ao “Bando da Brava” Lira, Keké, Darcica, Vera, Ana, Thayná, Laíne, Dalém, Lucenilda, Ana Paula, Suzy pelo acolhimento e as vivências partlilhadas. Nossas conversas partilhadas nas travessias e no grupo de WhatsApp foram primordiais para efetivação desse trabalho, uma amizade que se construiu em campo que se perdurará para o resto da vida; Ao Malungo Belém pelo acolhimento, compreensão e contribuição com a pesquisa; Meu agradecimento especial a todas as mulheres capoeiristas que contribuíram para que esse trabalho fosse construído: Antonia Lira, Clecilma Keké, Daélem Dada, Lucenilda, Alessandra Leca, Juliene, Mestra Érica Catita, Contramestra Claudinete Nega, Sabrina, Ilca Batatona, Elen, Socorro, Camila, Aldiene, Jamile Pretta, Andreza Miudinha, Gisele Tsuname e Walquiria. Minha gratidão também a mestra Di e mestra Ritinha (in memoriam) pelos relatos de suas trajetórias na capoeira. Às minhas amigas Kátia Mendonça, Ivana Dácio e Josivane Gomes pelos incentivos e todas aquelas que não foram citadas, mas que estiveram torcendo por mim; À amiga Profª M.Sc Edileuza Almeida por todo apoio, incentivo e contribuições. És uma grande amiga, mesmo estando longe fisicamente, tua delicadeza e solidariedade contribuíram para que eu persistisse; Agradeço as Professoras Drª Joyce Otânia e Drª Vilma Brício pelos aprendizados e contribuições desde a graduação e com o grupo GEPEGE; Agradeço as amizades que construí em virtude do programa PPGEAA/2017, em especial as amigas Maeli e Joana, pelos diálogos e contribuições. Não posso deixar de citar todo o envolvimento, união e solidariedade construídas entre todos/as os/as discentes do programa; Agradeço as professoras Drª Vilma Brício e Drª Gisela Villacorta por aceitarem participar da banca examinadora. Gratidão às amigas e amigos de trabalho, que vivenciaram comigo essa trajetória acadêmica e profissional, agradeço pelos incentivos, contribuições e compreensão durante esse processo. Por final agradeço a todos/as que fazem parte do programa PPGEAA, docentes, coordenação, secretaria e a equipe de limpeza e segurança; Gratidão! A ESSAS E TANTAS OUTRAS… Essas que se embrenharam mata adentro e se negaram aos colonizadores e as que colaboraram e casaram com eles, Essas que embarcaram ainda crianças e as que ultrapassaram os limites da chegada, Essas que levaram chibatadas e marcas de ferro quente e as que se revoltaram e fundaram quilombos, Essas que vieram embaladas por sonhos e as que atravessaram nos porões da escuridão, Essas que geraram filhas e filhos e as que nunca pariram, Essas que acenderam todas as espécies de velas e as que arderam nas fogueiras, Essas que lutaram com armas e as que combateram sem elas, Essas que cantaram, dançaram, pintaram e bordaram e as que só criaram empecilhos, Essas que escreveram e traduziram seus sentimentos e as que nem mesmo assinavam o nome, Essas que clamaram por conhecimento e escolas e as que derrubaram os muros com os dedos, Essas que trabalharam nos escritórios e fábricas e as que empunharam as enxadas no campo, Essas que ocuparam ruas e praças e as que ficaram em casa, Essas que quiseram se tornar cidadãs e as que imaginaram todas votando, Essas que assumiram os lugares até então proibidos e as que elegeram as outras, Essas que cuidaram e trataram dos diferentes males e as que adoeceram por eles, Essas que alimentaram e aplacaram os vários tipos de fome e aquelas que arrumaram a mesa, Essas que atenderam, datilografaram e secretariaram e aquelas que lavaram e passaram sem conseguir atenção, Essas que se doutoraram e ensinaram e as que aprenderam com a vida, Essas que nadaram, correram e pularam e as que sustentaram a partida, Essas que não se comportaram bem e amaram de todas as maneiras e as que fizeram sem pedir licença, Essas que desafinaram o coro do destino e as que com isso abriram as alas e as asas, Essas que ficaram de fora e aquelas que ainda virão, Essas e tantas outras que existiram dentro da gente e as que viveram por nós (Érico Vital Brasil e Schuma Schumaher) RESUMO Este trabalho busca discutir as experiências históricas de algumas mulheres capoeiristas envolvidas na prática de “vadiagem” em algumas cidades do Pará, suas experiências foram analisadas a partir dos discursos construídos sobre o feminino e as relações de gênero geradas por tais concepções. De modo específico, buscamos traçar perfis das mulheres capoeiristas de algumas cidades do Pará, conhecer e discutir sobre suas experiências na capoeira; analisar o processo de inserção das capoeiristas nos grupos e suas formações; verificar a importância dos coletivos de capoeira; refletir sobre as questões ligadas as especificidades do feminino como gravidez, TPM e outras; e refletir sobre o saber-fazer na capoeira. A partir da análise de dados, pretende-se entender a trajetória das capoeiristas, suas experiências e vivências nos grupos de capoeira, e como estes grupos podem contribuir com o protagonismo destas mulheres. A pesquisa baseia-se em análise qualitativa de dados obtidos a partir de entrevistas semiestruturadas, diário de campo e questionário aberto aplicado a 19 mulheres do Pará (Belém, Abaetetuba, Bragança, Castanhal e Cametá), onde discussões são realizadas a partir de escritos sobre gênero, feminismo negro e capoeira. Na contação de história oral é possível buscar contribuições da etnografia e de teóricos que realizam estas reflexões. A partir das narrativas obtidas durante a pesquisa foi possível perceber que: as mulheres vivenciam frequentemente situações em que há reprodução do machismo, sexismo e violência. Os coletivos feministas de capoeiras estão realizando ações de protagonismo feminino como: rodas feministas; oficinas; rodas de conversa; atos públicos; e cartas de repúdio. É possível perceber que as mulheres estão avançando nas graduações. Entretanto as relações entre homens e mulheres na capoeira continuam muito desiguais, sendo necessário a desconstrução de discursos e práticas. Este processo de pesquisa poderá contribuir para construção de novos diálogos sobre a participação de mulheres na capoeira e sobretudo, contribuir com o protagonismo, a visibilidade e a construção de lugares de fala das mulheres na capoeira, e contribuir com a reflexão sobre a participação das mulheres nos grupos de capoeira e problematizar suas práticas construídas, visto que são aspectos importantes para ocupação da figura feminina nos seus espaços. Palavras-chave: Capoeira. História das mulheres. Gênero. Feminismo negro. ABSTRACT This work aims to discuss the historical experiences of some women capoeiristas involving “vadiagem” practice in some cities of Pará, their experiences were analyzed from the speeches built about feminine and gender relations
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