Mulheres No Jornalismo Práticas Profissionais E Emancipação Social
Total Page:16
File Type:pdf, Size:1020Kb
Organizadoras Marli dos Santos Ana Carolina Rocha Pessôa Temer MULHERES NO JORNALISMO PRÁTICAS PROFISSIONAIS E EMANCIPAÇÃO SOCIAL Organizadoras Marli dos Santos Ana Carolina Rocha Pessôa Temer MULHERES NO JORNALISMO PRÁTICAS PROFISSIONAIS E EMANCIPAÇÃO SOCIAL São Paulo Editora Cásper Líbero UFG/FIC 2018 MULHERES NO JORNALISMO Organização Produção Marli dos Santos Simonetta Persichetti Ana Carolina Rocha Pessôa Temer Diagramação Colaboração editorial Giulia Elisa Garcia de Souza Jéssica de Oliveira Collado Mateos Guilherme Martins Batista Dados Internacionais de Catalogação na Publicidade (CIP) Biblioteca Prof. José Geraldo Vieira M922 Mulheres no jornalismo: práticas profissionais e emancipação social [recurso eletrônico] / organização Marli dos Santos e Ana Carolina Rocha Pessôa Temer. – 1. ed. – São Paulo: Cásper Líbero : UFG/FIC, 2018 ISBN: 978-85-88668-02-7 recurso digital: il. 1. Mulheres jornalistas. 2. Mulheres jornalistas - História. 3. Mulheres - Representação da mídia. I. Santos, Marli dos. II. Temer, Ana Carolina Rocha Pessôa. CDD 070.48347 Bibliotecária responsável: Daniela Paulino Cruz Bissolato - CRB 8/6728 Conselho Editorial Ana Carolina Rocha Pessoa Temer (UFG) José Wagner Ribeiro (UFAL) Ana Rita Vidica Fernandes (UFG) Luciano Alves Pereira (UFG) Ana Valéria Machado Mendonça (UNB) Luiz Antonio Signates Freitas (UFG) Andréa Pereira dos Santos (UFG) Magno Luiz Medeiros (UFG) Antonio Fausto Neto (Unisinos) Márcia Perencin Tondato (ESPM) Claudomilson Fernandes Braga (UFG) Maria Aparecida Baccega (ESPM) Daniel Christino (UFG) Maria Francisca Nogueira (UFG) Goiamérico Felício Carneiro dos Santos (UFG) Simone Antoniaci Tuzzo (UFG) Jairo Ferreira (Unisinos) Suely Gomes (UFG) José Luiz Braga (Unisinos) Tiago Mainieri de Oliveira (UFG) Editora Cásper Líbero Av. Paulista, 900 – CEP: 01310-000 – São Paulo/SP Fone: (11) 3170-5841 [email protected] MULHERES NO JORNALISMO SUMÁRIO Apresentação ..................................................................... 7 PARTE I: ASSÉDIO E PRECONCEITO Telejornalistas mulheres e as desigualdades de gênero Ana Carolina R. P. Temer e Ana Maria Morais ............................ 13 A escassez de jornalistas negras na bancada do telejornalismo brasileiro Melissa Galdino ............................................................... 33 Mais independentes, mas sob a influência do machismo: as vozes das jornalistas de São Paulo Jéssica de Oliveira Collado Mateos ........................................ 55 A mulher no jornalismo investigativo: pistas deixadas no Prêmio Esso Marli dos Santos............................................................... 69 PARTE II: FOTOJORNALISTAS E REVOLUCIONÁRIAS Tina Modotti, um olhar sobre a história Simonetta Persichetti ........................................................... 95 Mulheres fotojornalistas: assimetrias de gênero na distribuição de pautas Nathália Cunha da Silva.................................................... 107 A quase-ausência das mulheres na memória do fotojornalismo paulista Alana Calixto................................................................. 131 5 MULHERES NO JORNALISMO PARTE III: LUTAS E VITÓRIAS Mulheres jornalistas, movimento sindical e ações afirmativas de gênero Francisco de Assis............................................................. 153 Perspectiva feminina no webjornalismo colaborativo da Pública Vitória Souza Rocha......................................................... 181 Jornalismo investigativo e questão de gênero Caroline Ferrari............................................................. 201 6 MULHERES NO JORNALISMO APRESENTAÇÃO O livro Mulheres no jornalismo: práticas profissionais e lutas para emancipação social é resultado do projeto de pesquisa “Práticas de investi- gação jornalística na contemporaneidade e relações de gênero”, que gerou di- versos estudos no âmbito do grupo de pesquisa “Jornalismo Contemporâneo: novas práticas para emancipação social na cultura tecnológica” (anterior- mente denominado “Novas práticas jornalísticas”), certificado pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e vincula- do ao Programa de Pós-Graduação em Comunicação da Faculdade Cásper Líbero (FCL), em São Paulo. O grupo conta com a liderança de Marli dos Santos, docente do PPGCOM da Cásper Líbero, e como vice-líder Francisco de Assis, coordenador do Mestrado Profissional em Jornalismo, do FIAM FAAM Centro Universitário, tendo participantes vinculados a outras institui- ções de ensino e pesquisa e organizações jornalísticas. Importante destacar que o grupo reúne doutores e doutorandos, mestres e mestrandos, graduados e graduandos, atuantes na pesquisa científica e no mercado da comunicação. Nesta publicação as pesquisas apresentadas têm como objetivo central investigar a inserção da mulher no jornalismo brasileiro, considerando as perspectivas de gênero e étnicas, bem como as especialidades e o engaja- mento político. Sobretudo, a produção deste livro tem como propósito a contribuição para o debate sobre as jornalistas que atuam em diversas mídias jornalísticas, muitas delas discriminadas em suas atividades dentro e fora das redações. Para o delineamento da pesquisa, dois aspectos foram especial- mente estimuladores: a feminização das redações, com a presença majoritá- ria das mulheres no jornalismo (63,7%), de acordo com o “Perfil do Jornalis- ta Brasileiro: características demográficas, políticas e do trabalho jornalístico em 2012”, de Jacques Mick e Samuel Lima”, em 2013; e a onda feminista no Brasil, denominada pela imprensa como “Primavera feminista”, a partir da segunda década deste século, que fez emergir com vigor debates sobre ques- tões de preconceito, assédio e emancipação da mulher na sociedade. Embora o mercado de trabalho jornalístico reflita uma mudança social em relação à presença da mulher, isso não significa que a discriminação 7 MULHERES NO JORNALISMO não seja histórica e presente nesse campo profissional. Basta analisar os dados do Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado de São Paulo, o qual aponta que a participação feminina nas redações começa a ter alguma expressão mais significativa a partir da década de 1980 (40%), não se refle- tindo no acesso mais igualitário a cargos de chefia, em salários equiparados aos dos homens, na presença destacada em premiações importantes na área até a virada do século XXI, bem como nas publicações comemorativas da grande imprensa. Como em outros segmentos do mundo do trabalho, o jornalismo está imerso no contexto da sociedade patriarcal, que desde seu surgimento se mantem à custa de um discurso baseado na questão econômica, o qual sus- tenta o poder familiar e político dos homens. Embora as conquistas femi- ninas no mundo do trabalho se justificaram em grande parte pelas necessi- dades de sobrevivência e pelas mudanças nas instituições seculares, como a família, ainda hoje as mulheres sofrem com relações tensas no trabalho e discriminação de gênero, conforme apontam pesquisas da Organização In- ternacional do Trabalho (OIT), de 2016 e 2017. O percurso das lutas femininas é longo, e começou decisivamente no século XIX, com a conquista do voto feminino e com a inserção da mulher no mercado de trabalho no período das guerras mundiais. O movimento fe- minista nas décadas de 1960, 70 e nos anos 2000 contribuíram e contribuem significativamente para a conscientização das mulheres e dos diversos seg- mentos sociais, incluindo o mundo profissional. Porém, a divisão sexual do trabalho observada no âmbito das empresas mostra que a mulher ainda está ligada ao mundo privado, às atividades domésticas, como uma característica “natural”, levando-a a assumir a jornada dupla quase como uma missão de vida. Isso se reflete nas pautas cobertas pelas jornalistas, também ligadas ao universo considerado feminino, como também na sua ascensão na pro- fissão. Obviamente que há mulheres especializadas em editorias geralmen- te consideradas mais relevantes para o jornalismo, como política, polícia e economia, mas em geral as participantes das pesquisas aqui apresentadas reclamam que as chefias “as poupam” de assuntos mais complexos, que exi- giriam mais dedicação e contato com fontes ligadas a esses setores. 8 MULHERES NO JORNALISMO As pesquisas apresentadas neste livro possuem uma abordagem quali- tativa, com objetivo exploratório. Os procedimentos incluem amostras não probabilísticas, de cunho intencional, e com a aplicação de entrevistas se- miestruturadas. Os principais referenciais teóricos abrangem autores como Bourdieu (2002), Lipovetsky (2000), Scott (1995), Butler (2014), Boff e Muraro (2002), Kergoat (2009, 2010), Hirata (2002); Hirata & Kergoat (2007), Rocha (2007), Ramos (2010) e Fígaro (2013). Para efeito de organização em relação aos recortes das pesquisas apre- sentadas, reunimos as contribuições em três grupos: as que dão ênfase ao assédio moral e sexual e ao preconceito; as que abordam a mulher fotojor- nalista, uma das especializações do jornalismo; e as que priorizam lutas e vitórias das mulheres na atividade jornalística. A primeira parte, denominada Assédio e Preconceito, reúne quatro pesquisas. A primeira aborda assédio e preconceito no telejornalismo, em Telejornalistas mulheres e as desigualdades de gênero, elaborada por Ana Carolina Rocha Pessôa Temer, coordenadora e docente do Programa de Pós- -Graduação em Comunicação da Universidade Federal de Goiás (UFC) e Ana Maria Moraes, mestranda no mesmo Programa. O segundo estudo abor- da as jornalistas negras como apresentadoras no telejornalismo brasileiro,