RECURSOS GENÉTICOS ANIMAIS E SISTEMAS DE EXPLORAÇÃO TRADICIONAIS EM PORTUGAL

ANIMAL GENETIC RESOURCES AND TRADITIONAL PRODUCTION SYSTEMS IN PORTUGAL

Matos, C.A.P.

Centro de Experimentação do Baixo Alentejo – Direcção Regional de Agricultura do Alentejo. Herdade da Abóbada. 7530 – Vila Nova de São Bento. Serpa, Portugal. http:\www.min-agricultura.pt/documentos/11-investigacao/abobada/ceba.html

PALAVRAS CHAVE ADICIONAIS ADDITIONAL KEYWORDS

Conservação. Bovinos. Ovinos. Caprinos. Conservation. Cattle. Sheep. Goats. Swine. Suínos. Equinos. Horses.

RESUMO

Os recursos genéticos locais em Portugal Portugal, em termos de dimensão dos efectivos estão representados por 13 raças de bovinos de e aproveitamento da produção. No Norte, predo- carne, 12 raças de ovinos, 5 raças de caprinos, mina a exploração familiar e pratica-se uma 2 raças de suínos e 3 raças de equinos, totalizan- agricultura de subsistência. No Sul, os efectivos do em 1999, um número de fêmeas registadas de são em geral de dimensão elevada e pratica-se 70000, 136176, 43700, 6520 e 8600, respectiva- uma agricultura de cariz empresarial. Cerca de mente. Apesar da elevada diversidade genética, 40 p.100 da totalidade das raças autóctones têm a contribuição relativa das várias raças locais efectivos inferiores a 5000 fêmeas, encontran- para os efectivos totais nacionais das diversas do-se portanto em estado de extinção mais ou espécies é de apenas 24 p.100 para os bovinos, menos acentuado, necessitando assim de pro- 6 p.100 para os ovinos, 7,8 p.100 para os gramas de conservação genética e de medidas caprinos, 2 p.100 para os suínos e 15,2 p.100 objectivas que visem a sua utilização futura. para os equinos. A maioria dos animais explora- dos em Portugal provêm de cruzamentos entre raças locais e exóticas em variados graus de SUMMARY absorção. A estrutura fundiária das explorações em Portugal, associada à diversidade das In Portugal, there are 13 beef cattle breeds, condições de solo, clima e de cultura, são facto- 12 sheep breeds, 5 goat breeds, 2 swine breeds res que mais influenciam os sistemas de and 3 horse breeds identified, with total numbers exploração. Para as várias raças locais, e prin- of registered females, in 1999, of 70000, 136176, cipalmente para os ruminantes, o sistema de 43700, 6 520 and 8600, respectively. Despite the exploração tradicional mais característico é o high genetic diversity represented by these native extensivo. No entanto, observa-se uma breeds, their relative contributions for national diferenciação nítida entre o Norte e o Sul de herds are only 24 p.100 for beef cattle, 6 p.100

Arch. Zootec. 49: 363-383. 2000. MATOS for sheep, 7.8 p.100 for goats, 2 p.100 for swine científica e até mesmo económica and 15.2 p.100 for horses. The vast majority of (Hodges, 1992). animals raised in Portugal are crossbreds, as a A principal questão, motivo de result of continued crossbreeding practices with amplo debate, prende-se com a exotic germplasm. Farm size, climatic, soil and dificuldade em manter raças locais, cultural diversity are the main factors influencing algumas delas desajustadas hoje em production systems. The extensive production dia em termos produtivos, e que, por system is the most typical in Portugal, namely for isso mesmo se encontram em risco de ruminant species. However, in terms of average extinção (Schulte-Coerne, 1992). As herd sizes, use of products and type of enterprise, medidas recentes levadas a efeito no there is a clear distinction between the North and seio da União Europeia, nomeadamente the South of Portugal. While in the North, family a prática de subsídios directos aos based enterprises are the most common, in the criadores das raças declaradas em vias South, herd sizes and enterprises are larger, and generally more competitive. Approximately 40 de extinção surtiu alguns efeitos, e, em p.100 of total native breeds have less than 5000 Portugal, verificou-se que a tendência registered females. According to FAO standards, para redução dos efectivos que se these breeds are in various degrees of en- vinha a observar, foi de certo modo dangerment and genetic conservation programs, invertida (Gama e Matos, 1997). Outras as well as actions for their future utilization and medidas que, indirectamente têm management, need to be implemented. exercido um reflexo de certo modo positivo na exploração de genótipos locais, são os apoios financeiros que INTRODUÇÃO alguns produtores de diversas raças nacionais têm auferido, visando a A importância dos recursos genéti- transformação e comercialização de cos locais tem sido reconhecida desde produtos genuínos de elevada quali- longa data, mas ganhou novos contor- dade. nos, principalmente na última década O objectivo deste trabalho é proce- (FAO, 1992). Por exemplo, no seio da der ao diagnóstico da importância ac- União Europeia, as medidas de política tual dos genótipos locais de animais agrícola têm vindo sucessivamente a domésticos em Portugal e respectiva promover sistemas de exploração sus- contribuição relativa no contexto da tentados, e logo cada menos intensi- produção animal nacional, e descrever vos, com o objectivo global de proteger sumariamente os sistemas de explora- o ambiente e preservar a paisagem ção tradicionais mais característicos. rural. Neste âmbito, e no que diz respeito à produção animal, cresceu o interesse pela exploração de raças 1. IMPORTÂNCIA RELATIVA DOS nativas, devido essencialmente às suas PRINCIPAIS PRODUTOS DE ORIGEM características, nomeadamente a ANIMAL EM PORTUGAL adaptação às condições edafo-climáti- cas locais mais ou menos adversas. Os dados publicados pelo Instituto Outros argumentos mais utilizados, têm Nacional de Estatística (INE,1998) a ver com razões de natureza cultural, referentes às principais produções

Archivos de zootecnia vol. 49, núm. 187, p. 364. RECURSOS GENÉTICOS ANIMAIS E SISTEMAS DE EXPLORAÇÃO EM PORTUGAL pecuárias em 1998 e ao consumo de os bovinos atingem alguma expressão carne por habitante encontram-se na com 12,4 p.100 da produção total de tabela I. No que respeita à produção carne. Em termos de comércio inter- de carne, os suínos e aves são as nacional, o balanço entre exportações espécies mais importantes, contribuindo e importações é extremamente defici- com 46 p.100 e 38,2 p.100 para a tário para Portugal. Assim, para o ano produção total, respectivamente. Das de 1998, os dados do INE revelam que restantes espécies domésticas, apenas as exportações de carne de suíno (2254 toneladas), bovino (1312 toneladas) e ovino e caprino (30 toneladas), correspondem respectivamente a 0,6 Tabela 1. Principais produções pecuárias p.100, 1,3 p.100 e 0,1 p.100 da produção e consumo de carne por habitante em Por- total de cada uma destas espécies. tugal. (Main livestock products and meat Quanto às importações, a carne de consumption per inhabitant in Portugal). suíno atingiu as 74268 toneladas (21 p.100 da produção nacional), a carne Producción Consumo** de bovino cifrou-se em 57000 tonela- das (59 p.100 da produção), e o con- Carne (toneladas) kg/habitante Bovino 96710 14,7 junto carne de ovino e caprino foi de Ovino 22778 3,7*** 9211 (36 p.100 da produção). Caprino 2863 - As estatísticas do INE revelam que Suíno 358611 38,4 o consumo médio de carne por habi- Equídeos 599 0,1 tante foi de 92,8 kg. As carnes de suíno Aves* 297654 26,7 e aves são as que atingem valores mais Total 779215 elevados e representam 41,4 p.100 e 28,8 p.100 do consumo total de carne, Leite (x1000 litros) respectivamente. A carne de bovino Vaca 1776049 representa 15,8 p.100 e a de ovino e Ovelha 96712 caprino apenas 3,9 p.100 do consumo Cabra 41109 total de carne em Portugal. Total 1913870 A produção de leite de vaca corres- Queijo (toneladas) ponde a 93 p.100 da produção total Vaca 48233 enquanto a produção de queijo repre- Ovelha 16119 senta 73 p.100. O leite de ovelha des- Cabra 1713 tina-se quase exclusivamente à Total 66095 produção de queijo, e representa 24,4 p.100 da produção total de queijo, Lã (toneladas) 8995 enquanto que a produção de queijo de cabra apenas representa 2,6 p.100. Fonte: INE, 1998 (resultados provisórios). Em relação ao leite de vaca para con- * Inclui animais de capoeira e frangos de carne sumo, Portugal exportou 153110 tone- (tipo industrial). ladas e importou 100254 toneladas em ** Resultados provisórios de 1997. *** Inclui o consumo de carne de ovino e caprino. 1998, indicando um balanço positivo, contrariamente ao que se observou

Archivos de zootecnia vol. 49, núm. 187, p. 365. MATOS

Açores

Madeira

Figura 1. Mapa de Portugal (Continente e Ilhas) e respectiva divisão em Unidades Territoriais (Adaptado de INE,2000; www.ine.pt). (Map of Portugal (Continent and Islands) and its division in regions (Adapted from INE, 2000; www.ine.pt)). para a produção de carne de bovino. de aproximadamente 14,3 p.100 nos efectivos entre 1988 e 1998. Os bovi- nos leiteiros, essencialmente do tronco 2. EVOLUÇÃO E DISTRIBUIÇÃO Frísia, predominam nas regiões Norte GEOGRÁFICA DOS EFECTIVOS DAS e Centro de Portugal e nas Ilhas dos PRINCIPAIS ESPÉCIES PECUÁRIAS Açores. De referir que, apesar do declínio dos efectivos se verificar em 2.1 BOVINOS todo o Continente, foi na região Norte A evolução dos efectivos bovinos que a redução foi mais acentuada, segundo o INE (1998), assim como a enquanto que nas Ilhas dos Açores se sua distribuição geográfica pelas várias verificou um aumento de 20000 vacas. regiões de Portugal (unidades terri- A causa principal desta redução de toriais representadas na figura 1) efectivos deverá estar relacionada encontra-se na tabela II. No que certamente com a imposição de quotas respeita aos bovinos de leite, os resul- leiteiras por parte da União Europeia tados globais indicam uma diminuição aos vários países membros.

Archivos de zootecnia vol. 49, núm. 187, p. 366. RECURSOS GENÉTICOS ANIMAIS E SISTEMAS DE EXPLORAÇÃO EM PORTUGAL

Relativamente aos bovinos de car- actualmente mais elevada do que a dos ne, observa-se a situação contrária à bovinos de carne. descrita para os bovinos leiteiros. Assim, na década considerada, 2.2 OVINOS verificou-se um aumento de 37 p.100 A informação relativa à evolução nos efectivos, sendo a região do dos efectivos ovinos referente ao pe- Alentejo aquela em que se registou o ríodo 1994 a 1998 encontra-se na maior incremento (aproximadamente tabela III. O efectivo ovino nacional 60 p.100 ) e onde existem actualmente em 1998 totalizava cerca de 2,3 milhões mais bovinos de carne (48 p.100 do de fêmeas, sendo a sua maioria (72,4 total). p.100) de raças vocacionadas para a Resumidamente, o efectivo actual produção de carne. Para o período de bovinos leiteiros em Portugal considerado, verifica-se uma certa (355000 vacas) continua a ser mais tendência para estabilização dos efec- elevado que o efectivo de bovinos de tivos, apesar da pequena diminuição carne (289000 vacas), apesar do nos ovinos de leite (cerca 1 p.100) e do declínio observado na última década. ligeiro aumento para os ovinos de car- Assim, talvez se possa concluir que a ne (0,8 p.100). Relativamente à contribuição dos bovinos de leite para distribuição geográfica, observa-se que a produção total de carne de bovino em actualmente metade dos ovinos de leite Portugal (ver tabela I) continua a ser são explorados na região Centro de

Tabela II. Evolução dos efectivos bovinos Tabela III. Evolução dos efectivos ovinos (nº de fêmeas) entre 1988 e 1998 e respec- (nº de fêmeas) entre 1994 e 1998 e respec- tiva distribuição geográfica em Portugal tiva distribuição geográfica em Portugal (unidade: 1000 cabeças). (Evolution of cattle (unidade: 1000 cabeças). (Evolution of sheep numbers (cows) between 1988 and 1998 and numbers (ewes) between 1994 and 1998 and their geographic distribution ) (unit: 1000 head). their geographic distribution ) (unit: 1000 head).

Bovinos Ovinos Leite Carne Leite Carne Região 1988 1998 1988 1998 Região 1994 1998 1994 1998

Norte 191 134 61 80 Norte 71 78 238 255 Centro 88 87 31 27 Centro 323 319 146 142 Lisboa e Vale do Tejo 35 27 17 27 Lisboa e Vale do Tejo 111 99 189 160 Alentejo 23 15 86 138 Alentejo 128 132 1024 1025 Algarve 4 2 5 3 Algarve 6 5 44 41 Açores 69 89 10 14 Açores 0 0 2 3 Madeira 4 1 1 0 Madeira 0 0 7 7 TOTAL 414 355 211 289 TOTAL 639 633 1650 1663

Fonte: INE, 1998 (resultados provisórios). Fonte: INE, 1998 (resultados provisórios).

Archivos de zootecnia vol. 49, núm. 187, p. 367. MATOS

Portugal e os ovinos de carne na região 1998, sendo a região Centro aquela em do Alentejo (62 p.100 do efectivo). De que o efectivo é mais numeroso e em salientar no entanto que, apesar da que se verificou um declíneo mais acen- estabilização dos efectivos, se observa tuado. Em 1998, o efectivo conjunto uma tendência para aumentos de ovi- (Norte e Centro) e o efectivo do nos quer de leite quer de carne nas Alentejo representavam 60,7 p.100 e regiões Norte e Alentejo, zonas consi- 20 p.100 do efectivo caprino nacional, deradas marginais e onde predomina o respectivamente. A causa principal da regime de exploração extensivo, redução dos efectivos caprinos deverá enquanto que nas regiões mais ricas e estar associada às condições de desenvolvidas, como é o caso do Cen- exploração em que os animais desta tro e Lisboa e Vale do Tejo, se verifica espécie são tradicionalmente explora- a situação oposta. Finalmente, deve- dos que se reflecte, em última análise, se referir a inexistência de genótipos na dificuldade de encontrar mão de ovinos produtores de leite nas ilhas dos obra disponível para a guarda dos Açores e da Madeira. rebanhos.

2.3 CAPRINOS 2.4 SUINOS A evolução dos efectivos caprinos Na tabela V apresenta-se algumas e a respectiva distribuição geográfica estatísticas relativas ao efectivo suíno está representada na tabela IV. Ob- e sua distribuição geográfica. Para o serva-se um redução de 9 p.100 no período considerado (1988 a 1998), efectivo caprino nacional entre 1990 e observou-se um aumento de 25 mil

Tabela IV. Evolução dos efectivos caprinos Tabela V. Evolução dos efectivos de suínos (nº de fêmeas) entre 1990 e 1998 e respec- (nº de fêmeas) entre 1988 e 1998 e respec- tiva distribuição geográfica em Portugal tiva distribuição geográfica em Portugal (unidade: 1000 cabeças). (Evolution of goat (unidade: 1000 cabeças). (Evolution of swine numbers (goats) between 1990 and 1998 and numbers (sows) between 1988 and 1998 and their geographic distribution) (unit: 1000 head). their geographic distribution ) (unit: 1000 head).

Região 1990 1998 Região 1990 1998

Norte 128 128 Norte 18 23 Centro 238 213 Centro 79 92 Lisboa e Vale do Tejo 92 74 Lisboa e Vale do Tejo 128 130 Alentejo 124 112 Alentejo 58 63 Algarve 18 19 Algarve 11 10 Açores 6 6 Açores 4 5 Madeira 10 9 Madeira 2 2 TOTAL 616 561 TOTAL 300 325

Fonte: INE, 1998 (resultados provisórios) Fonte: INE, 1998 (resultados provisórios)

Archivos de zootecnia vol. 49, núm. 187, p. 368. RECURSOS GENÉTICOS ANIMAIS E SISTEMAS DE EXPLORAÇÃO EM PORTUGAL fêmeas reprodutoras (8,5 p.100) no Apesar de, no seu conjunto, asininos efectivo nacional em quase todas as e muares apresentarem efectivos su- regiões, sendo mais elevado na região periores aos equinos, verifica-se uma Centro (15000 fêmeas). Também se tendência inversa em termos de verifica que as áreas de maior evolução entre 1988 e 1998. De facto, concentração de suínos são a região neste período, observou-se um de- de Lisboa e Vale do Tejo e a região créscimo de 33 p.100 nos efectivos Centro com 40 p.100 e 28,3 p.100 do nacionais de asininos e muares, que foi efectivo nacional, respectivamente. menos acentuado na região Norte (24 p.100), variou entre 35 p.100 e 38 2.5 EQUINOS, ASININOS E M UARES p.100 nas regiões Centro, Alentejo, Os dados referentes aos efectivos Algarve e Açores, e foi de 50 p.100 e de equinos, asininos e muares estão de 70 p.100 nas regiões de Lisboa e condensados na tabela VI. No que se Vale do Tejo e Madeira, respectiva- refere aos equinos, verifica-se que mente. entre 1988 e 1998 os efectivos aumentaram significativamente (apro- ximadamente 31 000 animais). De 3. IMPORTÂNCIA DOS GENÓTIPOS salientar que os aumentos foram ³ 100 LOCAIS DAS VÁRIAS ESPÉCIES p.100 para quase todas as regiões com PECUÁRIAS excepção das ilhas dos Açores. Tendo em vista os resultados globais até agora apresentados para as diver- sas espécies pecuárias, talvez seja Tabela VI. Evolução dos efectivos equinos, interessante analisar a contribuição das asininos e muares (nº de animais) entre várias raças locais para o efectivos 1988 e 1998 e respectiva distribuição geo- nacionais. Para tal, comparámos os gráfica em Portugal. (Evolution of the number dados do INE referentes a 1998 of horses, donkeys and mules between 1988 (tabelas II a VI) com informação and 1998 and their geographic distribution). relativa ao número de animais inscritos Equinos Asininos e no Registo Zootécnico (RZ) ou no Muares Livro Genealógico (LG) para cada uma Região 1988 1998 1988 1998 das raças nacionais (tabelas VII a XI) (Carolino, 1999). Apesar dos da- Norte 5632 14699 43272 32823 dos do INE referentes a 1998 serem Centro 5120 10222 40868 26474 ainda provisórios, e os dados do RG ou Lisboa e V. Tejo 6400 14632 10818 5444 LG das várias raças se reportarem a Alentejo 4608 9583 12020 7551 1999, julgamos que, com a devida Algarve 768 2056 9616 5984 ressalva, são válidas as conclusões Açores 3046 5282 3486 2184 gerais deste exercício. Madeira 26 56 120 36 TOTAL 25600 56530 120200 80496 3.1 BOVINOS Fonte: INE, 1998 (resultados provisórios) As várias raças bovinas nacionais, assim como o número de fêmeas

Archivos de zootecnia vol. 49, núm. 187, p. 369. MATOS registadas no RZ ou LG, a dimensão lidade das raças bovinas nacionais estão média dos rebanhos, as produções vocacionadas para a produção de car- principais e a respectiva dispersão ne, então existem no total aproximada- geográfica encontram-se na tabela mente 70000 fêmeas, o que perfaz VII. Se considerar-mos que a globa- cerca de 24 p.100 da totalidade de

Tabela VII. Raças bovinas portuguesas, número de fêmeas inscritas no Registo Zootécnico (RZ) ou Livro Genealógico (LG), número de criadores (NC), dimensão média dos efectivos (DME), produções principais e distribuição geográfica. (Portuguese cattle breeds, number of registered females, number of producers (NC), average herd size (DME), main products and geographic distribution).

Raça Efectivos1 DME2 Produções Distribuição (NC)1 geográfica

Arouquesa 6000 1-2 Carne (vitelos ao desmame, 6-7 meses, 150-190 kg) Norte (4500) Trabalho Barrosã 7400 1-2 Carne (vitelos ao desmame, 6 meses, 140-160 kg)) Norte (3100) Trabalho 500 1-3 Carne (vitelos ao desmame, 90-110 kg) Norte (250) Trabalho Leite 6000 3-4 Carne (vitelos ao desmame, 6-7 meses, 190-210 kg) Norte ou Galega (2500) Trabalho e leite 7200 2-5 Carne (vitelos ao desmame, 6 meses, 150-170 kg) Norte (2200) Trabalho 6700 2-5 Carne (vitelos ao desmame, 6-7 meses, 200-220 kg) Norte (2200) Trabalho 4500 1-2 Carne (vitelos ao desmame, 6-7meses, 190-210 kg) Norte Centro (2200) Trabalho 9000 50-100 Carne (novilhos 18-24 meses) Alentejo Lisboa (120) Outrora trabalho e Vale do Tejo 8600 50-100 Carne (novilhos 18-24 meses) Alentejo Lisboa (225) e Vale do Tejo Preta 4800 80-120 Carne (novilhos 18-24 meses) Alentejo Lisboa (47) e Vale do Tejo Brava 9000 70-120 Touros de lide (4 anos) Alentejo Lisboa (100) Carne e Vale do Tejo Garvonesa 55 4-53· Carne Alentejo ou Chamusca (14) Outrora trabalho 250 1-2 Carne Açores (125) Trabalho

Fonte: Carolino, 1999. 1Inscritos no RZ ou LG; 2fêmeas; 3fêmeas em rebanhos com outras raças.

Archivos de zootecnia vol. 49, núm. 187, p. 370. RECURSOS GENÉTICOS ANIMAIS E SISTEMAS DE EXPLORAÇÃO EM PORTUGAL bovinos de carne existentes em Portu- para a produção total de carne de gal (ver tabela II, resultados de 1998). bovino, deverá ser muito menos rele- Por outro lado, e tendo em linha de vante que a dos restantes bovinos de conta a distribuição geográfica, a carne, já que, na maioria das raças totalidade das fêmeas de raças (principalmente as exploradas no Nor- autóctones exploradas nas regiões te), os animais para talho são comer- Norte e Centro de Portugal (38300 cializados e abatidos a idades bastante fêmeas) representa 35,8 p.100 do total jovens (6 a 8 meses). de bovinos de carne, enquanto que as exploradas nas regiões de Lisboa e 3.2 OVINOS Vale do Tejo e do Alentejo (31455 Na tabela VIII resume-se a fêmeas) representam apenas 19 p.100. informação relativa às raças ovinas Estes resultados evidenciam que, ac- Portuguesas. O efectivo total de tualmente, a maioria das vacas de car- fêmeas registadas em RZ ou LG das ne exploradas em Portugal ou são diversas raças autóctones (136 176 animais cruzados, ou pertencem a ovelhas) representava, em 1998, genótipos exóticos. É frequente o uso aproximadamente 6 p.100 do efectivo de cruzamentos com raças exóticas ovino nacional (ovinos de leite + ovinos principalmente no Sul do País, sendo de carne). Se proceder-mos à divisão as mais comuns a Charoleza, a do continente em região Norte (Norte Limousine e a Salers. Duma maneira e Centro) e região Sul (Lisboa e Vale geral, estes cruzamentos não são sis- do Tejo, Alentejo e Algarve), observa- temáticos, pelo que existem animais se que a contribuição dos efectivos de cruzados com variados graus de raças autóctones para o efectivo total absorção. Relativamente aos genótipos é de 11,4 p.100 e 3,1 p.100, respectiva- exóticos, segundos dados da Direcção mente. de Serviços de Produção e Melho- À primeira vista, e tendo em ramento Pecuário (1998) existem 1 consideração a importância relativa 300 vacas de raça Charoleza, 2600 de dos recursos genéticos locais, estes raça Limousine e 500 da raça Salers, o resultados parecem mais dramáticos que, no seu conjunto representa ape- do que os observados para o caso dos nas 1,5 p.100 do total de bovinos de bovinos de carne. No entanto, deve ser carne em Portugal. Grande parte dos mencionado o facto de se estimar que criadores destas raças dedicam-se à existem em Portugal cerca de 1 milhão produção de reprodutores masculinos de animais da raça Merina ou que são utilizados por outros criadores amerinada, apesar de apenas 22000 para cruzamento industrial. se encontrarem registados no LG (ver De igual modo se pode concluir tabela VIII). Na realidade, o efectivo que, a erosão dos recursos genéticos Merino actual é o resultado de locais por parte de raças bovinas exó- cruzamentos indiscriminados, princi- ticas deverá ser menos acentuada no palmente com a raça Merina Precoce Norte do que no Sul de Portugal. Final- Francesa a partir dos anos 50, e, mais mente, também é admissível que, a recentemente, com a raças Ile de contribuição das raças bovinas locais France e Merina Alemã.

Archivos de zootecnia vol. 49, núm. 187, p. 371. MATOS

Tabela VIII. Raças ovinas portuguesas, número de fêmeas inscritas no Registo Zootécnico (RZ) ou Livro Genealógico (LG), número de criadores, dimensão média dos efectivos (DME), produções principais e distribuição geográfica. (Portuguese sheep breeds, number of registered females, number of producers, average herd size (DME), main products and geographic distribution).

Raça Efectivos1 DME2 Produções Distribuição (NC)1 geográfica

Churra - Badana 2719 Pequena Carne (3 meses)3 Norte (24) Leite (90 l/150 dias) - Terra Quente 54996 Média Carne (1-2 meses)3 Norte (443) Leite (75 l/150 dias) - Galega Bragançana 9279 100-1502 Carne (4-6 meses)3 Norte (80) - Galega Mirandesa 4500 30-502 Carne (3-4 meses)3 Norte (150) - Mondegueira 5146 30-502 Leite (105 l/150 dias) Centro (73) Carne (1mês)3 - Algarvia 5270 Pequena carne (3-4 meses)3 Algarve (43) Lã Serra Estrela 10000 30-1002 Leite (150 l/150 dias) Centro· (400) Carne (1mês)3 Merino Beira Baixa 4195 Média Carne (1 –2 meses)3 Centro (12) Leite (70 l/150 dias) Saloia 6564 Média Leite (110 l/150 dias) Lisboa e Vale do Tejo (34) Carne (2 meses)3 Merina Branca 22000 300-5002 Carne (3-4 meses)3 Alentejo, Lisboa e Vale do Tejo (120) Outrora leite Lã Merina Preta 6900 300-5002 Carne (3-4 meses)3 Alentejo (15) Campaniça 4607 200-5002 Carne (3-4 meses)3 Alentejo e Algarve (14) Lã

Fonte: Carolino, 1999. 1Inscritos no RZ ou LG; 2fêmeas; 3borregos vendidos aos x meses.

Relativamente aos ovinos pro- indicam os resultados da tabela VIII. dutores de leite, a raça Serra da Estrela Estima-se que o efectivo de animais é o genótipo autóctone mais especiali- desta raça rondará as 110000 ovelhas, zado (150 l em 150 dias de lactação), ultrapassando largamente o número de apesar de haver outras raças em que animais inscritos no respectivo LG esta produção é relevante, conforme (10000 ovelhas).

Archivos de zootecnia vol. 49, núm. 187, p. 372. RECURSOS GENÉTICOS ANIMAIS E SISTEMAS DE EXPLORAÇÃO EM PORTUGAL

Tradicionalmente, o leite de ovelha IX. O efectivo caprino registado em em Portugal é transformado em queijos RZ ou LG composto pelas várias raças de reconhecida qualidade, sendo nor- locais perfazia em 1998 um total de 43 malmente comercializados a preços 700 fêmeas, o que corresponde a 7,8 compensadores. Esta sector de p.100 do efectivo caprino nacional. actividade terá despertado o interesse Observa-se também que as raças Se- de certos criadores de ovinos, que gra- rrana e Bravia (28300 fêmeas) dualmente têm vindo a optar pela representam 8,3 p.100 dos efectivos exploração de genótipos exóticos com do Norte e Centro. Relativamente à potenciais produtivos mais elevados raça Charnequeira, cerca de 90 p.100 do que qualquer uma das raças locais. dos efectivos localizam-se na região Assim, actualmente ganham alguma Centro, sendo diminuto o número de expressão em Portugal, as raças animais (cerca de 600 cabras) explo- Lacaune, Manchega, Assaf e Awassi, rados na região do Alentejo. Quanto havendo rebanhos que se dispersam aos genótipos explorados no Sul de pelas regiões do Alentejo, Lisboa e Portugal (Alentejo e Algarve), verifi- Vale do Tejo e Centro. ca-se que as raças Serpentina e Algarvia representam apenas 6,8 p.100 3.3 CAPRINOS do total dos efectivos explorados nestas A informação sobre as raças capri- regiões. nas nacionais encontra-se na tabela A exploração de caprinos em Por-

Tabela IX. Raças caprinas portuguesas, número de fêmeas inscritas no Registo Zootécnico (RZ) ou Livro Genealógico (LG),número de criadores, dimensão média dos efectivos (DME), produções principais e distribuição geográfica. (Portuguese goat breeds, number of registered females, number of producers, average herd size(DME), main products and geographic distribution).

Raça Efectivos1 DME2 Produções Distribuição (NC)1 geográfica

Serrana 20500 Pequena Leite (185 l/190 dias) Norte Centro (325) Carne (30-40 dias)3 Bravia 7800 Grande Carne (45-60 dias)3 Norte (120) Charnequeira 6400 10-502 (Centro) Carne (45 - 90 dias)3 Centro Alentejo (88) 100-1502 (Alentejo) Leite (180 l/190 dias) Serpentina 4000 100-2002 Carne(2-3 meses)3 Alentejo (35) Leite (215 l/225 dias) Algarvia 5000 Pequena Leite Algarve (110) Carne (45-60 dias)3

Fonte: Carolino, 1999. 1Inscritos no RZ ou LG; 2fêmeas; 3cabritos vendidos aos x dias, meses.

Archivos de zootecnia vol. 49, núm. 187, p. 373. MATOS tugal apresenta algumas peculiarida- 3.4 SUÍNOS des, e, apesar do número de animais Os efectivos das raças de suínos registados representar uma percenta- nacionais, assim como as suas carac- gem diminuta do efectivo total, admite- terísticas principais, encontram-se na se que existirão muitos mais animais tabela X. O somatório dos efectivos destas raças, não tendo a maioria dos reprodutores das raças Alentejana e criadores optado por aderir aos res- Bísara (6520 porcas) representam ape- pectivos RZ ou LG. Dum modo geral, nas 2 p.100 do total de porcas explora- observa-se que os rebanhos de caprinos das em Portugal. Em relação aos efec- são bastante heterogéneos, e é frequente tivos da região Alentejo, a raça encontrar no mesmo efectivo animais de Alentejana representa 9,2 p.100 e, na distintos genótipos, resultantes quer de região Norte, a raça Bísara representa cruzamentos entre animais das várias apenas 3,1 p.100. De referir que a raças nacionais, quer de cruzamentos maior parte dos animais de raça Bísara entre animais de raças exóticas com se encontra muito localizada num animais pertencentes às raças locais. concelho (Vinhais) pertencente à Nota-se influência em alguns rebanhos província de Trás-os Montes e Alto nacionais de genótipos provenientes Douro. Segundo Miranda do Vale de Espanha, nomeadamente das raças (1949), a raça Bísara terá sido Murciana-Granadina e Malaguenha, melhorada através de cruzamentos, talvez pelo facto da maioria dos ainda que de uma forma desordenada, caprinos em Portugal serem explora- com genótipos de origem Inglesa im- dos nas regiões interiores ao longo de portadas ainda nos finais do século toda a fronteira com aquele país. As XIX, nomeadamente raças Berkshire, raças Sannen e Alpina são os outros Large White, Midlle White, Tamworth genótipos exóticos com alguma e Lage Black. Estas raças terão sido influência nas caprinicultura nacional. introduzidas pelos Ingleses detentores

Tabela X. Raças suínas portuguesas, número de fêmeas inscritas no Registo Zootécnico (RZ) ou Livro Genealógico (LG), número de criadores, dimensão média dos efectivos (DME), produções principais e distribuição geográfica. (Portuguese swine breeds, number of registered females, number of producers, average herd size (DME), main products and geographic distribution).

Raça Efectivos1 DME2 Produções Distribuição (NC)1 geográfica

Alentejana 5800 20-402 Leitões Alentejo (105) Porcos de engorda Bísara 720 Pequena Porcos de engorda Norte (220)

Fonte: Carolino, 1999. 1Inscritos no RZ ou LG; 2fêmeas.

Archivos de zootecnia vol. 49, núm. 187, p. 374. RECURSOS GENÉTICOS ANIMAIS E SISTEMAS DE EXPLORAÇÃO EM PORTUGAL de propriedades nas regiões do Minho dos suínos explorados em Portugal e Douro e também pelo Estado pertencem às raças Landrace, Large Português. É natural que a população White, Pietran e sintéticas, produzidas suína hoje apelidada de Bísara, seja o por empresas nacionais e estrangeiras reflexo da influência que estes especializadas nesta matéria. genótipos exóticos terão exercido ao longo dos tempos até à actualidade. 3.5 EQUINOS Na realidade, a importância relati- Os efectivos das raças equinas va das raças autóctones de suínos no nacionais e a respectiva distribuição contexto nacional é bastante diminuta, geográfica apresentam-se na tabela e é a mais baixa comparativamente às XI. Os animais pertencentes às raças das outras espécies domésticas explo- de equinos nacionais (8600 animais) radas em Portugal. Estas raças representam 15,2 p.100 do total de apresentam crescimento lento, ex- equinos em Portugal. Destaca-se no cessiva deposição de gordura e entanto a raça Lusitana pelas suas prolificidade reduzida. Estas caracte- características, tendo mesmo certos rísticas, associadas à evolução dos criadores vendido animais para hábitos alimentares das populações e exportação, uma actividade que tem ao crescimento do consumo de carne crescido ultimamente e com algum de suíno per capita (só no período entre impacto económico para o sector. Se- 1995 e 1997 o consumo aumentou de gundo o Serviço Nacional Coudélico 34,8 kg para 38,4 kg) terão levado os (1999) existem ainda outras raças, suinicultores nacionais a optar por nomeadamente o cavalo Puro Sangue outros genótipos e por regimes de Inglês, o Puro Sangue Árabe, o Anglo- exploração mais intensivos, de modo a Luso, o Anglo-Árabe, o Português de satisfazer as necessidades de carne de Desporto e o Cruzado-Portugês que suíno em Portugal. Assim, a maioria atingem alguma expressão, sendo uti- lizados principalmente em variadas modalidades desportivas.

Tabela XI. Raças equinas portuguesas, nú- mero de animais inscritos no Registo 4. ESTADO DE EXTINÇÃO DAS Zootécnico (RZ) ou Livro Genealógico (LG) RAÇAS LOCAIS EM PORTUGAL e distribuição geográfica. (Portuguese horse breeds, number of registered animals, and Com base informação referente ao geographic distribution). número de fêmeas das várias raças e espécies domésticas, que consta das Raça Efectivos1 Distribuição geográfica tabelas VII a XI, é possível averiguar o estado de extinção das várias raças Lusitano 7000 Todo o País exploradas em Portugal (tabela XII), Garrano 1500 Norte Sorraia 100 Lisboa e Vale do Tejo Alentejo de acordo com a classificação estabelecida pela FAO (1992). 1Inscritos no RZ ou LG. Relativamente às raças de bovinos, existe um total de 13 raças identifica-

Archivos de zootecnia vol. 49, núm. 187, p. 375. MATOS das em Portugal e a maioria (8) estão Em resumo, A totalidade das raças classificadas no estado raro. Existem autóctones de animais de interesse ainda 2 raças em estado de perigo de zootécnico em Portugal (35 raças), extinção (Cachena e Ramo Grande ) e são indicador duma diversidade gené- há uma raça em estado crítico (Raça tica considerável. No entanto, existem Chamusca ou Garvonesa). 14 genótipos com efectivos inferiores Quanto aos ovinos, dum total de 12 a 5 000 fêmeas, ou seja, 40 p.100 das raças autóctones, apenas duas apre- raças locais encontram-se nas catego- sentam efectivos superiores as 10 000 rias de vulnerável, em perigo de fêmeas (Merina Branca e Churra da extinção ou crítico, um dado de certo Terra Quente). As restantes encon- modo preocupante e revelador da tram-se em estado vulnerável (4) ou necessidade urgente da introdução de raro (6). Nos caprinos existem 5 raças medidas conducentes à sua conser- identificadas, só uma se encontra livre vação genética, tal como é recomen- de extinção (Serrana) e as restantes dado internacionalmente (Maijala, estão na categoria de vulnerável (Ser- 1992). pentina e Algarvia) ou rara (Bravia e Charnequeira). Em relação aos suínos, apenas se 5. SISTEMAS DE EXPLORAÇÃO consideram duas raças locais, estando CARACTERÍSTICOS uma em perigo de extinção (Bísara) e a outra em estado raro (Alentejana). Os sistemas de exploração carac- Esta última apresenta características terísticos encontram-se directamente semelhantes à raça suína Ibérica ex- relacionados com a estrutura fundiária plorada em Espanha. e dimensão das explorações agrícolas Finalmente, no que respeita a raças em Portugal. A este respeito, e em de equinos, do total de raças nacionais termos muito genéricos, os resultados (3), o cavalo do Sorraia encontra-se do INE-MADRP (1997) revelam que, em estado crítico de extinção, a raça no Norte de Portugal existem mais Garrana em estado vulnerável e a raça explorações que no Sul, mas a sua Lusitana é considerada em estado raro. dimensão é bastante reduzida ( <1 ha e

Tabela XII. Distribuição das raças portuguesas de animais domésticos de acordo com o estado de extinção (Classificação da FAO, 1992). (Distribution of portuguese livestock breeds according to their endangered status) (FAO Classification, 1992).

Estado Nº Fêmeas Bovinos Ovinos Caprinos Suínos Equinos

Crítico (<100) 1 - - - 1 Perigo de extinção (100 a 1000) 2 - - 1 - Vulnerável (1000 a 5000) 2 4 2 - 1 Raro (5000 a 10000) 8 6 2 1 1

Archivos de zootecnia vol. 49, núm. 187, p. 376. RECURSOS GENÉTICOS ANIMAIS E SISTEMAS DE EXPLORAÇÃO EM PORTUGAL

1 a 5 ha) e também muito pulverizada, cruzamentos, essencialmente com ou seja, o mesmo agricultor é detentor reprodutores de raça Charoleza, Frísia de várias parcelas, todas elas de e Parda Suiça. No entanto, esta prática pequena dimensão. Em contrapartida, é hoje em dia de certo modo reduzida no Sul de Portugal predominam e muito menos importante do que no explorações de maior dimensão (5 a 20 Sul do País. ha, 20 a 50 ha e > 50 ha), sendo a região A maioria dos criadores não dispõe do Alentejo aquela onde se concentram de machos para cobrição, sendo as de maior dimensão (> 300 ha). Um frequente recorrerem a postos de outro dado que interessa ressaltar é cobrição ou então à inseminação arti- que ao longo do litoral existe uma ficial para beneficiação das respecti- tendência geral para as explorações vas fêmeas. O aproveitamento do leite serem de menor dimensão comparati- destina-se quase exclusivamente ao vamente às do interior do país. autoconsumo, e a utilização dos animais para trabalho continua a ser importan- 5.1 BOVINOS te nos nossos dias. Predomina o regime A análise da dimensão dos efecti- de semi-estabulação, e nas regiões vos das várias raças autóctones e a mais montanhosas tem alguma expre- sua distribuição geográfica em Portu- ssão a prática da transumância, em gal continental (tabela VII) revela cla- que se procede, em determinadas par- ramente uma distinção entre o Norte te do ano, ao pastoreio directo, princi- (regiões Norte e Centro) e as restan- palmente em terrenos comunitários e tes regiões que constituem o Sul (Lis- baldios. Em algumas regiões pratica- boa e Vale do Tejo, Alentejo e Algarve). se o sistema de vezeira que consiste De facto, a dimensão dos efectivos no na junção dos animais dos vários Norte varia entre 1 e 5 fêmeas, o que produtores duma determinada comu- reflecte um tipo de exploração nidade num só rebanho, que é conduzido essencialmente familiar ou de subsis- rotativamente pelos vários proprie- tência. Em múltiplas situações, os cria- tários, com uma frequência proporcio- dores das várias raças exploram os nal ao número de animais que detêm. animais na tripla função carne, leite e A contrastar com esta situação está trabalho. A produção de carne assenta a dimensão dos efectivos das raças de essencialmente nos vitelos que, regra bovinos exploradas no Sul de Portugal geral, são abatidos entre os 6 e 8 meses (50 a 120 vacas). O regime de de idade, destinando-se essencialmente exploração característico é o extensi- ao autoconsumo, sendo a produção vo, em que os animais utilizam pastagens excedente comercializada para os gran- naturais ou semeadas na Primavera, des centros populacionais. Do ponto restolhos de cereais no Verão e de vista económico, a carne é de facto geralmente são suplementados a partir o produto de exploração mais impor- do final do Outono e durante o Inverno tante, e, tendo em vista o fraco poten- com palhas de cereais, fenos, silagem cial de crescimento dos animais das e concentrados comerciais. Tradicio- várias raças locais, alguns criadores nalmente, os animais das várias raças têm vindo a optar pelo sistema de do Sul, e principalmente da raça

Archivos de zootecnia vol. 49, núm. 187, p. 377. MATOS

Alentejana, eram utilizados para implica políticas diferentes no que trabalho, nas lavouras para a cultura respeita à sua conservação e utilização cerealífera nas grandes explorações futura. do Alentejo. Utilizavam-se principal- mente juntas de vacas e de machos 5.2 OVINOS E CAPRINOS castrados. No entanto, a mecanização Os ovinos e caprinos são explora- agrícola veio progressivamente a ex- dos em geral nas zonas de solos tinguir esta actividade, e actualmente marginais, situadas principalmente nas os animais são explorados exclusiva- regiões mais interiores do país. Tal mente para produção de carne. como se observa para os bovinos, A carne é de facto o produto mais também para os ovinos e caprinos se importante, sendo os novilhos abatidos verifica uma certa diferenciação entre entre os 20 e 24 meses, dependendo da Norte s Sul, quer no tamanho dos efec- raça. Alguns criadores procedem à tivos, quer mesmo no tipo de produção recria e acabamento dos machos na e regime de exploração. própria exploração, mas a maioria co- Conforme se pode inferir da mercializa os animais após o desmame informação resumida nas tabelas VIII para outros produtores, que apenas se e IX, no Norte e Centro a dimensão dedicam à recria e engorda de novilhos média dos efectivos é em geral mais em regimes mais ou menos intensivos. pequena que no Sul. A Norte predomi- A utilização do cruzamento industrial na a exploração do tipo familiar, e na com genótipos exóticos, mormente com maioria dos casos os criadores são os o Charolez e Limousine é uma prática próprios pastores dos rebanhos. Em quase generalizada a todos os criado- geral, as raças são exploradas para res. Alguns, mantêm parte das vacadas carne e leite, verificando-se uma em linha pura apenas para garantir a diversidade acentuada em termos de substituição dos respectivos efectivos, potencial produtivo. A produção de lã e as restantes fêmeas são utilizadas não tem actualmente grande expressão em cruzamento na economia das explorações. Obser- Em termos de reprodução, não va-se uma tendência generalizada para existem épocas claramente definidas, desmamar os borregos e cabritos a havendo mesmo criadores que mantêm idades bastante jovens (1 a 2 meses), os touros nas vacadas durante todo o seguindo-se um período de ordenha ano e a utilização da inseminação arti- variável consoante a raça, sendo o ficial, ao contrário do que ocorre com leite aproveitado para o fabrico artesa- as raças bovinas do Norte, é prati- nal de vários tipos de queijo. A ordenha camente inexistente. é manual, e, tradicionalmente, são os Em resumo, apesar da situação em próprios donos dos rebanhos e respec- termos do grau de extinção das raças tivas famílias que se dedicam ao fabri- locais de bovinos ser semelhante no co de queijo. Esta prática atinge maior Norte e Sul de Portugal (tabelas VII expressão na zona da Serra da Estrela e XII), a diferenciação nítida que se onde se explora a raça ovina com observa nos sistemas de exploração maior potencial de produção de leite praticados nestas duas grandes regiões em Portugal.

Archivos de zootecnia vol. 49, núm. 187, p. 378. RECURSOS GENÉTICOS ANIMAIS E SISTEMAS DE EXPLORAÇÃO EM PORTUGAL

O regime de exploração é essen- combate, devido essencialmente ao cialmente extensivo, procedendo-se ao regime de exploração praticado. aproveitamento de pastos naturais ao Relativamente às raças exploradas longo de todo o ano. A suplementação no Sul, actualmente a produção princi- alimentar ocorre normalmente na altu- pal é a carne, sendo os animais ra da ordenha e baseia-se em alimen- desmamados a idades compreendidas tos compostos, milho grão, feno e entre os 3 e 4 meses. Tradicionalmen- palhas. A silvopastorícia em baldios ou te, após o desmame, procedia-se a um terrenos comunitários é bastante período de ordenha de curta duração frequente. Nas zonas montanhosas, (2 a 3 meses), apesar do baixo poten- para além da erva natural, os animais cial produtivo exibido pelos diversos consomem também vegetação arbus- genótipos explorados nestas regiões. tiva e arbórea (giestas, matos, silvas, No entanto, apesar da baixa produção heras, urzes, etc). O sistema de vezeira individual, a elevada dimensão dos é usualmente praticado, e é também rebanhos permitia a obtenção de comum encontrar ovinos e caprinos a volumes de leite apreciáveis, que, na pastorear em conjunto com bovinos. maioria dos casos, era transformado Pratica-se alguma estabulação, princi- em queijo na própria exploração. A palmente no Inverno, sendo os animais ordenha era realizada manualmente ao alojados nas cortes, dependências que ar livre, e sob a influência de condições se localizam sob a residência dos climatéricas adversas. Esta prática foi proprietários dos rebanhos. Para as sendo progressivamente abandonada camas dos animais, utilizam-se princi- e, hoje em dia, os criadores de ovinos palmente matos, fetos ou giestas, que que se dedicam à produção de leite depois são utilizados como matéria nesta região, optaram pela utilização orgânica nas culturas da batata, milho de genótipos exóticos, intensificaram o e hortícolas para autoconsumo. regime de exploração, investiram em O regime reprodutivo normalmente salas para ordenha mecânica e adoptado consiste em deixar os ma- comercializam o leite para algumas chos sempre nos rebanhos, pelo que os empresas especializadas apenas na partos se dispersam por todo o ano. produção de queijo de ovelha e cabra. Apesar da sazonabilidade reprodutiva Nas regiões do Sul, o sistema de ser pouco acentuada na generalidade produção típico é o extensivo, e os das raças exploradas, a frequência de animais aproveitam as pastagens partos é mais elevada no final dos naturais, pousios e terrenos incultos. É meses de Outono e na Primavera. frequente coexistirem na mesma A tosquia das ovelhas realiza-se na exploração pequenos e grandes Primavera, em geral é feita manual- ruminantes. Em geral, aos ovinos e mente e, em muitas circunstâncias, é caprinos são reservadas as parcelas uma tarefa efectuada por mulheres. constituídas por solos mais esque- Em termos sanitários, a brucelose é a léticos, e logo onde as pastagens são principal doença que grassa em quase mais pobres. No Verão, os animais toda a região, com uma prevalência de aproveitam os restolhos de cereais e certo modo acentuada e de difícil oleaginosas (principalmente girassol) ,

Archivos de zootecnia vol. 49, núm. 187, p. 379. MATOS muitas vezes após terem sido pasto- ano anterior. Os partos ocorrem nor- reados pelos bovinos. A suplementação malmente no Outono e no Inverno, e alimentar é feita durante quase todo o alguns criadores utilizam ovis, onde período Inverno e na altura dos partos, permanecem as fêmeas e respectivas e baseia-se em palhas, fenos e con- crias por um período de tempo bastan- centrados comerciais. te curto após o parto. É frequente a Contrariamente ao que ocorre no administração de alimentação à base Norte, os criadores de ovinos no Sul de concentrados e fenos aos borregos, não são em geral os pastores dos a partir dos 15 dias de vida. rebanhos. Normalmente contratam-se Dado que a maioria dos rebanhos pastores, profissão que hoje em dia no Sul pertencem ao tronco Merino, a tende a desaparecer. Tradicionalmen- produção de lã teve no passado um te, para além da remuneração pecuniária peso importante na economia da fixa era permitido ao pastor manter um exploração. Actualmente estima-se que determinado número de cabeças o preço auferido pela venda da lã co- próprias (polvilhal), proporcional ao bre apenas os custos da tosquia. Esta tamanho do rebanho que tinha à sua realiza-se no final da Primavera e é guarda, auferindo assim um benefício efectuada mecanicamente, na maioria adicional. Uma outra modalidade dos casos, por tosquiadores habilitados praticada consistia em garantir aos profissionalmente para esta tarefa. pastores uma determinada percen- Em sumário, a exploração das raças tagem (em geral nunca superior a 10 de ovinos e caprinos em Portugal p.100) do montante total obtido na al- assenta essencialmente no sistema tura da comercialização de borregos. extensivo, existe uma diversidade ge- Devido à actual crise que se atravessa nética considerável, que, em última em encontrar mão de obra para a guar- análise, se traduz numa grande da dos rebanhos, muitos ovinicultores variabilidade em termos potencial têm vindo a optar por construir cerca- produtivo. Este aspectos, associados dos nas suas explorações, obviando ao estatuto sanitário, principalmente assim a necessidade do pastor tradi- dos efectivos explorados no Norte do cional, que está a ser substituído por país, são factores a ponderar na outros assalariados, principalmente preservação destes recursos genéti- tractoristas, que hoje em dia exercem cos locais. uma multiplicidade de tarefas ao longo de todo o ano. 5.3 SUÍNOS A reprodução realiza-se natural- A exploração de suínos das raças mente e o sistema mais utilizado con- nacionais (tabela X), tal como nas siste numa época de cobrição principal outras espécies, também se realiza de na Primavera e uma época secundária forma distinta no Norte e no Sul de no final do Verão e durante o Outono. Portugal. No Norte, a exploração da Nesta última, são expostas as fêmeas raça Bísara (2 porcas por criador) adultas que não ficaram gestantes na assume tipicamente um caracter fami- primeira cobrição e as fêmeas jovens liar, e, tradicionalmente, a grande par- de substituição nascidas no Outono do te da produção destinava-se ao

Archivos de zootecnia vol. 49, núm. 187, p. 380. RECURSOS GENÉTICOS ANIMAIS E SISTEMAS DE EXPLORAÇÃO EM PORTUGAL autoconsumo. Actualmente, muitos mentação, essencialmente à base de produtores para além de conduzirem a cereais recolhidos nas próprias exploração, procedem também ao aba- explorações. Assim, durante a Prima- te e à transformação da carne em vera a alimentação era baseada em enchidos tradicionais (fumeiros) que pastagem natural ou em pousios, depois depois comercializam directamente nas após a colheita dos cereais no Verão, feiras e mercados da região. os animais aproveitavam o grão que Os animais são criados em regime permanecia nos restolhos (agosta- de estabulação permanente durante douros) e durante o final do Outono e todo o ano em pequenos parques (lojas). parte do Inverno, consumiam princi- É comum encontrar no mesmo parque palmente os frutos das azinheiras animais de todas as idades (leitões (bolota) e dos sobreiros (lande) e erva. recém desmamados, animais de recria, Este sistema assentava essen- porcas jovens, porcas adultas e cialmente em três modalidades de varrascos). Esta prática tem implica- exploração; (i) criadores que procediam ções no sistema reprodutivo, não ao ciclo de produção completo, ou seja, havendo épocas de cobrição clara- mantinham porcas reprodutoras, mente definidas. Geralmente ocorrem produziam leitões e procediam à sua dois partos por ano, e as porcas são recria e engorda, (ii) criadores que separadas do restante núcleo apenas apenas se dedicavam à fase final da na altura das parições. A alimentação engorda, adquirindo porcos com idades praticada baseia-se quase exclusiva- compreendias entre os 7 e 9 meses de mente em milho grão, resíduos das idade e pesos entre 65kg e 80 kg no culturas praticadas na exploração e início do Outono, e procediam ao até mesmo de restos de comida. acabamento à base de bolota, lande e No Sul, o regime de exploração da erva (montanheira), e (iii) criadores raça Alentejana está, desde longa data, que, não possuindo montado suficiente intimamente associado a um ecossis- para o acabamento dos porcos, tema muito peculiar que predomina na celebravam parcerias com outros região do Alentejo, com característi- proprietários, sendo os lucros auferidos cas tipicamente mediterrânicas, no final da engorda divididos, consoante conhecido como o montado. O monta- o contrato firmado. Era prática comum do é constituído por floresta (azinheira proceder à castração dos machos e e sobreiro) e pela pastagem natural fêmeas destinados à montanheira, que sob coberto. O sistema tradicional de regra geral, eram abatidos com idades exploração do porco Alentejano era o variando entre os 12 e 15 meses e sistema extensivo, em que os animais pesos vivos compreendidos entre 120 se encontravam em regime de pasto- e 140 kg. reio permanente com estabulação noc- Ao longo dos tempos tem-se verifi- turna. cado alguma evolução neste sistema A alimentação durante todo o ano de exploração, no sentido talvez duma era diversificada, havendo certas épo- maior intensificação, relativamente ao cas de carência em que havia sistema tradicional, mas tem-se necessidade de proceder a suple- mantido sempre o aproveitamento do

Archivos de zootecnia vol. 49, núm. 187, p. 381. MATOS montado na fase de engorda e aumento do tamanho efectivo duma acabamento. Esta intensificação nota- população num espaço de tempo mais se principalmente ao nível da alimen- curto, comparativamente a outras tação, já que muitos criadores recorrem espécies pecuárias, as acções de a concentrados comerciais durante a conservação genética no caso da raça maior parte do ano, que distribuem pelas Bísara são muito mais críticas, compa- reprodutoras, leitões e pelos animais de rativamente às que eventualmente recria durante o período que antecede a venham a ser praticadas para a raça entrada na montanheira. Ao nível das Alentejana. instalações, começa a ganhar popu- laridade o sistema camping, principal- mente devido à baixa necessidade de CONCLUSÕES mão-de-obra que acarreta. O maneio reprodutivo consiste em Em Portugal existem 35 raças de duas parições por ano, uma que animais domésticos das várias espécies geralmente ocorre nos meses de Pri- pecuárias de interesse zootécnico, um mavera e outra no Outono. Os leitões facto revelador de elevada diversidade nascidos no Outono são normalmente genética. Cerca de 40 p.100 destas recriados e são os que se destinam à raças têm efectivos inferiores a 5000 engorda em montanheira do Outono fêmeas, encontrando-se em estado de seguinte, enquanto que os nascidos no extinção mais ou menos acentuado. A Verão são geralmente comercializa- contribuição da totalidade dos efecti- dos para assar após o desmame (2 vos das raças locais das várias espécies meses e 10 a 12 kg peso vivo). As domésticas para os respectivos efecti- cobrições das porcas realizam-se vos nacionais é variável, e em geral através de monta natural após o bastante reduzida (inferior a 25 p.100). desmame dos leitões. Alguns criado- Para as várias raças locais, o siste- res que dispõem de instalações ma de exploração tradicional mais apropriadas, utilizam cobrição dirigida, frequente é o extensivo. No entanto, enquanto outros mantêm os varrascos observa-se uma diferenciação nítida com as porcos por um período de aproxi- entre o Norte e o Sul, em termos de madamente 25 dias. Existe no entanto dimensão dos efectivos e aprovei- a preocupação generalizada de obter tamento da produção. No Norte pre- concentração de partos, de modo a domina a exploração familiar e pratica- permitir transferências de leitões entre se uma agricultura de subsistência. No as porcas, com vista à uniformização Sul, os efectivos são em geral de das ninhadas. dimensão elevada e pratica-se uma Também para as raças suínas locais agricultura empresarial. se verifica uma diferenciação nítida Critérios e acções concretas que entre o Norte e o Sul de Portugal, não visem a preservação e utilização futu- só no tamanho das populações, mas ra dos recursos genéticos animais em também no regime de exploração Portugal não estão ainda claramente praticado. Apesar das características definidos. Existem particularidades reprodutivas dos suínos permitirem o inerentes a cada espécie pecuária, que,

Archivos de zootecnia vol. 49, núm. 187, p. 382. RECURSOS GENÉTICOS ANIMAIS E SISTEMAS DE EXPLORAÇÃO EM PORTUGAL associadas à diversidade de modos de deverão constituir factores principais exploração entre o Norte e o Sul, na definição dessas acções.

BIBLIOGRAFIA

Carolino, R.N. 1999. Caracterização das Raças and use of farm animal genetic resources. Autóctones Portuguesas. XXXIX Reunião The EAAP endeavour to survey animal genetic Luso-Espanhola sobre Higiene, Sanidade e diversity. Proceedings of a CEC Workshop Produção Animal. Lisboa, 1999. and Training Course, December 7-9. Institute Direcção de Serviços de Produção e Melho- of Animal Breeding and Genetics, School of ramento Pecuário . 1998. Informação técnica Veterinary Science, Hannover, Germany. e características das raças exploradas em Miranda do Vale, J. 1949. Gado Bissulco. Suínos, Portugal (www.min-agricultura.pt). Bovinos, Arietinos e Caprinos. Livraria Sá da FAO – Report. 1992. Expert Consultation on the Costa, Lisboa. management of global animal genetic Serviço Nacional Coudélico. 1999. Raças de resources. Rome, 7-10 April, 1992. equinos autóctones. (www.min- Gama, L.T e C.P. Matos. 1997. Current situation agricultura.pt). of animal genetic resources in Portugal. Schulte-Coerne, H. 1992. Data collection, Proceedings of the International Symposium conservation and use of farm animal genetic on Mediterranean animal germplasm and resources. Criteria for preservation of future human challenges, Benevento, Italy, breeds. Proceedings of a CEC Workshop Novembro, 1995. EAAP Publication No. 85:73- and Training Course, December 7-9. Institute 76. of Animal Breeding and Genetics, School of Hodges, J. 1992. EAAP News. Livestock Veterinary Science, Hannover, Germany. Production Science, 32: 89-110. Simon, D. 1992. Data collection, conservation INE-MADRP. 1997. Inquérito à Estrutura das and use of farm animal genetic resources. Explorações Agrícolas, 1977. (www.min- Criteria for the endangered status of a breed. agricultura.pt). Proceedings of a CEC Workshop and Instituto Nacional de Estatística (INE). 1998. Training Course, December 7-9. Institute of Estatísticas Agrícolas, 1998 (www.ine.pt). Animal Breeding and Genetics, School of Maijala, E. K. 1992. Data collection, conservation Veterinary Science, Hannover, Germany.

Archivos de zootecnia vol. 49, núm. 187, p. 383.