Victória Duarte Lacerda O Conhecimento Ecológico

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Victória Duarte Lacerda O Conhecimento Ecológico Universidade de Aveiro Ano 2021 VICTÓRIA DUARTE O CONHECIMENTO ECOLÓGICO TRADICIONAL E LACERDA USO DO TERRITÓRIO POR UMA COMUNIDADE INDÍGENA NA AMAZÔNIA BRASILEIRA THE TRADITIONAL ECOLOGICAL KNOWLEDGE AND LAND USE BY AN INDIGENOUS COMMUNITY IN BRAZILIAN AMAZON Universidade de Aveiro 2021 VICTÓRIA DUARTE O CONHECIMENTO ECOLÓGICO TRADICIONAL E LACERDA USO DO TERRITÓRIO POR UMA COMUNIDADE INDÍGENA NA AMAZÔNIA BRASILEIRA THE TRADITIONAL ECOLOGICAL KNOWLEDGE AND LAND USE BY AN INDIGENOUS COMMUNITY IN BRAZILIAN AMAZON Tese apresentada à Universidade de Aveiro para cumprimento dos requisitos necessários à obtenção do grau de Doutor em Território, Risco e Políticas Públicas, realizada sob a orientação científica da Doutora Maria de Fátima Lopes Alves, Professora Auxiliar com Agregação do Departamento de Ambiente e Ordenamento da Universidade de Aveiro. Tese desenvolvida no quadro do Programa Doutoral em Território, Risco e Políticas Públicas da Universidade de Aveiro, com o financiamento de uma bolsa de doutoramento do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (Brasil) - Doutorado no Exterior Chamada: Doutorado no Exterior – GDE (Processo 234186/2014-3) do Programa Ciência sem Fronteiras. Dedico este trabalho a todas as mulheres (as nascidas e as que se reconhecem como tal) que fazem ciência. “Sem território, nossa cultura acaba, os nossos filhos se perdem. Sem ele, simplesmente não existem os povos indígenas.” Watatakalu Yawalapiti Liderança do alto Xingu o júri presidente Prof. Doutor Vasile Staicu Professor Catedrático, Universidade de Aveiro Prof. Doutor Alexandre Manuel de Oliveira Soares Tavares Professor Associado com Agregação, Departamento de Ciências da Terra da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra Prof. Doutora Maria Bárbara de Magalhães Bethonico Professora Associada Nível II, Instituto Insikiran de Educação Superior Indígena da Universidade Federal de Roraima Prof. Doutora Ivani Ferreira de Faria Professora Associada Nível III, Universidade Federal do Amazonas Prof. Doutora Maria de Fátima Lopes Alves (Orientadora) Professor Auxiliar Convidada com Agregação, Universidade de Aveiro Prof. Doutora Sandra Cristina Marques Valente Professor Auxiliar Convidada - Universidade de Aveiro agradecimentos À Dra. Fatima L. Alves, que aceitou me orientar e me recebeu de braços abertos, mesmo não sendo da área e não me conhecendo. Agradeço toda amizade, paciência, apoio e incentivo em todos os momentos, principalmente os de crise, medo e desespero. Agradeço à professora Dra. Maria Bárbara Magalhães Bethônico pelo apoio em Roraima, pelas considerações em campo e na construção da pesquisa e pela oportunidade de me apresentar os povos indígenas desse Estado brasileiro que era tão desconhecido pra mim. Ao CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico - Brasil) pelo financiamento da minha bolsa. Ao seu Alfredo Wapixana, pelas longas conversas, por permitir minha entrada na comunidade e por me apresentar seu povo. Ao tuxaua João, por me receber e permitir minha pesquisa na comunidade. A todos os moradores da comunidade indígena Nova Esperança, pela contribuição, pelo sorriso no rosto e por me ensinarem um pouco sobre seus costumes. Em especial agradeço às cunhatãs Susi, Sara e Cátia, por me acompanharem nas entrevistas e cuidarem da Iaiá enquanto estava trabalhando. Dona Naldiane por me acompanhar em todas as casas e sempre me apresentar, por toda a força que vi nessa mulher indígena. Também agradeço imensamente ao sr. Augusto Wapixana, por todo ensinamento sobre a natureza, por desenhar o mapa mental e o calendário socioecológico. Agradeço imensamente a todos os povos indígenas e comunidades tradicionais, resistência de nosso mundo globalizado e uma fonte de sabedoria incrível. Parte dos recursos ainda está preservada graças a essas sociedades. Agradeço à todos os membros do juri, por todas as sugestões, por me fazerem enxergar a tese com outros olhos, Todas os pareceres me fizeram refletir muito, tive até um certo pânico, mas ao final consegui me distanciar da pesquisa e entender todas as recomendações. Aos colegas do programa de doutoramento em Território, Risco e Políticas Públicas, pelas discussões e cafezinhos! Muito grata pela companhia de todos vocês: Hélio (in memorian), Ladislau, Luciana, Ricardo, Marcelo e Augusto. Especialmente agradeço ao Johnny e a Sara pelo apoio sempre que precisei. Sou muito grata também aos professores do programa. Agradeço à todas as cientistas, pesquisadoras, doutorandas, mestrandas, professoras, acadêmicas, manas, colegas, que fazem ciência e lutam por visibilidade nessa profissão. Tantas que cruzaram meu caminho, tantas outras que li, e mais tantas que só ouvi suas histórias, vocês são fonte de inspiração pra mim. À minha família pelo apoio, meus irmãos Dubeto e Zeca, e principalmente minha mãe, Leila, por tudo, mas especialmente por ter vindo me ajudar a cuidar da Iara e pelo apoio ilimitado em qualquer uma das minhas escolhas. Grata por ser minha âncora! Um agradecimento especial ao Zeca por revisar todo o texto final, por todos os comentários e por me ajudar muito! Um agradecimento muito especial à Momô, Mônica Antunes Ulysséa, irmã que a vida me deu, por sempre estar presente, por ter ido pra Roraima comigo, por revisar meus textos, por sempre ter tempo para um café, uma cerveja, um bolinho e uma prosa. Você foi minha verdadeira orientadora nessa tese, sem você acho que não teria chegado ao final. Agradeço demais às Cecílias da minha vida: Cecília mainha, minha irmãe, que foi minha perceira de maternidade no doutorado. Grata demais por todos os desabafos e ajuda nessa reta final, por revisar meu texto, por sempre me dar aquela força! E também Cecília, Céci, pelo nosso reencontro em Portugal! Pelas conversas regadas a um bom vinho e pela grande ajuda nessa finaleira! Agradeço à Sofia Zank, minha querida amiga, professora, pesquisadora, etnobióloga. Agradeço por toda a contribuição nos manuscritos, além de me fazer perceber a importância de minha pesquisa no momento em que eu não acreditava mais nela. Grata por tudo! Agradeço também à Fau, Flavia Delgado, pesquisadora do INPA, grande amiga, que também contribuiu na revisão final do texto. Aos queridos amigos do Brasil, que tanto tenho saudade e foram minha válvula de escape nesses anos de doutoramento. Por último, no entanto mais importante pra mim, agradeço ao meu companheiro, Pedro, grande amor e parceiro de vida, por ter acreditado em mim, ter se jogado no mundo comigo e aceitado essa loucura que seria mudar de país ao mesmo tempo em que descobri estar grávida. Junto agradeço à minha filha, Iara, o amor mais puro que já senti, que chegou ao meio do doutoramento, causou um rebuliço, mas me ajudou a ter forças pra sempre seguir em frente e não desistir. palavras-chave Conhecimento Ecológico Tradicional; Gestão do Território; Povos Indígenas; Amazônia Brasileira; Vulnerabilidade Socioambiental. resumo A região amazônica brasileira abriga mais de 400 Terras Indígenas, o que representa 98.25% das Terras Indígenas do Brasil. Existe uma estreita associação entre biodiversidade e populações locais e indígenas na paisagem amazônica, o que favoreceu o aumento em larga escala da resiliência desses sistemas sócioecológicos.Existe uma relação intrínseca entre os indígenas com o meio ambiente e território consolidado pelo conhecimento tradicional do meio ambiente. O acesso ao conhecimento ecológico tradicional de sociedades tradicionais, assim como pesquisas participativas tem sido usadas para identificar áreas de relevância cultural e ambiental para estas populações. Esta investigação tem o objetivo de acessar o conhecimento dos recursos naturais e práticas de manejo do território, avaliando as interações entre vulnerabilidades socioambientais e conservação da biodiversidade em uma comunidade indígena na Amazônia Brasileira. O trabalho de campo foi desenvolvido numa das comunidades indígenas peretencentes à Terra Indígena São Marcos em Roraima (Brasil). A comunidade Nova Esperança é habitada por indígenas das culturas Wapixana, Macuxi e Taurepang. Estas culturas também estão presentes na Venezuela e na Guiana, países que fazem fronteira com o Brasil no Estado de Roraima. Foram realizadas 39 entrevistas semi-estruturadas com representantes das famílias da comunidade. Também foram realizadas cinco entrevistas com pessoas chaves sobre o conhecimento etnoecológico de fauna e flora. Os dados das entrevistas foram analisados quantitativamente e qualitativamente. Também foi realizado sucintamente o perfil dos moradores da comunidade e foram investigados possíveis relações entre o conhecimento e aspectos socioculturais. Os entrevistados reconheceram espécies de fauna e flora, bem como detalharam conhecimento informal sobre aspectos biológicos destas espécies e do manejo do território. As principais atividade de manejo identificadas foram caça, pesca, coleta de recursos florestais e atividades agrícolas de uso do solo, como por exemplo o manejo do fogo. Os principais problemas socioambientais enfrentados pela população foram fogo, lixo, desmatamento e problemas relacionados com água. Além disso, foram identificados possíveis motivos para o sentimento de insegurança dos moradores e foram apontadas a crise social e política na Venezuela, bem como a proximidade da comunidade com a rodovia BR 174. Áreas de manejo dos recursos e áreas de importância ecológica foram apontadas através do etnomapa, e a relação destas atividades com o meio ambiente, assim como seus aspectos culturais, pode ser visualizada
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