O Filme Pixote, a Lei Do Mais Fraco E O Governo Das Crianças Marginalizadas (1980-1985)
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UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA FACULDADE DE EDUCAÇÃO PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO MESTRADO LUIS ALBERTO PEREIRA JUNIOR O FILME PIXOTE, A LEI DO MAIS FRACO E O GOVERNO DAS CRIANÇAS MARGINALIZADAS (1980-1985) Uberlândia – MG 2014 1 LUIS ALBERTO PEREIRA JUNIOR O FILME PIXOTE, A LEI DO MAIS FRACO E O GOVERNO DAS CRIANÇAS MARGINALIZADAS (1980-1985) Dissertação apresentada ao Programa de Pós- Graduação em Educação da Universidade Federal de Uberlândia, como requisito para obtenção do título de Mestre em Educação. Área de concentração: História e Historiografia da Educação Orientador: Dr. Selmo Haroldo de Resende Uberlândia – MG 2014 2 Ficha Catalográfica 3 Uberlândia, 25 de Agosto de 2014. 4 Dedico este trabalho à memória de meu pai, Luis Alberto Pereira. 5 AGRADECIMENTOS Agradeço ao professor Dr. Haroldo de Resende, da linha de pesquisa História e Historiografia da Educação, da Universidade Federal de Uberlândia/MG, por ter contribuído para nosso desenvolvimento intelectual e também por ter sido fundamental no desenvolvimento dessa pesquisa acadêmica, a partir de suas considerações, análises e, sobretudo, respeito e paciência. Igualmente, gostaríamos de agradecer as valiosas contribuições dos professores (as) Dra Raquel Discini de Campos, Dra. Adriana C. Omena dos Santos, Dr. Márcio Danelon e Dr. Décio Gatti Júnior, também da Universidade Federal de Uberlândia, que em suas aulas da pós-graduação nos ajudaram na fundamentação teórico- metodológica desse trabalho, na nossa formação intelectual e nos motivaram a continuar a trilhar pelo campo acadêmico. Agradecemos ainda à banca qualificadora e examinadora, na figura das professoras Dra. Myrtes Dias Gomes, Sandra Cristina Fagundes de Lima e Maria Cristina Soares de Gouvea da UFMG; pela disponibilidade e contribuições para esse trabalho. Agradeço aos meus pais, Luis Alberto Pereira (in memorian) e Carmen Auxiliadora Borges Pereira que, ao longo de suas vidas, sacrificaram-se material e fisicamente por minha formação intelectual, pelo amor e pelo carinho. Sem eles, eu dificilmente chegaria a esta etapa de formação educacional. Também agradeço a meus irmãos Thiago Borges Pereira e Bruno Borges Pereira, bem como a meu tio Paulo Márcio Mendes Borges e a meu maior tesouro, Laura Leôncio Borges Pereira; que tiveram muita paciência e compreensão ao longo dos meses em que me dediquei a essa pesquisa. Não poderia deixar de mencionar os amigos Romero Machado, Remy Mendes, Márcio Fernandes, Alexandre Ribeiro e Déborah Cristina, que também me deram um suporte motivacional e incentivo nessa empreitada. Agradeço à Universidade Federal de Uberlândia/MG e ao Programa de Pós-graduação em Educação (PPGED/UFU) pela oportunidade de realizar essa pesquisa. Agradeço, também, aos secretários, James e Gianny, que gentilmente atenderam a nossas solicitações. E por fim, a Deus! 6 “Chora A nossa Pátria mãe gentil Choram Marias e Clarisses No solo do Brasil Mas sei que uma dor assim pungente Não há de ser inutilmente A esperança Dança na corda bamba de sombrinha E em cada passo dessa linha Pode se machucar Azar! A esperança equilibrista Sabe que o show de todo artista Tem que continuar” (BLANC, Aldir; BOSCO, João. O Bêbado e a Equilibrista. 1979. Intérprete: Elis Regina). 7 RESUMO Este trabalho teve como objeto e fonte de pesquisa a produção cinematográfica Pixote, a lei do mais fraco, dirigida pelo cineasta argentino Hector Babenco. O lançamento oficial da obra ocorreu no ano de 1980, na fase final da ditadura militar brasileira (1964-1985), justamente durante o processo de redemocratização. A pesquisa procurou demonstrar como se davam as práticas de governo, controle e disciplinarização da categorizada infância marginal nas dependências dos reformatórios prisionais infantis e nos espaços urbanos das grandes cidades de nosso país. As imagens fílmicas, as reportagens jornalísticas da imprensa escrita e os pareceres técnicos da censura militar, produzidos no momento de lançamento e exibição da película, nos permitiram adentrar os meandros históricos daquele contexto, como também entender melhor as condições, as relações de poder e contrapoder que tangenciavam as vidas dos pequenos infortunados do Brasil. O referencial teórico-metodológico, que subsidiou e norteou as análises, ancorou-se nas categorias e nas noções do pensamento foucaulteano; o que favoreceu de modo significativo o entendimento das práticas sociais destinadas ao assujeitamento dessa categoria social. A pesquisa não proporcionou apenas a compreensão das práticas de poder sobre a infância marginalizada, mas também favoreceu perceber como se dava o uso estratégico desses indivíduos para a montagem de aparatos repressores e disciplinares, tais como os dispositivos jurídicos, policiais, discursivos e pedagógicos que, por sua vez, estendem-se a todo o corpo social, contribuindo para tornar cada vez mais eficiente os mecanismos de controle das populações infantis. Através das fontes, foi possível compreender que as representações e as identidades dos chamados menores infratores, amplamente repercutidas na imprensa, ajudaram a reafirmar e a ressignificar as imagens e as percepções dos menores infratores. Por fim, defendemos a ideia de que o filme Pixote e as matérias jornalísticas sobre as crianças marginais funcionaram como dispositivos pedagógicos, que auxiliaram no processo de fabricação dos padrões de anormalidade e normalidade infantil, visto que, no sistema binário, o feio como um espelho ajuda a construir o que é belo, o indesejável, o desejável e o ruim, o belo, assim como modelos que são interdependentes. Palavras-Chave: Pixote. Infância marginalizada. Cinema. Disciplinarização. Regulamentação. Identidades. Dispositivo pedagógico. 8 ABSTRACT The matter and source of this research is the cinematographic work Pixote, a lei do mais fraco, produced by the Argentine director Hector Babenco. The official casting of this work was in 1980 during the final stage of the Brazilian military dictatorship (1964-1985), in the period of (re)-democratization. The research attempts to demonstrate how the government practices, control and disciplinarization of the categorized marginal childhood occurred in the reformatory school and in Brazilian big cities. The movie scenes, journalistic reports of printing press and expert‟s report of military censorship, produced when the film was originated and exhibited, allowed us to enter the historical meanders of that context and also to better understand the conditions, power relationships and counter-power which reached the little unfortunate kids‟ lives in Brazil. Theoretical and methodological references – which subsidized and guided the analyses – were based on categories and notions of Foucault‟s thoughts, and it significantly aided to better understand social practices destined to the subjectification of this social category. Not only the understanding of power practices on the marginalized childhood was provided through this research, but it was also possible to perceive the strategic use of those entities in order to set up repressing and disciplinary mechanisms, such as judicial, police, discursive and pedagogical mechanisms extensible to the entire social corpus, cooperating to become the attempts of controlling childish populations more efficiently. It was possible – through the sources – to understand that representations and identities of the so-called minor transgressors, reflected in large scale in the press, aided to reassert and (re)-signify the ideation and conceiving of minor transgressors. Finally, we defend that the movie Pixote and the printing press reports work as pedagogical mechanisms, supporting the establishment of abnormality and normality standards, since in a binary system the ugly helps to compose what is beautiful; the undesirable, what is desirable; and the bad, what is good, as well as interdependent patterns. Keywords: Pixote. Marginal childhood. Cinema Disciplinarization. Regulation. Identities. Pedagogical mechanisms. Educational Device. 9 SUMÁRIO INTRODUÇÃO ........................................................................................................................ 11 CAPÍTULO 1: PIXOTE, A LEI DO MAIS FRACO: um artefato histórico sobre a infância marginalizada............................................................................................................................ 27 1.1 Prêmios, elogios, críticas e a divulgação de Pixote e da infância marginalizada na imprensa brasileira e estrangeira .......................................................................................... 28 1.2 Hector Babenco: trajetória de vida e engajamento político no campo cinematográfico 31 1.3 O processo produtivo: a busca pelo realismo e a verossimilhança na obra cinematográfica .................................................................................................................... 36 1.4 O caso Camanducaia: o extermínio das crianças delinquentes e o contexto da violência infantil ................................................................................................................................... 44 1.5 O cinema nacional e o contexto histórico do Brasil no início da década de 1980 ......... 52 CAPÍTULO 2: A INFÂNCIA MARGINALIZADA: condições de vida, disciplinarização e regulamentação em Pixote, a lei do mais fraco ........................................................................ 58 2.1 Um breve resumo da produção cinematográfica Pixote, a lei do mais fraco ................. 59 2.2 Os protegidos e os desprotegido: o abandono