Heavy Metal, Alienação E Crítica Na Cultura De Massa
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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas SANDRA NAKAMURA MACHINASSIAH HEAVY METAL, ALIENAÇÃO E CRÍTICA NA CULTURA DE MASSA São Paulo 2009 SANDRA NAKAMURA Machinassiah Heavy metal, alienação e crítica na cultura de massa Dissertação apresentada à Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo para obtenção do título de Mestre em Letras. Área de concentração: Estudos Lingüísticos e Literários em Inglês. Orientador: Prof. Dr. Lynn Mario Trindade Menezes de Souza. São Paulo 2009 Autorizo a reprodução e divulgação total ou parcial deste trabalho, por qualquer meio convencional ou eletrônico, para fins de estudo e pesquisa, desde que citada a fonte. Catalogação na Publicação Serviço de Biblioteca e Documentação Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo PCD Nakamura, Sandra Machinassiah: heavy metal, alienação e crítica na cultura de massa / Sandra Nakamura ; orientador Lynn Mario Trindade Menezes de Souza. - - São Paulo, 2009. 234 p. : il. Dissertação (Mestrado – Programa de Pós-Graduação em Estudos Lingüísticos e Literários em Inglês) – Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo. 1. Cultura de massa. 2. Heavy metal. 3. Dissidência. 4. Multimodalidade. 5. Letramento crítico. I. Título. II. Souza, Lynn Mario Trindade Menezes de Nome: Nakamura, Sandra Título: Machinassiah: Heavy metal, alienação e crítica na cultura de massa Dissertação apresentada à Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo para obtenção do título de Mestre em Letras. Aprovado em: Banca examinadora: Prof. Dr._____________________________Instituição: ________________________ Julgamento:________________________ Assinatura: __________________________ Prof. Dr._____________________________Instituição: ________________________ Julgamento:________________________ Assinatura: __________________________ Prof. Dr._____________________________Instituição: ________________________ Julgamento:________________________ Assinatura: __________________________ Aos meus irmãos, Regina e Ricardo À memória de minha Batchan Agradecimentos Ao meu orientador, Prof. Dr. Lynn Mario TM de Souza, por apoiar este projeto e me acompanhar nesse processo (infindável) de aprendizado. Aos meus pais, Ana e Tutomu Nakamura, por acreditarem em mim. Aos queridos André Sauerbronn, Danilo Pedrosa, Miguel Spada, Renato Suguiyama, Regina e Ricardo Nakamura, que muito me ajudaram e inspiraram a realizar este trabalho. Aos amigos e aos colegas de estudos e pesquisa, pelo companheirismo. You must be the change you want to see in the world. Mahatma Gandhi Resumo Nakamura, Sandra. Machinassiah: Heavy metal, alienação e crítica na cultura de massa [dissertação]. São Paulo: Universidade de São Paulo, Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, 2009. 234 f. A cultura de massa (midiática) tem sido tradicionalmente considerada pouco criativa, alienada e, portanto, menos relevante do que as formas artísticas clássicas e canônicas. Sua incapacidade de se relacionar com a sociedade de outro modo que não como produto disponível no mercado fariam dela mero sustento da lógica de consumo. Propomos no presente trabalho a observação desta forma de cultura a partir de uma outra perspectiva. Com base em teorias Pós-Coloniais, da Complexidade e do Letramento Crítico, mostramos que a alienação da cultura de massa não lhe é uma característica intrínseca, mas uma construção feita a partir de práticas sociais cotidianas. Sendo uma construção, a alienação pode ser desconstruída, e a cultura pode tornar-se crítica, política, socialmente interessada e interessante. Trabalhamos com esta hipótese analisando o heavy metal, tomado como manifestação cultural (de massa) tradicionalmente identificada com a rebeldia e a contestação cultural e social. Observamos diferentes estratégias de dissidência a que recorrem roqueiros e headbangers, constatando que rupturas mais profundas com o conformismo alienado emergem de sua participação crítica em sua cultura musical, na cultura de massa e na sociedade de consumo. A confirmação de tal constatação foi obtida pela análise (multimodal) de um caso, representado pela banda sueca Pain of Salvation. Palavras-chave: Cultura de massa, Heavy metal, Dissidência, Multimodalidade, Letramento Crítico. Abstract Nakamura, Sandra. Machinassiah: Heavy metal, alienação e crítica na cultura de massa [dissertação]. São Paulo: Universidade de São Paulo, Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, 2009. 234 f. Mass culture has been traditionally associated with lack of creativity and alienation, being considered less valuable and interesting than classic and canonic forms of Culture and Art. Its only role in society would be that of a commodity. It would be destined to serve consumption. The aim of our research is to offer a change in the perspective from which we see mass culture. Based on concepts and ideas coming from Postcolonial theories, Social Complexity and Critical Literacy, we can see alienation not as an intrinsic quality of mass culture, but as a construction that is socially produced. Therefore, we work on the hypothesis that, being a construction, alienation can be deconstructed, and culture can be made critical, political, socially interested and interesting. In order to confirm this, heavy metal music, traditionally identified with both cultural and social resistance and disobedience, was taken for analysis. We could, then, observe the different strategies of dissidence adopted by rockers and headbangers, finally concluding that deeper ruptures with alienated conformity emerge from their critical participation in the music culture, in mass culture, and in the consumer society. Final conclusions on this were made after the multimodal analysis of a case, represented by the Swedish band Pain of Salvation. Keywords: Mass culture, Heavy metal music, Dissidence, Multimodality, Critical Literacy. Lista de figuras Figura 1 – A contextualização pela imagem em Scarsick 64 Figura 2 – Amostra da diagramação do livreto que acompanha o CD BE 97 Figura 3 – O uso das cores no encarte de BE 99 Figura 4 – Organização do espaço cênico durante a apresentação de BE 101 Figura 5 – Representação de níveis na apresentação de BE 101 Figura 6 – O centro do palco: a seta que aponta para a platéia 102 Figura 7 – Explorando as fronteiras da representação/apresentação cênica 103 Figura 8 – Imago e Mr. Money: a caracterização do personagem pelo figurino 105 Figura 9 – A chuva: integração de níveis de significação (som, imagem, palavra) 127 Figura 10 – Representação visual da reificação 141 Figura 11 – Óculos escuros: representação simbólica atributiva 141 Figura 12 – A contextualização pela imagem em BE 151 Figura 13 – Descarte dos óculos escuros: representação de uma mudança na visão 191 do mundo Figura 14 – Aproximação entre participantes representados e interativos 195 Figura 15 – Símbolo e capa BE 201 Figura 16 – O olhar sobre o ouvinte-leitor-intérprete-consumidor de BE 203 Sumário Introdução 12 Parte 1 The Wheel and the Machine: cultura de massa, sociedade de consumo e 16 complexidade sócio-cultural – alienação e crítica 1.1 Da Indústria Cultural à cultura de consumo: alienação como um modo de vida 16 1.2 A alienação (des)construída na/da/com a cultura 31 1.2.1 Rock e heavy metal: vozes de contestação e/ou alienação 39 1.2.1.1 Diferenças no metal progressivo 53 1.2.1.2 A crítica em/de/com Pain of Salvation 61 Parte 2 The work of a Machine: Multimodalidade e análises de BE 80 2.1 Metodologia de análise 82 2.2 BE: Seja palavra 89 2.2.1 BE: Seja som 93 2.2.2 BE: Seja imagem 97 2.3 BE: Seja, sendo 106 2.3.1 O princípio de tudo 109 2.3.1.1 Experimentar (com) a vida 130 2.3.1.2 O fim e (é) outro princípio 183 2.3.2 O Ser numa rede de significações 200 Parte 3 Wheels make the Machine: Considerações finais 207 Referências 210 Anexo A 220 Anexo B 223 Anexo C 224 Anexo D 234 12 Introdução Este trabalho resulta de uma série de reflexões sobre o lugar da cultura de massa no universo mais amplo da cultura, que começam a se constituir a partir de meus contatos iniciais com os Estudos da Cultura em cursos de graduação da Faculdade de Letras da Universidade de São Paulo. Apresentada a teorias de Theodor Adorno, FR Leavis, Frederic Jameson, Raymond Williams, entre outros, tomava conhecimento de uma tradição que (com algumas exceções) insistia não só em diferenciar, mas também em hierarquizar formas artísticas e culturais, delimitando cada uma delas e atribuindo-lhes diferentes valores (a despeito de a cultura ser “comum”). Neste contexto, era-me ensinado que, voltados às massas e vendidos como produtos prontos para o consumo, a música, os livros, a dramaturgia para televisão, rádio ou cinema, seriam esvaziados de criatividade, estariam fadados à homogenia e à repetição de clichês e de fórmulas prontas. Neste contexto, a cultura de massa (midiática), considerada essencialmente alienada, em geral se tornava merecedora de atenção acadêmica apenas enquanto reprodutora da ideologia capitalista- consumista. No meu contexto, porém, gêneros e estilos cinematográficos, literários e musicais se multiplicavam a cada dia – inclusive criando cenas independentes das grandes indústrias –, e novas formas de arte e cultura nasciam das novas tecnologias e meios de comunicação – a fotografia digital, o videoclipe, a cultura blogger, a game cultura – fazendo nascer também novos modos de nos relacionarmos com a arte, com a cultura, em sociedade. A ausência de inventividade