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UNIVERSIDADE DO VALE DO PARAÍBA FCA-FACULDADE DE COMUNICAÇÃO E ARTES

TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO

A INFLUÊNCIA DE NO COTIDIANO BRASILEIRO Amparo de Andrade Oliveira

São José dos Campos, dezembro 2006

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UNIVERSIDADE DO VALE DO PARAÍBA FACULDADE DE COMUNICAÇÃO E ARTES

CURSO DE JORNALISMO

A INFLUÊNCIA DE TELENOVELAS NO COTIDIANO BRASILEIRO

Relatório Final Apresentado como parte das exigências do Trabalho de Conclusão de Curso de Jornalismo à Banca Avaliadora da Faculdade de Comunicação e Artes da Universidade do Vale do Paraíba.

Orientadora: Vânia Braz de Oliveira

São José dos Campos, dezembro 2006

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UNIVERSIDADE DO VALE DO PARAÍBA FCA - FACULDADE DE COMUNICAÇÃO E ARTES

TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO

Título: ......

Aluno(s):......

Orientador:......

Banca Examinadora:......

......

......

Nota do Trabalho: ...... (...... )

São José dos Campos, dezembro 2006 3

Dedico esta monografia, aos meus pais, por todos os anos de carinho, afeto, dedicação e acima de tudo incentivo aos estudos e ao crescimento pessoal e profissional. Meu verdadeiro espelho de virtudes e qualidades. A minha irmã Ceiça, que apesar da distância nunca deixou de ser minha companheira, principalmente nas horas mais difíceis. Em especial ao meu namorado Jean, pelo apoio, compreensão e acima de tudo pela paciência nos últimos meses.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus, em primeiro lugar, pois diante das dificuldades que surgiram nos últimos meses, somente a fé me permitiu a conclusão deste trabalho. A professora Vânia Braz, que mesmo com tantos projetos sob sua responsabilidade, me orientou, apoiou e sempre confiou em meu trabalho, desde a escolha do tema até a finalização desta monografia. Em especial, gostaria de agradecer Priscila Sousa e Juliana Costa, pelo apoio, compreensão e acima de tudo pela injeção de ânimo nos últimos dias.

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"A é, sem favor nenhum (ao cinema e ao teatro), o melhor produto de entretenimento desse país." Silvio de Abreu

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Resumo

A novela passou a ser algo tão significativo na vida dos brasileiros e este trabalho tem como objetivo observado a atuação das telenovelas na vida de diversas famílias. É importante ressaltar como a trama vira tema de discussão em conversas de bar e mesmo na academia. Além disso, notar o porquê das emissoras apostarem tanto neste gênero e o motivo dos autores trabalharem com campanhas sociais. Mas será que a publicidade em telenovelas boa para as emissoras é também viável e chama a atenção do público? Para responder estas e outras questões foram utilizadas as pesquisas bibliográfica e exploratória, buscando em livros e artigos, materiais que pudessem dar embasamento ao tema abordado. Já pesquisa experimental foi realizada com três famílias categorizadas como: classe A; classe B e classe C. O intuito foi analisarmos o comportamento dos integrantes de cada família através de um questionário como forma de conseguirmos relatos, verificarmos aspectos positivos e negativos ao conteúdo desta monografia, através de uma novela definida - Belíssima.

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Índice de Figuras Gráfico 1 – Audiência 40 Gráfico 2 – Horário de exibição 40 Gráfico 3 – Conteúdo de novelas 40 Gráfico 4 – Opinião Belíssima 41 Gráfico 5 – Publicidade 41 Gráfico 6 – Consumo de produtos 41 Gráfico 7 – Importância dos capítulos 42 Gráfico 8 – Modas 42 Gráfico 9 – Novela marcante 42 Gráfico 10 – Influência 43 Gráfico 11– Ambientação 44 Gráfico 12– Elenco Belíssima 44 Gráfico 13 – Personagem resurgido 45 Gráfico 14 – Cenas no exterior 45 Gráfico 15 – Empresa Belíssima 45 Gráfico 16 – Produtos anunciados 46 Gráfico 17 – Personagem marcante 46 Gráfico 18 – Bordão 47 Gráfico 19 – Trilha sonora 47

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ÍNDICE INTRODUÇÃO ...... 10

CAPÍTULO I – DA RADIONOVELA À TELENOVELA ...... 11

1.1 – A ERA DE OURO DO RÁDIO ...... 11

1.2 – A HISTÓRIA DA TV ...... 14

1.3 - A TELENOVELA ...... 15

1.4 – NOVELAS HOJE ...... 18

CAPÍTULO II – ONDE A TELENOVELA INFLUENCIA ...... 22

2.1 – O VEÍCULO DE MASSA E A INFLUÊNCIA DA TELENOVELA ...... 22

2.2 – A PUBLICIDADE NA TELENOVELA ...... 26

2.3 – QUESTÕES SOCIAIS ...... 28

CAPÍTULO III –BELÍSSIMA ...... 30

3.1 – A NOVELA ...... 30

3.2 SILVIO DE ABREU ...... 32

CAPÍTULO IV –PESQUISA OBSERVACIONAL ...... 35

4.1 – AS FAMÍLIAS ...... 35

4.2 – DIFERENÇA DE OPINIÃO ENTRE CLASSES ...... 39

4.3 – PESQUISA EXPERIMENTAL ...... 43

CONSIDERAÇÕES FINAIS ...... 48

BIBLIOGRAFIA ...... 49

ANEXO ...... 51

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INTRODUÇÃO

Esta monografia tem como enfoque principal mostrar como uma trama de novela pode influenciar o cotidiano do brasileiro. Portanto, iniciaremos desde seu surgimento ainda como radionovela, passando pela era de ouro do Rádio. A partir daí é preciso falar da história da TV no Brasil, do surgimento da telenovela até as tramas dos dias atuais. Um capítulo aborda a influência da novela sobre o chamado veículo de massa, falaremos também sobre as campanhas sociais feitas em novelas, quando começou, qual a importância das mesmas para a sua emissora, elas funcionam? A publicidade em seus capítulos, desnecessários, ou lucro garantido? O estudo de caso da novela Belíssima relata sua estréia, a trama e seus índices de audiência, o elenco e a reação do público. Para isso não podemos esquecer do autor; Sílvio de Abreu, seus maiores sucessos, as novelas que não emplacaram, o motivo de suas tramas serem ambientadas em São Paulo, sua trajetória desde a comédia no horário das sete até os mistérios de suas novelas das oito. Por fim acompanhamos a reação de três famílias de classes sociais diferentes, a reação de cada uma ao assistir um capítulo, como reagiram, e como fizemos a escolha delas. Aplicamos também um questionário com perguntas sobre a novela Belíssima e após cinco meses aplicamos outro, para avaliarmos o quanto às pessoas ainda se lembravam da trama, nesse mesmo questionário havia perguntas referente a novelas mais antigas, nosso objetivo é medir por quanto tempo assuntos referentes a “determinada” história permanece na memória do brasileiro.

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Capítulo I – Da radionovela à telenovela

1.1 – A era de ouro do rádio

A partir de 1919 começa a chamada "Era do rádio". O microfone surge através da ampliação dos recursos do bocal do telefone, conseguidos em 1920, nos Estados Unidos, por engenheiro da Westinghouse.

Foi a própria Westinghouse que fez nascer, meio por acaso, a radiofusão. Ela fabricava aparelhos de rádio para as tropas da Primeira Guerra Mundial e com o término do conflito ficou com um grande estoque de aparelhos encalhados. A solução para evitar o prejuízo foi instalar uma grande antena no pátio da fábrica e transmitir música para os habitantes do bairro. Os aparelhos encalhados foram então comercializados.

A primeira transmissão radiofônica oficial no Brasil foi o discurso do Presidente Epitácio Pessoa, no , em plena comemoração do centenário da Independência do Brasil, no dia 7 de setembro de 1922. O discurso aconteceu numa exposição, na Praia Vermelha - Rio de Janeiro e o transmissor foi instalado no alto do Corcovado, pela Westinghouse Electric Co.

Para se ter uma idéia de porque a época ficou conhecida como a "Era do Rádio", nos EUA o rádio crescia surpreendentemente. Em 1921 eram 4 emissoras, mas no final de 1922, os americanos contavam 382 emissoras.

A chegada do rádio comercial não demorou. Logo as emissoras reivindicaram o direito de conseguir sobreviver com seus próprios recursos. A pioneira no rádio comercial foi a WEAF de Nova Iorque, pertencente à Telephone and Telegraf Co.. Ela irradiava anúncios e cobrava dois dólares por 12 segundos de comercial e cem dólares por 10 minutos.

O "pai do rádio brasileiro" foi Edgard Roquete Pinto. Ele e Henry Morize fundaram em 20 de abril de 1923, a primeira estação de rádio brasileira: Rádio Sociedade do Rio de Janeiro. Foi aí que surgiu o conceito de "rádio sociedade" ou "rádio clube", no qual os ouvintes eram associados e contribuíam com mensalidades para a manutenção da emissora.

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No início dos anos 30 o Brasil já tinha 29 emissoras de rádio, transmitindo óperas, músicas e textos instrutivos. Também nesta década ao som de "Luar do Sertão", às 21 horas do dia 12 de setembro, ouvia-se: "Alô, alô Brasil! Aqui fala a Rádio Nacional do Rio de Janeiro!". Surge a PRE-8, adquirida por apenas 50 contos de réis da Rádio Philips. Na década seguinte, em 1941 começa a transmissão da primeira rádio novela do país, que foi apresentada durante cerca de três anos, pela PRE-8, Rádio Nacional do RJ. Era a novela "Em Busca da ", logo depois foi a vez de "O Direito de Nascer". Um dos gêneros mais expressivos da Época de Ouro do Rádio, a radionovela fazia o ouvinte imaginar situações e ambientes, desenvolvendo sua capacidade de criar imagens. Sem contar com o apoio de imagens, os atores davam tudo de si nas interpretações, pois era o único meio de passar toda a emoção de uma “cena”. Cada cena era peculiar a cada ouvinte. Cada um, da sua maneira, dava rostos e figurinos aos personagens, móveis e decorações às casas. Criavam seus próprios cenários, tendo, como único estímulo, a voz dos atores, e a sonoplastia da produção. Era a hora de criar cenas longe dos olhos.1 Com sucesso absoluto alcançando 80% de audiência, as histórias contadas eram ouvidas por todo canto. No Brasil, a novidade chegou na década de 40, quando se deu a chamada Época de Ouro. As novelas importadas aportaram, primeiramente, no Rio de Janeiro e São Paulo enquanto Pernambuco dava os seus primeiros passos na construção desse gênero com a radiofonização de filmes, que caracterizava, no entanto, o radioteatro. A margem que separa o radioteatro da radionovela é muito tênue. Podemos dizer que todos os programas não jornalísticos, como os de auditório, humorísticos, adaptações de filmes ou contos literários faziam parte do radioteatro. As novelas também estavam incluídas nesse bojo. Enfim, tudo o que precisasse de interpretação pertencia a esse departamento, inclusive os “reclames”.

1 Morais, Wilma, 1987. Sonoras Imagens. Dissertação de Mestrado, PUC, SP, 104,págs. Essa questão da criação de imagens a partir da manipulação de sons foi por muito tempo levantada e discutida pelos estudiosos da Comunicação principalmente quando se dedicaram a entender o fenômeno radiofônico do século passado que imprimia sim, uma realidade provocada pela imaginação. Parece incrível, mas continuamos discutindo o rádio, em pleno século XXI. De fato, o rádio não morreu . Ele está sendo resgatado, porém, com características distintas das do século anterior.

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As pessoas ficaram encantadas com esse entretenimento de fácil acesso, embora ela tenha sido introduzida um pouco tarde no país, devido à falta de estrutura na época, mas mesmo assim com o aumento de emissoras e rádio, não foi difícil que ela se espalhasse pelo Brasil deixando o eixo Rio –São Paulo. “A radionovela era um elemento a mais dentro desse grande conjunto. Um elemento que se destacou além dos demais por conta da sua dramaticidade e seu continuísmo, ou seja, ela trazia a história seqüenciada, levada ao ar diariamente, durante alguns meses.” (ALVES,2004,pág.14).

É importante lembrar que as primeiras radionovelas sofreram grande influência das tramas latino-americanas. Segundo Ortiz: “Oduvaldo Viana, diretor artístico da Rádio São Paulo, „descobre‟ o gênero em sua viagem à e, seduzido por esta nova forma de se contar uma estória, a „implanta‟ no Brasil”. (Ortiz,1991,pág.24) Prova disso é a radionovela: Em busca da Felicidade, do cubano Leandro Blanco que foi traduzida e produzida aqui no Brasil.Ela surgiu como um produto importado e aqui teve que seguir um padrão, o que não impediu o seu sucesso, aliás só adicionou e as tramas tiveram a mesma audiência dos países latino-americanos o que fez aumentar as gravações e o número dessas produções. “Entre 1943 e 1945 foram transmitidas 116 novelas pela Rádio Nacional, num total de 2985 capítulos. A Rádio São Paulo, que se especializou no gênero, “tinha novelas nos três períodos, chegando a ter no ar, diariamente, nove novelas no horário diurno”. (Ortiz,1991,pág.27) Nesse tempo houve também um grande número de contratações não só de artistas, como produtores e demais profissionais ligados a área para que as radionovelas tivessem maior prestígio, credibilidade, o fato é que nesta época já havia uma busca pela audiência e patrocinadores, tanto que a Rádio Nacional conseguiu triplicar o seu faturamento só nos anos entre 1940 e 1946. Como observa Ortiz: “Como os aparelhos de rádio tornam-se cada vez mais acessíveis durante a década de 40, temos agora que o gênero torna-se efetivamente popular, o que não havia acontecido com seu antepassado, o folhetim”. (Ortiz,1991,pág.27) Sendo assim a radionovela não só marca uma época, como também terá uma forte influência na telenovela,sua sucessora.

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1.2 – A história da TV

A implantação da televisão entre nós ocorreu em 1950, apenas cinco anos depois de seu aparecimento em quase todos os países do mundo, ultrapassando a radiodifusão e desenvolvendo entre 1950 e 1969. Podemos dizer que a primeira emissora brasileira foi TV- TUPI, inaugurada em 18 de setembro de 1950 com quadros de música , humor, dança e um quadro de dramaturgia. Segundo Filho: ”O programa foi feito com duas câmeras e transmitido com a maior dificuldade. No que aquilo ia dar? E o mico na frente do país?” (FILHO,Daniel, 2001,pág.15) , mas no final dessa década Rio de Janeiro e São Paulo já tinham mais emissoras, no Rio a TV Rio aos poucos ganhava espaço e alguns profissionais de rádio eram contratados e migravam para a televisão. Não existiam no Brasil, fábricas, indústrias de componentes técnicos de TV, mas isso não impediu que em 1955 Assis Chateubriand comprasse, de uma só vez nove estações nos Estados Unidos, embora como foi falado não houvesse sequer uma infra- estrutura de imagem e som no país. Na década de 60 as emissoras começam a despertar o seu lado comercial em busca de maior audiência segundo YOUSSEF: “Em 1960, dois programas fizeram furor e causaram uma corrida publicitária sem precedentes, informa Ricardo Ramos: a inauguração de Brasília, transmitida ao vivo, e Hamlet de Shakespeare, adaptado e levado ao ar em vídeo-teipe” (YOUSSEF,1987,pág.10.). Assim os canais de Tv têm como grade principal programas informativos que combinam noticiários com o estilo das rádios; debates e entrevistas, programas

14 educativos e de distração, os musicais também fizeram parte e com grande sucesso entre 1964 e 1968 na Tv Record terminando com o início dos festivais da canção popular brasileira. Em 1964 com a inauguração da TV-Globo garantida financeiramente, por um contrato com o grupo americano Time-Life começa uma nova era entre as emissoras como observa:

”Segundo muitos, começa com a Globo o sistema televisual brasileiro, pois, desde o início, procurou produzir perto de 60% de sua programação(sendo que atualmente produz quase 100%). “Englobou” vários outros sistemas, falidos ou com dificuldades econômicas sérias, como por exemplo, a TV-Paulista, em 1966 e a TV- Excelsior, em 1969. (YOUSSEF,1987,pág.10 e 11.)

Na década de 70 já era considerada líder de audiência, conduzindo o mercado monopolizado pela TV-Record, considerada na época a maior emissora do país.

1.3 - A telenovela

Ela surgiu no Brasil em meados dos anos 50, seguindo outro sucesso, a radionovela, e logo conquistou o coração do público. A telenovela tem a combinação de elementos de aceitação popular: cine em episódios, folhetins literários, melodrama no teatro, etc. No Brasil, o termo "novela" é conhecido popularmente como telenovelas, um gênero de dramaturgia visto na televisão brasileira. Mas como esse gênero surgiu na TV brasileira? Podemos dizer que tudo teve início na TV Tupi, a qual foi a primeira emissora latino-americana a produzir telenovelas. Em 1951 ia ao ar SUA VIDA ME PERTENCE. Os capítulos eram exibidos duas vezes na semana , mas é em 1964 com

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O direito de nascer, originalmente uma novela de rádio, do cubano Felix Caignet que foi adaptada para a televisão por Teixeira Filho e Talma de Oliveira, que a emissora tem o seu primeiro grande sucesso. Transmitiu ainda tramas de grande público e qualidade televisiva tais como: , , e Aritana até a sua extinção em 1980. As telenovelas surgem com intuito de agradar o público feminino na década de 60, as histórias eram dirigidas às donas-de-casa, já no final da década de 70 o público passa a ser indiferente, todos assistem. Nessa mesma época como as emissoras eram dependentes de empresas por conta do patrocínio fornecido por elas, cabia a elas definir como seria o formato da história apresentada ao público, que tinham uma preferência clara pelo folhetim melodramático como observa:

“Excelsior,2-5499 ocupado e Aqueles que dizem amar-se e Alberto Migre; Tupi, Alma Cigana e A gata de Muñoz Rico;Record, Renúncia de Oduvaldo Viana”. As duas novelas, que marcam a entrada da Globo no setor de produção, O ébrio de Gilda de Abreu e Compro esta Mulher, também pertencem ao mesmo gênero (RAMOS,1991,pág.69.).

A telenovela é como um novelo se desenrolando, a palavra novela em outros idiomas, significa: ”história curta”, o que não acontece com a telenovela onde uma trama ultrapassa quase sempre mais de duzentos capítulos. Mas segundo Youssef:

“É de Marcos Rey, escritor e roteirista, a explicação mais convincente: „O termo novela foi equivocadamente incorporado pelo rádio às suas narrativas quilométricas. Depois, a televisão cometeu outro equívoco em cima do primeiro e ficou com o nome. Como se sabe, o rádio copiou o gênero das similares cubanas e mexicanas. Só que o termo, no idioma espanhol é igual à romance. No inglês moderno também. Para a história curta, estes idiomas têm outros vocábulos. Com relação à telenovela, o certo seria chamá-la de folhetim.‟” (YOUSSEF,1987,pág.19.)

É fato que as novelas seguem uma sinopse, que quase sempre sofre alterações de acordo com o desenrolar da trama, essas mudanças podem ocorrer por

16 vários motivos, mas a opinião do público é fundamental, é claro que sem sair da linha que cada autor segue . Alguns chegam a reescrever cenas, mudar finais, ultimamente tem apelado até para enquetes, que foi o caso do autor Thiago Santiago que fez isso em sua novela PROVA DE AMOR, ao decidir o destino de uma personagem a pergunta era a seguinte:

Patrícia Lopo deve morrer ou ter um final feliz? Isso ocorreu porque a atriz Renata Dominguez já estava para a próxima trama da emissora. 2-5499 OCUPADO foi a primeira novela exibida diariamente , uma produção da Tv Excelsior, naquela época não se imaginava que estaria consolidado um novo gênero de entretenimento. É nos anos 60 que as emissoras passam a investir em novelas , mas ainda havia muito das origens radiofônicas e dos estilos “melodramáticos latinos do cubanos, mexicanos e argentinos. Sem comprometimento com as chamadas “raízes” brasileiras Glória Magadan, escritora cubana, traz alguns de seus maiores sucessos que foram exibidos pela Rede Globo: EU COMPRO ESTA MULHER, A RAINHA LOUCA, O HOMEM PROIBIDO, entre outras. Em 1967 Janete Clair é contratada para auxiliar a escritora cubana, escreve algumas novelas sem muito êxito ,mas que futuramente ficaria conhecida como “ A grande usineira de sonhos, ou Nossa senhora das 8”. Em 1966 também é escrita aquela que é considerada a maior novela até os dias atuais: REDENÇÃO, com 596 capítulos bem sucedidos com o público acompanhando do início ao fim. No final dos anos 60 eles começam deixar de lado os folhetins latino- americanos e passam a investir em histórias mais “brasileiras”.A Globo domina a década de 70, e começa uma fase de modernização em suas novelas segundo Youssef:

“A primeira „ modernização‟ da Rede foi a divisão de horários das telenovelas, segundo os modelos de público, a saber: -horário das seis da tarde, para os adolescentes,as domésticas, as donas-de-casa, com adaptações da literatura romântica. -horário das sete, ainda que os adolescentes, as donas-de-casa e eventualmente para a mulher que trabalha fora com histórias leves, românticas e temperadas com algum humor;

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-horário das oito, dirigido para a mulher madura, para o marido, para a célula familiar em geral, com histórias que enfoquem o dia- a dia, os problemas familiares, as grandes questões; - horário das dez, naturalmente seletivo, destinado a histórias experimentais.” (YOUSSEF,1987,pág.38.)

Ainda nos anos 70 , emissoras como Excelsior que já havia sido líder de audiência, decreta falência, a Record preferia apostar em outros programas de entretenimento como os musicais e assim sobrava espaço para a Rede Globo se consolidar no ramo da teledramaturgia. Nos anos 80 , a extinta Manchete entra no mercado com uma nova proposta, e produz DONA BEIJA E KANANGA DO JAPÃO de Wilson Aguiar Filho, mas é da Rede Globo os maiores sucessos como : um dos seus maiores sucessos escrita por:Dias Gomes e considerada o marco dos anos 80, há ainda VALE TUDO de que aliás marcou sua carreira, novela aclamada pelo público e crítica. Mas é nos anos 90 que a Tv Manchete enfim consegue abalar as estruturas da poderosa Tv Globo com a novela PANTANAL de Benedito Ruy Barbosa. A sinopse que já havia sido apresentada à ela foi rejeitada, fez sucesso e pela primeira vez depois de tanta liderança a emissora carioca teve seu posto ameaçado. Isso fez com que Benedito voltasse, e pouco tempo depois assumisse o posto de um autor de “1° escalão” de novela das oito. Nos últimos anos , as novelas assumem outra posição tornam-se a menina dos olhos da emissora, o “carro-chefe”. E com isso os investimentos são cada vez maiores , são tratadas como indústrias do entretenimento e a guerra de audiência ainda mais acirrada, a rede Record, volta a investir no gênero, contrata profissionais, atores e atrizes tido como globais, e com isso quem ganha é o telespectador, pois tem mais opções e não estando satisfeito é só mudar de canal.

1.4 – Novelas Hoje

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Com a chegada do século XXI, as novelas passaram a ser produzida de uma maneira diferente. Com o objetivo de gerar lucro e não ser apenas uma forma de entretenimento, as tramas tem histórias voltadas para públicos diversificados que compreendem desde adolescentes até pessoas com idade avançada. Atualmente são mais de onze histórias exibidas em três emissoras, isso sem contar reprises e novelas mexicanas exibidas pelo SBT-Sistema Brasileiro de Televisão. A Rede Globo conta com seus horários tradicionais, exibindo três novelas de segunda à sábado e para abalar a sua hegemonia a Rede Record , desde o final de 2006 também apostou nesses mesmos horários. A Band – entra na briga com Paixões Proibidas e a emissora de Sílvio Santos continua com seus folhetins mexicanos sem programação definida. Antes de estrear uma novela as emissoras inserem em sua programação muitos comerciais, a intenção é fixar na mente do telespectador a nova história, um exemplo disso é a Rede Globo que faz propagandas durante jogos de futebol, é como se fosse uma lavagem cerebral, para que as pessoas percam o vínculo com a trama atual e passem a se interessar pelo novo folhetim. As propagandas ultrapassam a televisão, a mídia impressa e cada vez mais tem se inovado ao lançamento de uma novela. Exemplos não faltam; a Rede Record em 2006 antes de estrear a novela Cidadão Brasileiro, promoveu sorteios de carros para quem acertasse quantas propagandas foram exibidas antes do início da novela, o sorteio é claro, foi realizado na exibição do primeiro capítulo. A Globo não deixou por menos e antes de lançar Cobras e Lagartos em abril de 2006, colocou na avenida Paulista em São Paulo a maquete de um ovo como se fosse a réplica de um ovo de dinossauro e nos dias que antecediam a estréia da novela, a maquete se desfazia aos poucos, no dia 24 de Abril data do primeiro capítulo a maquete já desfeita revelava o que tinha dentro: Bonecos em forma de cobras e lagartos fazendo referência ao nome da novela. Para prender a atenção do público com produções cada vez mais caras os diretores têm usado diversos artifícios, gravações no exterior é um deles e tem sido muito utilizadas.Com exceção da novela O Profeta, as demais tramas em exibição iniciaram suas histórias em outros países; Páginas da Vida e Pé na Jaca foram gravadas em Amsterdã –Holanda e Paris – França respectivamente, os capítulos mostram os cartões postais desses lugares.

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O fato é que não só de paisagens bonitas sustenta-se uma boa história; para Nilson Xavier pesquisador do gênero há mais de quatorze anos, uma boa novela tem que ter os seguintes ingredientes:

“Para cativar o público e fazer com que ele se mantenha fiel à novela todos os dias é necessário uma boa história, com bons ganchos diários. Ganchos são aqueles momentos de clímax ao final do capítulo que vão fazer com que o telespectador tenha, no mínimo, a curiosidade de saber como a história continua no dia seguinte. Essa é a essência do folhetim. Só assim o autor consegue manter o público ligado em sua novela por 6, 7, 8 meses.”

Devido à guerra de audiência; mas acirrada do que nunca as emissoras deixam de inovar e os folhetins que precisam elevar o ibope, atrair anunciantes, estão calcados no melodrama desde os tempos da radionovela. Um exemplo disso é a novela , de apesar do sucesso arrebatador foi um grande “novelão” assumido. Mas ao contrário do que se pode imaginar isso não faz com que a audiência caia, pelo contrário o público já se acostumou como os mesmos mocinhos e mocinhas, os mesmos vilões, basta um caso polêmico aqui, uma nova moda lançada ali e as tramas se tornam o assunto do dia ao longo de seis a oito meses; período médio que é exibida uma novela, prova disso é que o folhetim assinado por Mário Prata BANG BANG exibida no final de 2005 não agradou ao telespectador . Vários foram os problemas pelo fato da trama não ter emplacado. O principal deles: a obra não foi uma das mais tradicionais com vilãs muito más, mocinhas muito boas e romances “açucarados”, a história ambientada no faroeste e uma nova linguagem deixou o enredo confuso para boa parte do público. As piadas com referência aos anos 60, os nomes difíceis de personagens e o ritmo lento da história foram apontados como problemas pelos telespectadores como revelou uma pesquisa feita pela emissora. Em contrapartida a Record festejou esse “desastre” pois na época exibia PROVA DE AMOR e com uma trama contemporânea, roubou alguns telespectadores da Globo.

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Com elementos típicos de folhetins globais, a trama conquistou rapidamente a vice-liderança no horário e em vários capítulos a história conseguiu alcançar seu Ibope no da novela da Globo. O capítulo exibido em 18/01/2006 conseguiu um feito inédito: pela primeira vez a Record ultrapassou em audiência o Jornal Nacional, a prévia do Ibope registrou a liderança por oito minutos na grande São Paulo e com isso a novela levou o título de produto de maior audiência da emissora. Com o sucesso inesperado de suas últimas produções a emissora resolve definitivamente investir no gênero e efetuou a compra de dois estúdios de Renato Aragão, para que neles fossem gravadas as suas novelas. O local foi batizado de Recnov (Record Novelas). O estúdio fica na Zona Oeste do Rio de Janeiro, próximo ao Projac da Rede Globo. Lembrando que essa não é a primeira vez que outras emissoras tentam abalar a hegemonia da Globo, desde que se impôs na produção de novelas no início dos anos 70; a extinta T.V Manchete também conseguiu esse feito; lembrando que não somente em um dia mas em alguns meses, durante a exibição de PANTANAL. Mas há muita diferença nas tramas, nas duas últimas décadas autores deixaram de ousar; para Nilson Xavier a principal diferença:

“As novelas antigas seguiam uma linha de experimentação, quando o produto ainda estava se consolidando – até os anos 70. Os autores eram mais ousados em seus temas, mesmo apesar da Ditadura e do Regime Militar. A partir dos anos 80 o gênero já estava consolidado. Houve algum crescimento aqui, outro ali, algumas renovações. Mas parece que, quanto mais o tempo passa, menos se renova na teledramaturgia brasileira – especificamente no caso das telenovelas. Essa é a maior diferença que sinto entre as novelas antigas e as atuais”.

Percebemos que o mercado de teledramaturgia se amplia e isso é vantajoso para o telespectador e para os profissionais envolvidos na área. Isso demonstra uma variedade, bem como um campo propício na indústria da telenovela. Fórmulas desgastadas? Autores escrevendo o mesmo folhetim e renovando o elenco (quando renovam)? O fato é que as telenovelas continuam chamando atenção do telespectador e, sobretudo continua sendo a “menina” dos olhos de qualquer emissora.

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Capítulo II – Onde a telenovela influencia

2.1 – O veículo de massa e a influência da telenovela

O Brasil é um país extremamente televisivo, logo a televisão é o meio de entretenimento de mais fácil acesso à população. Assim que chegou ao Brasil era vista como símbolo de status, como observa Ball-Rokeach:

“Realmente, o televisor rapidamente virou símbolo de posição socioeconômica. No início de sua difusão, as famílias que mal podiam dispor de recursos para adquirir um receptor, às vezes economizavam em artigos de primeira necessidade para poder comprá-lo. O ”plano de fácil pagamento”, agora já um traço solidamente institucionalizado da economia norte-americana, foi amplamente utilizado por famílias de recursos modestos para adquirir seu receptor.”(Ball – Rokeach,1989, pág6)

Com a chegada das primeiras telenovelas podíamos perceber, que seu público específico era o feminino, mas com a chegada dos anos 70 podemos perceber uma mudança no perfil de seus telespectadores como mostra Youssef:

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“Já no final da década de 70, seu público é algo indistinto, até mesmo impreciso. Ou não: basta generalizar. Todos vêem telenovela. Deixou de ser história só para mulheres. É assunto cotidiano e responsável, inclusive por mudanças de horários (ou sacralização deles). Depois das dezenove horas é fácil encontrar todo mundo em casa. Difícil é falar com as pessoas, nesse horário: atentos ao mundo que “vem lá da televisão””.(YOUSSEF,1987,pág 16.)

Podemos perceber essa mudança no ano de 1970 quando a novela IRMÃOS CORAGEM, considerada a mais longa até hoje; da novelista Janete Clair, levou para a TV a saga de três irmãos, onde um dos personagens mais populares da novela, além de João Coragem, interpretado por Tarcísio Meira, era o personagem Duda, interpretado por Cláudio Marzo, na trama o ator vivia jogador de futebol camisa 10 do Flamengo e com isso a novela atraiu e derrotou a resistência dos homens que não tinham vergonha de acompanhar a história. Portanto a telenovela conquistou o público brasileiro de uma tal forma que para alguns já se tornou hábito as pessoas acompanharem diariamente as tramas exibidas, seja no período da tarde; geralmente reprises ou à noite quando são exibidas mais dez novelas em canais e horários diferentes. Alguns afirmam assistir novela por distração, o fato é que por entretenimento ou não as pessoas têm o assunto propagado de tal maneira que mesmo quem não gosta de ver acaba tendo contato com as trilhas sonoras que viram febre, os atores / modelos do momento, o vestuário, os bordões e as perguntas: “Quem matou Odete Roitman?”,”Quem é o filho(a) de Bia Falcão?”, “Vai ter beijo gay?”, e por aí afora. De uma forma ou de outra o produto chega a todos. Os assuntos do cotidiano; algumas vezes retratado com tanta veracidade faz com que as pessoas se identifiquem com a história ou com determinado personagem e isso pode ocasionar alguma confusão, entre história x realidade, exemplos não faltam, mas podemos destacar entre eles: O ano era 1971, a novela BANDEIRA 2 chamava a atenção do público para o mundo do “jogo do bicho”, a principal história era a disputa entre os bicheiros Tucão interpretado por e Jovelino Sabonete interpretado por Felipe Carone, pelo controle dos pontos do jogo do bicho no subúrbio de Ramos, Rio de Janeiro.

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O ator Paulo Gracindo foi consagrado por esse papel e caiu nas graças do público. Mas as contravenções de seu personagem foram condenadas pelas censura que “decretou” a sua morte. Dias Gomes autor da novela eliminou o protagonista e começou a confusão como mostra Souto:

“a morte de tucão O jornal carioca Luta Democrática estampou a manchete em letras garrafais: “Morreu Tucão”. Na gravação do enterro, foi preciso reforçar o número de seguranças no cemitério para conter as cerca de 3 mil pessoas aglomeradas entre as lápides. A comoção foi produzida pelo boato de que Paulo Gracindo tinha morrido de verdade. “No dia em que o último capítulo foi ao ar, no jogo do bicho deu “macaco”, mesmo número da sepultura fictícia de Tucão. Bandeira Dois fez sucesso entre os bicheiros da cidade e Paulo Gracindo virou ídolo dos contraventores. Quando souberam que uma peça encenada pelo ator atraía pouco público, os “banqueiros do bicho” resolveram comprar 120 lugares para uma única apresentação.” (Souto, 2006 pág81)

No ano das primeiras eleições diretas para presidente da República depois de vinte e nove anos, estreava na Globo uma novela com título bem sugestivo :O SALVADOR DA PÁTRIA, de Lauro Cezar Muniz. dava a vida ao personagem Sassá Mutema ,bóia – fria que vivia da colheita de laranjas e que acaba se tornando prefeito da fictícia Tangará ao longo da trama. O que poucos sabem é que na verdade, o personagem chegaria até a presidência do país na história, se não fosse por uma questão: a comparação entre Sassá e o então candidato Luis Inácio Lula da Silva foi inevitável, para a esquerda, o personagem era muito manipulável e para a direita, uma propaganda subliminar a favor de Lula. Sendo assim o autor não encontrou outra solução a não ser a de restringir a candidatura do personagem à prefeitura da cidade. Lima Duarte declarou em entrevista à Folha Online que na época, foi convidado a se candidatar à vice-presidência pelo partido PSDB na chapa de Mário Covas. E o que dizer quando a história ultrapassa a tela da televisão e passa preocupar entidades, principalmente quando se trata de entidades religiosas, a Arquidiocese do Rio

24 de Janeiro em 2000, se recusou a ceder uma igreja para a gravação do casamento de Camila vivida por e Edu interpretado por Reinaldo Gianecchini da novela LAÇOS DE FAMÍLIA, o motivo: a personagem estava grávida o que contraria princípios da entidade católica. A cena foi gravada em uma capela construída no Projac. O telespectador quando não aprova protesta também; e muitos foram os casos, em , por exemplo: a trama foi ambientada na Bahia estado com alto índice de população negra e causou a revolta por parte de movimentos negros no estado e de outras regiões do Brasil; motivo: poucos atores negros na novela, inclusive seus protagonistas. Os autores de novela também têm sido influenciados por histórias do cotidiano e aproveitam para incluir no roteiro de suas tramas. Manoel Carlos, por exemplo, tirou a espinha dorsal de sua história em LAÇOS DE FAMÍLIA de uma matéria que ele leu; em 1990 nos Estados Unidos, a mãe de uma filha com leucemia engravida e, assim, consegue uma doadora para o transplante de medula, na época o autor acreditava que o cinema norte-americano não deixaria a história passar em branco, mas deixaram e o autor inspirado no fato escreveu um de seus maiores sucessos. Glória Perez também já usou de fatos reais para compor seus folhetins, em EXPLODE CORAÇÃO, a autora ao visitar uma família de ciganos, estabilizada financeiramente, morando num belo apartamento na avenida Atlântica, presenciou a briga de uma jovem cigana com pai, pois queria estudar e se casar com um rapaz que conheceu através da Internet, a autora afirma que saiu de lá com a novela na cabeça. O fato se repetiu em 2005 na novela AMÉRICA, a cena em que Sol personagem de Déborah Secco é encontrada dentro de uma caixa, aconteceu em 2004 quando uma cubana foi encontrada por policiais americanos. Outra cena; interpretada por foi feita com base em um acontecimento em Salvador, onde o motorista de um trator se recusa a cumprir a ordem de um despejo e por abaixo um barraco. O motorista da “realidade” emocionado não quis derrubar a casa de uma família despejada, Glória acompanhou pelos telejornais e decidiu acrescentar em sua trama. Com relação a grupos que se dizem representante de alguma causa, quando discordam de assuntos abordados em novelas podem muito mais que protestar e foi o que ocorreu nessa mesma novela. Em fevereiro de 2005 um mês antes da estréia de AMÉRICA a autora Glória Perez sofreu insultos em sua página de relacionamentos o

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Orkut, o grupo que se intitula “protetor” dos animais, chegou a deixar mais de oito mil mensagens com ataques violentos à memória de Daniella Perez assassinada em 1992, tudo porque o personagem de Murilo Benício, protagonista da história seria um famoso peão de rodeio. Não bastando; a autora sofreu severas críticas após o último capítulo da novela pela associação do grupo GLS, que condenou a atitude da rede Globo e da autora de cortarem o primeiro beijo gay gravado em uma novela. O beijo chegou a ser gravado, mas de última hora foi cortado, a cena apenas insinuava que os personagens Júnior interpretado por Bruno Gagliasso e Zeca interpretado por Heron Cordeiro se beijariam. Sendo assim; produções impecáveis, elencos estelares, histórias bonitas dependem e muito da opinião do público é ele o termômetro que determina se uma novela vai bem ou não.

2.2 – A publicidade na telenovela

Como um produto que precisa dar lucro, não é de hoje que as tramas têm em seus capítulos “comerciais” inseridos a fim de instigar o telespectador a se interessar ou até mesmo adquirir o produto anunciado nas novelas. Mais do que criadora de modismos a novela de hoje vende ou ajuda a vender mesmo que direta ou indiretamente. As empresas buscam nas tramas uma forma de expandir suas vendas, aumentar sua publicidade e não é de hoje que isso vem ocorrendo. Um dos primeiros folhetins a apostar em merchandising foi à novela ROQUE SANTEIRO. Um outdoor em Asa Branca mostrava um grande bumbum com o slogan: “Hope a calcinha que mexe com a cabeça dos homens”. O bumbum rebolava somente para o misterioso professor Astromar. As vendas da Hope, na época, subiram de 75 mil peças por mês para 120 mil. Na mesma novela um fato curioso; não que tenha sido anunciada, mas na mesma época de exibição da história a venda de perucas no Brasil cresceu 80% durante a exibição da trama.

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Aproveitando o sucesso da trama de Gilberto Braga – VALE TUDO as empresas Maggi, fabricante do caldo nobre da galinha azul, promoveu um concurso para premiar quem descobrisse o assassino de Odete Roitman. O vencedor levou cinco milhões de cruzados, o equivalente a 6.200 dólares. E quem não se lembra das propagandas Sassazaki ? A empresa aproveitou o tamanho sucesso de Lima Duarte na novela O SALVADOR DA PÁTRIA e lançou uma linha com portas e janelas com o nome do personagem de Lima Duarte Sassá Mutema, o ator inclusive por um bom tempo foi garoto propaganda da empresa. Depois de mais de 10 anos fora da televisão, a Deca (fabricante de louças e metais sanitários), escolheu em 2004 a loja de material de construção de Maria do Carmo, personagem interpretada por Suzana Vieira da novela , para marcar sua volta à mídia. Justamente por meio do merchandising, na trama Maria do Carmo era proprietária de uma loja de materiais de construção. Mesmo depois de encerrada a novela Suzana Vieira continuou aparecendo em comerciais do gênero. A Petrobrás ofereceu em 2004 em forma de patrocínio na novela a inserção de merchandising na trama, um deles era a inserção de um fictício torneio de surfe patrocinado pela estatal, o objetivo era mostrar que a empresa apoiava esportes amadores. No mesmo ano agora na trama de Antonio Calmon COMEÇAR DE NOVO que não foi tão bem sucedida, o gasto foi recorde: R$ 5 milhões de reais, o maior investimento feito pela Petrobrás numa única produção de TV. O dinheiro foi gasto na forma de merchandising e a cidade cenográfica da novela abrigava um posto de gasolina BR e uma loja de conveniência BR Mania marcas da empresa. Além de alguns personagens trabalharem em uma plataforma petrolífera da estatal. A Natura resolveu apostar de vez nas propagandas inseridas em novelas, em 2003 a novela era , Fernando Amorim interpretado por Marcus Palmeira foi para o norte do Brasil dirigir um documentário sobre a biodiversidade brasileira e seu uso sustentável. A Natura apareceu como fonte de informação do documentário, que mostrava comunidades que cultivavam as matérias-primas naturais usadas pela empresa. Depois dessa novela constantemente a empresa foi vista em outras histórias entre elas: AMÉRICA, BELÍSSIMA essa última a personagem de , fazia uma consultora da empresa, divulgava seus produtos e muitas vezes chegava a utilizá-los em cena.

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Apesar do forte merchandising em novelas da emissora carioca, SBT e Record também estão de olho na estratégia, não é a toa que a Record investiu definitivamente no gênero. O intuito da emissora é atrair empresas que não tenham o capital suficiente para pagar um comercial na rede Globo, mas que possam anunciar em seus intervalos comerciais.

2.3 – Questões Sociais

Além de histórias bonitas, o que prende o telespectador muitas vezes são as chamadas campanhas sociais e de cidadania abordadas em novelas, isso é bom para o público, e traz credibilidade para a sua emissora. O Brasil é um dos poucos países que usa suas telenovelas também como instrumento educador e com sucesso. O problema do alcoolismo da personagem Heleninha Roitman (), em VALE TUDO (1988), foi um dos primeiros merchandisings sociais de destaque na TV‟, depois da trama de Gilberto Braga outras já trataram desse mesmo tema e com grande êxito como foi o caso de POR AMOR, onde o ator Paulo José deu vida ao personagem Orestes, em foi a vez de Vera Holtz interpretar Santana uma professora que fazia de tudo para se livrar do vício do álcool. Manoel Carlos teve uma de suas maiores campanhas sociais na novela LAÇOS DE FAMÍLIA, a história de uma jovem com leucemia comoveu o Brasil inteiro, a personagem de Carolina Dieckmann, as imagens da personagem tendo sua cabeça raspada em conseqüência do tratamento da leucemia foi uma das mais marcantes da TV. As cenas posteriormente foram utilizadas em uma campanha da emissora sobre a doação de medula. Por essa campanha a rede Globo foi a ganhadora do prêmio BitC Awards for Excellence 2001, na categoria Global Leadership Award, o mais importante prêmio de responsabilidade social do mundo. Glória Perez uma das pioneiras em campanhas sociais, vem fazendo esse trabalho muito bem desde a novela DE CORPO E ALMA; onde abordou a questão do transplante de órgãos. Na semana de estréia da novela, O Instituto do Coração –Incor, em São Paulo, recebeu nove órgãos para transplante. Na época, a instituição estava há dois meses sem uma única doação.

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Mas devido à tragédia que se abateu durante as gravações, quando a filha da autora Daniella Perez foi assassinada por um colega de elenco. Glória Perez ficou afastada por uma semana e quando voltou incluiu mais duas questões sociais em sua história a morosidade da justiça e a inadequação do código penal. Em 1996 a novela EXPLODE CORAÇÃO desenvolveu uma grande campanha de utilidade pública, a personagem Odaísa interpretada por Isadora Ribeiro tem o filho desaparecido. A personagem, em sua busca, juntou -se às verdadeiras mães da Cinelândia, no Rio de Janeiro, em comoventes mensagens. No capítulo do dia 09 de Março, a novela mostrou a foto de uma criança desaparecida há 10 anos. Seis dias depois a mãe encontrou o filho que havia sido levado pelo próprio pai. A partir de então, no meio dos capítulos foram inseridos depoimentos de mães em busca de seus filhos. O encerramento da novela ainda apresentava fotos de crianças desaparecidas. A novela ajudou a recuperar mais de 60 crianças que estavam desaparecidas. Na novela O Clone, Glória Perez mais uma vez se destacou ao falar de islamismo, alcoolismo e drogas. Destaque principalmente para Déborah Falabella que passou a dividir o posto de protagonista com . Mel era uma adolescente viciada em drogas, nessa trama a autora se destacou, pois foi quebrado um tabu, o assunto que é pouco difundido na TV, dessa vez abordou o problema de outra forma, admitiu que apesar de fazer mal, a droga causa prazer ao usuário. A campanha de conscientização usou depoimentos de usuários e seus familiares; alguns famosos também deram o seu depoimento; foi o caso de e Nana Caymmi, a campanha rendeu prêmios à rede Globo. Em 2005 a novela AMÉRICA explorou vários temas dentre eles: cleptomania, experiência de quase morte, homossexualismo, e um dos que mais se destacou foi deficiência visual, Jatobá interpretado por Marcus Frota e Maria Flor interpretada por Bruna Marquesini, por causa da repercussão da novela, o deputado José Dourado, do PT da Bahia, conseguiu a aprovação da lei de acesso irrestrito a cães guia, que transitava a mais de um ano no estado. A próxima meta foi a criação de uma escola para animais, a exemplo da única existente no Brasil, em Brasília. Lá o labrador Quartz que acompanhava o personagem de Marcus Frota foi treinado. Antes de encerrar essa trama mais uma questão social chamou a atenção do público dessa vez, foi o perigo da pedofilia na Internet. Na história um garoto de oito anos arranja um amigo virtual de onze anos, sem saber que na verdade é um adulto de cinqüenta e oito, o drama serviu

29 para alertar as mães que muitas vezes não imaginam o conteúdo dos sites que seus filhos acessam. A novela MALHAÇÃO, voltada para o público jovem; ao longo dos anos vem promovendo muitas campanhas, sobre drogas, sexualidade, mas uma que podemos destacar foi a de 2000, quando a personagem Erica vivida por , descobre que contraiu o vírus da AIDS, por ter feito relação sexual sem camisinha, a história mostrou como um portador vírus pode levar uma vida normal. Percebemos que alguns autores ainda não incluem essas campanhas em seus folhetins, talvez a maneira como conduzam sua história não aja espaço para assuntos relacionados ao âmbito social, como é o caso de quem escreve uma novela de época, o fato é que, os telespectadores, certamente percebem e na maioria das vezes a trama se torna muito mais convincente e porque não dizer comovente?

Capítulo III –Belíssima

3.1 – A Novela

Depois de oito anos Sílvio de Abreu volta ao horário nobre com a novela BELÍSSIMA trama essa que já estreou com protestos, mas não contra a história do autor e sim, manifestos contra a sua antecessora AMÉRICA por ter vetado um beijo gay, mas isso não abalou a estrutura da novela. Com um elenco de grandes nomes

30 como: , Lima Duarte, , Glória Pires, Cláudia Raia o folhetim tão logo se tornou um fenômeno de audiência e em pouco tempo foi considerada uma das novelas mais assistidas nos últimos anos. A novela estreou em sete de novembro de 2005 e mostraram muita bem a cultura grega, com cenas gravadas na Grécia e alguns personagens como foi o caso do ator Tony Ramos tiveram que aprender o idioma, danças para se tornar um legítimo grego. O autor que enfatizou nessa trama a crença da beleza quis mostrar que foi lá que tudo começou através de Afrodite e Apolo, ou seja, foi lá que nasceu este mito. Apesar de ser um destaque, a cultura grega também cedeu espaço aos mistérios e a comédia. A trama chamou a atenção por dois mistérios que só foram revelados no último capítulo, o primeiro: Quem chantageava, dava ordens a André; personagem de Marcello Antony? A novela inteira esperamos a revelação do mentor que mancomunava as falcatruas com esse personagem e no último capítulo; como Sílvio de Abreu já havia adiantado em algumas entrevistas, não fugiria do óbvio e realmente não fugiu; a grande vilã Bia Falcão era na verdade a mentora de todos os assassinatos , tudo porque não queria que a neta Júlia Assumpção assumisse o controle das empresas. O segundo mistério da trama girava em torno da grande vilã Bia Falcão, quem era o filho que ela teve com o turco Murat vivido por Lima Duarte ? Também no último capítulo podemos descobrir que sua filha era Vitória interpretada por Cláudia Abreu, a cena em que as duas se encontram teve um diálogo para no mínimo não ser esquecido. A comédia foi muito bem interpretada por Carmem Verônica e Íris Bruzzi na pele das ex-vedes: Mary Montilla e Guida Guevara, o sucesso foi tanto que após a novela as duas atrizes foram convidadas por a estrearem um show. Destaque também para Reinaldo Gianechinni, que depois de vários papéis como galã apareceu como o mecânico Paschoal, falando “errado” e com as unhas sujas de graxa, e para contracenar com ele, o autor reviveu o personagem Jamanta, sucesso na novela TORRE DE BABEL, o ator Cacá Carvalho voltou a interpretar o mesmo papel depois de oito anos. Um fato curioso é que apesar da trama ser ambientada em São Paulo, a maioria de suas cenas foram gravadas no Rio de Janeiro e a produção teve que redobrar a atenção, foi preciso substituir o verde da Central Globo de Produção pelos arranha-céus paulistanos. Esta paisagem metropolitana foi inserida por computação gráfica. Além da vista panorâmica de São Paulo inserida virtualmente, a tecnologia também fez com que alguns edifícios que existem na cidade cenográfica, de dois ou três andares, fossem

31 clonados para ficarem ainda maiores. O folhetim de Sílvio de Abreu só não contava com alguns imprevistos; entre eles a licença médica de Glória Pires uma das protagonistas da trama que precisou se afastar por conta de uma hepatite, sua pausa nas gravações por um período de duas semanas, fez com que cenas tivessem que ser escritas e dirigidas novamente sem a atriz já que boa parte delas contavam com sua presença. A novela também ficou marcada pela moda que lançou no final de 2005, os “vestidos Vitória” modelo usado por Cláudia Abreu estamparam as vitrines do país inteiro, tornaram-se febre entre as mulheres, as lingeries de Safira personagem de Cláudia Raia também fizeram sucesso, mas não tanto quanto o vestido há quem diga que a moda das lingeries só fez sucesso no Norte e no Nordeste do Brasil. A trilha sonora também ficou registrada como uma das pedidas nas rádios, sucesso de Djavan a música Sina, foi uma das mais tocadas em casas noturnas, isso sem falar no grande sucesso do ano na voz de Vanessa da Mata a canção Ai, Ai, Ai, teve muita repercussão, a cantora até então pouco conhecida na mídia, passou a ter mais destaque. No final da novela Sílvio de Abreu pode comemorar, BELÍSSIMA até então era a segunda novela mais assistida da história, com pelo menos sessenta milhões de telespectadores, ficou atrás apenas de SENHORA DO DESTINO exibida em 2004.

3.2 Silvio de Abreu

Sílvio de Abreu nasceu em São Paulo em 1942. Formado em cenografia pela Escola de Arte Dramática de São Paulo, iniciou na carreira artística como ator, atuando em teatro, telenovela e cinema. Foi assistente de direção de Carlos Manga no filme O Marginal, fez a pesquisa do documentário Assim era a Atlântida, chegando a direção em a Árvore dos Sexos, Mulher Objeto. Sua estréia como autor de telenovelas aconteceu na TV TUPI em 1977, quando ao lado de Rubens escreveu uma adaptação da novela ÉRAMOS SEIS. Após esse trabalho foi contratado pela Rede Globo, onde estreou em 1978 com a novela , uma novela que não fez muito sucesso; curiosamente a única do autor ambientada no Rio de Janeiro. Sílvio de Abreu comentou em alguma de suas entrevistas que pediu demissão da emissora após essa novela, motivo: achava-se inexperiente na época e viu que a trama não agradou ao público embora a Rede Globo nunca tivesse lhe cobrado.

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Em 1981 com um argumento de Janete Clair escreve Jogo da Vida e a partir daí, consegue caracterizar seu “jeito” de escrever novelas das sete. Foi à primeira vez que uma novela teve seu encerramento de uma outra forma, ao invés do tradicional FIM, o elenco surgiu em um palco de teatro agradecendo os aplausos do público presente. O autor consagrou-se em 1983 quando escreveu a novela com uma verdadeira comédia pastelão, um dos destaques da trama e Fernanda Montenegro que brilharam com o casal: Charlô e Otávio. Foi à primeira vez que Tarcísio Meira contracenou com Glória Menezes, mas não como um casal como o público estava costumado a ver, na trama eram inimigos. Em 1986 veio um dos seus grandes sucessos CAMBALACHO, a trama contou de um jeito bem divertido as “armações” feitas por Naná vivida por Fernanda Montenegro e Jejê interpretado por . Na época a expressão “cambalacho” popularizou-se, e o termo designava golpes, trapaças. Destaque para Regina Case que viveu Tina Pepper, ela era fã da cantora Tina Turner e usava uma peruca imitando –a sua mãe na novela interpretada por Consuelo Leandro também teve cenas memoráveis, a mesma vivia reclamando da carreira de cantora que lhe foi tirada por Ângela Maria, por conta disso a cantora fez uma participação especial na novela. No último capítulo Sílvio de Abreu também apareceu, como padre para oficializar a união de Naná e Jejê. Depois de SASSARICANDO, Sílvio de Abreu foi convidado a escrever para o horário nobre e a idéia de levar comédia para esse horário acabou não dando certo, em 1990 estreava , que chamou atenção por ironizar os novos ricos, emergentes, e a decadência das elites brasileiras. A trama que estreou dias depois do Plano Collor, teve suas cenas escritas e gravadas novamente, quando foi ao ar, os personagens da história reclamavam do que tinha ocorrido, no dia seguinte jornais publicaram que a Rede Globo já sabiam do Plano Collor e não tinham avisado ao público, segundo Sílvio de Abreu isso criou uma má vontade com a novela. Segundo Filho:

“O público reagiu, no início, com audiência abaixo do desejável. Detectado o problema, Sílvio definiu bem os núcleos. Dividiu humor, o drama e o romance, conseguindo atingir níveis excelentes de

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audiência. Mas houve desperdício de atores e a novela demorou a entrar em entendimentos com o espectador. Agora Rainha da Sucata é lembrada como bem-sucedida, mas nós sabemos do sufoco que foi o começo” (FILHO, DANIEL 2001pág. 15).

Mas apesar de contratempos, não podemos esquecer a atuação de como Dona Armênia e as voltas com suas “três filhinhas”. Na época a personagem fez tanto sucesso que o bairro Ponte Pequena em São Paulo reduto de armênios passou a ter mais interesse na trama, por conta disso a estação de metrô da região foi rebatizada de Ponte Pequena para Armênia, tendo a presença da atriz em sua reinauguração. E quem não se lembra do bordão: “Quero aquela predinha na chon!” Numa época em que o país estava mergulhado em corrupção e injustiça, entrou no ar DEUS NOS ACUDA. Sílvio de Abreu não teve o mesmo êxito que suas tramas anteriores no horário das sete. Mas mesmo assim contou com a partição hilária de Dercy Gonçalves, na época com oitenta e seis anos, a atriz tinha suas falas passadas por um ponto eletrônico, acostumada a atuar ao vivo, acrescentou muitos cacos no texto original, Sílvio ressurgiu Dona Armênia ela voltou nesse folhetim com suas “três filhinhas”: Gerson, Geraldinho e Gino, e mais uma vez embora a trama não tenha sido um dos destaques do autor, a família Armênia novamente fez sucesso. O destaque dessa novela sem dúvida foi à abertura criada pela equipe de Hans Donner, era uma sátira e ao mesmo tempo uma denúncia de corrupção no país. Uma grande festa de luxo, onde um mar de lama invadia o salão sem que as pessoas percebessem. A lama tragava a todos e, do alto, se formava um redemoinho por onde escorriam lanchas, iates, navios. Ao abrir a cena, via-se o mapa do Brasil sem fundo, como se estivesse escoando por um ralo. Tudo isso ao som de Canta Brasil na voz de . Mais uma vez Sílvio de Abreu retorna ao horário nobre, dessa vez com o grande sucesso A PRÓXIMA VÍTIMA, o intuito dessa novela além de saber quem era o assassino, esperávamos para saber quem seria “a próxima vítima”. A trama fez tanto sucesso no Brasil que pensando em exportações, três meses após o final da novela, o elenco se reuniu para um novo desfecho, o intuito seria não prejudicar a venda da novela para outros países, esse final alternativo foi exibido em 200, quando a novela foi reapresentada.

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Vários temas polêmicos foram abordados nessa novela, entre eles o homossexualismo, na época o ator André Gonçalves que dava a vida ao personagem Sandrinho, foi agredido por um grupo de preconceituosos. Segundo o autor as pessoas simpatizaram com casal gay desta novela porque a condição deles só foi revelada na metade da trama, quando todos já haviam simpatizado com os personagens. Diferente de TORRE DE BABEL, onde um casal de lésbicas não agradou, muita menos a igreja católica e o autor teve que “matá-las” quando ocorreu a explosão no shopping eixo central da trama. Em 2001 AS FILHAS DA MÃE entrou no ar, com uma proposta inovadora mas não agradou ao público que não entendia o motivo que impedia Ramona interpretada por Cláudia Raia ficar com Leonardo personagem de Alexandre Borges. Na trama a atriz fazia o papel de um transexual e o público não conseguia entender o preconceito que envolvia o relacionamento dos dois. Segundo o autor a trama teria sido prejudicada pelos atentados de 11 de setembro, já que as atenções se voltaram para o ocorrido, ou seja na hora da novela as pessoas ainda queriam acompanhar as notícias, e quando o assunto perdeu o foco e o público voltou a assisti-la , a trama já estava sem sentido. O fato é que por conta disso muitos rumores diziam que Sílvio de Abreu não voltaria ao alto escalão de autores da Globo. No final de 2005 Sílvio de Abreu colocou no ar BELÍSSIMA e com ela dois mistérios que sacudiram novamente o país, e provou que é muito bom em retratar a cultura de outros países. Colocou comédia que sempre impera em seu folhetins, mas para o horário nobre; na medida certa. Usou novamente o recurso de reviver personagens desta vez trouxe Jamanta grande sucesso da novela TORRE DE BABEL e Guida da novela JOGO DA VIDA. Sílvio de Abreu tem um diferencial; ao contrário dos demais autores ambienta sempre suas novelas em São Paulo, questionado sobre isso o autor fala que por ser paulistano prefere falar de um povo que ele conhece bem, e que São Paulo na opinião do autor é uma cidade muito bonita e interessante, tem muito que mostrar.

Capítulo IV –Pesquisa Observacional

4.1 – As famílias

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Para podermos avaliar e ver a diferença entre classes sociais fizemos uma pesquisa observacional na residência de três famílias, sendo consideradas classe A,B, C. Para distinguirmos as classes sociais das famílias, procuramos saber sobre a profissão de cada um, os lugares que as mesmas freqüentam, qual a religião, o estilo de vida enfim antes de observá-los, primeiro procuramos obter informações, dados para que a pesquisa tivesse seu objetivo alcançado. A família Melo Paes, é composta por quatro pessoas: Sr. Augusto Paes,57 anos, advogado; Sra. Ângela, 54, orientadora educacional e empresária, as filhas : Ecila Melo Paes, 26 empresária e publicitária e Ana Paula Melo Paes, 28 empresária. Trata-se de uma família católica, mas só freqüentam a missa. Percebe-se que assistem às novelas como se não tivessem o que fazer naquela noite, não é algo que faz parte da rotina diária, mas apesar de não acompanharem novelas com tanta freqüência naquela semana propriamente dita, as filhas do casal disseram que assistiriam os capítulos justamente para saber dos mistérios que seriam revelados no último dia de exibição da novela. Nesse dia também estava presente Desiré Martins estudante de biomedicina, amiga da família. Na residência da família Santos estavam presentes: Sr. João Antônio dos Santos, 53, encarregado (seção inspeção de qualidade Johnson); Sra. Elisa Cristina Santos, 49, Cabeleireira; Adriana Cristina Santos, 22, assistente administrativo; Daiane Cristina Santos; 20 anos, estudante do curso técnico de enfermagem, Amanda Cristina Santos, 11, estudante do ensino fundamental. Nessa residência podemos perceber que são pessoas da religião católica e que atuam na igreja, o casal faz parte da Pastoral Familiar do bairro Bosque dos Eucaliptos, a família tem por hábito assistir novelas, mas não aceitam que a filha mais nova assista, pois discordam da exibição de cenas de nudez e sexo nas histórias. Pois de acordo com Sra. Elisa, algumas cenas podem influenciar “a cabeça” das pessoas que não tem uma boa educação. A família Gonçalves é a menor das três observadas, formada por Sr. José Gonçalves, 55, serralheiro, Sra. Maria das Graças Silva Gonçalves, 57, dona de casa e a única filha do casal Fabiana da Silva Gonçalves, 23, recepcionista. Ao contrário das outras famílias, eles têm por costume assistir novela diariamente, pois Sra. Maria das Graças é telespectadora assídua. Sra. Maria das Graças nos informou que acompanha a novela diariamente, inclusive nos três horários em que são exibidas, diz que se distrai acompanhando histórias, fala inclusive que é fã de novelas antigas São católicos, porém só vão à igreja para assistir a missa.

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As famílias escolhidas; por coincidência são católicas mesmo as consideradas A e C não sendo tão praticantes. Mas o intuito dessa pesquisa realmente; foi focar as classes sociais a cada qual pertence, vale lembrar que no caso da família B, percebemos que há uma influência da religião quando ressaltam ser contra cenas de nudez e sexo, uma vez que vai contra os princípios religiosos da Igreja Católica. A pesquisa foi feita na última semana da novela BELÍSSIMA. Semana em que muito se comentava sobre o final da trama, alguns e-mails circularam pela Internet a respeito dos mistérios sustentados pela trama até o último capítulo. No dia 03/07/06 comparecemos a residência da Família Melo Paes para acompanharmos como se portam ao assistir um capítulo de novela, na sala estavam quatro pessoas membros de uma mesma família e uma amiga. O primeiro assunto relacionado à novela foi justamente o e-mail que circulou na Internet nesse mesmo dia e cada um dava o seu palpite. Sr. Augusto o “chefe da família” comenta que acha uma besteira às pessoas utilizarem Internet para falarem sobre um assunto tão banal, o mesmo informa que assistir novela é uma coisa, levar assuntos dela para o cotidiano é outra. Ana Paula filha mais velha do casal concorda com o pai, mas diz que por se um assunto muito comentado faz questão de não ficar de fora. Sr. Augusto faz críticas a “heroína” da história e a filha mais velha o questiona: Depois o Sr. Diz não gostar de novelas! No final desse capítulo Sra. Ângela diz ter gostado muito da novela ter sido ambientada em São Paulo e adverte que os autores só têm a preocupação de mostrar o Rio de Janeiro. Fala ainda sobre a música da abertura da novela; de , elogia e diz que nas próximas semanas sentirá falta de ouvir a “canção”. O que podemos perceber nessa família, é que eles prestam atenção em outros detalhes que não só o da história em si, um exemplo disso é quando a empresária ressalta a importância de um autor retratar lugares diferentes como São Paulo, mais que isso ela faz uma crítica à autores que não conseguem “sair” do Rio de Janeiro. Dia 04/07 fomos à residência de Sr. João Antônio, família extremamente católica, onde a mãe pede para que a filha de 11 anos não assista por conter muitas vezes cenas de sexo/nudez e também por não concordar com atitudes de violência inseridas na novela. Todos na sala ficam constrangidos com o comentário de Sra. Elisa. Daiane de 21 anos filha do casal, disse que por um motivo a novela ficará marcada, e ela relembra a moda lançada pela novela, os famosos vestidos de Cláudia Abreu, mas fez uma observação; durante muito tempo a personagem só utilizava

37 vestidos, mas já estávamos em julho mês de inverno, logo São Paulo que é uma cidade bem mais fria, não fazia sentido ela continuar usando esses vestidos. No final desse capítulo Sra. Elisa diz que não tem palpite, mas acha que por “merecimento” Jamanta deveria ser o filho de Bia Falcão pois se trata de uma mulher rica e para ela “Jamanta é o que mais precisa”. Nessa residência verificamos que a religião exerce influência sobre a família, quando a mãe pede para que a filha não assista determinada novela por conter cenas de “sexo” ou violência percebemos aí que a tradição religiosa fala mais alto. A moda lançada por essa novela chamou mesmo a atenção, mas a telespectadora se atentou ao fato de que se a personagem reside em São Paulo não poderia passar todos os meses, incluindo o inverno com o mesmo traje. Lembramos também que a novela desperta em Sra. Elisa um sentimento de compaixão com relação ao personagem Jamanta quando diz que o mesmo deveria ser o filho de Bia Falcão, pois é pobre. Para finalizarmos nossa pesquisa dia 06/07 comparecemos à residência da Família Gonçalves para observá-los durante a exibição do penúltimo capítulo da novela BELÍSSIMA. Sra Maria das Graças faz o seguinte comentário: - Essa Bia Falcão podia morrer, ô praga ruim essa mulher! Fez tanta coisa para Vitória! Todos dão risada do comentário e aguardam o início da novela. Percebemos que a família é mais reservada com exceção de Sra. Maria das Graças durante um bom tempo de exibição do capítulo todos assistem compenetrados. Fabiana comenta que em seu local de trabalho um dos assuntos mais falados foi exatamente sobre a novela, Sr. José confirma que em seu trabalho, pessoas pensaram em uma aposta valendo dinheiro para ver quem seria o sortudo, claro que tudo não passava de uma brincadeira, segundo ele. No final do penúltimo capítulo da novela percebemos que Sra. Maria das Graças continua tensa, o motivo: a novela terminar com um tiro sendo disparado por Bia Falcão em direção à heroína Vitória. A novela termina e Sra. Maria continua sua indignação, em tom de protesto ela diz que não sabe porque ainda assiste novela. A família Gonçalves nos desperta uma atenção especial, pois diferente das outras famílias, o sentimento de rejeição que a Sra Maria das Graças sente pelo personagem de Fernanda Montenegro, a ponto de sentir raiva e até mesmo ofender é como se ela estivesse falando de uma pessoa real.

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4.2 – Diferença de Opinião entre Classes

Embora as famílias visitadas sejam de classes sociais diferentes, podemos analisar que a mãe, esposa, ou seja, a matriarca de cada uma delas é a que mais opina sobre a trama, cada qual com sua opinião, sobre um aspecto diferente da novela. Sra. Ângela se atentou mais à localização da novela, achou interessante um autor ambientar o folhetim em São Paulo e demonstrou gostar da música de abertura da novela, quando diz que vai sentir falta da canção quando a novela acabar. Sra. Elisa mostra insatisfação quando a filha permanece na sala, ressaltando que a trama tem cenas impróprias para uma criança de onze anos questionada sobre o que seriam essas cenas impróprias, ela prontamente responde que seriam cenas de nudez e sexo, assim como as de violência. Sra. Maria das Graças demonstra indignação c/ relação a um personagem a ponto de ofender, se irritar profundamente com as atitudes dele. As demais pessoas dessas famílias também deram suas opiniões, mas não foram tão relevantes quanto a opinião dessas senhoras. Abaixo os gráficos com a pesquisa experimental realizada:

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Gráfico 1 – Audiência

Pergunta 1 - Você assite novelas com que frequência?

60% 50% 50% 40% 40%

30%

20% 10% 10%

0% A - Diariamente B - Sempre que posso C - Raramente

Gráfico 2 – Horário de exibição

Pergunta 2 - Qual é o horário que você costuma assistí-las?

70% 60% 60% 50% 40% 30% 20% 20% 20% 10% 0% A - 18:00 B - 19:00 C - 20:00

Gráfico 3 – Conteúdo de novelas

Pergunta 3 - O que você não aprova nas tramas de novelas?

70% 60% 60% 50% 40% 40% 30% 20% 10% 0% 0% A - Cenas de B - Cenas de violência C - Indiferente nudez/sexo

40

Gráfico 4 – Opinião Belíssima

Pergunta 4 - Qual a sua opinião sobre a novela Belíssima?

70% 60% 60% 50% 40% 40% 30% 20% 10% 0% 0% A - Boa B - Esperava mais C - Ruim

Gráfico 5 – Publicidade

Pergunta 5 - O que você acha de propagandas inseridas em novelas?

60% 50% 50% 40% 40% 30% 20% 10% 10% 0% A - Bom B - Desnecessárias C - Não presto atenção

Gráfico 6 – Consumo de produtos

Pergunta 6 - Já consumiu algum desses produtos?

60% 50% 50% 50% 40%

30%

20% 10%

0% Sim Não

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Gráfico 7 – Importância dos capítulos

Pergunta 7 - Você desmarca compromissos para assistir aos capítulos?

100% 80% 80%

60%

40% 20% 20%

0% Sim Não

Gráfico 8 – Modas

Pergunta 8 - Você se lembra de modas lançadas por novelas?

100% 90%

80%

60%

40%

20% 10%

0% Sim Não

Gráfico 9 – Novela marcante

Pergunta 9 - Cite algumas novelas de sua preferência.

33% 35% 30% 25% 20% 15% 11% 11% 11% 11% 11% 11% 10% 5%

0%

Gado

O O Rei do

Areia

Lagartos

Cobras e

A Viagem

Mulheres

Chocolate

Mulheres de

Alma Gêmea

Apaixonadas com Pimenta

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Gráfico 10 – Influência

Pergunta 10 - Os temas abordados em novelas fazem você pensar ou refletir sobre suas atitudes?

70% 60% 60% 50% 40% 30% 30%

20% 10% 10% 0% Sim Não Às vezes

4.3 – Pesquisa Experimental

No caso de BELÍSSIMA, a maioria das questões relacionadas à novela teve grande porcentagem de acerto isso porque na cabeça das pessoas a história ainda não foi totalmente esquecida, pois à partir do momento que a novela termina, o intuito é que as pessoas realmente esqueçam para que venham outras histórias com novas: campanhas sociais, moda e isso e até compreensível uma vez que a novela exibida dita o que é moda, as músicas que vão tocar nas rádios, assuntos polêmicos que serão debatidos. Ao aplicarmos uma pesquisa com questões relacionadas à telenovela, podemos perceber que as pessoas só se recordam de tramas que realmente marcaram ou de personagens que deixaram sua marca. Um exemplo disso é que perguntados sobre o personagem Tonho da Lua interpretado por Marcus Frota ; todos acertaram o questionário falando que ele havia participado de MULHERES DE AREIA, novela que foi exibida em 1993, na maioria das vezes essa lembrança fica enquanto a novela é exibida, mas como esse personagem foi muito marcante todos se lembram. Enfim é um ciclo e o brasileiro gostando ou não acompanha sempre que pode, pois esse assunto está presente no cotidiano brasileiro desde uma simples conversa ou até mesmo sendo discutidos dentro de Universidades. Abaixo o gráfico com a pesquisa experimental aplicada para avaliarmos o quanto às pessoas se recordam em relação a novelas:

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Gráfico 11– Ambientação

Pergunta 1 - A novela Belíssima foi ambientada em que cidade?

70% 60% 60%

50%

40% 30% 30%

20% 10% 10% 0% 0% "A" - São Paulo B - Rio de Janeiro C - Brasília D - Não lembro

Gráfico 12– Elenco Belíssima

Pergunta 2 - Qual destas atrizes não fez parte da novela Belíssima?

60% 50% 50%

40%

30% 20% 20% 20% 10% 10%

0% A - B - Irene Ravache "C" - Nicete Bruno D - Não lembro

44

Gráfico 13 – Personagem ressurgido

Pergunta 3 - Qual desses personagens já havia participado de outra novela de Silvio de Abreu e retornou em Belíssima?

100% 90%

80%

60%

40%

20% 10% 0% 0% 0% A - Nikos "B" - Jamanta C - Murat D - Não lembro

Gráfico 14 – Cenas no exterior

Pergunta 4 - Belíssima gravou muitas cenas no exterior. Qual país teve sua cultura retratada?

100% 90%

80%

60%

40%

20% 10% 0% 0% 0% A - Holanda B - Marrocos "C" - Grécia D - Não lembro

Gráfico 15 – Empresa Belíssima

Pergunta 5 - Belíssima na novela era o nome de uma empresa. Qual o produto comercializado?

100% 90%

80%

60%

40%

20% 10% 0% 0% 0% A - Cosméticos "B" - Lingeries C - Roupas D - Não lembro

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Gráfico 16 – Produtos anunciados

Pergunta 6 - Qual destas empresas não teve seu produto anunciado na novela Belíssima?

70% 60% 60%

50%

40%

30% 20% 20% 10% 10% 10%

0% A - Banco Itaú B - Natura "C" - Fiat D - Não lembro

Gráfico 17 – Personagem marcante

Pergunta 7 - Tonho da Lua foi personagem de qual novela?

120% 100% 100%

80%

60%

40%

20% 0% 0% 0% 0% A - A Viagem "B" - Mulheres de C - D - Não lembro Areia

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Gráfico 18 – Bordão

Pergunta 8 - "Não é brinquedo não!" de qual novela fez parte o bordão imortalizado pela perdonagem Dona Jura?

120% 100% 100% 80% 60% 40% 20% 0% 0% 0% 0% A - Roque B - Porto dos "C" - O Clone D - Não lembro Santeiro Milagres

Gráfico 19 – Trilha sonora

Pergunta 9 - O grupo Roupa Nova é um dos campeões em trilhas sonoras. Qual destas músicas foi trilha de novela, um de seus maiores sucessos?

60% 50% 50% 40% 30% 30% 20% 20% 10% 0% 0% "A" - Dona B - Sapato Velho C - A Lenda D - Não lembro

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Considerações Finais

Ao realizar um trabalho como esse; percebemos o motivo da guerra de audiência entre emissoras e o porque de tanto investimento na área. O tema é relevante, uma vez que o Brasil é um país extremamente televisivo e a novela se torna uma forma de entretenimento, levando em consideração que as tramas atualmente vem sendo utilizadas muito mais como indústria; por suas emissoras do que entretenimento, e sendo assim ela obrigatoriamente precisa dar lucro. Abordar um tema tão fascinante para muitos brasileiros, me fez analisar o que vem por trás de um simples folhetim, quão trabalhoso é para um autor escrever uma novela, os profissionais envolvidos nas tramas e o que leva ou não uma novela ter um bom índice de audiência.Pude conferir um pouco mais de perto em visita realizada no dia 05 de Abril de 2006 nos estúdios do Projac, como é um estúdio, os cenários, a perfeição com que retratam uma cidade, até mesmo um país. Ao falarmos da história da TV no primeiro capítulo, tivemos facilidade em encontrar livros, materiais para abordar o assunto, mas quando iniciamos o tema novela, começaram as dificuldades em encontrar livros a respeito, uma vez que os mesmos eram muito antigos e com conteúdos bastante desatualizados. Á partir do segundo capítulo, o assunto ficou mais prazeroso de se trabalhar uma vez que falar sobre a influência da telenovela, a publicidade inserida e principalmente as questões sociais,são áreas da telenovela que sempre me chamaram atenção. A novela Belíssima foi escolhida como estudo de caso por ser uma trama de Sílvio de Abreu e justamente depois de três anos o autor voltava a TV com mais uma trama ambientada em São Paulo. Além de ser o único escritor que retrata São Paulo, consegue trazer a comédia para o horário nobre na medida certa. Para finalizarmos o projeto fizemos as pesquisas com as famílias de classes sociais diferentes e foi muito interessante acompanhar de perto e analisar a opinião dessas pessoas, saber como reagem a exibição de um capítulo, e o que pensam a respeito de um programa de entretenimento que faz tanto sucesso em nosso país. O objetivo desse trabalho foi alcançado, através de muitas pesquisas sobre o assunto descobri que uma novela pode sim interferir no dia a dia das pessoas, mesmo que indiretamente seja por moda, questões sociais, temas polêmicos. E que um bom profissional da área de comunicação deve estar por dentro de assuntos como esse, mesmo que seja para criticar.

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Bibliografia

ALENCAR, Mauro. A Hollywood Brasileira.Rio de Janeiro: Ed. Senac, 2002.

ALZER,Luiz André; CLAUDINO, Mariana. Almanaque dos Anos 80.Rio de Janeiro: Ed. Ediouro,2004.

CAMPEDELLI, Samira Youssef. A telenovela.São Paulo: Ed.Ática,1987.

CERVO, Amado Luiz; BERVIAN, Pedro A. Metodologia Científica. 5ª.Ed. São Paulo: Pearson/Pretice-Hall,2002.

DEFLEUR, Melvin L.;BALL –ROKEACH, Sandra Teorias da Comunicação de Massa. Rio de JaneiroEd. Jorge Zahar ,1989

FERNANDES, Ismael. Memória da Telenovela Brasileira. Ed. Brasiliense, 1994.

FERREIRA, Mauro. Nossa Senhora das oito – Ed. Mauad, 2003

FILHO, Daniel. O Circo Eletrônico fazendo tv no Brasil.Rio de Janeiro Ed.Jorge Zahar, 2001.

MAIOR, Marcel Souto. Almanaque da TV Globo. Rio de Janeiro: Ed.Globo,2006.

ORTIZ,Renato; BORELLI, Sílvia Helena Simões; RAMOS, José Mário Ortiz. Telenovela:História e Produção.São Paulo: Ed. Brasiliense,1989

Zahar, Jorge.Dicionário da TV Globo . Rio de Janeiro:Ed. Jorge Zahar,2003.

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Sites Revista:Das tramas policiais para Belíssima; conheça os autores que inspiraram Sílvio de Abreu. Disponível em:< http://www.globo.com/belíssima>Acessado em 14 de dezembro de 2006.

Revista:Confira o estilo de personagens Disponível em:< http://www.globo.com/cobraselagartos> Acessado em 14 de dezembro de 2006

Novelas voltadas ao público infantil Disponível em:< http://www.infância80.com.br> Acessado em 04 de dezembro de 2006

Bastidores, sinopse,elenco de novelas Disponível em:< http://www.teledramaturgia.com.br> Acessado em 22 de dezembro de 2006

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Anexo

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PRÉ PROJETO TEMA: A influência da telenovela no cotidiano brasileiro

1. Objeto de estudo O objeto estudado será a novela Belíssima , do autor Sílvio de Abreu com a colaboração de Sergio Marques e Vinicius Vianna. Direção de Flávia Lacerda, Gustavo Fernandez e Natália Grimberg; direção geral de Carlos Araújo,Luiz Henrique Rios e Denise Saraceni, núcleo:Denise Saraceni, que estreou em 7 de novembro de 2005. Trama ambientada em São Paulo, Belíssima retrata a cultura grega, onde algumas cenas no início da novela foram gravadas na Grécia, passando pelo mundo da moda e modelos, mas o principal enfoque da novela gira em torno de dois “mistérios”: 1° Quem é o filho de Bia Falcão e o turco Murat (personagens de Fernanda Montenegro e Lima Duarte respectivamente) e o 2° Quem é a pessoa que chantageia ou dá ordens à André Santana(personagem de Marcelo Antonny). A novela conta com aproximadamente 80 atores/atrizes , sem contar figurantes e está previsto o final para o próximo dia 08de julho de 2006.

2. Objetivo

O projeto tem como finalidade ressaltar a influência das novelas no cotidiano das pessoas, seja por assuntos abordados em suas tramas, por moda, gírias ou ainda por ser considerada um dos entretenimentos de mais fácil acesso à população.

3. Hipótese

As novelas chamam atenção por suas tramas e o entretenimento à população, mas além disso provoca uma reação instantânea nas pessoas que, além de acompanhar suas histórias, acrescentam ao seu dia à dia as gírias, roupas, acessórios, e produtos utilizados em merchandising nos seus capítulos.

4. Justificativa

Assistir novelas para algumas pessoas já deixou de ser entretenimento, passou a ser um hábito, costume, tradição. A televisão por si só é um dos meios de comunicação de mais fácil acesso, basta ter um aparelho.Não é necessário o

52 deslocamento à outro local, custos adicionais.Em casa, para algumas pessoas ela tornou- se um membro da família devido ao “bem-estar” que proporciona. Para Samira Youssef “A televisão é o maior entretenimento de sala-de-estar, no Brasil. Qualquer casa classe média brasileira tem o seu aparelho exatamente localizado nesse recinto (quando não na sala de visitas...)” (YOUSSEF,1987,pág 6). Sendo assim não fica difícil falar porque a telenovela se tornou uma das paixões nacionais. As pessoas querem acompanhar a trajetória dos personagens, se identificam com eles e suas histórias de “vida” ou não aprovam, não concordam com o comportamento, geralmente dos vilões e por esse motivo “torcem” contra. Além disso, as novelas são a menina dos olhos das emissoras, que investem “milhões” em suas produções.A guerra de audiência facilitou para isso, as empresas que querem anunciar durante os intervalos de sua exibição ou na própria novela; os chamados merchandising também desembolsam uma boa quantia, afinal o produto anunciado em uma trama que tenha uma audiência considerável é sinônimo de qualidade. Mas voltando ao telespectador, o interesse ultrapassa as barreiras da TV e chega até o figurino, cortes de cabelo, gírias utilizados por atores e atrizes em cena, ditam moda enquanto ela é exibida. Por isso o objeto de estudo escolhido é a novela Belíssima, que vem sendo exibida desde novembro de 2005, do autor Sílvio de Abreu, que costuma ambientar suas tramas em São Paulo. Assim foi escolhida a modalidade Monografia, onde será falado sobre a história da telenovela no Brasil, sua trajetória até os dias atuais e o que ela desperta nos telespectadores.

5. Metodologia

Para iniciarmos a elaboração deste trabalho foi necessária a utilização das pesquisas bibliográfica e exploratória que é o primeiro passo, buscando em livros e artigos, materiais que dê embasamento ao tema abordado. Em seguida com o tema e o objeto de estudo definidos, analisamos qual a maneira de trabalharmos, a fim de determinarmos quais os pontos importantes para demonstrarmos a relevância deste trabalho. A pesquisa descritiva nos serve de base como relata:

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”Busca conhecer as diversas situações e relações que ocorrem na vida social , política, econômica, e demais aspectos do comportamento humano, tanto do indivíduo tomado isoladamente como de grupos e comunidades mais complexas”. (Cervo, 2002, pág.66)

Em seguida partimos para a pesquisa documental, que segundo Cervo se caracteriza como:

”Pesquisa Documental: são investigados documentos a fim de se poder descrever e comparar usos e costumes, tendências, diferenças e outras características. Estuda a realidade presente, e não o passado, como ocorre com a pesquisa histórica”. (Cervo, 2002, pág.67)

Um importante meio de colher informações e dar maior credibilidade ao trabalho é a utilização de entrevistas, sendo assim faremos uso da entrevista por pauta a qual é descrita por como: “É conveniente apresentar primeiramente as perguntas que tenham menores probabilidades de provocar recusa ou produzir qualquer forma de negativismo, uma após a outra, a fim de não confundir o entrevistado. Sempre que possível, conferir as respostas,mantendo-se alerta às eventuais contradições. ” (Cervo, 2002, pág 46)

Além disso, serão feitos entrevistas por telefone ou via e-mail com pessoas que estão ligadas ao assunto, a fim de obtermos informações mais precisas não encontradas em documentos. Será feita uma pesquisa observacional com três famílias consideradas: Classe A; Classe B e Classe C. O intuito é analisarmos o comportamento dessas pessoas quando assistem à novela; faremos o acompanhamento durante a exibição deste capítulo e no dia seguinte para verificarmos à diferente reação entre as famílias. Aplicaremos então um questionário com questões abertas e fechadas para essas pessoas, é uma forma de conseguirmos relatos, verificarmos aspectos positivos e negativos ao conteúdo desta monografia.

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8. Modalidade

A monografia é um trabalho escrito sobre um tema de interesse do aluno, que corresponda às matérias do curso e que atendam às suas afinidades e projetos futuros. Deve ser redigido seguindo à ABNT (Associação Brasileira de Normas e Técnicas).

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Pesquisa Experimental - Família A

Pesquisa Observacional: Família Melo Paes No dia 03/07 compareci à residência da família para acompanhar como reagem ao assistir um capítulo de novela, a trama em questão: Belíssima do autor Sílvio de Abreu. Na sala estavam presentes: Ecila, Ana Paula, os pais Sra. Ângela e Sr. Augusto e Desiré amiga da família como foi me apresentada. No início do primeiro bloco todos comentam sobre os dois mistérios da novela, cada um dá o seu palpite (mistérios que foram revelados no último capítulo), Ecila comenta de um e-mail que recebeu nesse mesmo dia, o e-mail em questão citava vários nomes de personagens que pudessem ser filhos de Bia Falcão (personagem de Fernanda Montenegro), Sr. Augusto comenta que acha isso uma besteira, “falta do que fazer” o mesmo deixa claro, que assistir novela é uma coisa, ficar comentando a respeito, inclusive no trabalho é uma perda de tempo. Ana Paula concorda, mas diz que como é um assunto muito comentado, faz questão de não ficar de fora. Sr. Augusto volta a “reclamar” dizendo que a heroína da história é uma “idiota” e diz: - Se é comigo esqueceria que essa velha fosse minha avó e a mandaria para o espaço As demais pessoas na sala caem na risada e Ana Paula fala: - Depois o senhor diz que não se importa com novelas... Quando entra o comercial às pessoas deixam de comentar a novela e passam a falar sobre outros assuntos. Na volta do segundo bloco, Sra. Ângela diz que é muito difícil um autor “ambientar” uma novela em São Paulo, diz que os autores têm uma preferência pela cidade do Rio de Janeiro e protesta: - Acho que eles pensam que o Rio de Janeiro é única cidade bonita do país. Desiré discorda e diz que um dos fatores de não ter gostado da novela Belíssima é justamente esse: a trama se passar aqui em São Paulo. - Ah não gostei! São Paulo é uma cidade muito sem graça! No final desse capítulo Sra. Ângela diz que adorou a música da abertura (a música em questão é Você é linda de Caetano Veloso) e fala: - A partir da semana que vem vou sentir tanta falta dessa música!

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A família não sabia o real motivo de minha visita. Levei um caderno, observei- os e fiz anotações que achei relevantes. Ma o que mais me chamou atenção nessa visita foi à maneira como a Sra. Ângela destacou sua indignação ao falar que acha um absurdo a maioria das novelas ter suas tramas “ambientadas” (foi realmente esse termo que ela utilizou) no Rio de Janeiro, ela diz que jamais se vê histórias gravadas em outros estados e que isso está cada vez mais raro a não ser quando se trata de minisséries baseadas em fatos reais como foi o caso de JK, que foi exibida no início de 2006 e contou com gravações em Minas Gerais e Brasília, mas justamente porque boa parte da história de fato ocorreu nesses dois estados. A família observada: Sr. Augusto Paes: Advogado Sra. Ângela Melo Paes: Orientadora Educacional e Empresária Ecila Melo Paes: Publicitária e Empresária Ana Paula Melo Paes: Empresária Desiré: Estudante de Biomedicina Obs: Sra. Ângela e as filhas: Ecila e Ana Paula são proprietárias da loja de roupa infantil: Ticos & Ticas Baby.

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Pesquisa Experimental Família B

Pesquisa Observacional: Família Santos Dia 04/07 compareci à residência da família Santos para analisar o comportamento da família durante a exibição da novela Belíssima, sua última semana. Nesse dia estavam presentes: Sr. João Antonio, Sra. Elisa e as filhas: Adriana, Daiane e Amanda. Assim que começa a novela Sra. Elisa diz que Amanda não deve permanecer na sala, pois a trama contém cenas “muito fortes”, sem conter minha curiosidade pergunto a ela o que seriam essas cenas fortes e Sra. Elisa me responde: - Nessa novela acontece muitas cenas de “sexo” e essa Bia Falcão é muito malvada, isso não é coisa de uma criança de 11 anos assistir. Nessa hora Sr. João Antonio fica constrangido e muda de assunto. No segundo bloco, Daiane diz que adorou os “vestidos” Vitória (vestido usado por Vitória personagem de Cláudia Abreu na novela virou moda enquanto a novela foi exibida), mas questionou que durante muito tempo à personagem só usava vestidos, sendo que a novela terminou no mês de julho e fez a seguinte observação: - Já estamos em julho e essa mulher só usa vestidos, será que ela não sente frio, ainda mais porque em “ São Paulo” faz muito mais frio do que aqui ! Adriana pede que todos na sala fiquem quietos para que ela possa prestar atenção, quando é repreendida por seu pai: -Adriana, deixa de conversar com as pessoas para assistir novela? Era o que me faltava! Percebo que a família fica mais contida com a minha presença, embora não saibam o que estou fazendo ali. No final do capítulo começam a falar dos “mistérios” que envolvem a novela, pergunto se eles têm algum palpite e Sra. Elisa é quem responde: -Eu acho que o Jamanta poderia ser o filho de Bia Falcão é “o que mais precisa”! Adriana completa: -Ai mãe isso é novela, tanto faz quem é o filho ou o assassino, mas eu acho que a “Júlia deveria ficar com o André (personagem de Marcelo Antonny), pois ele é o mais bonito dessa novela!”.

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A família Santos é católica, portanto Sr. João Antonio e Sra. Elisa discordam totalmente de cenas de nudez e sexo exibidos em capítulos de novela. Sra. Elisa diz que hoje em dia para assistir novelas é preciso “ter uma cabeça boa” para que essas histórias não influenciem a quem está assistindo. Nessa visita o que me chamou a atenção foi à filha do casal Daiane que mencionou a moda lançada na novela, ao falar dos vestidos. A família observada: Sr. João Antonio dos Santos: Encarregado (seção de inspeção de Qualidade da Johnson) Sra. Elisa Cristina Santos: Cabeleireira Adriana Cristina Santos: Assistente Administrativo Daiane Cristina Santos: Estudante Enfermagem Amanda Cristina Santos: estudante

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Pesquisa Experimental Família C

Pesquisa Observacionall Família Gonçalves No dia 06/07 compareci à residência da família Gonçalves para observá-los durante a exibição do penúltimo capítulo da novela Belíssima. Assistindo ao capítulo estavam: Sr. José, Sra. Maria das Graças e Fabiana. Antes de iniciar a novela, Sra. Maria das Graças comenta: - Essa Bia Falcão podia morrer, ô praga ruim essa mulher! Fez tanta coisa para Vitória! Todos dão risada do comentário e não falam mais nada até o capítulo começar. Fabiana diz que em seu local de trabalho, um dos assuntos mais comentados no dia foi justamente sobre a novela: Quem é o suposto filho de Bia Falcão e Murat (personagens de Fernanda Montenegro e Lima Duarte) e quem dá ordens a André (personagem de Marcelo Antonny). Sr. José diz que na sua “seção” todos comentaram a respeito, alguns queriam organizar um “bolão”, mas tudo não passou de uma brincadeira. No final do capítulo, percebo que Sra. Maria das Graças está tensa, tudo porque na trama a personagem Bia Falcão seqüestra sua neta, querendo levá-la p/ o exterior. Sra. Maria volta a comentar: - Eu não disse que essa mulher era ruim, merece morrer essa praga! Sr. José e a filha Fabiana estão quietos, mas com olhares apreensivos em direção à tv. Fabiana fala: - Tenho certeza que tudo ficará para amanhã, novela é sempre assim eles deixam tudo para última hora. Sr. José com um tom de irritação na voz fala: -Nossa, vocês são muito bobas! Até parece que vou me preocupar com final de novela, é tudo a mesma coisa, e a semana que vem tem outra porcaria passando! O penúltimo capítulo termina da seguinte forma: Bia Falcão está no aeroporto com seu comparsa Medeiros e a neta Sabina, quando Vitória chega ao local, seguida por André. Bia Falcão dispara um tiro e a novela acaba, sem o telespectador saber em quem em quem ela acertou. Sra. Maria das Graças:

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- Ai meu Deus ela acertou a Vitória, ela acertou a Vitória! Nem quero ver o último capítulo dessa novela só de raiva! A novela termina e Sra. Maria continua sua “reclamação” -Não sei porque perco meu tempo vendo isso!

A família Gonçalves diferente das outras chamou minha atenção, justamente porque das três famílias foi a que mais se importou com o destino dos personagens, a ponto de sentir raiva e até mesmo xingar uma “pessoa” que não é real. Quando Sra. Maria das Graças diz: - Essa Bia Falcão podia morrer, ô praga ruim essa mulher! Fez tanta coisa p/ Vitória! Percebi que ela se referia ao personagem como se estivesse falando de alguém que conhecesse realmente.

A família observada: Sr. José Gonçalves: Serralheiro Maria das Graças Silva Gonçalves: Dona de Casa Fabiana Silva Gonçalves: Recepcionista

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Questionário utilizado na 1° fase da Pesquisa Experimental

1)-Você assiste novelas com que freqüência? a-( )diariamente b-( )sempre que posso c-( )raramente

2) Qual é o horário que você costuma assisti-las? a-( ) 18:00 b-( )19:00 c-( )20:00

3) - O que vc não aprova nas tramas de novelas? a-( )cenas de nudez/sexo b- ( ) cenas de violência c-( )indiferente

4)- Qual a sua opinião sobre a novela Belíssima? a- ( ) Boa b- ( )esperava mais c- ( )Ruim

5) - o que você acha de propagandas inseridas nas novelas? a- ( ) Bom b- ( ) Desnecessário c-( )Não presto atenção

6) - Já consumiu algum desses produtos ?

7) - Você desmarca compromissos para assistir aos capítulos?

8) - Você se lembra de modas lançadas por novelas?

9) - Cite alguma novela de sua preferência, justifique.

10)- Na sua opinião os temas abordados em novelas, fazem você pensar ou refletir sobre suas atitudes?

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Questionário Utilizado na segunda fase da Pesquisa Experimental

1) - A novela Belíssima foi ambientada em que cidade? a-( ) São Paulo b –( )Rio de Janeiro c – ( ) Brasília d – ( )Não lembro

2) – Qual dessas atrizes não fez parte da novela Belíssima? a- ( )Jussara Freire b – ( )Irene Ravache c – ( ) d – ( )Não lembro

3) – Qual desses personagens já havia participado de outra novela de Sílvio de Abreu e retornou em Belíssima? a) –( ) Nikos b –( ) Jamanta c – ( ) Murat d – ( )Não lembro

4) – Belíssima gravou muitas cenas no exterior, qual país teve sua cultura retratada? a – ( ) Holanda b – ( ) Marrocos c – ( ) Grécia d – ( )Não lembro

5) – Belíssima na novela era o nome de uma empresa; qual o produto comercializado? a – ( )Cosméticos b – ( ) Lingeries c – ( ) Roupas d – ( )Não lembro

6) – Qual dessas empresas não teve seu produto anunciado na novela Belíssima? a – ( )Banco Itaú b – ( ) Natura c – ( )Fiat d – ( )Não lembro

7) – Tonho da Lua foi personagem de qual novela ? a ) – A viajem b – ( ) Mulheres de Areia c – ( ) Tropicaliente d – ( ) Não lembro

8) – “Não é brinquedo não !” de qual novela fez parte o bordão imortalizado pela personagem Dona Jura (Solange Couto)? a – ( ) Roque Santeiro b – ( ) Porto dos Milagres c- ( ) O Clone d – ( ) Não lembro

9) – O grupo Roupa Nova é um dos campões em trilhas sonoras, qual dessas músicas é trilha de novela , um de seus maiores sucessos? a – ( ) Dona b – ( ) Sapato Velho c- ( ) A lenda d – ( ) Não lembro

10) – e Cláudia Raia fizeram par romântico em uma novela , logo depois casaram-se , que novela foi essa? a– ( )Rainha da Sucata b- ( )Torre de Babel c- ( ) Deus nos Acuda d – ( ) Não lembro

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