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Show. Em apresentação em SP, Roberto Carlos apresenta faceta picante. Página 4 ARQUIVO O TEMPO Televisão CANAL BRASIL MV Bill estreia “O Bagulho MAGAZINE É Doido”, em que faz as vezes de entrevistador. Página 5 www.otempo.com.br O TEMPO BELO HORIZONTE SEXTA-FEIRA, 9 DE NOVEMBRO DE 2012 Literatura ARQUIVO/AE Obra conta vida pessoal e artística de Paulo Gracindo Memórias do gênio cênico ¬ FABIANO CHAVES fundamental, é um dos maio- do lar” – como descreve Mau- ¬ Ator, locutor, composi- res especialistas em TV, tem ro Alencar – se desdobrariam tor, animador de plateia, re- um amplo acervo da obra do na formação dos persona- dator, poeta. A palavra mul- meu pai e também quis home- gens do ator, em especial timídia, tão comum nos nageá-lo, pois ele amava o Odorico Paraguaçu, o corrup- dias atuais, já encontraria, Paulo Gracindo”, justifica. to prefeito da fictícia Sucupi- lá em meados dos anos ra, em “O Bem-Amado” 1960, alguém que a justifi- DISTINÇÃO. Numa narrativa (1973), e o coronel Ramiro casse: Paulo Gracindo afetiva, a obra busca, de certa Bastos, de “Gabriela” (1975). (1911-1995). forma, distinguir o artista do “Toda sua cultura é nor- Reconhecido como um chefe de família, além, claro, destina. E isso se formou co- dos maiores artistas brasilei- de recontar a trajetória artísti- mo uma espécie de identida- ros de todos os tempos, as ca de Paulo desde o início dos de de infância, que ele trouxe histórias do homem e seus anos 1930 na rádio, passando para esses personagens”, con- personagens encontram eco pelo teatro, cinema atéa consa- ta o ator, que relembra a ale- no livro “Um Século de Pau- gração na televisão brasileira e gria do pai pelo reconheci- lo Gracindo – O Eterno Bem- a tutela de ícone, a partir de mento como intérprete do cé- Amado” (Editora Gutem- personagens como Odorico Pa- lebre político baiano criado berg, 256 págs., R$ 67). Es- raguaçu, Tucão, Antenor, Ra- por Dias Gomes. “Foi uma feli- crita por Gracindo Junior, fi- miro Bastos, dentre outros. cidade para ele todos aqueles lho de Paulo, e Mauro Alen- “Ele vem de Alagoas para o Rio anos como Odorico”. car, doutor em teledrama- de Janeiro com o pensamento Se a memória sobre Paulo Ícone. Paulo turgia brasileira e latino- único de ser ator. E conquistou Gracindo remete imediata- Gracindo dedicou americana e um dos maio- muita coisa, especialmente na mente à sua vida na TV, im- quase 70 anos de res especialistas na área, a rádio – sua grande paixão –, portante também trazer à to- sua vida às obra reúne também depoi- participando e escrevendo na sua atuação no cinema e artes cênicas mentos de familiares e artis- grandes produções. Ele tinha no teatro. Com os cineastas tas como Bibi Ferreira, Lima um amor muito intenso pela Leon Hirszman e Glauber Ro- Duarte, Fernanda Montene- dramaturgia e conseguiu criar cha, Paulo Gracindo teve sua lembra Gracindo Junior, que, Uma vida dedicada às artes gro, José Wilker, dentre ou- personagens únicos, a maioria notoriedade no chamado Ci- mesmo sendo cria de um gi- tros, que compartilham suas deles entrelaçados pelas trans- nema Novo, atuando em pro- gante da arte cênica, encon- Alguns trabalhos (1953) experiências com o artista. formações que ocorriam no duções como “A Falecida”, de trou (e enfrentou) objeções de Paulo Gracindo. “A Falecida” (1965) “No ano passado, dentre Brasil”, diz Gracindo Junior. Leon, e “Terra em Transe”, de do seu criador para trilhar seu “Terra em Transe” (1967) as várias homenagens que E o filho fala com proprie- Glauber. “Já no teatro, sua caminho no mesmo territó- Na televisão: “Copacabana Me Engana” conseguimos com o cente- dade. Nascido no Rio e batiza- atuação como o judeu Solo- rio. “Saí de casa aos 15 anos e “A Morte Sem Espelho” (1968) nário de nascimento do do Pelópidas Guimarães mon, de ‘O Preço’, de Arthur fui cuidar da minha vida. Foi (1963) “Blábláblá” (curta, 1975) meu pai, lançamos o docu- Brandão Gracindo, Paulo vi- Miller, é uma das suas maio- depois disso que nos encontra- “Bandeira 2” (1971) “Tudo Bem” (1978) mentário ‘Paulo Gracindo – veu sua infância e adolescên- res conquistas. É um de seus mos mesmo e nos tornamos “O Bem-Amado” (1973) “Amor Bandido” (1979) O Bem-Amado’. E o livro foi cia em Alagoas. Seu pai, mais significativos papéis”, ex- grandes amigos e, inclusive, “Os Ossos do Barão” concebido com a ideia de Demócrito Gracindo, foi pre- plica o filho do pai artista, parceiros de trabalho”, diz (1973) No teatro: ser uma extensão do filme. feito de Maceió e senador. mas severo na formação do ele. Em tom de emoção ao te- “Gabriela” (1975) “A Bela e a Fera” (1934) É uma espécie do documen- “Mesmo sendo um homem in- lar. “Ele era duas pessoas. Nas lefone, ele destaca o que foi, “Roque Santeiro” (1985) “O Santo Inquérito” tário escrito”, conta Gracin- telectualizado, meu avô ti- ruas, ele era um artista, sem- para ele, o maior legado do “Rainha da Sucata” (1990) (1966) do Junior, que convidou nha a visão do coronelismo pre muito alegre e engraçado. seu pai. “Não foram os perso- “Deus nos Acuda” (1992) “Salomé” (1968) Mauro Alencar para encabe- da época”, conta Gracindo Ju- Em casa, era um homem mui- nagens. Foi a dignificação “O Preço” (1968 e 1987) çar o projeto ao seu lado. “A nior. Assim, a educação rígi- to sério e rígido, o que era que sempre manteve com a No cinema: “Vargas” (1983) participação do Mauro é da, os modos e a “fidalguia uma herança do meu avô”, profissão de ator”. “João Ninguém” (1937) “A História É uma Estória” “Balança, mas Não Cai” (1993) ARQUIVO/TV GLOBO ARQUIVO MAURO ALENCAR/REPRODUÇÃO ARQUIVO/TV GLOBO Em “Bandeira 2” (1971), ele estourou na TV como o bicheiro Tucão Como Odorico Paraguaçu em “O Bem-Amado” (1973), a consagração Ramiro Bastos (“Gabriela”, 1975) traz referências de sua criação.