Universidade Federal De Pernambuco Centro De Artes E Comunicação Programa De Pós-Graduação Em Letras E Lingüística Mestrado Em Teoria Da Literatura
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UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO CENTRO DE ARTES E COMUNICAÇÃO PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM LETRAS E LINGÜÍSTICA MESTRADO EM TEORIA DA LITERATURA TROPICALISMO – GELÉIA GERAL DAS VANGUARDAS POÉTICAS CONTEMPORÂNEAS BRASILEIRAS Carlos André Rodrigues de Carvalho RECIFE-PE / 2006 1 UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO CENTRO DE ARTES E COMUNICAÇÃO PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM LETRAS E LINGÜÍSTICA MESTRADO EM TEORIA DA LITERATURA DISSERTAÇÃO DE MESTRADO: TROPICALISMO – GELÉIA GERAL DAS VANGUARDAS POÉTICAS CONTEMPORÂNEAS BRASILEIRAS Carlos André Rodrigues de Carvalho Orientadora: Profª Dra. Maria do Carmo Nino Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de Pós-graduação em Letras e Lingüística da Universidade Federal de Pernambuco – UFPE, como requisito para obtenção do grau de mestre em Teoria da Literatura. RECIFE-PE / 2006 2 3 UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO CENTRO DE ARTES E COMUNICAÇÃO PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM LETRAS E LINGÜÍSTICA MESTRADO EM TEORIA DA LITERATURA Carlos André Rodrigues de Carvalho Tropicalismo – Geléia geral das vanguardas poéticas contemporâneas brasileiras Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de Pós-graduação em Letras e Lingüística da Universidade Federal de Pernambuco – UFPE, como requisito para obtenção do grau de mestre em Teoria da Literatura. RECIFE - 2006 4 D E D I C A T Ó R I A À minha mãe; Ao amigo Mauro Rogério; À amiga Solange Tavares. 5 R E S U M O A proposta desta dissertação é mostrar que o tropicalismo, última das vanguardas poéticas contemporâneas brasileiras, que tem início em outubro de 1967 e termina em dezembro de 1968, ao pregar uma estética inclusiva, de convivência de opostos, travava um diálogo com pelo menos outras três vanguardas poéticas anteriores: concretismo (1957), poesia praxis (1962) e violão de rua (1962). Com isso, o tropicalismo destrói a teoria difundida entre os críticos literários de que as gerações artísticas mais novas entram em cena negando necessariamente as gerações anteriores. Os compositores tropicalistas, na medida em que operam com a idéia de inclusão tomando-a como próprio fundamento de seu projeto estético, não se aproximam apenas da tradição da área em que atuam – música popular – mas outras áreas como as artes plásticas, o cinema e a literatura de vanguarda. Por isso, a estética de inclusão tropicalista não incorpora, de forma crítica, apenas Carmen Miranda e Vicente Celestino ou a bossa nova. As letras dos compositores tropicalistas, além de afinidades com os procedimentos da poesia concreta, como já foi mostrado em tantos trabalhos, acadêmicos ou não, também se aproximam de outras vanguardas poéticas – aliás opostas a esta última – como o poesia praxis e o violão de rua. Essas afinidades são encontradas tanto nos procedimentos como em forma de dialogismo. 6 A B S T R A C T This dissertation proposal is to show that the tropicalism, the last of the Brazilian contemporary poetic vanguards, which begins in October 1967 and ends in December 1968, by proclaiming an inclusive esthetics, of the opposite sociability, made a dialogue between three other previously poetic vanguards at least: concretism (1957), práxis poetry (1962) and street guitar (1962). Hereby, the tropicalism destroy the theory spread between the literarian critics that the younger artistic generation appear necessarily denying the previous generations. The tropicalist composers, in proportion to work with the idea of inclusion taking it as the esthetic project basis, do not approach only of the tradition of the area where they operate — popular music — but in other areas as plastic arts, the cinema and the vanguard literature. Because of it, the tropicalist esthetic of inclusion does not incorporate, in a critical way, just Carmen Miranda and Vicente Celestino or bossa nova. The lyrics of these tropicalist composers, more than the affinity with the procedures of concret poetry, as already shown in so many works, academic or not, also approach to other poetic vanguards — by the way, opposite from the last one — like praxis poetry and street guitar. These affinities are found as much in procedure as in dialogism. 7 A G R A D E C I M E N T OS A Deus, por ter me dado forças nos momentos mais difíceis; À professora Maria do Carmo Nino, pela paciência e por ter acreditado em mim desde o começo; À professora Zuleide Duarte, que me abriu as portas da sua casa e colocou sua biblioteca a minha disposição, além de me ajudar a garimpar raridades que enriqueceram este trabalho; A Carlos Albuquerque e Iêdo Paes, dois grandes amigos, que torceram por mim desde o começo; A Thiago Soares, sempre um grande amigo e incentivador. A Karla Patriota, pelo incentivo. 8 S U M Á R I O INTRODUÇÃO..................................................................................................................08 CAPÍTULO 1 DA VANGUARDA HISTÓRICA ÀS VANGUARDAS POÉTICAS CONTEMPORÂNEAS BRASILEIRAS..........................................................................14 1.1. VANGUARDAS: CONCEITOS E APORIAS.............................................................14 1.2 AS VANGUARDAS POÉTICAS NO CONTEXTO BRASILEIRO............................21 1.2.1. A poesia, as artes visuais e as ideologias............................................................24 1.2.2. A bossa nova e a poesia concreta........................................................................34 1.2.3. Anos 60: a canção incorpora o compromisso social...........................................39 1.3. A EXPLOSÃO DO TROPICALISMO.........................................................................42 1.3.1. O tropicalismo e a antropofagia oswaldiana.......................................................45 1.3.2. Tropicalismo e a comunicação de massa............................................................47 1.3.3. O diálogo com outras formas de artes.................................................................51 1.4. MÚSICA POPULAR COMO POESIA........................................................................51 CAPÍTULO 2 POESIA CONCRETA E TROPICALISMO: INFLUÊNCIAS EXPLÍCITAS...........56 2.1.CARACTERÍSTICAS DA POESIA CONCRETA.......................................................59 2.2. POESIA CONCRETA E OUTRAS FORMAS DE ARTE...........................................66 2.3. PROCEDIMENTOS CONCRETOS NAS LETRAS TROPICALISTAS....................67 2.4. REVISIONISMO DO NOIGANDRES.........................................................................87 CAPÍTULO 3 INSTAURAÇÃO PRAXIS: SEM PAIDEUMAS E “MÃEDEUMAS”.........................89 3.1. PRAXIS COMO SUPERAÇÃO DO VANGUARDISMO..........................................95 3.2. RESSONÂNCIAS PRAXIS NO TROPICALISMO: POR QUE NÃO?....................104 CAPÍTULO 4 A POESIA POPULISTA E ENGAJADA DE VIOLÃO DE RUA..............................122 4.1. UMA NOTA INTRODUTÓRIA PARA VIOLÃO DE RUA.....................................127 4.2. O MOMENTO POLÍTICO.........................................................................................133 4.3. ARTE POPULAR REVOLUCIONÁRIA: ARTISTA E POVO UNIDOS................136 9 4.3. ECOS DO VIOLÃO DE RUA NO TROPICALISMO...............................................142 CONSIDERAÇÕES FINAIS...........................................................................................164 REFERÊNCIAS BLIOGRÁFICAS...............................................................................167 I N T R O D U Ç Ã O No século passado, a poesia brasileira passou por algumas datas relevantes: o Modernismo de 1922, a Geração de 1945, o período das vanguardas (1956 a 1968). Este último, o que nos interessa neste trabalho, correspondeu no Brasil à vigência de diversos grupos e revistas de vanguarda, dos quais os principais foram: concretismo (1956), neoconcretismo (1959), tendência (1957), praxis e violão de rua, ambos em 1962, poema- processo e tropicalismo, os dois em 1967.1 De certa maneira, pode-se afirmar que esses sete grupos apresentam duas tendências. O neoconcretismo e poema-processo optaram por uma poética em que o aspecto visual cromático e mesmo tátil é relevante. Já tendência, praxis, violão de rua e tropicalismo voltam-se para o aspecto semântico, verbal e escrito do discurso poético. O concretismo é o único em que se podem apontar características das duas tendências. Cada um desses movimentos surge como superação ou radicalização do anterior. O concretismo, a primeira vanguarda poética contemporânea brasileira reconhecida internacionalmente, não economizou críticas à corrente estética imediatamente anterior, a geração de 45, que embora não fosse considerado um movimento de vanguarda, era o que estava mais próxima do concretismo. O neoconcretismo, surgido dois anos depois, radicaliza tudo o que o concretismo pregava até então. Já praxis, através do seu principal poeta e teórico, Mário Chamie, procura desconstruir todas as teorias dos concretos (ideogramas, isomorfismo etc.) e neoconcretos (não-objeto). O violão de rua, que por razões de política literária é sempre excluído dos grupos de vanguarda e, por razões de política social foi pouco estudado, além de diretamente vinculado à produção de militância política, representou a tentativa de manter uma posição de vanguarda, sem comprometimento com o formalismo estético. O poema-processo, mostrando que palavras e letras não são necessárias ao poema, elimina o verso, o conceito usual de literatura e parte para uma produção essencialmente semiótica. É um tipo de poema que se aproxima das histórias em quadrinhos e desenhos 1 Há autores, como Affonso Romano de Sant’Anna e Sylvia Helena