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ano VII – número 16 Março de 2011

A escrita que mora em mim Que leituras nos (trans)formam? 2ª capa

COORDENAÇÃO TÉCNICA Centro de Estudos e Pesquisas em Educação, O que será 2011 Cultura e Ação Comunitária – CENPEC

Estar em contato com professores, educadores e CRÉDITOS DA PUBLICAÇÃO estudantes de todo o país é a atividade mais esperada e agradável para a equipe que trabalha na Olimpíada Coordenação Sonia Madi de Língua Portuguesa Escrevendo o Futuro. Isso fica ainda mais especial nos anos pares, quando a Olim- píada ocorre “de fato”: os textos são produzidos, a Texto e edição seleção é feita e os encontros são organizados ao Luiz Henrique Gurgel vivo nas semifinais e na final. São ocasiões que pos- Maria Aparecida Laginestra Regina Andrade Clara sibilitam o contato direto, olho no olho, sorriso com sorriso, estreitando os dois polos que sustentam o projeto: os profissionais da Fundação Itaú Social, do Revisão Ministério da Educação (MEC) e do Centro de Estu- Rosania Mazzuchelli e Mineo Takatama dos e Pesquisas em Educação, Cultura e Ação Comu- nitária (Cenpec), de um lado e, de outro, professores, estudantes, coordenadores pedagógicos, técnicos, Edição de arte diretores e equipes do Conselho Nacional de Secretá- Criss de Paulo e Walter Mazzuchelli rios de Educação (Consed) e da União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação (Undime). Ilustrações Esses encontros possibilitam conhecer aqueles Criss de Paulo com quem – quase sempre – só nos comunicamos por telefone, e-mail ou carta. Também permitem discutir, Editoração debater, trocar ideias, ouvir as experiências trazidas AGWM Editora e Produções Editoriais de diferentes pontos do país e aprender mais sobre a língua que nos une e com a qual nos posicionamos e nos apresentamos ao mundo e entre nós mesmos, Tiragem 150 mil exemplares brasileiros. E o entusiasmo que essas discussões provocam não é força de expressão – ele serve de combustível Contato com a redação para um trabalho intenso, que envolve milhões de Rua Minas Gerais, 228 – São Paulo – SP pessoas. É por isso que nos anos ímpares – período de CEP 01244-010 Telefone: 0800-7719310 preparação e de reflexão para pensar o que vai ser e-mail: [email protected] oferecido para todas aquelas pessoas na próxima edi- www.escrevendoofuturo.org.br ção da Olimpíada – sente-se falta do movimento, das histórias, do empenho para que tudo funcione bem. Claro que os contatos e as tarefas prosseguem. Os cursos de formação são programados, as publicações, INICIATIVA produzidas, e as ações para o próximo ano, planejadas e aprimoradas. Sem falar que neste início de ano os es- tudantes, professores e escolas vencedoras começam a receber seus prêmios: os livros para a biblioteca e os computadores. Mas, se os encontros presenciais não podem ser permanentes, que os façamos a distância. Entre as boas novas está a transformação da Comunidade Vir- tual Escrevendo o Futuro no grande portal do progra- ma. Isso não vai ocorrer de uma vez, mas ao longo do ano. O objetivo é ampliar as ações da Comunidade e torná-la ainda mais interativa, transformando-a num importante recurso de formação e comunicação. ENTREVISTA2 Queremos ampliar a oferta de textos com refl exões Michèle Petit sobre o ensino de leitura e escrita nas várias seções, estimulando o desenvolvimento de competências digi- tais dos usuários. Os cadastrados receberão, sema- 5 nalmente, um boletim eletrônico com as notícias do ESPECIAL – 1 portal, podendo interagir ainda mais com nossa equi- O papel do outro nas escritas pe e com os colegas de todo o Brasil. E a primeira mudança é visual: a página da Comunidade fi cou de memórias literárias: mais atraente, com maior facilidade de navegação. discutindo relações de ensino Agora ela também poderá ser acessada do celular. e aprendizagem escolar Ainda teremos novos cursos de formação, que pode- rão ser feitos sem sair de casa ou da escola. 10 Outro importante acontecimento é a realização de um seminário sobre o ensino da leitura e da escrita, ESPECIAL – 2 promovido pela equipe da Olimpíada. Estão sendo Refl exões sobre o ensino convidados especialistas reconhecidos mundialmente. de poesia O evento será destinado a professores e técnicos que articulam teoria e prática no ensino da língua portu- guesa. Haverá transmissão ao vivo, via Comunidade 12 Virtual, das principais palestras e atrações. Na pró- PÁGINA LITERÁRIA xima edição da revista traremos mais detalhes. Fica o dito por não dito

E o que há Na Ponta do Lápis? Este número está recheado de novidades. A per- 14 gunta da capa – “Que leituras nos (trans)formam?” – é DE OLHO NA PRÁTICA o mote para uma entrevista e para os depoimentos de Com que crônica eu vou? dois importantes linguistas brasileiros. A entrevista é com a antropóloga francesa Michèle Petit, estudiosa da leitura entre jovens e autora, entre outros, de A arte 22

de ler. Em determinado ponto da entrevista, ela per- ÓCULOS DE LEITURA – 1 gunta: “Afi nal, por que alguém se torna leitor?”. Já os Da infância à ciência: depoimentos falam do fascínio pela literatura, porta língua e literatura de entrada para se tornarem leitores e estudiosos da língua. Na “Página literária” um presente de : o belíssimo poema “Fica o dito pelo não dito”, 24 publicado no seu mais recente livro, Em alguma parte ÓCULOS DE LEITURA – 2 alguma. E a nossa sugestão para atividades diferen- ciadas de produção de textos com os alunos é utilizar Por que leio literatura a música popular brasileira, uma das nossas mais antigas e inspiradas tradições. Apresentamos dois artigos especiais: um, da professora da Universidade 26 Federal de Santa Catarina, Nelita Bortolotto, que fala TIRANDO DE LETRA da importância de o aluno colocar-se no lugar do narra- Nem sempre foi assim... dor de memórias literárias, para recriar o real e soltar a imaginação ao lidar com os fatos ouvidos na entre- vista; outro, da professora Ana Elvira Gebara, que propõe uma reflexão sobre o ensino da poesia e so- DESAFIO28 bre como o poema chega à escola. ... Porque o tempo, Aproveite a leitura e ótimo ano letivo! o tempo não para...

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Na Ponta do Lápis – ano VII –nº16 2 vidas porvidas mediadores em“espaços de leitura coisa”,outra diz ela. umsuscitar desejo,mento, uma busca por emação,to provocar para oautoquestiona- um apoio colocar para notável opensamen- do mundo, que oferece masobservam ela ou asviolências reparar asdesigualdadesvai de ingênuo: não sabem que “Eles aliteratura tem nada Medellín de como os bibliotecários , que de otrabalho pessoas OGlobo jornal ao argumenta, Petit mas Michèle ementrevista do livro, “Oucomo àadversidade”), resistir (impressãobarbárie reforçada subtítulo pelo românticato da cultura como antídoto a para rotina. da brutalidade um refúgio momentâneonas estantes a para pelos funcionários enos disponíveis livros promovidasque encontravam nas atividades vezes, emabrigo) jovens para da vizinhança, transformou emponto de encontro (e, muitas colombianos,paramilitares se abiblioteca fogo cruzado guerrilheiros entre das Farc e bairros de Medellín. pobres No na periferia da Comunabliotecários 13,um conjunto de conta o caso Petit dos Michèle francesa bi- thur Bueno Boldrini), eCamila aantropóloga em emregiões emconflde leitura relata experiências desenvol- experiências relata ler de A arte podeA história sugerir uma um visão tan- sobreNuma histórias das muitas grupos O Globo,doRiodeJaneiro,O em20defevereiro de2010. A entrevista aseguirfoipublicadapelosuplementoliterárioProsa &Verso dojornal Livro –FNLIJ)eAartedelerOucomoresistiràadversidade , em2009. InfantileJuvenil tiva, nas deartigos.NoBrasil,aEditora34publicouOsjovenseleitura–Umanovaperspec- vários paísesdaEuropa edaAméricaLatina,MichèlePetitéautoradeseislivros ecente- rápida deterioraçãoeconômicaegrandeviolênciasocial.Comobrastraduzidasem compreendendo tantosituaçõesdeguerraoumigraçõesforçadas comocontextosde Desde 2004,coordena umprograma internacionalsobre “aleituraemespaçosdecrise”, clusão esegregação, tendoporbaseentrevistas comjovensdebairros marginalizados. quisa arespeito dopapeldasbibliotecaspúblicasnalutacontraosprocessos deex- em seupaís.Desenvolveuestudossobre aleituranazonaruralfrancesaeumapes- Sociais eRecomposiçãodosEspaços,doCentre NationaldelaRecherche Scientifi A antropóloga francesaMichèlePetitépesquisadoradoLaboratóriodeDinâmicas (Editora 34,tradução (Editora ler de de A arte Ar- Leitura emregiõesdeconfl em 2008(querecebeu oselo“Altamente ito reunidas ito Por Guilherme Freitas gens adifusão da leitura. para em relatadas quefende extremas assituações vontade de jogar tos discursos de glorifi ma como costuma abordado otema ser (“Cer- afor- entrevista nesta tores”, critica Michèle desafi os 34), noblicado Editora qual pela refl obras. pelas despertadas grupo sobre questões (pessoais ou coletivas) na como discussões para um catalisador em é oencontro ao redorfuncio- do aleitura livro: do que importante mais texto ainterpretação situações, Nessas sugereBrasil). aautora, sobretudo na (inclusive no Latina América grações forçadas regiões, –emdiversas mas pobrezamados, naturais, emi- catástrofes por –locais afetados em crise” confrontos ar- A arte de ler de arte A tavam imersos desde na ainfância culturatavam daqueles que testemunho deram disso es- Masamaior parte contextos terríveis. mais àsadversidades,da aresistir mesmo nos aju- Há muito tempo que observa-se aleitura tipo de atividade encontrou neles? na. Por que escolheu lugares eque esses ços sobretudo em crise”, na América Lati- em locais que asenhora chama de “espa- recomendável” daFundaçãoNacionaldo (tambémpu- ealeitura Osjovens de Autora A arte de ler de A arte os da tão debatida “formação de lei- os debatida da tão

fala de experiências de leitura leitura de experiências de fala podem inspirar novas aborda- !”, brinca) ede- videogame dão cação da leitura ito ete ete sobre que, 3/3/11 6:58PM Na Ponta do Lápis – ano VII –nº16 3 3/3/11 6:58 PM3/3/11 6:58 PM ” “ Há muito tempo Há muito tempo a leitura observa-se que às ajuda a resistir mesmo adversidades, mais nos contextos a maior terríveis. Mas que parte daqueles deram testemunho disso estavam imersos desde a infância na cultura escrita. e criativida- capacidade em sua ança Quais são diferenças entre as a principais coletiva e a experiência leitura individual é a leitura mediada? que a leitura de à imagem Há séculos é associada talvez, leitor leitoraum uma – e mais de ainda, – autos- intimidade numa solitário e silencioso, para afastar contribuir pode Isso suficiente. vivem leiturada onde que em meios pessoas se preferência dá a atividades coletivas e onde é visto à parteo ato grupo se de colocar do As experiências leitura de com- rude. como facilitar podem contrário, partilhada, a ao eles não que textos, desde dos apropriação O inte- imposto. algo como sejam percebidos eles se estudei é que que casos ressante nos coletivo, mas onde quadro num desenrolam atenção de singular. é objeto pessoa cada disponibilida- atenção, com é ouvido um Cada de e confi e a a uns as culturas próprias Os ritmos ou de. palavras suas são respeitados, recebi- outros são frequen- Esses jovens e valorizadas. das para torna- temente e formados, solicitados, leitura de rem-se também mediadores para A Cor o grupo exemplo, faz, por como outros, coletiva, forma Brasil. Letra,da É uma mas no escuta mú- a uma plurais, a vozes lugar dá que A leitura solitária se não a singularidades. tua, livremente grupos a esses pequenos opõe leitura de o tempo e discus- onde constituídos se retira um cada em são é repartido e onde

escrita. As experiências que me interessa- experiênciasAs que escrita. América Latina crianças, ram reúnem na escolari- pouca com adultos ou adolescentes cresce- que famílias de vindos pobres, dade, grupos de ou Colôm- na exemplo: Por livros. guerrilha dos ram longe da saídos jovens bia, feri- soldados paramilitares, toxicômanos, Argentina, desalojadas; na populações dos, em situação de mães crianças pequenas de sofreram abu- que jovens extrema pobreza, vítimas ou catástrofessos de naturais. Essas experiências literárias se de- compartilhadas sem re- liberdade, de em espaços senrolam presença, de escritos controle gistros nem escolar rendimento com sem preocupação quanti- imediato em termos resultados nem tativos. é aparentemente O dispositivo muito escri- suportes propõe mediador um simples: a estão não acostumadas que a pessoas tos alta, relato e então em voz um eles, lê alguns participantes. entre debate os um surgem ou despertamOs textos pensamentos seus lidos esses textos evoquem e palavras. porque Não eles viveram. que das situações próximas têm efeito um que Aqueles são “reparador” Através em geral até surpreendentes. muito escrito do qualquer poema ou conto um de eles leem dolo- páginas mundo, do lado outro falam indireta, forma vida de sua de de rosas história outra e con- maneira, de própria sua compartilhá-la. seguem ooTrs Colomer Teresa Foto NPL16_2mar2011.indd 3NPL16_2mar2011.indd 3 NPL16_2mar2011.indd 4

Na Ponta do Lápis – ano VII –nº16 4 pior: que tem que gostar de ler!) faz da leitura pior: da leitura que que faz tem gostar de ler!) quem diz que que uma (ou tem ler criança ou pai professor,“formar” Seja leitores. campanhas de massifi sos fi jamais dão vontade de jogar discursosCertos de glorifi adimensãoservar lúdica daleitura? lho e, mesmo ao de difusão tempo, pre- do que um prazer. traba- Como esse fazer umamais obrigação ou uma necessidade com fazem que ela pareça literárias obras Alguns argumentos afavor de daleitura esolidária. democrática ciedade mais mastambém na construçãotexto, de uma so- do numa partilha ampla dadãos, engajam se cários, escritores, psicólogos, ou simples ci- professores, Esses escrita). cultura bibliote- aaproximaçãodoras de favorecer (além da transforma- produzir estéticas experiências pessoas, e de driblar arepressão àpalavra lhada aparece como um de meio mobilizar as isso, comparti- aleitura fazer dos políticos não conseguem E, numa época emque os parti- jo, uma busca por coisa. outra tionamento, um suscitar dese- ação, provocar para oautoques- colocarpara opensamento em um apoio oferece ela notável des sociais, que masobservam ouas violências asdesigualda- reparar não vai que aliteratura não ingênuos, são Eles sabem e, emalguns aspectos, política. dem cultural, poética, educativa algo muito maior, que éde or- por trabalhar nhei acreditam Aqueles cujo acompa- trabalho leitura? da políticasão dadifusão política”. adimen- seria Qual casos, cativa e, em certos uma atividade “cultural, edu- res veem seu como trabalho Segundo olivro, osmediado- às vezes, de resistência. senham espaços de liberdade e, das. Tanto uma quanto de- outra compartilha- lidas epalavras consigo de fragmentos páginas seguida sua para casa, levando zeram alguém ler,zeram tampouco as ! Eos discur- videogame ou “criar” cação para cação da leitura apropriação dostextos, leitura compartilhada [...] podemfacilitara como algoimposto.” Divulgação “As experiênciasde desde queelesnão sejam percebidos ” “ pletamente diferente de aprender diferente aler. pletamente dosapropriar –oque écom- textos realmente humana, de descobrir outros mundos ede se ecoschance sua experiência encontrar de de todos, a dada onde umaseja quer que vivam, tiplicadas, por uma vontade que política, para mediadoresses difundidas devem ser emul- apoiada,ser des- encorajada, easiniciativas tudei eno coração que do tem meulivro. Ela noque coração está que das experiências es- arte aí, Éesta por ler?”. que quer mefazer ele não digam:cente “Masoque quer, ele esse com os livros, que para eoadoles- acriança sobre mesmo, si sobre sua própria relação passa por um arte Essa uma trabalho arte. oquesabe tornar objetos esses é desejáveis, social...) que gosto por tem sistente e livros mediador (professor, bibliotecário, amigo, as- contro, ao acompanhamento caloroso de um vendo com aum égraças alegria, en- aleitura oucrianças adultos acabam lendo, vi- eaté as se suportes escritos. famílias, Nessas dostância locais onde podem se encontrar culdades econômicas eadis- tédio. Junte-se aisso asdifi de lembranças de humilhação e além nada os pais para evocam livros os outras, Em quase. ou vêmde nascençaexperiências aschances essas mílias, de ter fa- Emcertas ou divertidas. tes assunto de conversas intrigan- obras eram emcasa que havia dido bem. Ouainda porque as tinha enten- ela se tantemente de irevir, conferir cons- sem dandoalta, liberdade àcriança emvoz histórias leram eles desvendardiam Ouporque ali. po- eles segredos que guntou quando pequeno era per- ese mergulhado nospai livros tempo, porque ou amãe o viu do Namaior parte torna leitor? Afi dia. ocontrário do quemite preten- sincera. discurso Obelo trans- que sendo apessoa não está sentir vai acriança leitura: pela nenhum não tem prazer” gosto quemtido se diz que éum “ler adultos. garan- Oimpasse está submeter os para satisfazer um precisa se ao fardo qual ela nal, por que alguém se - 3/3/11 6:58PM Na Ponta do Lápis – ano VII –nº16 5

3/3/11 6:58 PM3/3/11 6:58 PM - cção a). Puxo a). Puxo memórias. parao possível enredarmos Bem, depois dessa pergunta muita pergunta dessa depois Bem, Voltemos à Emília e suas questões. Emília à questões. suas e Voltemos com se surpreendeu Visconde o Bem, (mundo da vida vivid vida da vivido (mundo coisa aconteceu e a história aconteceu coisa está lá es- crita livroMemórias no de Emília, do para só ler, não acima referido, autor fi mas também para sobre pensar e então fi um cindidos em muito mundos esses dois es- na fazendo vimos que pelas opções e mun- lado um vida de da mundo cola: (arte outro de cultura da literáriado entre outros). o segundo e, ada, Na narrativa, desafi assanhamento, maior “no narrador, Sabu- de Visconde do em busca correu Lobato) de personagem (mais um gosa para Emília, ser E, então, o escriba”. como nossos personagens anônimos deste início texto, no se viu lembrados titubeante diante da folha em branco, desejarao suas iniciar ao ordenou “mandoninha”, boa Como ser “... venha Sabugosa: de Visconde e tin- pena papel, Veja meu secretário. Memórias”. as minhas começar Vou ta. Dona Benta (outra personagem do enredo enredo do Benta (outra personagem Dona de Lobato), de tanto de Lobato), de a Emília ouvir falar das afi “Mas, perguntou-lhe: memórias, próprias enten- você é que que bobinha, nal contas, de memória?” por de seu propósito de escrita de (seu projeto dizer): de seu propósito coi- já“Uma criatura com viveu que tão pouco livro Obe- memórias”. de sas num para contar obedecesse à Emília,deceu e não evidente, não acontecia! “Tinhosas” lhe para ver o que desencontros quaisquer menos deixam por tentou que bem Visconde ideias!de é? Não Emília ela coisas tinha não que de convencer são coisas livro memórias de que para contar, vida”. m da para já “gente perto fi velha, do - Nelita Bortolotto 1 de memórias literárias: literárias: de memórias e aprendizagem escolar e aprendizagem O papel do outro nas escritas outro do O papel discutindo relações de ensino relações discutindo Seria o mundo cotidiano, o mun- cotidiano, Seria o mundo talvezBem, Emília, personagem a essa questão o tema juntar que Vamos “Professora, como eu começo?” eu começo?” como “Professora, identifi professores de ouvidos Nossos cam rapidamente a situação uso de social monológico em tom proferido enunciado desse soli- sociais), vozes contexto das do (isolado tário: em sala estamos aula e em de escrita de Há escola. na momento me- uma estabilizado, discurso um o sobre escolar pedagogia de mória a escritaagir com esfera na escolar esse enun- que por reconhece que cir- e nessa ciado é dito modo desse as Mas uso. de social cunstância dizer da também podem imagens se dos lembra não quem memória: adultos) dos crianças, (das dedos levantados “a vez” para esperando sus- atender a pedidos o professor muitas até vezes, e, apre- surrados pela pedagó- “impaciência ensivos sei “... eu não professores? gica” de começar...” do da vida, diferente aconteci- dos escolares? mentos com Lobato Monteiro de “tinhosa” e instigantes surpreendentes suas –, prosaico fugiam do – que guntas per me- não nesse acompanhar nos possa nessa instigante acontecimento, nos exão: o que instigante refl menos não quando escrevemos, quando se escola na passa a escrever? aprendemos espevitada Emília, em nossa um provocou, se ao propor outras questões, de bocado bom “memórias”. suas a escrever Nelita Bortolotto é mestre (1993) e em linguística (2007) pela Universidade Fede- em educação doutora ral Santa de Catarina. NPL16_2mar2011.indd 5NPL16_2mar2011.indd 5 NPL16_2mar2011.indd 6

Na Ponta do Lápis – ano VII –nº16 6 Emília. Serve. Escreva: Nasci no Escreva: Serve. Emília. ano de... (três outro começo: tom aeste –exclamou “Ótimo! dessa orientação, porém, vale se dá Emília etc.’.” arranjada gente Como de esperar, era no ano de 1632,na cidade de Iorque. Filho de , por exemplo,Crusoé começam ‘Nasci assim: em que cidade As etc. Aventuras Robinson de escrevendo,está quando quem esse nasceu, delivros memórias começam –contando que conde –éque comece como quase todos os qualSua ideia é?”.“Minha –disse o ideia Vis- qual escolher. Posso começar modos. de mil Visconde. caminhos Hátantos que não sei “Équeescreva. insiste: ocomeço Ela édifícil, escrita?). lavra (im)possibilidadevra? de signifi que (difi dizer?” ções “oque permaneciam: escrever?”, “o eprimeiro capítulo. Suastítulo interroga- quandoda escrita decidiu pôr, ela então, um conde, digamos, ao início semelhante meio Tinha masedepois? otítulo, iniciar anarrativa. para asestratégias vieram Enovamente FIM’]. Mascomeçar éterrível”. dirigidosde textos ao público ‘e... infantil: de fechamentos latinzinho: FINIS[caricatura ponto fi simples éacabar. mais cil. Muito Pinga-se um começar”. “Isso Efalou: de começar não éfá- franzida, não como sabia de testinha “Emília, primeiro bem graúdas. [...] Agora escreva: Memórias da Marquesa de Rabicó. Emletras dotulo bem veio-lhe: “Escreva no papel: alto da(irreverência personagemEotí- Emília?). enfitro; da escrita de oato adiar m, tratava escrito, passeou de um ladodo aou- material passou questionamento pelo da impressão nhos”, “pena de pato, com seus patinhos”, cor do“tinta marcom todos os seus peixi- cor do com céu todas assuas estrelinhas”, branco. “papel Iniciou uso pelo do material: informa onarrador) fugir da para página em eabsurdas exigências (comodas estratégias “como começo?”, criou inusita- então asmais “mandona”, não perguntaria ao Visconde engasgou. Não como sabia começar”. Como começar aditar, amenina “tossiu, cuspiu e Mas, na hora de pôr suas memórias no papel e Veja papel, pena etinta”. Visconde obedeceu! dem: “Faça oque eumando enão discuta. O Visconde cansa se que esugere àEmília E sucedeu um diálogo, e Emília entre Vis- logoClaro que Emília passou-lhe uma or- nal epronto;nal ou um escreve-se então ”. Tinha escolhido. tema oseu Mas culdade de “encenar” apala- cação da pa- Capítulo Capítulo com atitudes decom hoje, atitudes recorrendo-se ao passado do ponto da educaçãocrita de vista escolar, guesa, ou pensando seja, oprocesso dessa es- Língua da Portu- uma Olimpíada de contexto memórias na nossa contemporaneidade, no tro fi fi acompreensãoestá do outro, oleitor. sentidos. Nohorizonte da escrita desse ato aautoria, aconstituiçãona de da vida Emília: sonagem, aMarquesa de Rabicó. Umnovo ato eper- por Emília aescritora ela, estabelecida modostilhar de compreender perspectiva pela outros);tre contar ia suas par- memórias para personagens do como escritores sítio, en- ela, (fi leitores síveis dirigidasserem seus àqueles que pos- seriam das memóriastoria da Marquesa de Rabicó) a (aau- asua vivência, asua arte mento estava porquerelações no horizonte do pensa- seu delicadospreendia ecomplexos tais e limites imaginado) esuas possíveis. relações Com- ção; vida (o vivido) e arte (o reinventado; o efi vida entre postas quanto àsfronteiras rias, apresenta com suas graça questões bem queelementos confi de memó-guram um texto da ponta da língua “oque dos esabia dizer” “com de dizer”. projeto oseu Tinha na ponta fi depoisnal dos de interrogação”. seis pensamento, eindica que “um escreva ponto de quebravejando,esclarece ainda tratava se ordens, às es- escreve: “1,1,1”.Emília, atento sando “um... emvoz um... alta um...” e Visconde, gando-me amimmesma?”. Tenta, então, pen- ção [...]Não vêque estou indecisa, interro- Visconde. pontos seis aí Bote de interroga- quinha de pano ordenando: insiste “Vamos, irreverência efi “imprevisto” Nasua memorialista. na escrita dor). O (do real vivido pelo autor da épocamemorialísticos emfi do texto do modo reconhecido já de textos da escrita dosão indeciso. Tratava-se do estranhamento deda espanto deci- diante boca”, certamente terrogação. seis...”. Bote O Visconde “abriu a rogação; ou, antes, bote pontos vários de in- um começo: um tenta Ela ponto “Bote de inter- memórias abonequinha da Emília, de pano. fi desarranjada...”.lha de gente na cidadeestrelinhas), de... estrelinhas), (três car nos propósitos vamos da Emília, puxar ou- Para os nossos propósitos e também para para também e propósitos nossos os Para com “ocomo debatia-se Emília escrever”, dasRetornemos àsinvestidas de escrita o possível de nesse discurso: aescrita Visconde estava diante doVisconde diante inusitado, estava do rme na sua incerteza, abone-rme na sua incerteza, lósofos, historiadores, outras ddddLobato/narra- cção cção c- 3/3/11 6:58PM Na Ponta do Lápis – ano VII –nº16 7 3/3/11 6:58 PM3/3/11 6:58 PM nal, na nal, memórias literárias , cado no objeto esté- ém para para si, o seutra- própria imagem (repercussão do do própria (repercussão imagem Posicio- projeto pedagógico?). (outro outro um como nar-se-ia tem que – consciência side próprio si/auto- de e consciência outro do acaba- os dois São consciência)? que acabamento dados: mentos e a si (pelos (aluno) outro ao dá estabelece o que com sentidos indivi- na A quem aluno). outro: atribuiria o professor dualidade o alu- que Aquilo ser o seu outro? êxito sem êxi- ou com produz, no teria tradição que da to, a rubrica pela com- o aluno responsabiliza preensão como ato de caráter in- o profes- dividual? Se assim for, o tema (persegue?) segue sor composto pelo aluno e nele se en- o envolve. não que algo como reda As relações sociointeracionais posicio- língua da pedagogia na de o locutor-interlocutor nam peculiar ao quanto distan-modo textos. próprios ciamento seus de o desenvol- ou A aprendizagem dos conhecimento vimento do é tão não discurso do gêneros No caso do gênero gênero do No caso escola vivenciam-seescola narra- experiências com tivas as séries se es- desde as quais iniciais, Às vezes, vida acadêmica. da longo ao tendem necessitam e o ser orquestradas, contudo, lugar exotópico em relação à produção do alu- do relação em à produção exotópico lugar a atividade com es- dialógico No encontro no. tética – escrita literárias memórias de – o pro- no dupla exotópica posição uma fessor ocupa faz professor, de que seu ao lugar retorno o alu- que do sentidos os contato o com após (leitura textos escritos dos dos produziu no olhará tamb alunos); identifi pedagógico balho o texto tico, escrito memórias seus de pelos A visão leitura exotópica (uma si). de alunos também há mas (aluno), outro do é só não senti- pelos leiturauma professor) si de (do dosque a produção do aluno indica do proces- o professor, Ele, desencadeado. ensino de so mas veria vê, sua não veria o aluno o que por conhecidos pouco Há gêneros tranquila. in- ensino preveem que e professores alunos para maior aprendizagem. e tempo tencional estão familia- alunos como tanto professores escrita de – afi esse modo com rizados ou- No âmbito de seu trabalho, Bakhtin seu (2003, de trabalho, No âmbito No caso de escrita na escola o olhar ou- do A compreensão da escrita (compreensão escrita da (compreensão A compreensão (interlocutor/compreensão ativa e res- (interlocutor/compreensão p. 21) traz o conceito de exotopia – excedente 21) traz exotopia de p. o conceito base conceitual uma se torna visãode –, que a importante para o ato com pensar dialógico objetividade para possível a observação das vista de ponto do múltiplas mundo, de visões me vê. o outro onde e de vejo o outro onde de textos os escritos dos sobre tro (o professor) duplo um ocupa que alguém é de alunos seus tro – autor/ contato entresentidos ponsável, tema/leitor) é escrito interage o que que com contempla, dá sentido que pelo na e autor, pela (au- relação contatode entre sentidos tor–leitor). estético O acontecimento pres- necessita consciên- duas de o outro, supõe entre elas (grau de coincidência não da cias, distanciamento e tema), entre autor é o que Bakhtin (2003). ensina nos (memória do passado), ao presente, e ao futu- ao e presente, ao passado), do (memória (Bakhtin, 2003). futuro do memória como ro, e atitude valorativa)comum pela passa com- relações das interlocutivas,preensão pelo seja, do ou fora, vem de que acabamento NPL16_2mar2011.indd 7NPL16_2mar2011.indd 7 NPL16_2mar2011.indd 8

Na Ponta do Lápis – ano VII –nº16 8 atividade humana queatividade difunde se e, ao mesmo âmbito do ensino escolar éuma proposta de ensino? Trazer os gêneros do discurso o para reafi têm social) se orientação mas (todo tem tema público Que te- da escrita. na escola ato pelo discurso aindagação retoma do que tornamos mação. dos da teoria A entrada gêneros do edotre discípulo. São ambos emfor- sujeitos segu deve ativa de um caminho metodológico, acompreensão ensinar, e, quando professores diante veem se aprender. São muitos os modos possíveis de sores ealunos, postos são na condição de ambos, de memórias literárias, profes- texto umescreva texto. sócio-histórico contexto seu epedir-lhe que conta. Assim, não há como isolar oaluno de tauradores do diálogo levados devem ser em dinâmico, emque todos os componentes ins- do alinguagem funcionamento emseu e vivo buscarpara quadro, esse restaurar entenden- lugar de ouvinte, hoje verifi fi casso lugar que atribuído, lhe era pela tanto assim, aprisionamento pelo do outro no es- aquebra discursivas,havia dasdigamos leis considerado ser dia como oespaço emque E se, escolar tradicionalmente, ocontexto po- ciado; auditório – presença dos participantes). social –qualquer uma que organize um enun- (situação bais, mastambémos extraverbais levados emconta não só os ver- elementos sociais. Pelo princípio da dialogia, devem ser fronto vozes eentrecruzamento de múltiplas social,intrinsecamente constituído con- pelo dialógica, é, isto caráter seu pelo vamente entenderrio alinguagem como constituti- énecessá- ultrapassagem, essa Para efetuar tionados com dialógica da linguagem. ateoria começaram a“forma ques-cia correta” aser do outro queà palavra diz “do correto”/enun- umEscreva texto...” –etoda uma dependência na escola uma –“Escreva história... escrita vinha-se propondonalmente oexercício da cultura, omundo ao da estética. da ética ao dos signos,material omundo da ao vida da àssuaslação personagens vincula omundo assumida(distanciamento) autor pelo emre- enunciado). posição Essa de exterioridade do (estrutura estruturais não meramente são discurso do autor éum desafi xidez do dito como pela fi No desafi o de ensinar ede aprender um inespecífi O caráter rmado ou inaugurado de nesse contexto ir oolha co com que tradicio- r observador do mes- xação do aluno no no aluno do xação ca-se um ca-se esforço o. Tais relações especifi institucionalizadas, esferas hoje emvárias fimera do quecção ou ocorre oretrato ainda isso Será do gênero memórias literárias. não reconheceu “ainovação” como um texto dademos fi tirar que (lição po- memorialista suazar escrita mórias, queria inovar, masEmília singulari- uso corrente, como de me- um início de texto Visconde sugeriu oque reconhecido, era de da padronização.tar Naobra de Lobato, o cional de gêneros, parecemos gos- àsvezes tendo oentendimento ultrapassado já tradi- do gêneros de e, discurso portanto, textos de no aprendido). Mesmo apoiados no ensino ede desenvolvimentozagem (investimento mação e, portanto, emprocessos de aprendi- Não que éassim pensamos? àsvezes resultadosvo? esperariam próximos? Não se de ensino issotratando algo não positi- seria muitos com Masemse textos a“mesma cara”. eacultura não doiminente suporta leitor ler consideração, pois orisco da padronização é ocorre metodológico ouso do exige material o excesso de informação ou omodo como ensino, do processo no controle de excesso O um vocabulário “utilize erudito”).ras!”; mais “use metáfo- suas sugestões (“adjetive!”; bom); edogmatizar motivado mestre pelo ser fi fi conseguir fi oreal; recriar (não genciando literárias ogênero memórias pesquisados, de fatos no do nível relato negli- de memórias, e,escrita ao escrevê-las, fi pesquisador no da contexto aprendizagem da dor das memórias. Pode assumir aposição de aluno onão colocar-se para no lugar de narra- dutas de alunos, como aquelas que o impelem por outro, por exemplo, pode padronizar con- umser ponto de apoio professores, para mas, assumidodamente pode, por um lado positivo, desavisa- ensino” de método pelo cratizado e“buro- otom forte das memórias literárias, tor-criador ede seus personagens). Nocaso conteve asvozes do professor edo aluno (au- dos enunciadores noticiando que ométodo tos que produzem ao padronizarem asvozes alunos adarem um tom burocratizado aos tex- da docência porque “um modelo” pode levar exigem de nós maior uma no atenção trabalho cultura. Modelos de ensino preestabelecidos tempo, aproxima omundo da do vida mundo da car opassado (tom nostálgico/o passado era el a elementos pesquisados aelementos el eanotados; edi- Quando se fala em ensino se fala emfor- emensinoQuando fala se fala se camente aescolar?camente cção). Todavia,o Visconde car excessivamente car 3/3/11 6:58PM Na Ponta do Lápis – ano VII –nº16 9 3/3/11 6:59 PM3/3/11 6:59 PM - o já dito, xo, . Tradução (do rus- (do Tradução . gurações gurações da- xidez do dito), xidez do - ed. São Paulo: Martins Fontes, 2003. Martins Fontes, Paulo: São - ed. Para atingirPara esse patamar de São questões que merecem que questões São conhecimento do outro? outro? do conhecimento aluno, seja,escrita, do a marca ou e singularidade sua autoria, sua criatividade especifi das dentro cações do gênero em ensino, não não em ensino, gênero do cações se exigiria estudante a capaci- do o estabeleci- com romper de dade (estabilidade forma da social do do enunciado, fi as confi mantendo termos, Em outros gênero? quele relações das en- o conhecimento seutre estilo seu ato individual, do e o conhecimento (singulares) pelo social constituído universal, (o estilo gênero)? do ser retomadas, aprofundadas para além deste restrito. espaço à fazer, podemos ora, por O que, Emília, de é lançar- semelhança do busca aventura da na mo-nos caminhos, a abrir dispostos novo, mesmo dialogia, da direção na pontos custe muitos nos isso que de interrogação, reticências, pau- até retomadas... sas, chegarmos car no semelhante “o que foge desse quadro quadro desse foge semelhante “o que car no Referências bibliográficas ed. Memórias Monteiro. de Emília. 15ª- e Peter Pan LOBATO, 3-13. 5, 1968, pp. Brasiliense, v. Paulo: São verbal criação da Mikhail. Estética BAKHTIN, Bezerra. 4ª Paulo de so) (memória no coletivo). Mas e o professor que que coletivo). no Mas e o professor (memória texto o aluno? com do o aluno, trabalha com estabelecerComo o limite entre a palavra di- ou, dática o aluno e a palavra com assumida limites exigem o Tais às vezes até, pelo aluno? exi- ensina, ético mestre que do compromisso relações nas entre ge o necessário equilíbrio entre o fi o universal, e o singular identi- o ato E mais: como criação. de e o novo, fi mesmo ao encanta”, semelhantesde e nos preservar Como inquieta? nos em que tempo quan- aluno desse a singularidade instigar ou na conhecimento, do está ainda busca na do uni- da responsável compreensão da busca necessariamente, pelo e passa, versalidade, ” ou a acaba- a “FINIS” ou equilíbrio, de a pontos pelas circunstanciados temporários, mentos diá- grande no se abrem relações que sociais discursiva. comunicação da logo ssional, assu- ssional, , se torna responsável, torna um um torna responsável, , se torna assinatura Como vimos, na teoria na pila- Bakhtin de vimos, dois Como tenho de pô-las em diálogo com outras; sem com em diálogo pô-las de tenho falar posso em singula- não esse movimento, em estilo algumas ridade, (leio que tantas, por eu destaco?). É prática, várias nas esferas da pela escrita ser responsável verbal, sociedade, pelo (assinatura responsável), assino pelo que pon- pelos vivo, valores que pelos escrevo, que dos singularidade na vista de tos assumo que atos (falomeus universal desse individualiza- atos coletivos universalidade dos na ou do) pensamento um ato. Podemos aqui falar aqui de Podemos ato. um pensamento profi como que, já ético, ato um atitudes diante morais dos posturas, mimos aprendi- e de (formação) ensino de processos e espa- tempo num cção), zagem escrita da (fi e nes- Nesse tempo historicamenteço dados. singularidade em minha mesmo se espaço, e consti- pelo outro constituído sou única, então sertuinte diferente Como no outro. do para avaliar Bem, escritasmesmo? alunos, de res – singularidade e universalidade – são de- e universalidade res – singularidade terminantesAo para o ato pensar escrita. da numa teórico, posicionamento um assumir por o professor, e concreta, singular postura sua NPL16_2mar2011.indd 9NPL16_2mar2011.indd 9 M P

1 4 Na Ponta do Lápis – ano VII –nº16 : 6

1 1 / 4 / 33/4/11 6:41 PM 11 . Res- que cada que , ou seja, depois de de seja, depois , ou percepção é mestre (1999) e doutora (2010) em é mestre (1999) e doutora fruição “Os alunos são poetas“Os alunos para a Letras Universi- da e Ciências Humanas lologia portuguesa pela e língua Faculdade tanto trabalho com o poema, precisamos re- precisamos o poema, tanto trabalho com tex- desses presença a gratuidade da cuperar fazem em sala partetos simplesmente porque cultura e são experiências variadas nossa da pela para construir, ter, precisa o aluno que leitura a sua interferência in- presença, dessa pes- gosto terpretativa, um de acompanhada é o da O segundo soal. em ser condensado e pode constrói professor três questões: são autores para Os alunos vocês? vocês? alunos?” seus são dos leitores Vocês também vocês a essas questões, pondendo dará a eles al- que um percurso iniciam um em ou em confronto respondam quem a guém reais. Qual e espaço tempo num harmonia, será seu passo? primeiro caminhos que agora podemos escolher para escolher podemos agora que caminhos em poema do à presença continuidade dar sala aula em leitura de e escrita. O primeiro é o da caminho Ana Elvira Gebara Elvira Ana fi letras, de Filosofi Paulo. São de dade a estão relacionadas 1 1

d d n i . Os poemas também revelaram também Os poemas representa- es- alunos, poéticas dos Nas composições 1 1 0 2 r os envolvia) que aparecem como elementos como aparecem que envolvia) os processos nesses passo cada pois autoria, de ou- de discursos representa os deixar lado de auxiliares trabalho em sala no gêneros tros tu- o do lugar; história da o do como aula, de entor- do e outros aliado à publicidade; rismo instituição e o da escolar como aluno, do no alunos. desses sociais grupos de leitores. vocês, as de como construídas ções as primeiras com Havia em conexão aquelas manifestações talvez cavernas das época da índios mais forma brasileira, de os com ou, Havia avan- fogueira. outras da que em torno mas aind çaram séculos, em subgêneros maisàs formas populares, bem ritmos e rimas regulares, com poéticos encanta. tanto oral nos que poesia da gosto ao sesas realizam representações da em formas poemas literatura e os o cordel como oral, mostram? Dois elas nos O que quadras. com a m 2 _ 6 1 L P NNPL16_2mar2011.indd 11 NPL16_2mar2011.indd 10

Na Ponta do Lápis – ano VII –nº16 10 sas das suas?sas pessoasoutras de idade diver- eexperiências prazeroso avocêsça desse elemento para de aula. Como asala para justifi de vocês. música essa Agora imaginem levar tenha sido escolhida na mente aí eque esteja que trouxe,o prazer ela justo que parece ela canções... Para vocês que aimaginaram, dado sensações, pensamentos, lembranças, outras que fl ela ua... Pensem agora como trouxe ela uma música de que gostem muito. Deixem cês, oespaço leitores, em das reticências, forma singular?”. de linguística etemática da matéria recorte nio euma da tradição busca inovação pela – com emgêneros aautoria que domí- exigem os para nossostivos alunos? Como trabalhar do cotidiano? Comoparte torná-los signifi com que não gêneros fazer parecem literários perguntas acompanham-no: “Como trabalhar Refl exõessobreoensino depoesia Pensem, por alguns segundos. avo- Darei Quando opoema chega àescola, algumas 2 car apresen- Ana Elvira Gebara Ana Elvira ca- ca e discursiva (sobreca ediscursiva esobre os temas oque sos de econsciência sensibilização linguísti- empercur-ma de entender apoesia revela se que pensamos, sentimos ebuscamos. composição refl poética (ver, sentir, experimentar cada e eprojetar) um é modo concepção de viversa omundo tor), aum tempo definido. A poesia dentro des- resposta auma necessidade, aalguém (olei- seus subgêneros) como otexto étrabalhar emoutrossearam que os antecederam. pelos que,criadas poetas por sua vez, ba- se uma forma escrever dentro de se de tradições pudesse como esclarecida ser traziam eles modo que de completude aexperiência que da, cada um dos poemas foi apresentado de com verdade?trabalhe Será NaOlimpía- ele. sufi ser parece ese que para aceite se ciente do professor e, vezes, muitas indicação essa O poema entra na sala de aula pelas mãos de pelas aula O poema na sala entra Assim, nos poemas dos alunos, for- essa forma,Dessa ensinar poesia (emtodos os quem somos,ete o 3/3/11 6:59PM NPL16_2mar2011.indd 12

Na Ponta do Lápis – ano VII –nº16 12 cheiro de jasmim? olor de fruta dizer oquê?dizer mas possibilidade de dizer senão não é ser não tem por sido não dito ter e que por dizer do que está do que não foi dito é apossibilidade de ser antes de escrito antes o poema berra não bom (ou poeta cabrito) e como sabe erra que grita o poeta já que que estanco ou um grito branco um rumor ou melhor apágina embrancoante silêncio quemais um afl não éemmim escrito de ser antes o poema Fica oditopornão “A palavraexiste,massóàmedidaqueédita,como própria forçadeseuproduzir-seenquantoverbo.” um fiat ser dita,apoesiainstauraumsentidopela ito quesucedeovazio,nada,silêncio.Ao Ferreira Gullar Ferreira que houve noutro quintal outro cantar galo (e ouve) ouvir pode oleitor ouve se o cantar nele nem do galo no poema cheira não afruta se bem ou mal dizê-lossem e os digo no quintal do galo do andar cabelo do cheiro do fruta da falo do cheiro falo: embora dizê-lo sem por isso que pois não calo embora odiga de algum modo é não dizê-lo dizê-lo por isso éque cheiro? não tem afala se como dizê-lo mas Alfredo 3/3/11 6:59PM Na Ponta do Lápis – ano VII –nº16 3/3/11 6:59 PM3/3/11 6:59 PM 13 , em que , em que a. Vence a. Augusto de de Augusto . Em 2010, recebe o o . Em 2010, recebe . : Janeiro: de . Rio To d a p o e s i a Poema sujo” de para grupo um Em alguma parte alguma , que consegue a publicação do livro do a publicação consegue , que , e se aproxima dos poetas dos , e se aproxima , participando ativamente, participando primeira da Em alguma parte alguma mas ele disse o que porque existianão antes dizê-lo de o sabia não entãoele disse disse o que dizia? sem o que saber entãoele o sabia sem dizer? se já o soubesse porque ou o diria?não se é poesia sabe não o que só é que assim o poeta inventa dizer o que só e que dizê-lo ao vai saber o que precisava dizer ou poderia pelo dite acaso e a vida provisoriamente permite Ferreira Gullar. “Fica o dito por não dito”, não o dito por “Fica Ferreira Gullar. in: José Olympio, 2010, pp. 21-25. 2010, pp. Olympio, José Décio Pignatari (1927 –) e Décio Pignatari Jornal vários do artistas Brasil por , assinado plásticos – entre eles, Um pouco acima do bibliografi chão sua de , mais tarde excluído exão poética sobre a existência. (Enciclopédia Itaú Cultural a existência. (Enciclopédia – Literaturaexão poética sobre brasileira. , em 1950, e no ano seguinte seguinte O galo” “ ano o poema , em 1950, e no com Jornal das Letras Janeiro, de Rio , do (1929 – 2003) Haroldo , (e que se dissesse eu não ouviria não o poeta diz já que o leitoro que – se delirasse – diria) mas é que antes dizê-lo de não sabe é dito o que vez que uma existianão diz e o que diria não ser que pode e se dito fosse não jamais se saberia isso por dizeré correto o poeta que revelanão o oculto: inventa cria é dito o que (o poema triz um por que nasceria)não Disponível em . Disponível (1913 – 1980) Vinicius de Moraes pelo poeta e compositor liderados amigos seguinte. ano no intelectuais de movimento ocorre volta um Brasil, ao a favor o que sua de em 1976 e encabeça volume no Em 1980, é editada poética, pela obra primeira sua de vez a reunião Brasil e do e publica Portugal de governos pelos conferido Camões, prêmio à refl prosseguimento dá Lygia Pape (1927 – 2004), (1911 – 2005), (1920 – 1988), Amilcar Castro de (1920 – Clark (1920 – 1988), (1911 – 2005), Lygia Weissmann (1927 – 2004), Franz Pape Lygia A partir cultura popular, de 1961, participa de (1926 –). movimento Jardim do 2002) – e pelo poeta Reynaldo Estudantes (UNE). Participa funda- da dos Cultura de União Nacional (CPC) da Popular o Centro integrando clandes- na período um teatro, de pela Opinião ditadura em 1964, e é preso militarApós grupo do em 1968. ção “ lê o longo Aires, para o exílio segue em 1971. Em 1975, em Buenos tinidade, o concurso literário do corporal luta A para a então capital Brasil. Em 1954, publica muda-se do Campos (1931 –) em 1959, depois, paulista. anos Dois o grupo com rompe concretistafase até movimento do 1957, quando no o “Manifestopublica Neoconcreto” – São Luís do Maranhão (MA), 1930 –. Poeta, ensaísta 1930 –. Poeta, e crítico (MA), arte. de Maranhão Em 1949, do Luís – São Ferreira Ribamar José seu livro primeiro poemas, de publica NPL16_2mar2011.indd 13NPL16_2mar2011.indd 13 NPL16_2mar2011.indd 14

Na Ponta do Lápis – ano VII –nº16 14 linguajar popular: “ lírica, irônica, bem-humorada, inspirada no do governo, da vida cidade. Tudo de forma dinheiro, marginalidade, boemia, desacertos como de temas canções fome, trazem falta co”, em crônica musical. de suas As letras emumformar “documento oefêmero poéti- trans- conseguiu cotidiano, do Observador dor de uma escola osamba. de poesia para compositor Rosa, Noel considerado ocria- popular escolhemos brasileira, aobra do do povo,res efazeres de uma ahistória época. culturais, ospreender sabe- asmanifestações versos com- constituem uma para fonte rica declarou na década de ele 1930. emoções, aspectos colhidos da vidareal”, minhas coisas. Com situações, episódios, Para conhecer um pouco da música mais A música, amelodia, oritmo, otimbre, os Morreu noMorreu de 4de 1937,aos maio dia 26anos, emdecorrência da tuberculose. Inspirado, improvisava versos sobre tudo etodos; um nascia de cada samba. detalhe, asua saúde.irremediavelmente Compôs de 250músicas mais com de 50parceiros. mais de união 1934.Essa não modificou seus hábitos boêmios, que por acabariam comprometer Dama cabaré do de alguns de seus sambas, como Ceci, dançarina de um cabaré da Lapa. compôs Para ela, tica. Talentoso, desenhava caricaturas. Teve paixõespor mulheres que musas tornaram se quando começou acompor eatocar no Bando de Tangarás. Dominava oidioma eagramá- donar eaboemia. o violão pois alto, Osamba mais largou falou ocurso depois, meses sobrinho de médicos, em1931entrou afaculdade de medicina, para sem, no entanto, aban- 6 e12anos. Naescola recebeu dos colegas oapelido de “Queixinho”. Neto, bisnetoe quedireita, odeixou desfi afundamento provocados do maxilar fórceps, pelo de uma na além pequena face paralisia o rádio, principal de meio comunicação de sua época. Teve, e nascimento, emseu fratura do samba e média alegitimação tribuiu de morro ou aclasse para entre seja, no “asfalto”, noceu de bairro Isabel, na cidadeVila do Rio de Janeiro, em11de dezembro de 1910.Con- efi e, seemalgummomentoexpressousua O povobrasileiroéesplendidamentemusical ciêncianaarte,ofezatravésdamúsi Noel cantor, de compositor, nas- Medeiros sambista, , Rosa violonista, bandolinista, Aproveite ariquezadanossamúsicapopularparatrabalharcomosalunos Cravo PopularBrasileira Cravo Albin Música da Dicionário Com quecrônicaeuvou? . Casou-se com Lindaura desejo –de apenas 13anos eÚltimo –emdezembro um dosgêneros demaiorsucessonasletrasbrasileiras. É assim queÉ assim as eufaço gurado da vida, oresto apesar das para cirurgias sofridas aos Mário deAndrade ca. Moreira Sales () Sales Moreira desse período.cultural Nosite discos, objetos que propiciem um panorama uma de mostra fotos, de jornais, notícias com os1930. Umasugestão éfazer alunos e aos alunos oRio de Janeiro dos anos 1920 queimportante você, professor, apresente aspectos da vidaeda obra Rosa. de Noel É Poeta daVila tariam de “dar aturma. uma para canja” tariam tocam algum se te-lhes instrumento gos- ese que gostam de ouvir pergun- ede eles cantar; conversar com os alunos sobre asmúsicas Veloso, outros. entre Aproveite para aocasião Buarque, Caetano Rita, Gil, Maria Gilberto watch>). Também de Chico há interpretações disponíveis no YouTube (. Palpite infeliz, Palpite do Instituto do Instituto há um inte- há Três api- 3/3/11 6:59PM Na Ponta do Lápis – ano VII –nº16 3/3/11 6:59 PM3/3/11 6:59 PM 15

a da cidade

car exposto ao sol. ao exposto car

Qual foi o resultado do futebol. do resultado o foi Qual

Vá perguntar ao seu freguês do lado do freguês seu ao perguntar Vá

Que não estou disposto a fi a disposto estou não Que

Feche a porta da direita com muito cuidado muito com direita da porta a Feche

um guardanapo e um copo d’água bem gelada. bem d’água copo um e guardanapo um

um pão bem quente com manteiga à beça, à manteiga com quente bem pão um uma boa média que não seja requentada, seja não que média boa uma

música. Destaque a beleza da linha melódica melódica a beleza Destaque linha da música. segui- Em ouvido. no ecoando permanece que apresente a letra o com- da, que em canção da década da costume de faz crônica positor uma Noel biógrafos, alguns com acordo 1930. De de a geografi profundamente conhecia a letra:Veja Janeiro. de Rio do subúrbio e do

Seu garçom, faça o favor de me trazer depressa trazer me de favor o faça garçom, Seu

No cabide ali em frente. em ali cabide No

Que pendure essa despesa essa pendure Que

Vá dizer ao seu gerente seu ao dizer Vá

Que eu deixei o meu com o bicheiro. o com meu o deixei eu Que

Seu garçom, me empresta algum dinheiro, algum empresta me garçom, Seu

aqui pro nosso escritório. nosso pro aqui

que me mande um guarda-chuva um mande me que

e ordene ao seu Osório seu ao ordene e

Telefone ao menos uma vez para 34-4333 para vez uma menos ao Telefone

car exposto ao sol. ao exposto car

car exposto ao sol. ao exposto car car limpando a mesa a limpando car

. Comente como os compositores con- compositores os como . Comente

Qual foi o resultado do futebol. do resultado o foi Qual

Convide os alunos para a e apreciar ouvir alunos os Convide lado do freguês seu ao perguntar Vá

Que não estou disposto a fi a disposto estou não Que

Feche a porta da direita com muito cuidado muito com direita da porta a Feche

um guardanapo e um copo d’água bem gelada. bem d’água copo um e guardanapo um

um pão bem quente com manteiga à beça, à manteiga com quente bem pão um

uma boa média que não seja requentada, seja não que média boa uma

Seu garçom, faça o favor de me trazer depressa trazer me de favor o faça garçom, Seu

um isqueiro e um cinzeiro. um e isqueiro um

que me empreste umas revistas, umas empreste me que

Vá dizer ao charuteiro ao dizer Vá e um cigarro pra espantar mosquitos. espantar pra cigarro um e

“Conversa de botequim” “Conversa seguiram o casamento perfeitoseguiram entre letra e riqueza da melodia, o ritmo, a harmonia de um um de a harmonia o ritmo, melodia, da riqueza e Noel de Rosa mais conhecidos sambas dos bo- de Conversa (Vadico): Osvaldo Gogliano tequim Não se esqueça de me dar palitos dar me de esqueça se Não

um envelope e um cartão. um e envelope um

uma caneta, um tinteiro, um caneta, uma

Vá pedir ao seu patrão seu ao pedir Vá

não me levanto nem pago a despesa. a pago nem levanto me não

Se você fi você Se

Qual foi o resultado do futebol. do resultado o foi Qual

Vá perguntar ao seu freguês do lado do freguês seu ao perguntar Vá

Que não estou disposto a fi a disposto estou não Que

Feche a porta da direita com muito cuidado muito com direita da porta a Feche

um guardanapo e um copo d’água bem gelada. bem d’água copo um e guardanapo um

um pão bem quente com manteiga à beça, à manteiga com quente bem pão um

uma boa média que não seja requentada, seja não que média boa uma Seu garçom, faça o favor de me trazer depressa trazer me de favor o faça garçom, Seu NPL16_2mar2011.indd 15NPL16_2mar2011.indd 15 NPL16_2mar2011.indd 16

Na Ponta do Lápis – ano VII –nº16 16 rioca, começando misturado “seu”, pelo com do ca- vida na destacável característica outra é peculiar na construção. sintático Oestilo também somam carioca easgírias ses, ojeito empregado no das fra- de forma ritmo exata, mande... Num vocabulário típico da época, / vá dizer / telefone menos ao / ordene / me /meempreste esqueça se /não guntar /vá pedir o favor / vá / trazer / per- depressa fechea porta –,comrio todos os assegurados: direitos faça –nosso emumvesse espaço escritó- familiar ações cumpridas, aserem mera como esti- se o compositor papo com bate ogarçom. Enu- e vendendo música. fi versa mios, que fi ali de rádio, músicos, políticos, intelectuais, boê- Nice,no ponto Café de encontro do pessoal Isabel. Vila Também presença era constante emum bar daca. tinha Ele uma cativa mesa comtida amigos emum bar cario- autêntico petisco, bebida, música, prosa ediver- leve o cotidiano das personagens que buscam Em Num tom irreverente, às vezes imperativo, Num imperativo, tom àsvezes irreverente,

pouca gente sabe que contou pela metade – melhor dizendo, cantou pela metade – uma das suas histórias mais famosas, na qual fui personagem. Conto eu, então, a outra metade, já que de música entendo nada.

tros que teimavam em esticar a madrugada pela manhã adentro. Usava um terno entre o cinza e o branco, meio encardido e amarrotado. Dedos da mão direita amarelados de tanto cigarro Yolanda, o mais barato mata-ratos do mercado, que ele pousou sobre a mesa. Olhou para mim: “Ô Juarez! Uma média clarinha, e um pão com bastante manteiga, faça o favor”. Nem disse “bom dia”. Depois emendou: “E rápido, que tenho compromisso”.

meio embasbacado, levei o pedido à mesa. “Não esqueça o copo d’água, bem gelada, Jura.” Ainda sem raciocinar direito, ia retornando ao balcão para buscar a água quando ele segu- rou meu braço e discreta e deslavadamente, com a caradura e retorcida de um vampiro à luz do dia: “Fecha a porta da direita com cuidado, que eu não estou bom para encarar o sol”. Fui acompanhando meus pés, eu não sabia reagir ao sujeito folgado. Fechei a porta e fui rápido buscar a água gelada.

o rapaz da outra mesa, caramba.” Levei a água e o resultado do jogo. Aproveitei para passar o pano na mesa, tirar as casquinhas de pão e os respingos do café com leite. “Se for continuar limpando a mesa, além de eu não sair daqui, não pago a conta.” Olhei para ele espantado. “E Ele morreu moço e fi

Baixinho e magricela, de queixo curto, entrou no meu estabelecimento como tantos ou- ada, arquitetando intrigas, compondo Conversa de botequim

Não me chamo Juarez. E eu jamais havia visto aquele tipo na vida. Pego de surpresa,

“Quanto foi Olaria e Madureira, ontem, cavam o dia todo, odia cavam numa con-

Como nasceu aquela “Conversa”

cou famoso. Era danado de inteligente e rápido com as palavras. Mas , Noel descreve, Noel

Luiz Henrique Gurgel

Jura um jeito de sobreviver.um jeito malandro, ofrequentador desse bar buscava saberoresultado dopara futebol. Deum jeito guém; dependida da boa vontade até alheia do botequim. Tudo emprestado era por al- garro, rádio, caneta, pagar aconta nem para do povo. Não tinha dinheiro comprar para ci- “pendura”. Também sugere fi acrise opão comcom manteiga, eo ofutebol leite), mes ehábitos –aboa culturais (café média da “popular”. cultura favor os costu- Mostra parnasianospoetas econfi você. rigorosa de lado amétrica Deixa dos ma de poesia apresentava “a vida como “avida ma de poesia é” apresentava ela cimentos curiosos, montagens eemfor- fazia Agir, 2006. 1. Nelson é.Rio de Janeiro: ela Rodrigues. como Avida Do versoàprosa Henrique Gurgel, inspirada na canção de Noel. Luiz jornalista pelo , escrita “Conversa” aquela cuidadosaleitura da crônica Para esquentar aconversa, sugerimos uma

?” Balbuciei: “Não sei...”. “Então pergunta para Noel – o cronista-letrista – anotava aconte- –anotava –ocronista-letrista Noel rma sua posição a Como nasceu nanceira nanceira 1 3/3/11 6:59PM . Na Ponta do Lápis – ano VII –nº16

3/3/11 6:59 PM3/3/11 6:59 PM , ,

17

1

rme e e rme

, agradeça ao patrão. Não Não patrão. ao agradeça ,

, liga no programa do Casé do programa no liga ,

de cidade do interior. Apru- interior. do cidade de

Jura

Jura

cou parado na garganta. Ainda arqueado, arqueado, Ainda garganta. na parado cou

revistas emprestadas para eu dar uma olhada.” uma dar eu para emprestadas revistas

sticado restaurante: “Pois, não?”. O magricela estranhou. Primeira Primeira estranhou. magricela O não?”. “Pois, restaurante: sticado

traga outro cigarrinho que eu enjoei do Yolanda essa noite. Não Não noite. essa Yolanda do enjoei eu que cigarrinho outro traga

esqueça o isqueiro e o cinzeiro, que aqui não tem. Aproveita e peça ao ao peça e Aproveita tem. não aqui que cinzeiro, o e isqueiro o esqueça

. Lançou inúmeros artistas, foi o primeiro a pagar cachê e a fazer um contrato de exclusividade. Para Para exclusividade. de contrato um fazer a e cachê pagar a primeiro o foi artistas, inúmeros Lançou .

, chega aqui.” Fui cantarolando, todo sorriso debaixo do bigode, com a mesura de um um de mesura a com bigode, do debaixo sorriso todo cantarolando, Fui aqui.” chega ,

refi nado num sofi num nado refi

Não dei pelota, um maluco a mais. Estabelecimento fechado, liguei o rádio às vinte horas horas vinte às rádio o liguei fechado, Estabelecimento mais. a maluco um pelota, dei Não

Programa Casé Programa

Eu sabia que tipos inofensivos como aquele recebiam, no máximo, uma descompostura do do descompostura uma máximo, no recebiam, aquele como inofensivos tipos que sabia Eu

mo bofetão que eu lhe desse. Não sei explicar. Eu continuava solícito, agindo anes- agindo solícito, continuava Eu explicar. sei Não desse. lhe eu que bofetão mo

O malandro não perdeu o rebolado: “Salve, Osório! Precisava mesmo falar com sua gra- sua com falar mesmo Precisava Osório! “Salve, rebolado: o perdeu não malandro O

saber mais sobre o pioneiro do rádio acesse: . acesse: rádio do pioneiro o sobre mais saber

o o

1. Ademar Casé (1902 -1993) revolucionou o rádio no Brasil (1932). Criou o primeiro programa de rádio comercial no país, país, no comercial rádio de programa primeiro o Criou (1932). Brasil no rádio o revolucionou -1993) (1902 Casé Ademar 1.

Jura

Minha expressão foi mudando lentamente. Quis gritar o nome do Osório – delegado –, –, delegado – Osório do nome o gritar Quis lentamente. mudando foi expressão Minha

Aracy: “Seu garçom, faça o favor de me trazer depressa...”. trazer me de favor o faça garçom, “Seu Aracy:

interpretando o mais novo samba de ”. Só me lembro, depois, da voz deliciosa de de deliciosa voz da depois, lembro, me Só Rosa”. Noel de samba novo mais o interpretando

o locutor anunciar: “Iremos ouvir agora a Dama do Encantado, a grande Aracy de Almeida, Almeida, de Aracy grande a Encantado, do Dama a agora ouvir “Iremos anunciar: locutor o

em ponto, enquanto colocava as cadeiras sobre as mesas e varria o chão. Não demorou para para demorou Não chão. o varria e mesas as sobre cadeiras as colocava enquanto ponto, em

“ hoje à noite. Aracy de Almeida vai cantar um samba meu pra você”, e saiu do jeito que entrou. entrou. que jeito do saiu e você”, pra meu samba um cantar vai Almeida de Aracy noite. à hoje

voltaria três dias depois, mais simpático e ainda mais íntimo. “ íntimo. mais ainda e simpático mais depois, dias três voltaria

delegado e iam embora. O que eu não imaginava é que o baixinho magricela, de queixo curto, curto, queixo de magricela, baixinho o que é imaginava não eu que O embora. iam e delegado

pedi-me com um sorrisinho maledicente, pensando no sol quadrado com o qual ele ia sonhar. ia ele qual o com quadrado sol no pensando maledicente, sorrisinho um com pedi-me

esqueça o que lhe falei. Vai dar cabra na cabeça e eu volto para deixar aquela gorjeta”. Des- gorjeta”. aquela deixar para volto eu e cabeça na cabra dar Vai falei. lhe que o esqueça

Em frangalhos, meus ombros arrefeceram e minhas mãos despencaram cintura abaixo. abaixo. cintura despencaram mãos minhas e arrefeceram ombros meus frangalhos, Em porta, o magricela voltou-se, simpático, para mim: “Até mais, mais, “Até mim: para simpático, voltou-se, magricela o porta,

so fez erguer as pontas do bigode. Fui acompanhando com os olhos a saída dos dois. Da Da dois. dos saída a olhos os com acompanhando Fui bigode. do pontas as erguer fez so

ça”. “Claro”, respondeu o delegado. “Mas não aqui. Vamos conversar no distrito”. Meu sorri- Meu distrito”. no conversar Vamos aqui. não “Mas delegado. o respondeu “Claro”, ça”.

mei-me de novo, era a minha vez de falar macio: “Osório chegou”. “Osório macio: falar de vez minha a era novo, de mei-me

de linho branco e chapéu panamá, parecendo mais um coronel um mais parecendo panamá, chapéu e branco linho de

sem graça diante do sujeito, assombrou à porta do estabelecimento a minha salvação. Terno Terno salvação. minha a estabelecimento do porta à assombrou sujeito, do diante graça sem

dizendo que ele estava a caminho. Mas até isso fi isso até Mas caminho. a estava ele que dizendo

acerto depois. Fica tranquilo que hoje vou sonhar com o sol e aí é cabra na cabeça!”. na cabra é aí e sol o com sonhar vou hoje que tranquilo Fica depois. acerto

tascou o pedido: “Empresta algum e dê um toque ao seu patrão para pendurar essa, que eu eu que essa, pendurar para patrão seu ao toque um dê e algum “Empresta pedido: o tascou

nhum” e que não dera sorte no jogo do bicho. Depois, como quem faz uma jura de amor, amor, de jura uma faz quem como Depois, bicho. do jogo no sorte dera não que e nhum”

vez. Foi só uma fração de segundo. A fala mansa na voz macia explicou que estava “sem ne- “sem estava que explicou macia voz na mansa fala A segundo. de fração uma só Foi vez.

Não era medo do magricela, que não devia pesar mais que 50 quilos e não resistiria ao ao resistiria não e quilos 50 que mais pesar devia não que magricela, do medo era Não maître

delegado de polícia do bairro. Expliquei, cochichando no aparelho, o meu drama. meu o aparelho, no cochichando Expliquei, bairro. do polícia de delegado

cela quem deu a dica. Eu sabia o número do Osório de cor. Mas era o Osório meu amigo, amigo, meu Osório o era Mas cor. de Osório do número o sabia Eu dica. a deu quem cela

anotou. Osório, Osório. Parei de discar e ri por dentro com a lembrança do nome. O magri- O nome. do lembrança a com dentro por ri e discar de Parei Osório. Osório, anotou.

tando a mim mesmo. Segui resignado para o telefone e já ia discando o número que ele ele que número o discando ia já e telefone o para resignado Segui mesmo. mim a tando

Tão desprevenido que, se soltasse o tabefe que guardava na mão direita, eu ia acabar acer- acabar ia eu direita, mão na guardava que tabefe o soltasse se que, desprevenido Tão

vendo o telefone no papel que eu havia trazido. trazido. havia eu que papel no telefone o vendo

“Aproveita e liga para esse número e me chama o Osório para vir aqui no escritório”, escre- escritório”, no aqui vir para Osório o chama me e número esse para liga e “Aproveita

na cintura, enfrentei. Não mudou de ares e me olhou com a mesma naturalidade de antes: antes: de naturalidade mesma a com olhou me e ares de mudou Não enfrentei. cintura, na

no caixa, com um sonoro tapa sobre a mesa de fórmica. De frente para ele, mãos cerradas cerradas mãos ele, para frente De fórmica. de mesa a sobre tapa sonoro um com caixa, no

lembrei que eu era o dono do boteco. Despejeiboteco. do lembreieraeu caneta, que dono acheio que – papel usado –envelopee

prego. No caminho até o balcão – para pedir papel, caneta e envelope ao patrão – é que me me que é – patrão ao envelope e caneta papel, pedir para – balcão o até caminho No prego.

parecia um funcionário novato, submisso aos caprichos do freguês para não perder o em- o perder não para freguês do caprichos aos submisso novato, funcionário um parecia

ao patrão uma caneta, um envelope e um cartão”. “Sim, senhor”, respondi simplesmente. Eu Eu simplesmente. respondi senhor”, “Sim, cartão”. um e envelope um caneta, uma patrão ao

suave de um menino frágil. Passei por ele enquanto folheava as revistas: “Juarez! Vá pedir pedir Vá “Juarez! revistas: as folheava enquanto ele por Passei frágil. menino um de suave

das palavras, sem entender o sentido, não notaria a menor arrogância. Tinha a voz fi voz a Tinha arrogância. menor a notaria não sentido, o entender sem palavras, das

tesiado por aquela gentil soberba. Ele pedia com tranquilidade. Quem apenas ouvisse o som som o ouvisse apenas Quem tranquilidade. com pedia Ele soberba. gentil aquela por tesiado

mais ínfi mais seu Joaquim, aí da banca da frente, umas umas frente, da banca da aí Joaquim, seu NPL16_2mar2011.indd 17NPL16_2mar2011.indd 17 NPL16_2mar2011.indd 18

Na Ponta do Lápis – ano VII –nº16 18 crônica. crônica. da canção eda comparar ascaracterísticas observado destaque? emerece de proportariam outro fi Oquenal? foi mais com Ofi oleitor? foi apropriado?nal Ougos- produziu Odiálogo no criou texto? intimidade linguagem coloquial ouso delas eque efeito momentos? Que expressões próprias são da lirismo? Eohumor, emquais presente esteve ma de suspense? Deque mostrou maneira o conseguiucantou metade” pela um criar cli- que contou –melhor ele metade dizendo, pela sonagem? “Maspouca sabe A frase gente crônica? bem ocenárioeaper- Caracterizou cronista aproveitou da canção escrever a para dos alunos com algumas questões: Oque o Ouça os comentários eaguce aobservação crônicadeliciosa pode muito proveitoso. ser moradores de um ou bairro cidade. quim, da lanchonete, ponto de encontro dos pio... enfi minar os frequentadores, amúsica, ocardá- vai ajudar com aspublicações. atenção e leiam na A leitura composição eproponhabua-lhes omaterial que folheiem do cenário, os alunosDivida empequenos grupos, distri- deter- sobrementários cidades. bares de diferentes guias quevistas, tenham fotografi as eco- de jornais, aula possível, asala re- para leve uma conversa de botequim no século XXI.Se uma crônica. Peça aos alunos que imaginem gens inspirador eocenário de aescrita para A prosacontinua Da cançãoàcrónica cias edocias pontodo narrador. de vista na das música), circunstân- odetalhamento personagem (recurso que tambémaparece dos indicando verbais da otom imperativo usados cronista, pelo ouso de tempos - os procedimentos eexplicativos descritivos A crônica: disposição na página, do texto dofavor ritmo. supressão em ou oacréscimo de palavras queto sugere mais do que descreve, a troem acadência, amusicalidade, um tex- na página, os recursos poéticos que cons- damúsica Letra aconversa apena Durante tambémvale Após um sobre bate-papo aleitura, essa A composição aspersona- traz de Noel m, caracterizar o dia a dia do adia odia bote- m, caracterizar : adisposição do texto tor, uma paródia. escrevam, coletivamente, cas da turma e, após oconsentimento do au- Henrique Gurgel, ou escolham uma das crôni- nos uma que paródia façam da crônica de Luiz Noel, cada aluno assumir vai opapel de cronista. humorpelo lirismo epelo da composição de Depois da escrita. denejamento abastecido pessoa? ou naprimeira terceira em que na suporte)? será Eofoco narrativo, de que lugar; com quem que para ler; objetivo; comunicação bem defi está diálogo aspersonagens? entre de A situação -humorado, lírico, crítico? Vamos o manter Irônico, otom Qual bem- dasa? narrativa? Como oenredo? ser vai Terá surpre- elemento de perguntas: aspersonagens? serão Quais “Com queroupa?” Pergunte de quando ideia alguém se tem foi da canção porMostre-lhes aletra escrito. algo com aver tem aconversa inicial.a letra letras.terra.com.br/gilberto-gil/46250>). (. 6180365/Affonso-Romano-de-SantAnna- pios) ou < acesse . São Paulo:& cia Princí- 2003.Série Ática, Romano de Sant’Anna p (Paródia, sobrePara sabermais paródia leia Affonso original. do texto sentido eoestilo uma transforma, caricatura, faz nega o conhecido.texto oque Diz não foi dito, de forma contestadora, irônica, –o crítica A paródia duplo, éum texto pois – recria lat. Pará de um trecho poético, paródia”, do gr. bufaEtimologia: gr. “imitação as Paróidía, remedo. cometc., jocoso objetivo ar- ou satírico; dimentos escola de uma corrente artística, obra, outra que etc. cal imita ou os proce- Paródia Escreva na lousa a frase “Com naEscreva lousa que roupa?”. afrase Depois da audição, pergunte aos alunos se “id”. parodìa,ae “ode”, , “ao pelo lado de” +óidê,ês s.f. Obra literária, teatral, musi- www.scribd.com/doc/ nida (quem fala; aráfrase aráfrase 3/3/11 6:59PM

Na Ponta do Lápis – ano VII –nº16 3/3/11 6:59 PM3/3/11 6:59 PM 19 .com.br/anos30.htm>. publicados em jornais do Rio Rio do em jornais publicados Ouça com atenção o que os alunos têm a alunos os atenção que o com Ouça de- lendo grupo do Desperte a curiosidade

não tive em mira fazer alusão ao dizer, estimulando a troca de ideias de a troca entre eles. estimulando dizer, acessar

, 15 de fevereiro de 1931

“... quando fiz Com que roupa?

de janeiro de 1935 de janeiro de -

Diário de Notícia

povo, que, apesar de tudo, sei que ainda tem roupa e faço votos que continue a tê-la em profusão e que não lhe falte roupa, e muita,

para brincar o carnaval. ‘Com que roupa?’ é uma pergunta que se aplica a diversos casos. Por exemplo, se um camarada está sem 1º , dinheiro e alguém o convida para um baile ou uma festa qualquer, ele retruca, com um gesto significativo: ‘Com que roupa?’ (isto é, com que dinheiro). Se precisa resolver qualquer assunto intrincado, sem descobrir os meios para tal, recorre ainda à mesma interroga-

ção: ‘Com que roupa?’ Aí está.”

roupa eu vou / Ao samba que você me convidou?’.” me você que samba Ao / vou eu roupa

ração de fazer um samba com o tema. Daí o estribilho: ‘Com que que ‘Com estribilho: o Daí tema. o com samba um fazer de ração

que roupa?’ Mal eu tinha acabado de soltar a frase, e ocorreu a inspi- a ocorreu e frase, a soltar de acabado tinha eu Mal roupa?’ que

é, Noel, vamos para o baile?’ E eu, dentro do meu quarto: ‘Mas com com ‘Mas quarto: meu do dentro eu, E baile?’ o para vamos Noel, é,

uma festa. Os amigos não faltaram. À noite, batiam lá em casa: ‘Como ‘Como casa: em lá batiam noite, À faltaram. não amigos Os festa. uma

pera, mandara que alguns amigos viessem me buscar para irmos a a irmos para buscar me viessem amigos alguns que mandara pera,

nhas roupas. Sem exceção. Fiquei desesperado. O pior é que, na vés- na que, é pior O desesperado. Fiquei exceção. Sem roupas. nhas

mas cujo efeito é sempre eficaz. Assim é que escondeu todas as mi- as todas escondeu que é Assim eficaz. sempre é efeito cujo mas

recursos da persuasão, minha mãe lembrou-se de um antigo recurso, recurso, antigo um de lembrou-se mãe minha persuasão, da recursos

estava alarmando todo mundo. Desesperada de não conseguir pelos pelos conseguir não de Desesperada mundo. todo alarmando estava

as mesmas olheiras e com aquele emagrecimento progressivo, que que progressivo, emagrecimento aquele com e olheiras mesmas as

minha vontade era nula. Chegava fatalmente às mesmas horas com com horas mesmas às fatalmente Chegava nula. era vontade minha

dormisse mais, que eu acabava doente. Eu prometia que sim. Mas a a Mas sim. que prometia Eu doente. acabava eu que mais, dormisse

apelos, para que não me demorasse na rua tanto tempo, para que que para tempo, tanto rua na demorasse me não que para apelos,

composta a canção (1930), do tipo de roupa roupa de tipo do (1930), canção a composta utili- se costumam se usava época, nessa que e em qual roupa” que “Com zar a expressão vestuário? ao dão importância Que situação. Se- grifes de moda? da Gostam roupas de pela veiculados modismos à risca os guem à ditadura da Sentem-semídia? aprisionados criar “customizar”, o Ou procuram moda? estilo vestir? de próprio os advertências, suas as renovava dia a dia E estado. meu o ninguém,

teceu. Mas quem mais se assustava era mamãe. Pressentiu, antes que que antes Pressentiu, mamãe. era assustava se mais quem Mas teceu. “Com que roupa? tem uma história interessantíssima que vale a a vale que interessantíssima história uma tem roupa? que “Com

sada toda em claro, devia prejudicar a minha saúde. Foi o que acon- que o Foi saúde. minha a prejudicar devia claro, em toda sada

serenatas, ou de simples conversas. Mas o fato é que essa vida, pas- vida, essa que é fato o Mas conversas. simples de ou serenatas,

em determinada época, a altas horas da noite. Vindo de festas ou de de ou festas de Vindo noite. da horas altas a época, determinada em

comigo mesmo. Com sangue de boêmio, eu passei a chegar em casa, casa, em chegar a passei eu boêmio, de sangue Com mesmo. comigo

pena contar aqui, a título de curiosidade. Foi um caso que se passou passou se que caso um Foi curiosidade. de título a aqui, contar pena Jornal de Rádio de Jornal NPL16_2mar2011.indd 19NPL16_2mar2011.indd 19 NPL16_2mar2011.indd 20

Na Ponta do Lápis – ano VII –nº16 20 leiam a letra da canção aletra leiam complementar ou corrigir os desacertos. grupos que para possam conferir seus palpites, disponibilizeda atarefa, dicionários os entre nhecidas eos supostos signifi num dicionário, desco- escrever aspalavras devem, contexto.pelo eles como Emum cartaz, descobrirtentem osignifi alunos empequenos grupos. Peça-lhes que desconhecidas.taquem aspalavras os Divida te de Portugal).te nina, rapariga, moça da província (do Nor- : me- (Portugal) Cachopa –regionalismo brigão. petulante, do; indivíduo sujeito, cara; valente, forte, moreno-clara;pele indivíduo determina- defi –regionalismoCabra (Brasil) negócios, ou de de sorte saúde. lhoso; sobranceiro, tornar(-se) altivo, nal: orgu- apuro; epronomi- direto verbo transitivo gurado Aprumar A próxima épedir aos etapa alunos que

Com que roupa? Agora vou mudar minha conduta eu vou pra luta, pois eu quero me aprumar. nido, negro, de índio ou branco, de Vou tratar você com a força bruta Pra poder me reabilitar, Pois esta vida não tá sopa E eu pergunto: com que roupa Com que roupa que eu vou Pro samba que você me convidou? ): vestir-se com): vestir-se elegância, com regionalismo (Brasil) –verbo pronominal fi (sentido Com que roupa? Com cado das palavras cados. Finaliza- cados. : melhorar de : mestiço in- : mestiço edes- -

}

Bis

transformou num grande sucesso de Noel. amemorização daceram canção, que se estribilho.pelo Todos recursos esses favore- ao longo repete ção se reforçado do texto), (uma mesma constru- sintático paralelismo mar os versos, apresença de rima, ouso do combinadascomo são aspalavras for- para omodovérbios. para deles Chame aatenção conhecem eles se osignifi sopa; de praga urubu. Pergunte aos alunos popa; pulando sapo; não avida está feito breza do na época: país corri de já vento em apo- metaforicamente populares eretratam linguagem aos que provérbios oral remetem

Agora eu não ando mais fagueiro, pois o dinheiro não é fácil de ganhar. Mesmo eu sendo um cabra trapaceiro não consigo ter nem pra gastar Eu já corri de vento em popa. Mas agora com que roupa Com que roupa que eu vou Pro samba que você me convidou? satisfeito, contente. satisfeito, ameno, fi sereno; sentido agradável, prazer; suave; que transmite Fagueiro meigo, –que afaga; carinhoso, o fi duo de qualquer fi qualquer de duo resí- com parte; essa feito sedeiro; tecido comque deste aajuda éseparada de um grosseira do mais linho, –aparte Estopa Também expressões há várias próprias da Eu hoje estou pulando como sapo Pra ver se escapo Desta praga de urubu. Já estou coberto de farrapo, Eu vou acabar fi Meu terno já virou estopa. E eu nem sei mais com que roupa Com que roupa que eu vou Pro samba que você me convidou? o cardado.

cando nu. bra, com que produz se cado desses pro- gurado: alegre,

}

Bis

}

Bis

3/3/11 6:59PM Na Ponta do Lápis – ano VII –nº16 , 3/3/11 6:59 PM3/3/11 6:59 PM 21 Telegra- Construção de moda jo- de moda , de Adoniran Adoniran , de site exivo, poético). exivo, Com roupa? que , Gente humilde A banda, Feijoada completa Buarque Chico , de , de . Os fechadoSinal da , de Paulinho Após o trabalho com as crônicas musicais musicais as crônicas com o trabalho Após Monte com a turma um painel com os tex- os painel com um a turma com Monte a situação comu- de alunos os Retome com eles irão que em escrever alunos aos Diga de se esqueçam não que Recomende-lhes ) e Racionais (Colégio) e Racionais público). Outras crônicas musicais... de Noel, você, professor, pode planejar ativi- pode professor, você, Noel, de outras interessantes canções dades com popular repertório música da do consagradas das onze Trem brasileira, como, Barbosa; Pivete, ; Domingo no Holanda de parque Gilberto, de Gil; trazer pistas de boas também podem alunos mais e compositores musicais gêneros outros Zeca Baleiro ( a eles, como próximos ma tos e as análises dos grupos. Caso ainda haja ainda Caso grupos. e as análisestos dos pro- pode você parte alunos, interesse por dos as análises. debate um sobre por ob- que com fala; lugar; (quem nicação que de jetivo; o foco suporte), ler; para em que quem irônico, (lírico, narrativo, a ser o tom escolhido refl crítico, humorístico, para um crônica uma dupla para alimentados ter agora, estão, já que vem, con- podem Esclareça-lhes que dizer. o que sultar materiais os painel e utilizar do como referência a canção reler a escrita crônica olhar com crítico para antes ser de que, aperfeiçoá-la. Lembre-lhes o texto ser e reescri- deve revisado publicado, to várias Incentive-os também a criar vezes. crônica. na base com charges ilustrações ou Com que , para encon- sites paspalhão. Mas eu declaro Mas eu peixão, bom é um você que caro se vende você que e hoje tem não razão. você creio que é a garoupa O peixe caro roupa. que escama e com que com sinto faltaEu nunca trabalho de o eu embrulho que pirralho desde sorte é o baralho boa Minha é o garrafão. desgraça mas minha fácilDinheiro se poupa não roupa. que com mas agora e cantá-las em programas de rádio, rádio, de e cantá-las em programas Organize os materiais os Organize para distribua a e os Solicite aos alunos que pesquisem livros, livros, pesquisem que Solicite alunos aos Segundo biógrafos, Noel costumava inven- Noel costumava biógrafos, Segundo A moda entra na prosa trar notícias, reportagens e crônicas sobre sobre trar e crônicas reportagens notícias, Para vaidade... elegância, vestuário, moda, textos, leia dos e comente busca na animá-los de Eu, etiquetao poema Drummond Carlos , de em . leem os grupos, em pequenos Os alunos, turma. escolhe leitura, grupo da cada textos. Depois textos faz e dos análiseum mais uma apurada, retratado. cotidiano a situação do registrando revistas, jornais, charges e charges revistas, jornais, tar outras estrofes para a canção roupa? delas gravada. foi mas nenhuma NPL16_2mar2011.indd 21NPL16_2mar2011.indd 21 NPL16_2mar2011.indd 22

Na Ponta do Lápis – ano VII –nº16 22 textos resultantes de sujeitos, de ideologias, resultantes textos recursos linguísticos funcionamento eseu em des expressionais da língua, com sua relação os omeuentusiasmo possibilida-assim pelas as suas correntes e disciplinas. Aumentou easeguir alinguística coma gramática todas caminhos os do e descaminhos da linguagem. ou descobrir das coisas, alição percorren- fui os claros enigmas tentando decifrar traviadas, riscos dos bordados, subindo emmáquinas ex- poetas, contistas, romancistas, seguindo os torneios usuais da linguagem? “sustos” nos acostumadosaté leitores aos toda sua inventividade, causando surpresas e língua por Rosa trilhadas com Guimarães inexploradas então veredas eaté múltiplas banho mar?Eas de etomar sebo de pau em bir su- burro brabo, em montar bicicleta, andar de praPas bora bela a nossa fl língua de última portuguesa. de responsável professor de euser de língua agran- portres; aliteratura isso ser acredito os são mes- dos os enisto de literatos dizer professor... ser queria Delíngua portuguesa. Ensino de que Fundamental) tinha certeza do ano nono (hoje Ginásio do série quarta na sor de língua portuguesa. Já quando estava querer amoresse edecidir profes- ser me fez Acho que foi isso amaralíngua que mefez e mentos que aintuição apenas adivinhava. esenti- precisão eum concretizar de fatos uso da linguagem, especial todos com uma mas, os poemas com sua musicalidade, seu tou, me conquistou: com ashistórias suas tra- (PUC-RJ) edoutor emlinguística (Unicamp). portuguesade emletras/língua Uberlândia. Mestre eLinguística da Federal Universidade de Letras tuto Luiz Carlos Travaglia éprofessor associado do Insti- Aos poucos cresceu no meuconhecimento mágicasde Viajando por aspalavras entre Quem, de um poeta, além poderia chamar odizer,Sempre achei fascinante os mo- meencan-Ainda na infância, aliteratura ? Quem, de Bandeira, além poderia irem- a... éou árgad Da infânciaàciência: língua eliteratura or do Lácio inculta e Lácio do or tra civi , para , para lização 1 Luiz Carlos Travaglia da da concretizam odizer. de sentidonos que efeitos os entre seres, interação na suas possibilidades signifi Masoque unetextos. tudo éalíngua e vosde emtipos, ação gêneros de eespécies no concretizando modos/formas eobjeti- de do ação huma- ser eesferas de atividades 1. (org.). Brait LiteraturaIn: Beth e outras linguagens que mas aboca sente, aalma ou apena não de dizer,a beleza numa de espécie magia, o (oque éisso,mas éoengenho earte Camões?), usa ou oquanto usa se de um ou outro recurso, que não éorecursovista?) linguístico que se unânimes emperceber (ou ésó omeuponto de hoje. até etentam ram Todavia todos somos de dizer. Difícil tura? Muitos tenta- Paulo: Contexto, 2010,pp. 36-38. O que torna língua essa litera- 1 cativas cativas . São 3/3/11 6:59PM Na Ponta do Lápis – ano VII –nº16 3/3/11 6:59 PM3/3/11 6:59 PM 23 que nos mostra e nos que Adélia Prado. PoesiaAdélia. reunida Prado. São Paulo: Siciliano, 1991, p. 48. 1991, p. Siciliano, Paulo: São cos nas áreas nas letras de cos e ferroviário, de da lho vizinho sem ninguém pedir Explicação de poesia Pode-se atéPode-se ser linguista sem olhar um ser acredito que esse espírito que É por poema um Gostaria terminar de evocando Um trem de ferro é uma coisa mecânica, Um tremmecânica, ferro de coisa é uma o dia, mas atravessa a madrugada, a noite, vida, atravessou minha sentimento. só virou e seus usos nas variedades nas orais e escritas usos e seus falada literáriasnão e es- imprensa na (como gê- os orais todos e em documentos crita, nos as esferas todas de ação ou social de neros a lite- discursivas), parece que comunidades Senhora a continua ratura a magia língua. da aponta algo pre para a literatura, sem dá ela mas nos te- não que criativo, de inusitado, de novo, de observado Tenho presença. sem sua ríamos comuni- mesas-redondas, conferências, nas eventos nos e outras apresentações cações acadêmico-científi vibração interesse, uma um há que linguística litera- da exemplos usamos diferente quando aquele acreditar é sempre Quero tura. que despertou que sedução de impressivo poder pelo seu e depois meu interesse pela língua en- perceber, sentir, É o fazer-nos estudo. a huma- mágica que é uma tender a língua que centenas talvez de de criou curso nidade no Mágica que anos. de milhões de milhares ou dife- ser humanidade, fez essa humanidade a fez que al- animais, entre os renciando-se e planícies às estrelas, pântanos dos çar-se a fezque sair cavernas das e habitar palácios, espírito. deu lhe que memória, deu lhe que lín- de gramático, ser professor ou linguista mais sabor, tem mais brilho, portuguesa gua se quando mais possibilidade mais verdade, lín- se que sabe quando acredita, maisainda, e literaturagua a se- e que coisa só são uma é a primeira em arte, transformada que gunda a literatura mais de há livre, mais forte é o que o mais de tudo belo de dizer, não que por e, fazer a língua. se com pode que me transporta para mi- que Adélia Prado, de infância fi de nha literatura, livros de trem e dos do linha onde começou: tudo literatura? literatura? perene ebulição chamado chamado ebulição perene A literatura concentra, con- concentra, literatura A rar esse universo linguístico em linguístico rar universo esse verge, encontra possibilidades ex- possibilidades encontra verge, gramático, linguista sem conhecer, explo- semconhecer, gramático, linguista Por isso a literatura isso Por a porta é entrada de e a literatura primeiro que pois, Parece-me, portuguesa, língua de ser professor Como pressionais presentes na língua em todas as em todas presentes língua na pressionais dizem; o que a razão tenta esboçar, mas a que a que mas a razão tentadizem; o que esboçar, dizível. forma deu não a ciência ainda tem magia: uma a língua que de percepção a e existência forma e dar de sentimos que ao ao são, as relações grupais que ao somos, são. universos os o Universo é, e como que depois, e só é e pode, faznos a língua sentirque o possibilitam sa- a gramática nos e a linguística ela pode. é e o que a língua e como o que ber suas variedades escritas e orais. Além disso, variedadesAlém disso, suas escritas e orais. poten- expressionais possibilidades explora ciais efeitos. e seus Retira da em seu mas nunca possíveis, usos espetáculo mágico essa característica, Por sempre foi utilizados. colheita de fartacampo lin- estudos para os esses atualmente, Mesmo quando guísticos. obser- a se acostumaram linguísticos estudos língua da recursos os e explicar descrever var, NPL16_2mar2011.indd 23NPL16_2mar2011.indd 23 NPL16_2mar2011.indd 24

Na Ponta do Lápis – ano VII –nº16 24 três mosqueteiros nas de tirar ofôlego,nas de tirar como acontece em das...), mas, de longe, prefi comro histórias ce- jogos de linguagem (não estudo àtoa pia- mas que embasbacado. euouvia aprecio Até ou selvagens, animais envolviam fantasmas ral meusono, quehistórias tiravam porque emge- douma de espécie mestre suspense, contando contadas –ainda melembro de que um tio era manuais...), bem ashistórias (detesto tivas de sempre asnarra- são oque mefascina mais ameualcance. Des- que estiveram assim eles minha infância, de livros um eumetornei leitor sas, consideradas ascondições de culturais outdoors tórios, jornais, pedaços de papel perdidos, Coelho, enão por qualquer espe- outro fato, é por isso que não gosto dos de livros Paulo hoje que (sei marcados ritmo pelo fortemente fi Pode verdadeiras? que sejam ser. assujeitado. doMedo sujeito deque falam Talvez por isso das teorias não goste tanto de que humana cie lado estiverem. –,estejam a normalidade –amediocridade da espé- típica que de sujeitos ultrapassam frequentemente porqueque limite) situações enfrentam tratam grafi Riobaldoentre eDiadorim. Bebelo!) eosuspense emtorno das relações oumais menos épicos (ah, ojulgamento de Zé de eventos aimpressionantesim narrativa Urucuia, como eusolucei meudesespero”), e mulher como osol não acende aáguas do rio como goste muito de frases ra “Diadorim era (embo- linguísticaa inventividade que meatrai , masnão é veredas sertão: Grande vezes versas nio Estadual de CampinasEstadual (1986). doutorado Universidade emlinguística também pela de Campinas Estadual Universidade pela (1977)e tica mento de Linguística da Unicamp. emlinguís- Mestre Sírio Possenti éprofessor associado do Departa- cou ou mais menos –que prefi clara Mas, por ou mais razões menos misterio- de tudo:Leio artigos, projetos, teses, rela- Mais recentemente, descobri recentemente, Mais –ou acoisa Acho que gosto desses romances ede bio- ou ou as (ede fi lmes emque há personagens Crônica de uma morte anunciada. Lidi- uma de morte Crônica , slogans Por queleioliteratura , , piadas. piadas. , O guarani O , Os dias dodemô- 2 ro textos ro textos Sírio PossentiSírio Os Os 1. (org.). Brait LiteraturaIn: Beth e outras linguagens xote xote por isso, euacho, que posso gostar de D.Qui- nãoritmo, de informação ou de redundância. éuma de questão mas, literatura ele, dizia acham que sobrando há um adjetivo na frase, pessoas a memóriaàsvezes não me trai: acordar, isso, se exatamente emque dizia ele García Márquez que ouvi num hotel, logo ao de Rubem Fonseca. uns 40anos, branco”), de jaleco ambos contos mulher acompanhada um de su grande, jeito doendo,dente abriu se esurgiu aporta uma cliente um atendendo está ele oDoutor, uma placa, Espere vazia Dr. de espera Nasala Carvalho, Dentista. da rua uma dentadura grande, embaixo escrito por todo de “Ocobrador” otexto, (“Naporta cinematográfi de cortes disso, como assim fala do alucinante início, ecronologicamentetual quan exato”) do se fac- de ser de Carlos” (“Gostaria “Relatório –,massempreritmo lembro do começo de que meimpressionaram por –seu razão essa aspassagens impossível citar dentemente porquecialmente populares). são evi- Seria pelo texto, seja pelos tipos epelos seja discursos, texto, pelo enão gostar de seja Dostoiévski, narrativas quandohistórias meaposentar). Como curtir pouco que pude boas (eespero muitas ler ler grande, emeugosto abrange quase tudo do ruins muito bons... muitos ou que possa se deles. Hálivros rir que nem tudo chavão, mesmo seja que haja desde que personagens e haja interessantes quantoria um de espionagem livro de quarta, catego- pode um de policial tanto terceira ser mesmome interessa éuma boa história, que instância, oque emúltima secreto: meu vício asruins.acho, Enfi caracterizar para defi para Bovary. Não há só umMadame critério tártaros, deO dos ede deserto eovento tempo Paulo: Contexto, 2010,pp. 33-35. Nem todos os ritmos iguais, são claro. É Lembro-me com de uma Gabriel entrevista A variedade da literatura é claramente éclaramente da literatura A variedade nir boas histórias, embora alguns, haja eu e de Os sertões Vidas secas edeO secas , de Vidas . Esperei meia hora, meia . Esperei o cos, que estendem se 1 m, eis eis m, . São 3/3/11 6:59PM Na Ponta do Lápis – ano VII –nº16 3/3/11 6:59 PM3/3/11 6:59 PM 25 ler como lin- ler como ! , interlíngua(s) guista. A guista. não posso deixarposso de ser quando o ser quando Não leio como leioNão como texto é tão bom linguista, mas não mas não linguista, Receitas escolares que não precise fa- precise não que sua montagem. montagem. sua só o raso texto, do da história para ver dia, espero. espero. dia, que me bastará que um para ser só leitor, o para ser leitor, só que sou e do que faço, faço, que e do sou que disso, e me esqueço do do e me esqueço disso, zer isso, ou me distraio ou zer isso, quase não posso esquecer esquecer posso não quase disso quando leio roman- quando disso coisas sobre tudo isso e e isso tudo sobre coisas mas tento ces, ler sem que isso me afete,isso exceto às ve- zes, quando quase esqueço esqueço quase quando zes, como tem dito Maingueneau. Li Li tem dito Maingueneau. como por isso se em escreve isso por sentação (da da plurilíngua) língua e cialmente o romance, faz repre- cialmente uma o romance, tros discursos, que a literatura, que espe- discursos, tros , de Agustina Bessa-Luís, e ler, e ler, Bessa-Luís, Agustina Sibila , de com as sociedades e as épocas e os ou- e os e as épocas sociedades as com Porque não quero, não posso nem tento nem posso não quero, não Porque Ultimamente, ando lendo os policiais de os lendo Ultimamente, ando são do campo, mas que têm tudo a ver a ver têm tudo mas que campo, são do nalmente, tão O mulato tarde, Somando tudo, não é tão pouco. De vez em De vez em é tão não pouco. tudo, Somando poetaleio e em algum me amarro quando tempo. muito por mas não posso, dele o que recentemente Manoel ocorreu com o que Foi o Manuel, poeta Mas meu é outro Barros. de Bandeira. ser crítico literário, leio sem levar em conta é intertextoas teses tudo que de gosto (nem textos que são teci- novo mais de ouvir de ou- livros são escritos sobre que de dos...), literatura que livros, tros fala fala e não da que a convenções obedece que realidade, Camilleri (que tipo, esse Salvo Montalbano!) esse SalvoCamilleri Montalbano!) tipo, (que gos- Tenho Bukowski. de romances duros e os completa- motivos Por dois. Dos demais. tado mente diversos. são frequentemente péssimas, mas como foi foi são frequentemente mas como péssimas, a ler listas ser vestibulares de obrigado bom – e desco- diga-se vestibulando, como – não brir fi car também eu só li por ter litambém eu só por Memórias Os ser- Ulisses ado, para não dar o braço a torcer, e a torcer, para o braço dar não ado, , que não consegui consegui não , que , de Mattoso Câmara, e sempre Mattoso, de e sempre Câmara, ado, ado, como Alguns livroseu Não sou bom leitor de poesia. Leio leitor even- poesia. de bom sou Não ou ter alguma fi ssura por linguagem e não fi e não linguagem por ssura fi terou alguma lamento, entre outras coisas, que que entre outras coisas, lamento, crítico literárionenhum cite nem esse livro, centenário da do ocasião por o citou mesmo mais sou não como Mas, homem... morte do crítica da achar o que posso ninguém, de aluno telha. na me dá póstumas de Brás Cubas, que 15 trabalho aos algum me deu volto qual e ao anos, em quan- de quando A talvez isso. do, por aparentemente rasaprosa me primeiro Machado de e sem- muito, surpreendeu me fazpre ler textos seus com Nenhum lupa. espécie de uma textosfrêmito outros (o que ele é como mas provocam), jeito outro de prazeres (os bom, deveria como iguais, são todos não se que confessar Devo ser óbvio)! trata (re)leio tam- que autor um de se sobre diz pelo levado que bém machadia- ele. Releio Ensaios os nos meio possuído lendo , com com Rodrigues, Nelson lendo meio possuído se que repetições e figuras obsessivas suas são não quando vizinhos, os parecem com futebol? sobre crônicas (E suas você? a iguais feitas, bem coisas de gostar inveja!)Que Como feita, bem coisa frequentar e não qualquer de para relembrar pouco, um pelo menos Borges narradores seus que problemas os a partir ori- formulam tipos de Pierre ginalíssimos como E as e Funes? Menard histórias basea- em das livros que não existem? ter de- sido li por só safi tões tives- embora deixar lado, de lá no ler escondido se que e meu Seminário, sido desafi sido livro é um feito não que boa paraaceito numa fui eu não feito que então, para ele. ou, mim, tualmente e textos antologias esparsos. NPL16_2mar2011.indd 25NPL16_2mar2011.indd 25 NPL16_2mar2011.indd 26

Na Ponta do Lápis – ano VII –nº16 26 água fria”. Ouvi frases como: frases “Quem gosta Ouvi água fria”. da turmario de 2008,recebi “um balde de Porém,nero memórias literárias. ao contrá- melhorar aprodução eintroduzi escrita ogê- fi cuja concurso um de tratava se refresco. regada partilhadas, a eexperiências de ideias sempre aos domingos –uma festa agradável desenvolver otrabalho. Osencontros eram adequada aforma mais quência para didática, mas eturnos discutirasofi –para cinas, ase- asofiver nidade pudemos Isso feito, Virtual. desenvol- odownloadbilidade de fazer vimosAo primeiro contato apossi-material! nho, que nos Eque emprestou material. seu procurei uma professora do município vizi- Mesmo assim, com juntamente colega, outra cebemos. Desconheço omotivo do extravio. eCD-ROM–,que não re- textos de Coletânea da Olimpíadaleção –Caderno doprofessor colegas mais aparticipar. da incentivei ainscrição eain- emfazer em 2010não hesitei tunidade de melhorar acada edição. Portanto, aprimorado,que seria continuado, com aopor- experiência! Apenas oinício de um processo ção àprodução –enfi de texto alunos avançado poderiam emrela- ter mais sido poderiatrabalho melhor: ter achei que os toda aquela novidade. Porém, que senti omeu fi mos, Élógico de Pajé”. histórias que nos inscreve- que engolia meninosTV –“Ovaletão eoutras na contada sobrehistória da trecho o tários os alunos tinhamperguntas muitas ecomen- chegar àescola meuânimo só aumentou, pois , fiFuturo quei curiosa eentusiasmada. Ao o Língua de Portuguesapíada Escrevendo na mídia apropaganda sobre Olim- aprimeira semifi em2010. nalista Luzia,nicipal Santa Contendas do Sincorá (BA), de OliveirÉrica Brito a éprofessora da Escola Mu- Tudo pronto! explicando aaula Iniciei que Reunimo-nos –euecolegas de tur- outras Difi Que bom que aquela foi apenas aprimeira Em 2008,quando começou veiculada aser culdades? Muitas. A começar Co- pela zemos asofi cinas eaprendemos com cinas propostas. Nem semprefoiassim... no site no m, faltou algo.m, faltou nalidade nalidade era da Comu- Érica Brito de Oliveira Brito Érica , as memórias interessantes. são tos eperceber que do ashistórias passado, que capazesde são ditar escrever bons tex- donão concurso, só aparticipar masaacre- mim, uma de questão era honra motivá-los vontade aumentava. de Para despertá-los minha a alunos, dos desânimo o percebia Contudo, entusiasmo. de nada que medida à nosso povo. atenção, mas queAté prestaram contribuir morrer não deixar para acultura do giu, seus costumes antigos, aforma de era do que escrever como nossa comunidade sur- construçãopara da nossa identidade edizen- de conhecertância opassado da nossa gente mas continuei sobre falando aaula aimpor- ganha...”. Confesso que chorei por dentro, ninguém se participar daquiadianta nunca de passado”; “Deque falar sora de história de passado émuseu. aprofes- Já não basta meiros de interesse. sinais vra, surgem asperguntas, epercebo os pri- signifiela queAntes euperguntasse oque sabiam se no quadro “abafa-banca”. Silêncio. apalavra cidade.sa sobre história opassadoteressante de nos- eoabafa-banca”, uma“A de trem in- viagem guardadohavia vencedor efora da escola: nha memória. que Lembrei-me de um texto contar ahistória. enãote literárias rias Queta. ironia: com trabalhar ogênero memó- fotos,tirado não asencontrei). Nenhuma pis- exposição de objetos antigos (embora tenha fi alunos os asofi –trabalhei da experiência relato o fez asexperiências. Que falta de registrar momento,2008. Nesse percebi aimportância oFuturo de Escrevendo Portuguesa Língua do melembrar das ofi cinas da Olimpíada de Aproveitei a ocasião para ler o texto. Parecia o texto. ler Aproveitei para aocasião ra. Élógico que acuriosidade ganhou força. logo que chegou geladei- àcidade aprimeira de água exarope, feito um tipoera de sorvete dos, masninguém que acertou “abafa-banca” Em casa, ao planejar aaula,Em casa, fi ao planejar Imaginaram umaImaginaram infi nidade de signifi seguinte,No dia escrevendo aaula iniciei asbuscas na mi- Comecei, literalmente, cava ou se alguém já ouvira tal pala- ou alguémcava se tal ouvira já fi entrevistas, zeram r nadada OLP 2008 para OLP 2008para quei tentan- quei zemos uma zemos cinas, ca- 3/3/11 6:59PM Na Ponta do Lápis – ano VII –nº16 3/3/11 6:59 PM3/3/11 6:59 PM 27 ze- exi- zeram culda- passa- orava no orava nal todos ganharam: ganharam: nal todos cou no abandono de morrer. morrer. de abandono cou no 1 me de Lavador de Pedra. Porque Ao fi enfatizonalizar, muitas difi que Ao fi des surgem ao longo da caminhada, mas ne- caminhada, da longo ao surgem des o desejo de ser que maior delas pode nhuma Tudo aprendam. alunos nossos fazer que com assim... foi sempre mas nem bem, acabou ram a emoção de todos. “Os meninos fi “Os meninos todos. de ram a emoção trazia boi desse O danado era. jeitinho que do comentou tempo”, e alegria mesmo medo ao assistia que antiga lavadeira uma roupas de também atividades Houve refl evento. ao em três grupos (por turno) para a apresenta- turno) (por em três grupos anti- tarefas: das objetos ção de exposição paró- repentes, peças, poemas, crônicas, gos, canti- cidade, da interpretação hino dias, do – boi famoso agora e o – reizado roda, gas de persona- O até tapa. de então desconhecido antigamentegem-diversão res- foi cidade da texto meio um de li-gatado memórias de por essa por terárias a ser conhecido e passou alunos e os o boi Confeccionaram geração. cavalos fi em seus vaqueiros de vestidos e o presente cidade, da o passado vas sobre que atenção especial paracom o rio Sincorá, Os tem devastado pela homem. sido ação do matutino vencedo- foram os turno do alunos fi mas no gincana, res da E muito e comunidade. professores alunos, êxitodesse deve-se despertar ao para a reali- retratarmos ao rodeava nos o lugar que dade vivemos. em que Memórias Planeta 11. Brasil, 2003, p. Paulo: . São do a infância inventadas: O Lavador de Pedra de planta. Meu avô o desno ganhou com a nossa Conten- nossa a com cou no tempocasse abandonada. abandonada. nem cama os Que uma É que boia- fi zemos uma gincana cultural com cultural com gincana uma zemos eti sobre o quão acertado é o tema o acertado é quão o eti sobre cação com os alunos. Fiquei me pergun- me Fiquei alunos. os com cação A gente morava no patrimônio de Pedra Lisa. Pedra Lisa era um arruado de 13 casas e o rio rio o e casas 13 de arruado um era Lisa Pedra Lisa. Pedra de patrimônio no morava gente A A Venda fi ciente para tantas em histórias ouvidas A partir daí o trabalho fl uiu. Fizemos as Fizemos uiu. A partir daí o trabalho fl fi Também 1. . “O Lavador de Pedra”, in: in: Pedra”, de “O Lavador Barros. de Manoel 1. por detrás. Pelo arruado passavam comitivas de boiadeiros e muitos andarilhos. Meu avô botou andarilhos. is. Os mantimentos ta e muitos os boiadeiros e que de comitivas rapadura passavam arruado arroz, Pelo freios, por detrás. toucinho, Vendia arruado. no Venda uma afl que pedra uma E rio. o estava Venda da Atrás passagem. de boiadeiros compravam meio do rio. Meu avô, de a pedra tardezinha, ia lavar onde as garças pousavam e cacaravam. Na pedra não crescia nem musgo. o cuspe Porque das garças tem ácido um mata que no nasce- douro qualquer espécie toda tarde ele aquela ia lavar pedra. deiros agora faziam atalhos por por outras issoVenda prosa estradas. fi uma A para sempre paravam andarilhos os E andarilhos. os agora só passavam arruado Pelo com o meu avô. para E para a mãeAgora que mandava ele. dividir a vianda o avô morava porta na debaixo de péVenda, um de jatobá.da Dali ele via os meninos rodando arcos de barril ao modo bicicleta.que Via os meninos em cavalo de pau correndo ao modo montados que Via os em ema. jogavammeninos que bola de meia ao modo de que couro. andarilhos E corriam os e velozes passarinhos os pelo mais isso arruado ao Tudo cachorro. de comido canela tivessem modo que era paisagem do meu avô. Chegou ele que disse vez: Os andarilhos, uma as crianças e os têmrinhos o dom de ser poesia. Dom de ser poesia é muito bom! cinas, os alunos liam, ouviam os textos liam, ouviam os alunos os cinas, o tema “O lugar onde vivo”. A escola – que – que A escola vivo”. onde o tema “O lugar – dividiu-se as portas paraabriu a comunidade mágica! No dia seguinte, o tempo de aula foi de o tempo No diamágica! seguinte, insufi alunos aos Pedi comunidade. a sobre casa, ouviram historias as escrevessem que que familiares. para dos Utilizei essas produções alu- cada de e as dúvidas saberes os conhecer literárias. memórias em relação gênero ao no ofi textos os e Todos atentamente, comentavam. didática tiverama sequência impor- grande o texto foi tância etapa. para Contudo, cada maior provocou que pedra” de “O Lavador identifi atenção a foi o texto Barros de Manoel que do por tando chamou aluno um A respos- para manga”. mais pano “deu o que quando veio ta “arruado para turma daquele da semelhança com rio um por detrás” cidade A história nossa da Sincorá. do da a abastece). (que está rio ao Sincorá ligada refl Assim, além estreitar de vivo”, pois, onde o “O lugar faz e a escola, entre a comunidade vínculo mais tenham interesse em alunos os que com e valorizar até o que entãoredescobrir era imperceptível. quase NPL16_2mar2011.indd 27NPL16_2mar2011.indd 27 NPL16_2mar2011.indd 28

Na Ponta do Lápis – ano VII –nº16 28 Consegue lembrarasépocasemquecançõesforamcompostas,osautores, os

1 Chorinho, maxixe,samba-canção,bossanova,rock nacional,sertanejo,pagode,

Chiquinha Gonzaga (Rio de Janeiro, 17/10/1847 – 28/2/1935), compositora, instrumentista e regente. Personalidade feminina da história da música popular ebrasileira uma das expressões da luta pelas liberdades no país. Autora da primeira canção carnavalesca ( abre alas música popular nos salões elegantes, fundadora da primeira sociedade protetora dos direitos autorais. Foi uma participante ativa do movimento pela abolição da escravatura, vendendo suas partituras de porta em porta a fi rap, manguebeat...Muitossãoosgêneros musicaisqueouvimosdiariamente. títulos, osintérpretes? Querconferiracapacidadedesuamemóriamusical?

3

A história de (Ubá, Minas Gerais, 7/11/1935 – Rio de janeiro, 9/2/1964) se confunde com a da música brasileira. Nascido em Minas Gerais, viveu no Rio de Janeiro, apaixonado pelo Nordeste, juntou suas infl

carioca, como nas músicas Camisa amarela, Tente descobriroqueéverdadeiro (V)oufalso(F)nasafi sambas, como Na virada da montanha, Folha morta no no sobre Para sabermais Nota: amúsica popular consulte do “MPB, brasileira, aalma Brasil”,

site

Milton Nascimento, , Geraldo Lobo, Vandré,Geraldo Edu Nascimento, Toquinho,Pinheiro... Milton César Paulo

compositores da grandeza de Tom Jobim, , , , Buarque, de Chico Gil, grandeza Tom da Veloso,Gilberto Jobim,Caetano compositores

2 clima de copa do mundo – pelo seu cantor e/ou música preferida. Por eles passaram passaram Por eles preferida. música e/ou cantor seu pelo mundo do – copa de clima

dos anos 1960, foram eventos musicais que mobilizavam a população, que torcia – num num – torcia que população, a mobilizavam que musicais eventos foram 1960, anos dos

“uma maneira engenhosa de dizer”. Os festivais da canção, que tiveram seu auge no fi no auge seu tiveram que canção, da festivais Os dizer”. de engenhosa maneira “uma A palavra “festival” vem do latim “ latim do vem “festival” palavra A

), primeira pianista de choro, promotora da nacionalização musical, introdutora da

. Considerado o inventor do samba-exaltação, com Brasil trigueiro: o temponãopara... ti ... Porqueotempo, tutocravoalbin.com.br/publicacoes-do-icca/mpb-40-anos-de-acao>

[...] Ah, ouve essas fontes murmurantes Aonde eu mato a minha sede E onde a lua vem brincar Ah, este Brasil lindo e trigueiro É o meu Brasil brasileiro Terra de samba e pandeiro Brasil, Brasil.

m de angariar fundos para a Confederação Libertadora.

Pra machucar meu, coração festivitas

uências em animadas crônicas da vida

Morena boca de ouro

”, que signifi que ”, ca tanto “um dia de festa” como como festa” de dia “um tanto ca rmações abaixo:

Caco Caco velho,

,

É luxo, só e belos .

V

Risque e

V

F V

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F m m 3/3/11 7:17PM Na Ponta do Lápis – ano VII –nº 16 Respostas: Respostas: 29

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V V ); 7(João de Barro). falam não ); 5(Asrosas Brasil do Falsas: 3(Aquarela

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erdadeiras: 1;2;4;6;8. erdadeiras:

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”, um ritmo religioso, , uma de suas suas de , uma

semba

– composição de Ernesto Carinhoso

Pelo telefone 3ª capa (pág. 29) (pág. capa 3ª

A palavra “samba” provavelmente, é, originária da “ angolana que que significa “umbigada”,por causa da formacomo era dançada. Recebeuinfluências da modinha, do maxixe e do lundu. No início do século XX, era um tipo de música que identificava as pessoasdos estratos maishumildes. Em 1917 o samba saiu dasrodas 4 cariocas para de ser morros à alçado dos condição e criações conjuntas de improvisações representante da música popular brasileira. dosAlmeidae Mauro de – foio Santos, oDonga, primeiro samba gravado Brasil. no

A bossa nova é um movimento da música popular brasileira que surgiu no final da década de 1950 na capital fluminense. De início, o termo era apenas relativo aum novo modo de cantar – intimista, leve, coloquial – e tocar samba.Anos depois, a bossa nova se tornaria 6 um dos gêneros musicais brasileiros mais conhecidos em todo o mundo, especialmente associado a João Gilberto,Vinicius de Moraes, Antonio Carlos Jobim e Luiz Bonfá.

O carioca,funkdiferentementeO norte-americano,músicaeletrônicadedo tipo um originadoé nas favelas do Rio de Janeiro, com sua batida rápida e os vocais graves. O movimento funk ganhou grande apelo entre os grupos marginalizados, pois as músicas abordavam a 8 violência e a pobreza das favelas, tratavam o cotidiano dos frequentadores dos bailes. O mangue beat (também grafado como ) é um movimento musical que surgiu no Brasil na década de 1990 em e mistura ritmos regionais com rock, hip-hop, maracatu

e música eletrônica. Essas são as novas tendências da música popular brasileira.

inquestionável destaque na história da música popular brasileira. popular música da história na destaque inquestionável

Oliveira Oliveira – Cartola (Rio de janeiro, 11/10/1908 – 30/11/1980) –, um de compositor

O O perfume da , rosa de uma de das Angenor mais belas composições e conhecidas

E quem sabe sonhavas os meus sonhos, por fim.” Esses versos pertencem à canção pertencemcanção versos Essesà fim.” por sonhos, meus os sonhavas sabe quem E

exalam / O perfume que roubam de ti, ai / Devias vir para ver os meus olhos tristonhos / / tristonhos olhos meus os ver para vir Devias / ai ti, de roubam que perfume O / exalam

mim / Queixo-me às rosas, que bobagem / As rosas não falam / Simplesmente as rosas rosas as Simplesmente / falam não rosas As / bobagem que rosas, às Queixo-me / mim

Volto ao jardim com a certeza que devo chorar / Pois bem sei que não queres voltar para para voltar queres não que sei bem Pois / chorar devo que certeza a com jardim ao Volto

“Bate outra vez com esperanças o meu coração / Pois já vai terminando o verão, enfim / / enfim verão, o terminando vai já Pois / coração meu o esperanças com vez outra “Bate

Alberto Ferreira Braga, conhecido como ou João do Cavaquinho. do João ou Braguinha como conhecido Braga, Ferreira Alberto

composições mais conhecidas – originalmente instrumental – recebeu letra de Carlos letra de – Carlos recebeu instrumental – originalmente conhecidas mais composições

5 Bexiguinha, apelido que ganhou na época que contraiu varíola. varíola. contraiu que época na ganhou que apelido Bexiguinha,

do nome : Pizidim (“menino bom”, no dialeto africano falado por sua avó) e avó) sua por falado africano dialeto no bom”, (“menino Pizidim Pixinguinha: nome do

Seu nome verdadeiro é Alfredo da Rocha Vianna Filho. Há duas versões sobre a origem origem a sobre versões duas Há Filho. Vianna Rocha da Alfredo é verdadeiro nome Seu

popularização de instrumentos afro-brasileiros, como o tamborim, o agogô e o a agogô o cuíca. tamborim, como afro-brasileiros, de instrumentos popularização

17/2/1973). Autor de clássicos da música popular. É um dos principais responsáveis pela pela responsáveis principais dos um É popular. música da clássicos de Autor 17/2/1973).

Pixinguinha, compositor, instrumentista e arranjador carioca (Rio de Janeiro, 23/4/1897 – – 23/4/1897 Janeiro, de (Rio carioca arranjador e instrumentista compositor, Pixinguinha, 7 4ª capa

A Comunidade Virtual está de cara nova

Mais bonita e dinâmica, a Comunidade Virtual Escrevendo o Futuro ganhou um novo visual, que irá facilitar ainda mais a navegação. Ela também terá outras seções e até o fim de 2011 vai se transformar no portal da Olimpíada, com mais informações, cursos, maior interatividade e participação dos leitores. Se você já é cadastrado, venha conhecer as novidades. Se ainda não se cadastrou, não perca a chance de participar, acesse e venha integrar a maior rede virtual de educadores e professores de língua portuguesa do Brasil.