Graciliano Ramos Tradutor/Traduzido
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UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA INSTITUTO DE LETRAS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM LETRAS E LINGUISTICA ANA MARIA BICALHO DIÁLOGOS INTERCULTURAIS: GRACILIANO RAMOS TRADUTOR/TRADUZIDO Salvador 2010 ANA MARIA BICALHO DIÁLOGOS INTERCULTURAIS: GRACILIANO RAMOS TRADUTOR/TRADUZIDO Tese apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Letras e Linguística da Universidade Federal da Bahia, como requisito parcial para obtenção do grau de Doutor em Letras e Linguística. Orientadora: Profa. Dra. Elizabeth Ramos Co-orientadora: Profa. Dra. Jacqueline Penjon Salvador 2010 Sistema de Bibliotecas - UFBA Bicalho, Ana Maria. Diálogos interculturais: Graciliano Ramos tradutor / traduzido / Ana Maria Bicalho. - 2010. 184 f. + anexos Orientadora: Profª Drª Elizabeth S. Ramos. Co-orientadora: Profª Drª Jacqueline Penjon Tese (doutorado) - Universidade Federal da Bahia, Instituto de Letras, Salvador, 2010. 1. Ramos, Graciliano, 1892-1953. 2. Camus, Albert, 1913-1960. 3. Tradução e interpretação. 4. Linguagem e cultura. 5. Comunicação intercultural. I. Ramos, Elizabeth. II. Penjon, Jacqueline. III. Universidade Federal da Bahia. Instituto de Letras. IV.Título. CDD - 418.02 CDU - 81’255 TERMO DE APROVAÇÃO ANA MARIA BICALHO DIÁLOGOS INTERCULTURAIS: GRACILIANO RAMOS TRADUTOR/TRADUZIDO Tese aprovada como requisito parcial para obtenção do grau de Doutor em Letras e Lingüística, do Programa de Pós-Graduação em Letras e Linguística da Universidade Federal da Bahia, pela comissão formada pelos professores: Aprovada em 17 de agosto de 2010. Comissão examinadora: Profa. Dra. Elizabeth Ramos Universidade Federal da Bahia - UFBA Orientadora Prof. Dr. Wander Melo Miranda Universidade Federal de Minas Gerais - UFMG Profa. Dra. Elida Paulina Ferreira Universidade Estadual de Santa Cruz – UESC Prof. Dr. Jacques Salah Universidade Federal da Bahia - UFBA Profa. Dra. Ana Rosa Neves Ramos Universidade Federal da Bahia - UFBA À Minha família, por ter me apoiado em todos os momentos difíceis. Minha mãe em especial, pela dedicação e confiança que sempre depositou em mim. AGRADECIMENTOS São tantos e muito especiais... Agradeço a Deus, em primeiro lugar, e à minha família por acreditar no meu sonho e me ajudar a realizá-lo. Ao meu irmão, Ademir, pela paciência, pela torcida e pelos momentos de descontração sem os quais teria sido difícil continuar trabalhando. A Leonardo, que com todo seu carinho, amor e cuidado tem tornado meus dias cada vez mais iluminados. Aos amigos que me apoiaram, em especial minhas irmãs de coração, Josinea Pinto, Maria Auxiliadora Ferreira e Rosinês Duarte não só pelo companheirismo, momentos de troca de ideias e conselhos, mas também pela paciência em me ouvirem dizer a mesma coisa inúmeras vezes, pelos momentos juntos que foram muito além de conselhos profissionais e por saber que sempre estarão comigo. Não poderia deixar de citar meu amigo e consultor Emanuele Pinto sempre presente nas horas de desespero. Aos queridos colegas e amigos, os Profs. Drs. Sérgio Cerqueda, Ana Rosa Ramos e a Profa. Takiko do Nascimento pelo carinho, apoio e conselhos dados durante os últimos cinco anos de convivência. Seria difícil agora encontrar uma palavra que traduzisse a minha felicidade em fazer parte dessa família. Ao Prof. Dr. Jacques Salah, por ter me apresentado a tradução, Camus e La Peste e ter, desde então, me acompanhado e apoiado. Às Profas. Dras. Therezinha Barreto e Elizabeth Hazin por terem me mostrado o prazer e a seriedade do trabalho científico e pela generosidade, incentivo e confiança em mim depositados durante toda a graduação. Ao Programa de Pós-Graduação em Letras e Linguística, na pessoa da Profa. Dra. Célia Teles. Ao senhor Wilson Gabriel por sempre me receber com um sorriso no rosto e estar disposto a me ajudar. À CAPES pela concessão da bolsa de doutorado e da bolsa sanduíche, possibilitando maior dedicação à pesquisa e a viagem a Paris para coletar dados que foram de extrema relevância para a finalização desta tese. Ao IEB, Instituto de Estudos Brasileiros, em especial a Mônica Guilherme, Flávio e à profa. Maria Izilda Leitão pelo apoio, disponibilizando o acervo de Graciliano Ramos para que esta pesquisa pudesse ser realizada. À Profa. Dra. Jacqueline Penjon por todo o apoio e orientações durante o tempo em que estudei em Paris e por continuar, desde então, acompanhando o meu trabalho. A todos que, direta ou indiretamente, contribuíram para esta pesquisa. Muito obrigada por possibilitarem a realização desta experiência enriquecedora importantíssima para o meu crescimento pessoal e profissional. E, por fim, mas não menos importante, agradeço à minha querida orientadora, a Profa. Dra. Elizabeth Ramos, não apenas por ter me ajudado a “concluir” este trabalho, mas também pela amizade, carinho e, sobretudo, pela generosidade em compartilhar o muito que sabe com os que ainda estão dando os primeiros passos. Uma pessoa que desde o início acreditou no meu trabalho, vibrou com as minhas alegrias e me ensinou coisas que vão muito além de teorias. Deixo aqui registrados, chérie, meu carinho, minha admiração e o meu MUITO OBRIGADA! Escrever é traduzir. Sempre o será. Mesmo quando estivermos a utilizar a nossa própria língua. Transportamos o que vemos e o que sentimos para um código convencional de signos, a escrita, e deixamos às circunstâncias e aos acasos da comunicação a responsabilidade de fazer chegar à inteligência do leitor, não a integridade da experiência que nos propusemos transmitir, mas ao menos uma sombra do que no fundo do nosso espírito sabemos ser intraduzível, por exemplo, a emoção pura de um encontro [...] O trabalho de quem traduz consistirá, portanto, em passar a outro idioma (em princípio, o seu próprio) aquilo que na obra e no idioma original já havia sido “tradução”, isto é, uma determinada percepção de uma realidade social, histórica, ideológica e cultural que não é a do tradutor, substanciada, essa percepção, num entramado linguístico e semântico que igualmente não é o seu. José Saramago RESUMO A presente pesquisa tem como base os Estudos da Tradução aplicados a Graciliano Ramos, primeiramente, como tradutor do romance La Peste de Albert Camus, e, em seguida, como autor canônico traduzido para o francês, discutindo questões relacionadas à importância e à autonomia da tradução, aos fatores que influenciaram o processo tradutório de textos permeados por aspectos particulares de uma determinada cultura. A base teórica e metodológica adotada é a Teoria do Polissistemas desenvolvida por Itamar Even-Zohar e os fundamentos dos Estudos Descritivos de Tradução, que têm como principais representantes Gideon Toury, André Lefevere e Theo Hermans. A pesquisa apoia-se, ainda, na noção de intertextualidade e nos conceitos de domesticação e estrangeirização propostos por Lawrence Venuti. As análises abordam questões referentes ao cânone literário, fidelidade e originalidade, além da relação entre autor e tradutor. A tese destaca a perda da estatura canônica de Graciliano Ramos, quando do deslocamento de sua obra para o sistema literário francês, e analisa, ainda, os ―privilégios‖ garantidos por sua canonicidade, quando, na sua condição de tradutor, recria a obra de Camus em português brasileiro. A pesquisa inclui reflexões sobre o hiato decorrido entre a publicação e a tradução para a língua francesa de três romances de Graciliano Ramos – Angústia, S. Bernardo e Vidas Secas –, as estratégias de tradução e de importação responsáveis pela escolha dessas obras, identificando as soluções encontradas pelos tradutores franceses para a recriação de elementos linguístico-culturais específicos do sertão e da zona da mata de Alagoas que passam a se inscrever em outro sistema linguístico-cultural. A análise traz à tona as relações entre tradução, contexto cultural, sistema literário, demonstrando que o processo de recriação é afetado não apenas na forma como os textos são traduzidos, mas também pelo momento em que determinada cultura solicita a tradução. Palavras-chave: Cultura; polissistemas; recriação; Graciliano Ramos. RÉSUMÉ La présente recherche est fondée sur l‘application des études de la traduction à Graciliano Ramos, d‘abord en sa qualité de traducteur du roman La Peste d'Albert Camus, ensuite en tant qu'auteur canonique traduit en langue française. Dans ce cadre, la recherche traite de questions liées à l'importance et à l'autonomie de la traduction, ainsi qu‘aux facteurs qui influencent le processus de traduction de textes empreints des caractéristiques d‘une culture donnée. La base théorique et méthodologique adoptée est la théorie du polysystème élaborée par Itamar Even-Zohar et les fondements des études descriptives de la traduction, dont les principaux représentants sont Gideon Toury, André Lefevere et Theo Hermans. La recherche repose également sur la notion d'intertextualité, ainsi que sur les concepts de domestication et d'étrangeté proposés par Lawrence Venuti. Les analyses abordent des questions liées au canon littéraire, à la fidélité et à l'originalité, ainsi que la relation entre auteur et traducteur. La thèse souligne que Graciliano Ramos a perdu sa stature canonique lorsque son œuvre a été transposée dans le système littéraire français et analyse également les «privilèges» dont il a bénéficié en raison de cette stature lorsque, en tant que traducteur, il a recréé l'œuvre de Camus en portugais brésilien. La présente recherche inclut des réflexions sur la période écoulée entre la publication et la traduction en français de trois romans de Graciliano Ramos – Angoisse, São Bernardo et Sécheresse –, ainsi que sur les stratégies