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Disco É Cultura Claudio Oliveira.Pdf (1.308Mb) FUNDAÇÃO GETÚLIO VARGAS Centro de Pesquisa e Documentação da História Contemporânea do Brasil - CPDOC Programa de Pós-Graduação em História Política e Bens Culturais - PPHPBC Mestrado Profissional em Bens Culturais e Projetos Sociais DISCO É CULTURA A expansão do mercado fonográfico brasileiro nos anos 1970 Trabalho de conclusão de curso apresentado ao Centro de Pesquisa e Documentação de História Contemporânea – CPDOC – para obtenção do grau de Mestre em Bens Culturais e Projetos Sociais. Claudio Jorge Pacheco de Oliveira Orientação: Prof. Dr. Marco Aurélio Vannucchi Leme de Mattos Rio de Janeiro Maio de 2018 1 Ficha catalográfica elaborada pela Biblioteca Mario Henrique Simonsen/FGV Oliveira, Claudio Jorge Pacheco de Disco é cultura: a expansão do mercado fonográfico brasileiro nos anos 70 / Claudio Jorge Pacheco de Oliveira. – 2018. 119 f. Dissertação (mestrado) - Escola de Ciências Sociais da Fundação Getulio Var- gas, Programa de Pós-Graduação em História, Política e Bens Culturais. Orientador: Marco Aurélio Vannucchi Leme de Mattos. Inclui bibliografia. 1. Registros sonoros – Indústria. 2. Música popular – Brasil. 3. Bossa nova. 4. Jovem guarda (Movimento musical). 5. Tropicalismo (Música). 6. Política cultural. 7. Incentivos fiscais. I. Mattos, Marco Aurélio Vannucchi Leme de. II. Escola de Ciências Sociais da Fundação Getulio Vargas. Programa de Pós-Graduação em História, Política e Bens Culturais. III. Título. CDD – 306.48423 2 3 4 Agradecimentos Ao Prof. Dr. Marco Aurélio Vannucchi Leme de Mattos, meu orientador, que efetiva- mente conduziu a redação dessa dissertação de forma assertiva e em diálogo permanente. Foi um prazer trabalhar com você, Marco. À banca de qualificação, Profª. Drª. Dulce Pandolfi e Prof. Dr. Marcos Napolitano. A Marcos, agradeço a contribuição para o enriquecimento da bibliografia desse trabalho; a Dulce, a ideia para um possível doutorado. Aos entrevistados, André Midani, Egberto Gismonti, Jards Macalé, João Carlos Muller Chaves, Roberto Menescal e Wagner Tiso. Grandes artistas e personalidades da música brasileira que me receberam com enorme atenção e simpatia. Aos professores do mestrado, Profª. Drª. Angela Moreira Domingues da Silva, Prof. Dr. Bernardo Buarque de Hollanda, Profª. Drª. Luciana Quillet Heymann, Prof. Dr. Márcio Grijó Vilarouca e Profª. Drª. Ynaê Santos. Aos colegas do mestrado, Carolina Lobianco, Daniele Ramalho, Evandro Lopes, Fer- nando Melo, Gabriel Gaspar, Juliana Borre, Leila Dantas, Lúcia Helena, Mauro Silveira, Patricia Sousa, Ronaldo Vicente, Tayane Reis, Thais Castro e Zé Brito. A todos os meus amigos, que pacientemente me ouviram falar do mesmo assunto por dois anos. À minha Mãe, do alto de sua sabedoria de mais de nove décadas. À Lucas, filho pródigo (de verdade). À Ivone, companheira de aventura literária anterior (Thor Quattro Diáz vive!). À Lu, que me pôs em movimento (“Si nous vei domna don plus mi cal...”). 5 Resumo Este estudo tem por objetivo investigar a contribuição do artigo 2º da Lei Complementar nº 4, de 2 de dezembro de 1969, conhecida como “Lei disco é cultura”, para a expansão do mercado brasileiro de discos ocorrida na década de 1970. Consequência da política econômica de forte estímulo ao consumo do regime militar, a “Lei disco é cultura” auto- rizava as empresas produtoras de discos fonográficos a abater, do montante do Imposto sobre Circulação de Mercadorias (ICM), o valor dos direitos autorais artísticos e conexos, pagos aos autores e artistas brasileiros. A busca por investimentos estrangeiros era um aspecto fundamental do modelo econômico da ditadura. A expectativa era que a “maior eficiência” das empresas multinacionais contribuísse para um rápido crescimento. Essa política favoreceu a expansão das gravadoras estrangeiras, que tiveram seus interesses e demandas acolhidos pelo governo. Palavras-chave: Indústria Fonográfica; Música Popular Brasileira; Bossa Nova; Jovem Guarda; Tropicalismo; Política Pública para a Cultura; Regime Militar; Incentivos Fis- cais. 6 Abstract This study investigates the contribution of article 2 of Complementary Law nº 4, dated December 2, 1969, known as the “Album is Culture Law”, in the expansion of the Bra- zilian music market in the 1970s. An economic policy of strong stimulus to the consump- tion of the military regime, the “Album is Culture Law” authorizes record companies to write down, from the amount of the Merchandise Circulation Tax (ICM), the value of artistic copyrights and related, paid to Brazilian authors and artists. The search for foreign investment was a fundamental aspect of the economic model of the dictatorship. The “higher efficiency” of multinational companies was expected to contribute to rapid growth. This policy favored the expansion of foreign record companies, which had their interests and demands accepted by the government. Keywords: Phonographic Industry; Popular Brazilian Music; Bossa Nova; Jovem Guarda; Tropicalismo; Public Policy for Culture; Military Regime; Tax Breaks. 7 ÍNDICE INTRODUÇÃO .............................................................................................................. 9 CAPÍTULO 1 – O disco no Brasil: de 1955 a 1980 .................................................... 14 1.1 A origem do disco .....................................................................................................15 1.2 Bossa Nova ............................................................................................................... 17 1.3 Jovem Guarda ......................................................................................................... 24 1.4 Tropicália ................................................................................................................ 30 1.5 MPB ......................................................................................................................... 42 CAPÍTULO 2 – Música e consumo: como o milagre econômico ajudou a indústria fonográfica .................................................................................................... 54 2.1 A política econômica do regime militar ................................................................. 55 2.2 “Disco é cultura”: a Lei Complementar nº 4 ........................................................ 60 2.3 A “Lei disco é cultura” e a consolidação da indústria fonográfica no Brasil .... 67 CONSIDERAÇÕES FINAIS ....................................................................................... 81 BIBLIOGRAFIA .......................................................................................................... 85 ENTREVISTAS ............................................................................................................ 89 André Midani ................................................................................................................ 90 Egberto Gismonti ......................................................................................................... 95 Jards Macalé ................................................................................................................100 João Carlos Muller Chaves ........................................................................................ 105 Roberto Menescal ....................................................................................................... 110 Wagner Tiso ................................................................................................................ 116 8 INTRODUÇÃO 9 Entre 2003 e 2014, enquanto coordenava a ação de patrocínio da Petrobras à música e patrimônio, tive a oportunidade de conhecer profundamente o processo de fi- nanciamento da cultura no Brasil. Fundamentado na utilização de incentivos fiscais, seja pela Lei Rouanet (Lei nº 8.313, de 23 de dezembro de 1991) ou pelas diversas leis esta- duais de renúncia ao ICMS, este modelo se utiliza de uma ferramenta de marketing, o patrocínio, para transferir recursos públicos a indústria criativa por meio das empresas. Como gestor de uma grande empresa cujo negócio nada tinha a ver com cul- tura ou entretenimento, me vi na peculiar condição de “observador externo” das grandes transformações pelas quais a indústria fonográfica passava - e vem passando -, desde a desmaterialização da música iniciada ainda na década de 1990. No início do século XXI, a crise da indústria fonográfica levou a música brasileira ao mesmo caminho já trilhado pelo cinema desde os anos 1960/70, quando da criação da Embrafilme pelo regime mili- tar: a busca pelo financiamento público. De minha parte, comecei a refletir sobre a relação entre o capital e a cultura e as origens históricas do financiamento e incentivo fiscal a música no Brasil. A indústria fonográfica é resultado direto da evolução tecnológica. Antes da invenção do disco, ouvir música era uma experiência presencial entre artista e plateia. Com o fonógrafo, o gramofone e, finalmente, a vitrola elétrica, tudo mudou. A música passou a ser um produto de consumo doméstico e comercialização em larga escala. A indústria do disco evoluiu ao longo da primeira metade do século XX, até chegar as bases que formataram pelos cinquenta anos seguintes a música popular no mundo: grandes conglomerados multinacionais produzindo e distribuindo discos de vinil recheados de canções de três minutos. Os discos de vinil foram substituídos pelos com- pact discs na última década do século, pouco antes do ocaso desse modelo de negócio. No Brasil, as décadas de 1960 e 1970 foram auspiciosas para a indústria fo- nográfica. A conjunção de dois fatores determinou
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