Universidade Federal Do Paraná Tatiana Fatuch Rabinowitz Mencier Tom, Jobim & Antonio Brasileiro: Um Olhar Sobre a Identida
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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ TATIANA FATUCH RABINOWITZ MENCIER TOM, JOBIM & ANTONIO BRASILEIRO: UM OLHAR SOBRE A IDENTIDADE BRASILEIRA EM UMA TRAJETÓRIA E OBRA ENTRE MUNDOS CURITIBA 2013 TATIANA FATUCH RABINOWITZ MENCIER TOM, JOBIM & ANTONIO BRASILEIRO: UM OLHAR SOBRE A IDENTIDADE BRASILEIRA EM UMA TRAJETÓRIA E OBRA ENTRE MUNDOS Dissertação apresentada como requisito parcial à obtenção do grau de Mestre, no Curso de Pós- Graduação em Antropologia Social da Universidade Federal do Paraná. Orientador: Prof. Dr. Paulo Renato Guérios CURITIBA 2013 TERMO DE APROVAÇÃO TATIANA FATUCH RABINOWITZ MENCIER TOM, JOBIM & ANTONIO BRASILEIRO: UM OLHAR SOBRE A IDENTIDADE BRASILEIRA EM UMA TRAJETÓRIA E OBRA ENTRE MUNDOS Dissertação aprovada para obtenção do grau de Mestre do Curso de Pós- Graduação em Antropologia Social da Universidade Federal do Paraná, pela Comissão formada pelos professores: Prof. Dr. Paulo Renato Guérios Orientador - Setor de Ciências Humanas, Letras e Artes, UFPR Prof.a Dr.a Selma Baptista Setor de Ciências Humanas, Letras e Artes, UFPR Prof. Dr. André Acastro Egg Setor de Música, Faculdade de Artes do Paraná,FAP/UNESPAR Curitiba, 22 de novembro de 2013 DEDICATÓRIA Aos meus avós que já se foram mas que estão sempre aqui: Alla, Edmond e Arthur. E pelo legado que me deixaram: Casa, Música, Vida! Aos meus pais queridos que amo muito, pelo Amor que sempre me transmitiram e pela trajetória entre Mundos que tivemos juntos. Ao meu marido Jérôme, meu amor de infância, meu amor maduro, meu amor de sempre. Pela nossa História e pelo nosso Amor. AGRADECIMENTOS Agradeço aos meus pais e ao meu marido, os grandes amores de minha vida. Meus pais pelo amor que sempre tivemos em família, pela trajetória em meio a diferentes crenças, línguas e culturas entre mundos que tivemos juntos. Ao meu pai, Alexander Rabinowitz, por sempre trazer diversos estilos musicais para nossa casa dentre os quais a bossa nova e a música de Antonio Carlos Jobim. À minha mãe, Deborah Cristina Fatuch Rabinowitz, pelas trocas de diálogos, ideias e pensamentos que contribuíram para o desenvolvimento deste trabalho. Ao meu marido, Jérôme Mencier, pelo cuidado e atenção, pelo carinho e pelo amor, pela força e tranquilidade. Meu amigo, meu amor, mon amour! Merci e Obrigado! Aos amigos, Dra. Moser e ao Maestro Ortiz, pelos diálogos de amplitude da alma. Aos meus alunos que me fazem crescer e dão continuidade ao meu crescimento. Também gostaria de agradecer ao Orientador Prof. Dr. Paulo Guérios, às professoras Dras. Simone Meucci e Martina Ahlert pelas sugestões para a continuidade da pesquisa e à toda a equipe do Departamento de Antropologia Social da Universidade Federal do Paraná. Agradeço a CAPES (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior) pela bolsa concedida ao longo da realização deste estudo. Desde já, agradeço à banca examinadora pela participação. Meu muitíssimo obrigado a Paulo Jobim pela forma atenciosa com que me recebeu no Instituto Antonio Carlos Jobim no Rio de Janeiro e por sua preciosa contribuição para a realização deste trabalho. Termino mencionando algumas palavras que guardo comigo ao fim desta aventura e para a continuidade de minha vida. Ao encontrar, outro dia, uma antiga cópia do livro Fernão Capelo Gaivota de Richard Bach que havia recebido de meu pai, quando era jovem, me deparei com a dedicatória que havia sido escrita nas primeiras páginas de pai para filha: Querida Tatiana. Este livro fala de mestre e aluno, dos ensinamentos da vida, da simplicidade de saber viver a vida e de que é possível se viver feliz. E viver feliz depende muito de nós mesmos. Que você possa tirar da vida, cada gota de ensinamento, que tua vida seja “iluminada de luz”. Que Deus te dê a sabedoria e a simplicidade para que você se faça feliz e distribua com o brilho de tua alma felicidade para os que te cercam. Te amo muito muito. Teu pai. Ao comentar com minha mãe que estava relendo este livro, suas sábias palavras fizeram recurso a uma famosa frase de Richard Bach que reflete muito do que minha mãe me ensinou: “Longe é um lugar que não existe”. Obrigado queridos pais pelos seus ensinamentos e a ambos pelo exemplo de homem, mulher, pai, mãe, pais e humanos que sempre representaram para mim e pelas coisas lindas que me transmitiram. Simplesmente: um muito obrigado! Thank you. Grazie. Gracias. Shucran. Spaciba. Merci. À Vida. Le Haim. Obrigado! L’essentiel est invisible. On ne voit qu’avec le coeur. O essencial é invisível aos olhos, só se pode ver com o coração. Antoine de Saint Exupéry A simplicidade é o último grau da sofisticação. Leonardo da Vinci Isso de ser exatamente o que se é ainda vai nos levar além. Paulo Leminski Longa é a arte, Breve é a vida. Antonio Carlos Jobim Breve parece-nos ser a vida humana. E na multidão que a humanidade enfeixa, desaparecem os nomes e apagam-se as lembranças da maioria. Alguns, é inegável, projetam-se na história e seus feitos são recordados pelas gerações! Santos ou pecadores! Heróis ou covardes. Estadistas ou ditadores. Homens e mulheres de todas as raças e civilizações. Admirados ou censurados! Outros, entretanto, preferem deixar seu nome, na lista dos artistas, na poesia e na música, procurando mais servir ao próximo do que dominá-lo. E então escrevem e fazem música! Homenagem in memorian ao meu avô Edmond Fatuch1 1 Encontrei estas palavras escritas por meu avô em um papel dobrado e deixado dentro de um livro por ele publicado. MEMORIAL Embora ainda seja jovem, tenho um mundo internacional do passado que apesar de ser recente, é diferente do de hoje. É este mundo entre muitos países, línguas e culturas que tentarei relatar neste breve memorial baseado em memórias que compõem minhas lembranças de vida. Era uma vez uma menina chamada Tatiana que nasceu em Curitiba, PR, Brasil, sob as mãos de um médico que disse: “Acabamos de fazer a paz no Oriente Médio”. Nasci da união entre duas crenças religiosas: meu pai, carioca e judeu-russo casou-se com minha mãe, curitibana, católica e descendente de libaneses e italianos. Meu pai também já era fruto de um casamento ecumênico entre minha vó que era russa-ortodoxa e meu avô judeu-russo. Meu avô, cujos pais já haviam deixado a Rússia para se fixarem na Alemanha devido a Revolução de 1917, chegou ao Brasil em 1938 fugindo do regime nazista que se instalou na Alemanha em 1933. Os pais de minha avó também haviam fugido da Revolução Russa e foram para Harbin - uma cidade na China composta por uma população de imigrantes de diversos países, principalmente russos na época – onde minha avó nasceu. Minha avó era russa, mas nunca esteve na Rússia e chegou ao Brasil em 1953 fugindo do regime de Mao Tsé Tung. O encontro destes dois russos no Brasil permitiu a continuidade de sua cultura. Por outro lado, no quarto dos meus avós, ícones russo- ortodoxos estavam expostos na parede, o que mostra o respeito que existia entre eles quanto a suas crenças religiosas. Desde pequena, fui crescendo entre diferentes culturas e crenças religiosas, vivendo em diversos países e conversando em muitos idiomas. Residi muitos anos na Europa - Bélgica, Inglaterra, Suiça, Itália - onde fui alfabetizada em francês e tive uma educação bilíngue por sempre ter seguido os meus estudos no sistema francês onde quer que eu fosse. Também morei nos Estados Unidos e em meio a estas moradas permanecia alguns anos no Brasil, em São Paulo ou no Rio de Janeiro. Conheci meu marido na escola francesa onde estudamos juntos. Desde pequenos, temos em comum a vida entre diferentes culturas e por isto, fomos fazer nossos estudos universitários fora do país. Hoje, estou de volta a minha cidade natal, Curitiba, de onde saí apenas um mês após o meu nascimento. Sou professora dos idiomas de todos os países em que vivi, inclusive o português para estrangeiros. Sou brasileira e cidadã do mundo. Uma vida extensiva entre idas e vidas, entre o país de origem e o mundo é raramente explicitada. Era raro encontrar brasileiros no exterior. Quando isto por acaso ocorria, um brasileiro virava para o outro e perguntava em tom de exclamação: “brasileiro?”. Entre conversas e risadas, pareciam estar em “festa” e, em um breve momento, ter a sensação de sentir-se de volta ao país de origem. A partir destas situações inusitadas, fui desenvolvendo, sem mesmo saber, um olhar ao mesmo tempo “de dentro” e “de fora”. Ainda criança, não tinha consciência da excepcionalidade daquele evento e que estávamos vivendo em outro país. A comunicação evidentemente não era por e-mail, Skype ou pelas redes sociais. Era uma época em que enviávamos e recebíamos cartas, cartões postais ou cartões de natal ou aniversário. Lembro-me de meu pai, na Bélgica, anunciando à minha mãe que havíamos recebido uma carta da família de Curitiba. Era um verdadeiro evento e sentávamos os três em volta da mesa redonda de jantar para ouvir as notícias enviadas por meu avô, após tanto tempo. Ainda tenho caixas repletas de cartas, sobretudo de minha já falecida avó e dos amigos e amigas da escola. Estas correspondências ajudavam a “matar as saudades”. Me recordo ainda, que ao voltar ao Brasil, fomos recebidos por toda a família e amigos no aeroporto. O retorno era uma alegria para os que haviam ficado, pois, para estes havia o risco de que quem partisse nunca mais fosse voltar. A vida entre muitas moradas é uma vida de nômades. É também uma vida de “encontros e despedidas”, despedidas e reencontros, lágrimas e sorrisos, tristeza e alegria. Quando retornei ao Brasil após a universidade, tive o sentimento de estar “lá” e “aqui” ao mesmo tempo, entre dois ou mais mundos.