Música Popular, Memória, Patrimônio

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Música Popular, Memória, Patrimônio Poder e valor das listas nas políticas de patrimônio e na música popular Porto Alegre, 03 de maio de 2006 Texto elaborado para o debate A memória da música popular promovido pelo Projeto Unimúsica 2006 – festa e folguedo Elizabeth Travassos Instituto Villa-Lobos Programa de Pós-graduação em Música UNIRIO Gostaria de propor como contribuição a essa conversa sobre música popular uma reflexão sobre o fenômeno das listas; sobre o poder e o valor que têm as listas nas políticas de patrimônio e na canção popular. Como vocês sabem, listas e inventários adquiriram visibilidade, recentemente, a partir das proclamações pela UNESCO de “obras-primas do patrimônio cultural oral e imaterial da humanidade”. Segundo a Convenção aprovada na 32ª Assembléia Geral da UNESCO, em 2003, o patrimônio oral e imaterial abrange práticas, representações, conhecimentos e técnicas. Ele manifesta-se nas tradições e expressões orais, incluindo a língua, nos espetáculos, rituais e festas, nas técnicas do artesanato tradicional, em conhecimentos referentes à natureza. A Convenção nos propõe então olhar práticas sociais e festas como obras- primas. Este curto-circuito entre a noção antropológica de cultura, considerada como totalidade dos artefatos materiais e simbólicos do homem, e a noção altamente distintiva de obra-prima, causa certa perplexidade. Estaria incluída no patrimônio cultural a arte da conversação? Não admira que o tema se preste à controvérsia e mesmo ao humor. Foi em 2001 a primeira proclamação da UNESCO, que apontou 19 “obras- primas”, tais como a música de trompas transversas da comunidade Tagbana, na Costa do Marfim e o canto polifônico na República da Geórgia, entre muitas outras. Repara-se que cada obra-prima é associada a um estado-nacional (mesmo quando “gerada” por uma comunidade dentro desse estado). A lista é apresentada em ordem alfabética de estados-nações: Belize, Benim, Bolívia, China etc. e termina com as obras-primas de caráter multinacional, i.e., apresentadas por dois ou três estados nacionais simultaneamente. 1 A UNESCO noticia a primeira proclamação nos seguintes termos: No dia 18 de maio de 2001, o Diretor Geral da UNESCO proclamou as primeiras 19 obras-primas do Patrimônio Oral e Intangível da Humanidade. Selecionadas por um júri internacional de 18 membros, elas foram escolhidas por seu destacado valor . Essa primeira proclamação sublinhou o valor do patrimônio cultural intangível e sua vulnerabilidade, particularmente diante da globalização, e a urgência das ações em prol de sua salvaguarda. Ao criar uma distinção internacional para o patrimônio cultural intangível, a UNESCO dirigiu a atenção da comunidade internacional para a importância do 2 reconhecimento desse patrimônio que é essencial para a preservação da identidade e diversidade cultural dos povos. Por seu excepcional valor artístico, histórico e antropológico, os 19 espaços culturais e formas de expressão popular e tradicional proclamados representam uma variedade de testemunhos da riqueza e da diversidade do patrimônio cultural intangível no mundo: 4 na África, 7 na Ásia, 4 na Europa e 4 na América Latina e no Caribe. 2 Em 7 de novembro de 2003, a UNESCO emitiu mais uma lista, a da segunda proclamação, com 28 itens, entre eles a arte gráfica e oral kusiwa, dos índios Wayãpi, apresentada pelo Brasil, o canto védico na Índia, o teatro de bonecos na Indonésia, a festa dos mortos no México. 3 Finalmente, em 2005, foi promulgada uma terceira lista de 43 obras-primas, entre elas o samba-de-roda do Recôncavo Baiano, o canto polifônico na Bulgária e um outro estilo polifônico praticado por quartetos masculinos de pastores, na Sardenha, Itália. 4 Como explicam os documentos da UNESCO, a idéia da Convenção para a Salvaguarda do Patrimônio Oral e Imaterial é proteger tradições culturais vivas, porém vulneráveis. Em que consiste esta proteção? Eis uma pergunta que tem recebido resposta consensual: ...dada a natureza imaterial do bem cultural – diz outra especialista na matéria, a antropóloga Letícia Vianna – ele só se conservará, efetivamente, se vivido por pessoas em condições, com garantias e interesses de vivenciá-lo de modo dinâmico e criativo. 5 Concordam então os especialistas e os técnicos do patrimônio que as ações de proteção devem incidir sobre os grupos, comunidades e indivíduos para quem o “patrimônio” constitui referência identitária. Mas seu principal mecanismo é, no nível da UNESCO, discursivo: trata-se de proclamar. A proclamação é um ato que distingue, marca com um selo. Ao reconhecer o valor do objeto eleito – objeto oriundo de uma comunidade minoritária e subalterna, como os índios Wayãpi, ou os praticantes do samba-de-roda –, a política de patrimônio cria, de fato, um novo valor, pois o objeto é ipso facto projetado em circuitos que envolvem mercado, turismo, design, galerias de arte etc. A antropóloga Barbara Kirshenblat-Gimblett observa: “o patrimônio é um modo de produção cultural que insufla vida nova nos fenômenos culturais em vias de extinção ou que saíram de moda, ao exibi-los como patrimoniais”. 6 Não é por acaso que das acepções do verbo ‘proclamar’ que constam do Dicionário Aurélio – a saber: (1) ‘anunciar em público e em voz alta’, (2) ‘eleger, intitular, aclamar’, (3) ‘publicar, promulgar, decretar’, (4) ‘arvorar-se em’ –, as primeiras são empregadas para referir os atos de governantes e outros agentes sociais investidos de poder, ou os atos que conferem poder ao objeto da proclama. Os exemplos dados no Dicionário são: “Os generais proclamaram a guerra”; “O presidente proclama as leis” ; “...proclamavam Castilho príncipe dos poetas”. A última acepção dada no Dicionário, que é ‘arvorar-se em’, não deixa de ter relação com a idéia de transferência de poder do proclamador ao objeto da proclama; no caso, o sujeito da sentença é ele mesmo o objeto de sua proclamação, mas sua pretensão é ilegítima: “Proclama-se bom aluno, mas estuda pouco”, ilustra o Dicionário.7 3 Pode-se argumentar que há muito mais coisa envolvida na política do patrimônio, além das listas, e é verdade. Muitas outras ações antecedem e sucedem a entrada de um item numa dessas listas: há dotações orçamentárias alocadas nos organismos culturais dos estados signatários da Convenção da UNESCO, destinadas às ações de identificação e elaboração dos dossiês de candidatura, assim como há, também, alocação de recursos financeiros para implementar planos concretos de salvaguarda. Contudo, a parte visível da atuação da UNESCO no terreno do patrimônio são as listas de “obras-primas” (masterpieces, em inglês, chefs-d’oeuvre, em francês ) – uma categoria herdada do mundo das artes – proclamadas como os exemplos mais sublimes das capacidades do espírito do homem. Trata-se, como diz a já citada antropóloga Barbara Kirshenblatt-Gimblett, de um a ação metacultural que, em lugar de atuar diretamente junto aos produtores de cultura, financiando exposições, subsidiando escolas, concedendo bolsas, editando discos , proclama. Isso não significa que a atuação seja inócua. A lista exerce efeitos importantes na realidade, embora muito difíceis de prever. Pelo que percebi visitando a página eletrônica da UNESCO, já começaram os estudos para avaliar o impacto das proclamações sobre a vida dos grupos sociais e indivíduos que geram e perpetuam as obras- primas listadas. Convém lembrar que ‘proclamar’ é um verbo performativo – ele constitui a própria ação que designa. O lingüista John Searle observa que alguns enunciados do tipo performativo são inteiramente dependentes da posição do falante numa instituição, caso contrário não podem ser tomados a sério. É o caso do verbo proclamar, cujo efeito performativo requer do sujeito que ocupe determinada posição num quadro institucional. Como explica John Searle, “...não é suficiente que um falante qualquer diga a um ouvinte qualquer: “Eu abençôo’, ‘Eu excomungo’ etc. É preciso ocupar uma posição numa instituição extralingüística”.8 Por isso a proclamação surte efeito: os membros do júri internacional que escolheu, entre as várias candidaturas, aquelas merecedoras do status de obras-primas, foram investidos desse poder pela UNESCO. O Brasil, na condição de estado signatário da Convenção, participa das construções da UNESCO, além de conceber e implementar sua própria política patrimonial. Em diálogo com as orientações supranacionais da UNESCO, mas também a partir das experiências no território nacional, foram instituídos no Brasil, pelo Decreto 3.551, de 2000, quatro Livros de Registro do Patrimônio Imaterial. Nos Livros inscrevem-se, conforme sua natureza, os bens culturais que passam a gozar de reconhecimento oficial: há um livro para os Saberes e Modos de Expressão, outro para as Celebrações, outro para as Formas de Expressão e outro para os Lugares. Observe-se que os documentos brasileiros não empregam a categoria ‘obra-prima’. Tampouco acentuam o ato de proclamar. Entre nós, a ênfase do discurso está na inscrição em Livros, em registrar por meio da letra o que era falado e vivido sem necessidade da escrita. Assim, graças a essa consagração nos Livros do Patrimônio, seria reduzida a assimetria entre a cultura letrada, oficial, dominante, e as culturas orais, subalternas. O procedimento do registro em Livros não altera, portanto, as implicações valorativas da lista de bens patrimoniais intangíveis. Temos, então, uma outra lista, brasileira, integrada pelos seguintes “bens culturais”: 1) a arte gráfica e oral dos índios Wayãpi; 2) o samba-de-roda no 4 Recôncavo Baiano (pois a proclamação no nível nacional é pré-condição para a submissão de uma candidatura
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