Dez Anos De Malhação: E Como Fica a Adolescência?

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Dez Anos De Malhação: E Como Fica a Adolescência? UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL INSTITUTO DE PSICOLOGIA CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PSICOLOGIA SOCIAL E INSTITUCIONAL Camila Vital Menegaz DEZ ANOS DE MALHAÇÃO: E COMO FICA A ADOLESCÊNCIA? Porto Alegre 2006 1 Camila Vital Menegaz DEZ ANOS DE MALHAÇÃO: E COMO FICA A ADOLESCÊNCIA? Dissertação de Mestrado apresentada ao Curso de Pós-Graduação em Psicologia Social e Institucional da Universidade Federal do Rio Grande do Sul como requisito parcial à obtenção do título de Mestre em Psicologia Social e Institucional, sob a orientação da Profa. Dra. Clary Milnitsky Sapiro. Orientador: Profª Dra. Clary Milnitsky-Sapiro Porto Alegre, RS 2006 2 Agradecimentos A todos que acompanharam, de alguma maneira, minha trajetória no mestrado e a concepção desta dissertação, deixo o meu ‘muito obrigada'. Àqueles que participaram deste processo, em alguma ou em todas as etapas, gostaria de registrar um agradecimento especial: A minha orientadora, Clary Milnitsky-Sapiro, que não me deixou desistir nas vezes em que eu não acreditei que valia a pena; A querida amiga e colega Ana Paula, pelas trocas freqüentes, pelas conversas, pelos desabafos e pelo apoio constante desde a seleção para este mestrado até o momento de entregar a dissertação; Às bolsistas Emily Canto e Sabrina Bosini, pelo apoio fundamental na coleta de dados; A minha irmã, Bibiana, pelo tempo dedicado à transcrição das entrevistas; A minha mãe, pelas inúmeras caronas, correrias e “idas e vindas” (além de altos e baixos); A todos os amigos que eu deixei esperando ou de quem estive afastada neste período e àqueles que me ouviram falar em dissertação incontáveis vezes ao longo destes dois anos; E por fim, ao Gustavo, que com tanto carinho e paciência soube me “manter na linha” nos momentos mais importantes e decisivos. Obrigada por tua “gerência”, amor e dedicação. Amo você! (Um agradecimento especial por todos os momentos em que ficaste sem teu notebook para que eu pudesse trabalhar. Esse apoio foi fundamental para a conclusão desta pesquisa!) 3 Assim Caminha a Humanidade 1 Ainda vai levar um tempo Pra fechar o que feriu por dentro Natural que seja assim Tanto pra você quanto pra mim Ainda leva uma cara Pra gente poder dar risada Assim caminha a humanidade Com passos de formiga e sem vontade Não vou dizer que foi ruim Também não foi tão bom assim Não imagine que te quero mal Apenas não te quero mais Não te quero mais Não mais Nunca mais Lulu Santos 1 Música original de abertura do seriado (de 1995 a 2003). 4 SUMÁRIO RESUMO....................................................................................................................... 05 ABSTRACT................................................................................................................... 06 1 INTRODUÇÃO............................................................................................................ 07 2 QUESTÃO NORTEADORA E METODOLOGIA ....................................................... 17 2.1 DELINEAMENTO.................................................................................................... 17 2.2 PARTICIPANTES E PROCEDIMENTOS ............................................................... 19 2.3 ANÁLISE DOS RESULTADOS............................................................................... 21 2.4 PROCEDIMENTOS PARA A ANÁLISE.................................................................. 22 3 “EU VEJO VOCÊ, VOCÊ ME VÊ”............................................................................. 23 3.1 O ESTILO NOVELA................................................................................................ 31 4 MALHAÇÃO: A “NOVELA” DOS JOVENS.............................................................. 36 5 FASES E TEMPORADAS.......................................................................................... 41 6 O CONTEXTO DOS JOVENS ENTREVISTADOS..................................................... 52 6.1 OS JOVENS............................................................................................................. 55 6.2 A ROTINA: “GOSTAR DE SER ADOLESCENTE”.................................................. 66 7 ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS........................................................ 76 7.1 ACADEMIA X ESCOLA: UMA GRANDE MUDANÇA?........................................... 76 7.2 REPETIÇÃO DE TEMAS: A BANALIZAÇÃO NO AR, INCULCANDO VALORES... 82 7.3 A LINGUAGEM DO SERIADO: SIGNIFICADOS SUBJACENTES.......................... 87 7.4 A PREOCUPAÇÃO “COM O SOCIAL”.................................................................... 91 7.5 CATEGORIAS....................................................................................................... 100 7.5.1 Malhação, a companhia da tarde.................................................................... 101 7.5.2 A identificação.................................................................................................. 106 7.5.3 Repúdio aos estereótipos: o “não” à padronização...................................... 109 7.5.4 A crença na simulação da realidade................................................................ 113 7.5.5 Aspectos marcantes......................................................................................... 117 7.5.6 Repetições........................................................................................................ 129 7.5.7 Pedagogia em Malhação.................................................................................. 135 7.5.8 Os valores adolescentes em Malhação.......................................................... 149 8 CONSIDERAÇÕES FINAIS..................................................................................... 168 REFERÊNCIAS........................................................................................................... 176 ANEXOS..................................................................................................................... 179 5 RESUMO A “novelinha” Malhação é exibida pela Rede Globo desde 1995 até o presente ano (dados coletados em 2005). O interesse neste tema advém de pesquisa anterior (Menegaz C. e Milnitsky-Sapiro, C., 2000), quando outra mídia para adolescentes foi investigada - a revista Capricho - e foi constatado que a grande popularidade dessas produções entre os jovens deve-se à permanente e intensa possibilidade de identificação dos adolescentes leitores/telespectadores com seus personagens e ídolos. Essa identificação estabelece laços de pertencimento com o “bonzinho” (boazinha), “esperto/a”, “careta” ou “vilã/o”, dependendo da “hora e da vez”; porém, os estereótipos ou “modos de ser”, juntamente com seus respectivos ícones de consumo, permanecem “na telinha” com hora e lugar estáveis no cotidiano dos jovens. Isto é, muda-se o ator e a trama, mas o lugar da cena permanece no imaginário dos jovens que “também querem ser”. Este estudo investigou temas de episódios e personagens do seriado, bem como o conteúdo das narrativas dos adolescentes entrevistados participantes desse estudo, com o objetivo de analisar como ocorrem os laços estabelecidos com os adolescentes telespectadores e seus efeitos e como estes se mantêm na cultura da descartabilidade. A partir dos dados obtidos com as entrevistas e análise de capítulos, investigou-se como a “novelinha” Malhação – que já marcou pelo menos uma geração de jovens – exerce uma função na cultura dos adolescentes pesquisados no que se refere a ícones de consumo, modelos de ser ou formas de subjetivação de adolescentes pertencentes ao nível sócio econômico (NSE) médio, cujas idades caracterizam o processo adolescente (entre 12 e 17 anos de idade), de ambos os sexos, da cidade de Porto Alegre (RS), conforme o público-alvo segmentado para o seriado. Este estudo propôs, inicialmente, uma breve revisão sobre o conceito de adolescência na contemporaneidade, seguida da análise de temas dos capítulos. Após, foi feita a análise das narrativas adolescentes, das quais emergiram categorias que revelam a função da Malhação na cultura adolescente contemporânea. Neste trabalho, a mídia surge com um papel crucial na promoção, propagação e divulgação desses modelos na contemporaneidade, exercendo um papel que engloba criação, divulgação, promoção e oferta, muito semelhante aos produtos vendidos “entre atos”, promovendo uma continuidade, em um cenário de massificação / globalização de identidades juvenis e conseqüentes descartabilidades, em detrimento do próximo apelo de consumo e adoção, rapidamente sugerida, de novos ícones de pertencimento. Ícones tais que evocam modelos identificatórios (Menegaz & Milnitsky) e influenciam as relações interpessoais (Giongo, 1998). 6 ABSTRACT Malhação soap opera is presented by Rede Globo since 1995 untill the current year (data collected in 2005). The interest on the research theme concerns to a previous study (Menegaz, C. e Milnitsky-Sapiro, C., 2000), in which another media for teenagers was investigated – the Capricho magazine. The previous study has shown that its popularity among the youth is explained by the permanent and intensive possibilities of the teenagers/viewers identification with the protagonists and their idols. This identification establishes that “ties of belongness” with the “good boy“ (or good girl), the “backward” or the “villain” depends on the time shift; however, the stereotypes or "ways of being", together with their icons of consumerism stay still and stable on the "telinha" (the monitor) and on the youth daily routine. In other words, it only changes the actor and the
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