Livro De Repórter Autoralidade E Crítica Das Práticas
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Beatriz Marocco Angela Zamin Marcia Veiga da Silva Livro de repórter autoralidade e crítica das práticas Santa Maria FACOS-UFSM 2019 L788 Livro de repórter : autoralidade e crítica das práticas / [organização] Beatriz Marocco, Angela Zamin, Marcia Veiga da Silva. – Santa Maria, RS : FACOS-UFSM, 2019. 448 p. ; 21 cm 1. Jornalismo 2. Livro de repórter 3. Autoralidade 4. Práticas jornalísticas I. Marocco, Beatriz II. Zamin, Angela III. Silva, Marcia Veiga da CDU 070.4 Ficha catalográfica elaborada por Alenir Goularte - CRB-10/990 Biblioteca Central - UFSM ISBN: 978-85-8384-084-8 Licença Creative Commons SUMÁRIO Apresentação .....................................................................................................7 Uma década de pesquisa Angela Zamin, Beatriz Marocco Prefácio ............................................................................................................. 17 A importância de se pesquisar além do óbvio Cláudia Lago HORIZONTE TEÓRICO Livro de repórter: percurso de pesquisa e formulação do conceito .............................................................................................................. 23 Beatriz Marocco, Angela Zamin, Marcia Veiga da Silva Giro autoral no livro de repórter ................................................................. 49 Beatriz Marocco Jornalismo de sensações ............................................................................... 79 Beatriz Marocco DAS ESCRITURAS DE Adriana Mabilia e Helena Salem De como o acontecimento se torna: reflexões sobre experiência e partilha ........................................................................................................... 119 Angela Zamin, Lara Nasi, Reges Schwaab “O mundo tem que saber disso de alguma maneira”: crítica das práticas na reflexão de jornalistas brasileiras ........................................ 137 Angela Zamin, Taiz Richter, Tatiane Milani, Tonie dos Santos Sobre os rastros da reportagem: a experiência de duas repórteres brasileiras na Palestina ................................................................................. 159 Reges Schwaab, Cleusa Jung, Mateus Quevedo, Jéssica Hock Crítica às práticas jornalísticas no livro de repórter: exemplo a partir da cobertura sobre a Palestina ....................................................... 179 Tássia Becker Alexandre, Tatiane Milani, Beatriz Marocco DAS ESCRITURAS DE Alexandra Lucas Coelhoe Eliane Brum O feminino no livro de repórter: uma mirada epistemológica de gênero sobre as práticas jornalísticas ...................................................... 201 Marcia Veiga da Silva, Beatriz Marocco O jornalista e o Outro: sobre os vestígios da sondagem e da escrita ................................................................................................................. 233 Reges Schwaab, Angela Zamin Trajetórias de vida como ingrediente de práticas jornalísticas afeitas à alteridade ......................................................................................... 257 Marcia Veiga da Silva DAS ESCRITURAS DE Fabiana Moraes O encontro entre subjetividade e alteridade na crítica das práticas jornalísticas ...................................................................................... 279 Marcia Veiga da Silva 4 A subjetividade nas narrativas jornalísticas e suas implicações em O nascimento de Joicy .......................................................................... 299 Dayane Barretos A crítica das práticas em O nascimento de Joicy : o jornalismo como vocação no livro de repórter ............................................................ 321 Vivian Augustin Eichler, Virginia Pradelina da Silveira Fonseca DAS ESCRITURAS DE Daniela Arbex e outros(as) repórteres Um acidente no relato, um atentado na edição; e outras reflexões acerca das práticas jornalísticas .............................................. 349 Angela Zamin, Reges Schwaab Transgressões ao regime das práticas em Todo dia a mesma noite , de Daniela Arbex ................................................................................ 369 Marlon Santa Maria Dias A REPORTAGEM pelas repórteres Adriana Mabilia Reportagem, um processo que envolve correção, empatia, sofrimento e reflexão ..................................................................................... 401 Fabiana Moraes Para que serve um jornalismo de subjetividade? ................................. 411 Tatiana Salem Levy A luta de uma garota ..................................................................................... 433 Autoras e autores ............................................................................................ 439 5 6 APRESENTAÇÃO Uma década de pesquisa Angela Zamin Beatriz Marocco Pensar o jornalismo é atividade permanente dos grupos de pesquisa Estudos em Jornalismo (CNPq/Unisinos) e Resto – Laboratório de Práticas Jornalísticas (CNPq/UFSM); o primeiro, vinculado ao Programa de Pós-Graduação em Ciências da Comunicação da Universidade do Vale do Rio dos Sinos; o segundo, à graduação em Jornalismo da Universidade Federal de Santa Maria, Campus Frederico Westphalen. O presente livro reúne pesquisas gestadas nesses espaços, por docentes e discentes da graduação e da pós-graduação. O ponto aglutinador é o cotejamento do conceito de “livro de repórter”, derivado da pesquisa O controle discursivo que toma forma e circula nas práticas jornalísticas , coordenada pela professora Beatriz Marocco, da Unisinos, e iniciada em 2009, com recursos oriundos de um edital universal do CNPq. Dez anos depois, apresentamos aqui desdobramentos em vários projetos de pesquisa que desenharam um campo de estudos, a crítica das práticas jornalísticas e, em seu interior, outra forma de fazer, que rompe com o que o filósofo italiano contemporâneo Gianni Vattimo (2016) considera “jornalismo de dominação”. Partindo dos conceitos foucaultianos de crítica e de comentário, inicialmente, entende-se o livro de repórter como locus para uma exegese do saber jornalístico. Atualmente, a reflexão abarca inúmeras discussões, complementares: reflexão sobre as práticas jornalísticas e a crítica daí resultante, complexificação da pauta e da relação com a fonte, autoralidade individual (cuja construção, no jornalismo, está ligada à “função autor”, definida “pela singularidade de um campo do conhecimento e por operações jornalísticas que são mobilizadas para produção do acontecimento”), alteridade (enquanto “consciência da percepção do Outro”), experiência (jornalismo como “relato da experiência de um sujeito, uma faceta das tantas que um acontecimento possui”), subjetividade (não colocada em oposição à objetividade), ações de resistência na prática jornalística – e também transgressão, nos termos de Foucault –, e jornalista vocacionado (“aquele capaz de articular convicção e responsabilidade ”). É justamente sobre o conceito de livro de repórter e sobre o arcabouço teórico que o circunda e/ou que dele deriva que se detém a primeira parte do livro. A trajetória em que buscamos compreender primeiramente os controles discursivos e o saber que circula ininterruptamente nas práticas jornalísticas está exposta nessa primeira parte. Ao explicitar essa tensão, existente nos espaços e no tempo da produção jornalística, salientamos um nicho singular: o livro de repórter, que ganhou um nome e consistência conceitual aos poucos. Na contramão do modo de objetivação jornalística, é uma figura de resistência, em que são alojados alguns repórteres, inscrita no fenômeno contemporâneo dos livros escritos por jornalistas. Os próximos textos abordam a construção do pensamento sobre a figura. Em «Livro de repórter: percurso de pesquisa e formulação do conceito» , Beatriz Marocco, Angela Zamin e Marcia Veiga da 8 Silva, recuperam a pesquisa anteriormente referida, sendo o livro de repórter uma das ações de resistência dos sujeitos da prática. Pela escuta de jornalistas chega-se a um tipo de produção, o livro de repórter, e ao duplo deslocamento da prática que este parece realizar, ou seja, uma hermenêutica jornalística e a criação autoral. O livro de repórter evidencia a existência de um jornalista que materializa saberes nos livros que escreve, podendo ainda, nesses espaços, esboçar críticas à prática e criar um modo de produção autoral. No texto «Giro autoral no livro de repórter», Beatriz Marocco indaga que autor é este que se constitui neste espaço de criação. Seguindo a trajetória de Michel Foucault, Dominique Maingueneau e Roselyne Ringoot, Beatriz Marocco reconhece nos livros de duas repórteres as ações de resistência que se dedicam a iluminar o que permanece oculto na produção das mídias sobre a nossa atualidade. Considera a autoralidade como dispositivo de deslocamento de um movimento epistemológico que tem como ponto de partida a existência da autoralidade coletiva nas mídias jornalísticas e projeta a autoralidade individual no livro de repórter. Ainda Beatriz Marocco, em «Jornalismo de sensações», volta-se ao pensamento de três repórteres – Eliane Brum e Alexandra Lucas Coelho, repórteres contemporâneas, e Caroline Rémy, repórter francesa que se tornou conhecida no século XIX pelo pseudônimo Séverine –, que, em diferentes condições históricas, demonstram que mesmo nas relações de poder mais dessimétricas e cristalizadas, como as prevalentes nas mídias jornalísticas, há possibilidade de resistência ao modo de produção vigente. No presente, as marcas discursivas dão visibilidade à constituição do sujeito na trama histórica e dão relevo à normatização do jornalismo e à resistência localizada