A Fonologia Xavante
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WILLIAM ALFRED PICKERING A FONOLOGIA XAVANTE: UMA REVISITAÇÃO Tese apresentada ao Instituto de Estudos da Linguagem, da Universidade Estadual de Campinas, para obtenção do Título de Doutor em Lingüística. Orientador: Prof. Dr. Angel Corbera Mori CAMPINAS 2010 i Ficha catalográfica elaborada pela Biblioteca do IEL - Unicamp Pickering, William A. P586f A fonologia Xavante: uma revisitação / William Alfred Pickering. -- Campinas, SP : [s.n.], 2010. Orientador : Angel Humberto Corbera Mori. Tese (doutorado) - Universidade Estadual de Campinas, Instituto de Estudos da Linguagem. 1. Língua xavante - Fonologia. 2. Línguas jê. 3. Pike, Kenneth L. (Kenneth Lee), 1912-2000. Phonemics – Critica e interpretação. I. Mori, Angel H. Corbera. II. Universidade Estadual de Campinas. Instituto de Estudos da Linguagem. III. Título. hb/iel Título em inglês: Xavante Phonology Revisited. Palavras-chaves em inglês (Keywords): Xavante language - Phonology; Gê languages; Pike, Kenneth Lee, 1912-2000. Phonemics - Criticism and interpretation. Área de concentração: Linguística. Titulação: Doutor em Linguística. Banca examinadora: Prof. Dr. Angel Humberto Corbera Mori (orientador), Profa. Dra. Flávia Castro Alvez, Profa. Dra. Flaviane Romani Fernandes Svartman, Prof. Dr. Sinval Martins de Souza Filho e Profa. Dra. Beatriz Protti Christino. Suplentes: Profa. Dra. Rosane de Sá Amado, Profa. Dra. Mônica Veloso Borges e Prof. Dr. Wilmar da Rocha D'Angelis. Data da defesa: 24/02/2010. Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-Graduação em Linguística. ii iii Dedico com muito amor este trabalho à minha esposa Francine, pela compreensão e colaboração durante estes anos. v AGRADECIMENTOS A Angel Corbera Mori, que sempre deu conselhos sucintos e relevantes, tendo sido um perfeito orientador para uma pessoa de minha idade e temperamento; a ele devo minha presença na UNICAMP como aluno. A Euzebio Prowari Tsimõ, um grande amigo-irmão e um excelente colaborador. A Wellington Quintino, que me introduziu ao povo Xavante e sua língua, e muito me apoiou durante o início e no fim deste processo. Aos colegas do curso de pós graduação do IEL por sua amizade durante estes anos. Aos professores do IEL, especialmente Lucy Seky, Tânia Alkmim, e Wilmar D'Angelis, além do próprio Angel, por sua inspiradora atuação como professores e estudiosos. A Sinval Martins de Souza Filho, que facilitou minhas visitas à Terra Indígena Xerente. Aos funcionários da Secretaria de Pós Graduação do IEL, que me ajudaram muito durante estes anos. Ao Instituto de Estudos da Linguagem e à administração da UNICAMP por terem me acolhido e me dado a oportunidade de crescer intelectualmente e profissionalmente. Aos meus pais, que sempre me apoiaram neste projeto. vii "Phonetics gathers raw material. Phonology cooks it." Kenneth Pike ix RESUMO Xavante é uma língua da família Jê, falada por aproximadamente 13.000 indígenas que vivem no estado do Mato Grosso. O presente trabalho descreve a fonologia segmental desta língua, utilizando a abordagem fonêmica encontrada no livro Phonemics (PIKE 1971[1947]). Embora a fonologia do Xavante já tenha sido tratada por outros autores, a análise apresentada aqui contém uma variedade de observações e interpretações novas, apresentando soluções para alguns problemas que não foram resolvidos em estudos anteriores. O primeiro capítulo descreve a metodologia usada na pesquisa. Dados foram coletados através da utilização de publicações anteriores, que serviram como guia no desenvolvimento de questionários delineados para solicitar tipos específicos de dados lingüísticos. A pesquisa baseia-se em grande parte em dados solicitados a um informante, indivíduo alfabetizado em Xavante e em Português, que foram comparados com a fala de outras pessoas da mesma região dialetal. O capítulo 2 contém um breve sumário do contexto histórico e lingüístico do povo Xavante e uma revisão da literatura lingüística relevante, composta principalmente de trabalhos feitos por missionários do Summer Institute of Linguistics (SIL) e da Missão Salesiana de Mato Grosso, além da dissertação de Quintino (2000). O terceiro capítulo começa com um sumário da abordagem teórico-metodológica encontrada no livro Phonemics (1971[1947]) de Kenneth Pike. Esta abordagem foi escolhida em parte porque as análises anteriores da fonologia Xavante foram feitas a partir desta perspectiva, e os problemas fonológicos na língua podem ser claramente compreendidos quando vistos à luz das virtudes e limitações da abordagem Pikeana. Uma análise abrangente de todos os fonemas segmentais da língua é apresentada em seguida, com base na perspectiva de Pike e em trabalhos anteriores, além de dados e novas análises. Os fonemas /z, ʔ,ʌ/ e os segmentos de coda [p,m,b] e [j,j] são discutidos em detalhe e interpretados de xi uma forma diferente dos autores anteriores. A estrutura silábica é também analisada do ponto de vista Pikeano. O capítulo 4 descreve a evolução dos três diferentes sistemas ortográficos atualmente usados entre os Xavantes, mostrando que algumas das dificuldades enfrentadas pelos criadores destas ortografias refletem problemas na análise fonológica da língua. O capítulo 5 apresenta uma análise original dos segmentos de coda em Xavante. Um aspecto problemático da abordagem de Pike, decorrente do pressuposto de que fonemas são entidades indivisíveis, é discutido neste capítulo, bem como as tentativas de Burgess (1971) e Quintino (2000) de utilizar abordagens teóricas alternativas para analisar as codas em Xavante. Em seguida, apresenta-se o argumento de que as duas codas possíveis na língua, manifestadas respectivamente pelo conjunto neutralizado [p,m,b] e os alofones [j,j], representam dois segmentos fonológicos em contraste fonêmico na posição final da sílaba. O capítulo 6 resume criticamente o conteúdo dos capítulos anteriores e um apêndice trata dos problemas não resolvidos relacionados ao acento, ao alongamento de vogais e às alterações morfofonológicas. Palavaras-chave: Língua xavante – Fonologia; Línguas jê; Pike, Kenneth L. (Kenneth Lee), 1912-2000. Phonemics – Critica e interpretação. xiii ABSTRACT The present work reanalyzes the phonology of Xavante (Jê family, 13,000 speakers, Mato Grosso State, Brazil). Based on several previous analyses and the author's own fieldwork, the segmental phonology of the language is presented from the viewpoint of Pike's Phonemics . Syllable structure is defined with reference to the distribution of segments at phrase and morpheme boundaries. The phonological problems confronted by the creators of a spelling system for the language are also described. The distributional analysis of the syllable codas in the language is used to illustrate the problems with Pike's interpretation of neutralization. The attempts by Burgess (1971) and Quintino (2000) to use alternative theoretical approaches to analyze Xavante codas are discussed, and an original solution to the problem is presented. It is argued that the two possible codas in the language, manifested respectively by the neutralized group [p,b,m] and the allophones [j,j̃], represent two phonological segments in phonemic contrast in syllable-final position. A brief discussion of unresolved problems related to accent, vowel length, and morphophonological alteration is also included. Key words: Xavante language – Phonology; Gê languages; Pike, Kenneth Lee, 1912-2000. Phonemics – Criticism and interpretation. xv SUMÁRIO 111.01.0.0.0 INTRODUÇÃO 111 1.1 Conteúdo e finalidade deste trabalho 1 1.2 Metodologia e perspectiva teórica 2 1.2.1 Pesquisa bibliográfica e delineamento do problema 2 1.2.2 Corpus e levantamento de dados 3 1.2.3 Transcrição 9 1.2.4 Perspectiva teórica e método de análise 12 222.2...0000 Contexto etnográfico e lingüístico e revisão de estudos lingüísticos 151515 anteriores 2.1 Contexto histórico e situação atual do povo Xavante 15 2.2 Estudos Etnográficos sobre os Xavante 18 2.3 O lugar da língua Xavante dentro da família Jê 20 2.4 Listas de palavras do século 19 24 2.5 Estudos modernos sobre a língua Xavante 25 2.5.1 A fonologia Xavante 26 2.5.2 Morfologia e sintaxe 29 2.5.3 Dicionários 33 3.03.03.0 Análise dos fonemafonemass segmentais em Xavante conforme a abordagem de Pike (1971) 353535 3.1 Análise fonológica em Phonemics (PIKE 1971) 36 3.2 Sumário da morfologia Xavante 44 3.3 Visão geral dos fones segmentais e dos fonemas 61 xvii 3.4 Distribuição de consoantes e de seqüências consonantais em Xavante 69 3.5 Distribuição de sons vocálicos em Xavante 91 3.6 Divisão da sílaba e tipos silábicos 109 3.7 Fonemas consonantais em Xavante 121 3.7.1 Os fonemas /p/ e /b/ (bilabiais plosivas) 126 3.7.2 Os fonemas /t/ e /d/ (oclusivos alveolares) 132 3.7.3 Os fonemas /s/ e /z/ (fricativas alveolares) e [j,j̃] no final da sílaba 135 3.7.4 Fonema /ɾ/ (tap) 140 3.7.5 Fonema /w/ (aproximante bilabial) 145 3.7.6 Fonema /h/ (fricativa glotal) 147 3.7.7 Fonema /ʔ/ (oclusiva glotal) 148 3.8 Fonemas vocálicos em Xavante 151 3.8.1 Vogais anteriores fechadas [i] e [ĩ] 153 3.8.2 Vogais anteriores meio-fechadas e meio-abertas [e,ɛ,ẽ] 155 3.8.3 Vogais centrais [ɜ,a,ɐ̃] 158 3.8.4 Vogal posterior [u] 161 3.8.5 Vogais posteriores, meio-fechadas e meio-abertas [o,ʌ,ʌ̃] 163 4.04.04.0 FFFonologiaFonologia refletidrefletidaaaa n naaaa ortograortografiafiafiafia Xavante 167 4.1 Origem das diferentes ortografias Xavante 167 4.2 Fonologia refletida no desenvolvimento de ortografias para o Xavante 172 5.05.05.0 A interpretação ddeeee [p,b[p,b,,,,mmmm]] e [[[j[jjj,,,,j̃j̃j̃j̃]]]] no final da sílaba 179 5.1 As codas [p,b,m] e [j,j̃] em Quintino (2000)