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Revista de Cultura da Imprensa Oficial do Estado do JANEIRO 2013 - ANO X nº 32 – o Prelo

Estado do Rio de Janeiro

Burle Marx Teresópolis O trabalho do maior O município mantém paisagista brasileiro charme e muitos atrativos preservado em Guaratiba sob o Dedo de Deus GOVRJ-IOERJ-CertDIGITAL_AncRev211x281mm.pdf 1 18/10/12 14:27

GOVRJ-IOERJ-CertDIGITAL_AncRev211x281mm.pdf 1 18/10/12 14:27 GOVRJ-IOERJ-CertDIGITAL_AncRev211x281mm.pdf 1 18/10/12 14:27 Nesta Edição IDIOMA 04 Português para inglês ver

Sérgio Cabral LITERATURA GOVERNADOR Livro no Brasil: mais de Regis Velasco Fichtner Pereira 06 SECRETÁRIO DE ESTADO CHEFE DA CASA CIVIL duzentos anos de história

HISTÓRIA Haroldo Zager Faria Tinoco O Príncipe Rebelde Diretor-Presidente 10

Valéria Maria Souto Meira Salgado Diretora Administrativo-Financeira Jorge Narciso Peres Diretor-Industrial MÚSICA

Rua Prof. Heitor Carrilho, 81 12 Quinze anos de Centro - Niterói - RJ - CEP 24030-230 Música no Museu Telefone: 2717-4141 PABX

www.imprensaoficial.rj.gov.br CULTURA 14 A militância cultural do Arte Jovem ANO X nº 32

ARTES Rua Prof. Heitor Carrilho, 81 15 A História na palma da mão Centro - Niterói - RJ - CEP 24030-230 Assessoria de Comunicação Social - ASCOP Tels: (21) 2717-4682 Endereço eletrônico: MEMÓRIA [email protected] Preservação, difusão e Editado pela Assessoria de 18 Comunicação Social da Imprensa Oficial pesquisa no sítio Burle Marx

Assessora de Comunicação: Debora Ghivelder EDUCAÇÃO Redator: Luiz Augusto Erthal 23 Cursos online gratuitos: uma maneira fácil de adquirir conhecimento Estagiários: Daniel Ruela Isabel Muniz CINEMA Mariana Ghetti Natan Pereira 24 Câmeras para o povo Rafael Ribeiro Thaís Brito Programação Visual: Angela Duque MUnicípios Luis Fernando da Silva Reis 28 Teresópolis: Revisão: Assessoria de Comunicação Social Glamour e tradição aos da Imprensa Oficial pés do Dedo de Deus Capa: Foto de Rogério Reis/Tyba, Luiz Augusto Erthal e Daniel Ruela

Impressa no Parque Gráfico da AS OPINIÕES EMITIDAS NAS MATÉRIAS SÃO DE RESPONSABILIDADE Imprensa Oficial do Estado do Rio de Janeiro EXCLUSIVA DOS AUTORES o Prelo 3 Português para inglês ver Revista britânica ressalta a necessidade de aprender a língua portuguesa por conta do crescimento econômico de países lusófonos

Thaís Brito

língua portuguesa discussões sobre o novo A deve vir a se trans- Acordo Ortográfico, váli- formar no novo idioma do po- do desde 1º janeiro de 2009. der e dos negócios. É o que mostra (Para saber mais, confira a história a edição de outubro da revista bri- na página ao lado.) tânica Monocle, publicação especia- Neste contexto de promoção “A unificação da língua por- lizada em relações internacionais. A do idioma, órgãos, institutos e tuguesa se dá por motivos polí- edição especial, intitulada Geração associações que têm como meta a ticos, econômicos, de tentativa Lusofonia, dedicada aos países que ampliação do ensino da língua e de transformá-la em um idioma falam o idioma, faz esta aposta por de agregar propostas para inter- multinacional. É um processo de conta do crescimento de oportu- nacionalizar o português têm se descolonização linguística e, por nidades de negócios em diferentes destacado. A Comunidade dos Pa- isso, é interessante o Brasil ser o áreas, a perspectiva de superação da íses de Língua Portuguesa (CPLP), primeiro a usar. Além disso, existe crise econômica portuguesa, a Copa criada em 1996, reunindo Angola, essa movimentação agora para dar do Mundo de 2014 e Olimpíadas de Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, continuidade ao novo acordo que 2016, que terão como sede o Brasil, Moçambique, Portugal, São Tomé foi assinado em 16 de novembro de entre outros fatores. Com artigos e Príncipe, englobando, assim, 1990, em Lisboa. E por que somente sobre política, economia, cultura e quatro continentes e 230 milhões agora? Porque tem uma injunção design, o veículo traz ainda uma de pessoas com a adesão do Timor política e ideológica em torno dis- entrevista com o ministro brasileiro Leste em 2002, é uma das princi- so, a questão não é só linguística”, das Relações Exteriores, Antônio pais agentes. Já, no caso do Brasil, explica o professor da Escola de Co- Patriota, que também é menciona- a Comissão de Língua Portugue- municação da Universidade Federal do no artigo de abertura, escrito sa, órgão ligado ao Ministério da do Rio de Janeiro Phellipe Marcel. pelo editor Steve Boomfield, segun- Educação (MEC), surgido em 27 Assinado por todos os países da do quem já era tempo do mundo de setembro de 2005, apresenta CPLP, o novo Acordo Ortográfico reparar no universo lusófono. “É papel fundamental no apoio em permitiu uma unificação da língua hora do resto do mundo começar a atividades de divulgação do idioma portuguesa, que é a sétima mais aprender um pouco de português”, no exterior. Foi ela, por exemplo, a falada no mundo com 178 milhões escreve Boomfield. representante do Brasil durante as de pessoas, ficando somente atrás 4 o Prelo do chinês no topo, seguido do espa- “Achei interessante esta opção vontade de aprender uma nova nhol, inglês, árabe, hindi e bengali, por várias razões: ia trabalhar língua e acredita que a escolha segundo o site ethnologue.com, um numa empresa da área do petróleo pelo português será útil para sua banco de dados de pesquisas das - que é uma linha muito interes- carreira. línguas do mundo. sante e bem desenvolvida no Brasil “Eu tinha muita curiosidade A maior visibilidade do idioma -, teria a oportunidade de aprender de conhecer o Brasil. Como eu e o crescimento da importância de uma nova língua, fora melhores queria aprender uma nova língua, países que falam a língua são moti- condições de trabalho e salários. resolvi vir para cá por ser o único vos que têm despertado o interesse Além disso, receberá grandes even- país a falar um idioma diferente de muitos estrangeiros em aprender tos esportivos que estão ligados do espanhol na América Latina. Ao e viver nestes lugares, o que faz com diretamente com o desenvolvimento mesmo tempo, falar o português que este número tenda a subir. É e crescimento do país. Somado a pode acrescentar muito na minha o caso do engenheiro colombiano isso, a aprendizagem de uma nova vida profissional porque há um Carlos Esteban Henao Grisales, de língua sempre é uma ferramenta a grande interesse no idioma. Na 27 anos, que após fazer um inter- mais que nós, como profissionais, Alemanha, por exemplo, há alguns câmbio nos Estados Unidos decidiu podemos utilizar para nos qualifi- anos era difícil encontrar um curso se estabelecer no Brasil após conse- car melhor”, explica. que ensinasse a língua, mas agora guir um trabalho no país em uma No Brasil por conta de um existem muitos. O interesse vem empresa de montagem e construção intercâmbio acadêmico na Univer- aumentando tanto que na televisão industrial, localizada em Niterói, sidade Federal do Rio de Janeiro, a alemã são exibidos muitos docu- cidade da região metropolitana do estudante alemã Melitta Capolei, de mentários sobre o país”, conta a Rio de Janeiro. 22 anos, também foi movida pela aluna que veio de Berlim.­­­­ q

Novo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa será obrigatório em 2016 Brasileiros ganham mais tempo para se adaptarem às novas regras de ortografia

prazo de adequação ao novo do século XIX, quando o escritor Al- Modificativo ao Acordo da Língua O Acordo Ortográfico chegaria meida Garret defendeu a simplificação Portuguesa prever que bastava so- ao fim no último dia de 2012, mas e criticou a falta de normas que regu- mente a ratificação de três membros decreto assinado pela presidente larizassem a ortografia, e permanece para entrar em vigor em 2004. No Dilma Rousseff e publicado dia 28 de até hoje. mesmo ano, o Brasil assina, seguido dezembro, no Diário Oficial da União, O atual documento em vigor tem por Cabo Verde e São Tomé e Prínci- adiou a data da adoção obrigatória origem no Acordo de Ortografia Sim- pe, em 2006, permitindo a vigoração das novas regras para de 1º de ja- plificada entre Brasil e Portugal para a do acordo, tendo Portugal aprovado neiro de 2016. A partir desta data, o Lusofonia, de 1990, que é uma versão em 2008. uso das novas regras passará a ser do texto de 1986, criado na reunião de A principal proposta do acordo exigido em vestibulares, concursos, representantes dos sete países de lín- é “unificar a ortografia da língua seleções públicas e provas escolares gua portuguesa – Angola, Brasil, Cabo portuguesa que, atualmente, é o que cobrem saberes sobre ortografia. Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, idioma do ocidente que tem duas “A obrigatoriedade é pra fins públicos, Portugal e São Tomé e Príncipe – no grafias – a do Brasil e a de Portu- é para o estado poder cobrar realmen- Rio de Janeiro. A aprovação oficial do gal”, fazendo com que as diferenças te a adoção. As provas de concursos, acordo pelo Brasil e por Portugal só sejam resolvidas em 98%, acarre- por exemplo, já estavam sendo es- acontece, no entanto, em 1995, fazen- tando alterações na forma de escre- critas conforme o novo acordo, mas, do com que passe a ser reconhecido ver em 1,6% do vocabulário usado a partir de agora, vai ser cobrado o como o Acordo Ortográfico de 1995. em Portugal e de 0,5% no Brasil, conteúdo. No caso de livros, ensino Três anos depois, no Primeiro Protocolo segundo o Ministério da Educação em colégios, jornalismo, textos em in- Modificativo ao Acordo Ortográfico da (MEC). O projeto facilita a circulação ternet, tradução de programas para o Língua Portuguesa, estabelece que os de matérias como, por exemplo, português, o novo Acordo Ortográfico membros da CLPL devem ratificar as documentos oficiais e livros entre os já estava sendo adotado”, explica o normas propostas para que este seja países falantes de português, sem professor da Escola de Comunicação implantado. que haja a necessidade de adapta- da Universidade Federal do Rio de Já nos anos 2000, a questão da ção do texto. Somado a isso, o fato Janeiro Phellipe Marcel. unificação ganha mais força. Primeiro, de existirem duas grafias oficiais mais um membro, o Timor Leste, que dificultava o estabelecimento do Entenda o Acordo Ortográfico se tornara independente, foi incorpo- português como um dos idiomas A questão de unificar a escrita rado à CLPL em 2002. Depois, foi a vez oficias da Organização das Nações da língua portuguesa surge no início da aprovação do Segundo Protocolo Unidas.

o Prelo 5 Livro no Brasil: mais de duzentos anos de história

“Um país se faz com homens e livros”. A célebre frase de Monteiro Lobato revela a importância da educação e da leitura para a construção de uma pátria. Mas poucos conhecem a fascinante trajetória de mais de dois séculos no Brasil deste item fundamental para a difusão do saber Acervo Fundação Biblioteca Nacional Thaís Brito

de maio de 1808. 13 Esta data marca ofi- cialmente o início da história do livro no país, quando foi colocado um ponto final na interdição à publicação de impressos no Brasil a partir da criação da Imprensa Régia, instalada na cidade do Rio de Janeiro, mediante decreto do príncipe regente D. João. Mas isso não significa que algu- mas tentativas anteriores não tenham existido como, por exemplo, a do editor-impressor António Isidoro da Fonseca, Decreto que institui que implantou a primeira oficina a Imprensa Régia, assinado pelo então tipográfica no país, em 1747, e pu- príncipe regente D. João blicou os primeiros livros impressos brasileiros, e a do frei mineiro José em Salvador, na Bahia, que editou de 1825, funcionando até hoje na Mariano da Conceição Veloso, que obras em latim e em português. Já, capital carioca. comandou a Casa Literária do Arco na nova capital do Império Portu- Desta maneira, mesmo com as Cego (1799-1801), que pode ser con- guês, ela permaneceu sendo a única limitações para a impressão e circu- siderada a primeira editora brasileira, autorizada a funcionar até 1821. lação de livros, existia um comércio embora tenha sido criada em Lisboa, Além da Imprensa Régia, a cria- de produtos impressos ativo movido Portugal. ção da Biblioteca Nacional - fundada, por uma classe de leitores formada Contudo foi preciso a transfe- oficialmente, em 29 de outubro de pelas instituições de ensino e pelos rência da família real para o Brasil 1810 – teve papel relevante para o imigrantes letrados no Brasil. É, nes- no início do século XIX para que crescimento da importância do livro te contexto de expansão da imprensa fosse instalada a primeira tipografia no Brasil. O acervo trazido para a e da leitura, que começa a linha do estável e oficial. Os títulos saídos do nova sede do governo era composto tempo da história editorial brasileira. prelo da Imprensa Régia limitavam- por sessenta mil peças, entre elas, -se, inicialmente, aos documentos livros, manuscritos, mapas, es- Principais editores em ação da administração pública, mas, em tampas, moedas e medalhas, tendo no Rio de Janeiro pouco tempo, ele passou a publicar parte dele retornado à Europa após Além de contribuir para o de- obras de medicina, de economia, de o regresso da família real a Portugal. senvolvimento cultural do Brasil, direito, de história, além de livros di- Após a proclamação da independên- a Imprensa Régia abriu caminho dáticos e periódicos. O monopólio da cia, a aquisição da até então chamada para o crescimento do número de impressão do novo órgão no Brasil Biblioteca Real foi regulada mediante editores, tipógrafos e livreiros no durou até 1811, quando foi concedi- a Convenção Adicional ao Tratado país. A maioria veio da Europa para da licença a Manuel Antônio da Silva de Paz e Amizade, firmado entre se aventurar do outro lado do Atlân- Serva para instalar uma tipografia Brasil e Portugal, em 29 de agosto tico após a vinda da corte, porém 6 o Prelo Acervo Fundação Biblioteca Nacional havia profissionais que se formaram anos se desligou e voltou para a no país integrando este grupo. Eles França. A nova fase da Plancher foi também foram incentivados pela assinalada pela chegada de máquinas regulamentação da liberdade de im- nunca antes utilizadas no país: uma prensa em 28 de agosto de 1821 por impressora mecânica, uma rotativa decreto de D. Pedro após a Revolução e uma linotipo, equipamentos que Constitucionalista do Porto, um ano eram usados, sobretudo, na produ- antes, que promoveu um grande ção de jornais, sendo o livro um seg- interesse pela publicação de novos mento menor. Villeneuve retornou à trabalhos por todo o Brasil. França em 1844 e a firma ficou sob Ao longo do século XIX, a o comando de um sobrinho até 1890 tradição da influência francesa no quando passou a ser comandada por mercado de livros no Brasil foi in- José Carlos Rodrigues. tensificada. Paulo Augusto Martin, Outro estabelecimento que ocu- mais conhecido como Paulo Martin pa papel central no ramo editorial no Filho, foi um dos pioneiros. Seu pai, Brasil é a Livraria Garnier, instala- Paul Martin, francês radicado em da no Brasil desde 1844 e que teve Portugal, publicava livros e, assim início na França quando os irmãos que se tornou possível imprimir no François Hippolyte, Auguste Désire Brasil, seus filhos, Paulo Augusto e Pierre Auguste criaram a Garnier e João José, passaram a trabalhar Frères no Palais Royal, em 1837. neste ramo. A casa Martin publicou Com novas estratégias e métodos romances, novelas, folhetos políticos inovadores de comércio de livros, e obras como Marília de Dirceu, de criaram uma grande reputação no Tomás Antônio Gonzaga, impresso mercado e coube a outro irmão, em três volumes em 1810, e Ensaio Baptiste Louis, expandir o negócio e sobre a crítica, de Alexander Pope, que dirigir uma filial da livraria no Rio saiu no mesmo ano. de Janeiro, considerado um mercado O francês Pierre René Constant promissor e estratégico para a dis- Plancher de la Noé, que iniciou sua tribuição de livros em espanhol para carreira na França como aprendiz a América Latina. na fundição de tipos de J.C. Gillé, Legenda ninv legenda reformado após a Em pouco tempo, o empreendi- transformando-se em compositor nonon kmlkdki n lkbj mento ganhou destaque e tornou-se em 1798, também decidiu investir a principal casa editorial entre as no mercado editorial brasileiro. De- concorrentes com a edição e publi- pois de diversos problemas políticos Contrato firmado entre eo cação de importantes títulos da lite- com o governo francês, Plancher editor B. L. Garnier para a primeira edição da ratura brasileira e a venda de obras mudou-se para o Rio de Janeiro em obra Um Estadista do Império - Jose Tomas editadas pelos irmãos em Paris. Em de Araujo, sua vida, sua obra, sua época (em 1824. Enquanto esperava que a al- três volumes) 1852, Baptiste assumiu a condição fândega liberasse seus equipamentos, de proprietário exclusivo e depois de ele resolveu abrir uma loja provisória tante da cidade do Rio de Janeiro, sua morte, em 1893, a livraria pas- na Rua dos Ourives, nº 60, onde que adquiriu de Francisco Manuel sou a ser comandada pelo seu irmão comercializava obras de diversos Ferreira e Cia. quando ainda era Hippolyte. A Garnier, até a década de autores, entre eles, D’Alambert, chamado de Diário Mercantil. 20, era considerada a melhor no co- Dumas, Diderot e Mirabeau. Em 10 Vale destacar na trajetória de mércio de livros da capital, sobretudo de junho do mesmo ano, começou a Plancher a incorporação do processo pela importação de livros de autores atender na Rua do Ouvidor, primeiro de impressão planográfica conhecido europeus em francês e a difusão de no nº 80, depois nº 95, passando a como litografia, que foi inventado escritores da França em geral. Ven- publicar em português, sobretudo em 1798, mas que teve o uso ge- dida em 1934 a Ferdinand Briguiet, títulos relacionados à política e à neralizado em 1815, substituindo a transformou-se na Livraria Briguiet- administração. gravação em chapas de metal como -Garnier. Em 1951, a Difusão Euro- Dentre suas várias publicações, técnica mais indicada para a ilustra- péia do Livro (DIFEL) assumiu a filial destacam-se a primeira novela bra- ção de livros e a impressão de músi- que foi fechada em 1973. sileira, Statira e Zoroastes, de Lucas cas, medida que marcou o negócio. Já provenientes da Alemanha, José de Alvarenga, em 1826, com 58 Por conta da perda do apoio os irmãos Eduard e Heinrich Laem- páginas, e periódicos como o Specta- imperial, em 9 de junho de 1832, mert integram a lista de estrangeiros dor Brasileiro, veículo que durou até Plancher vendeu o negócio para que cruzaram o Atlântico e aju- 23 de maio de 1827, e o Jornal do Junio de Villeneuve e Réol-Antoine daram a escrever um capítulo im- Commercio, o mais antigo e impor- Mougenot, sócio que depois de dois portante da trajetória da produção o Prelo 7 editorial brasileira. Em Paris, Eduard Acervo Fundação Biblioteca Nacional Andersen. O segmento de didáticos trabalhou na firma de Martin Bossan- foi outro nicho que recebeu grande ge e veio para o Brasil para dirigir, ao atenção e investimento da editora. lado do português Souza, uma filial da O jornalista, advogado e escri- livraria criada em sociedade entre seu tor Monteiro Lobato, que começou chefe e o livreiro parisiense Aillaud. Eles sua trajetória como editor em 1918 se estabeleceram na Rua dos Latoeiros quando comprou, sem qualquer (hoje Gonçalves Dias), nº 88, e adota- experiência editorial, a Revista do ram o nome Souza Laemmert. Após Brasil, foi outra figura a optar pela o fim do contrato em 1833, Eduard publicação de livros escolares. A resolveu ficar no Brasil e começar seu obra A menina do nariz arrebitado, próprio negócio, a Livraria Universal. clássico da literatura infantil, que Junto com o irmão Heinrich, que veio saiu em 1920, e que ganhou uma para o país a seu pedido, inaugurou a versão escolar no ano seguinte inti- oficina tipográfica dos Laemmert em 2 tulada Narizinho arrebitado: segundo de janeiro de 1838. Responsáveis pelas livro de leitura para uso das escolas primeiras publicações da qualidade do primárias, foi um de seus principais Brasil, os irmãos Laemmert editaram títulos. Após a falência da editora almanaques, clássicos da literatura, Monteiro Lobato & Cia., em 1925, dicionários, coleções, obras técnicas e Lobato cria, ao lado de Octalles Mar- acadêmicas. condes Ferreira – que já era seu sócio Com um perfil distinto dos li- Paula Brito foi um dos principais nomes da no outro empreendimento –, a Com- vreiros vindos da Europa, o brasileiro história do livro no Brasil panhia Editora Nacional, que, entre Francisco de Paula Brito é considerado construir sua vocação editorial liga- as décadas de 1920 e 1970, marcou um dos principais impressores-edito- da à publicação de títulos escolares. a cultura brasileira por conta de seus res do século XIX. De origem humil- Atraída pelas novas condições de projetos editoriais e vasto catálogo de, Brito ingressou como aprendiz trabalho, marcadas pela expansão do dividido entre livros escolares e po- na Tipografia Nacional aos 15 anos. setor gráfico da qual a produção de esias, inicialmente, e, depois, com Depois de trabalhar com o livreiro e didáticos era beneficiada e pela pre- obras de diferentes tipos como área impressor René Ogier e, depois, com ferência por autores locais, a Livraria jurídica, saúde, divulgação científi- Plancher no Jornal do Commercio, Francisco Alves, editora carioca espe- ca, entre outras, apresentadas em inaugurou a célebre Loja do Canto, cializada neste segmento, instalou-se séries ou coleções. A editora conti- na Praça Tiradentes, em 1831. O local em abril de 1894 com o nome de nuou a publicar as obras do antigo era um misto de papelaria, tipografia Agência da Alves & Cia. Fundada pelo catálogo de Monteiro Lobato, mas, e livraria, ambiente em que foi criada português Nicolau Alves em 1854 com o tempo, passou a focar cada a Sociedade Petalógica – ponto-de- no Rio de Janeiro, a Livraria Clássica vez mais no mercado escolar. -encontro entre poetas, romancistas, de Alves & Cia. desde o princípio se líderes da sociedade e senadores. O Civilização Brasileira x dedicou ao nível secundário e depois José Olympio negócio expandiu, e como amigo de ao ensino elementar, após o comando D. Pedro Brito conseguiu apoio para passar para Francisco Alves de Oli- Fundada em 1929, a editora Ci- inaugurar a Empreza Typographica veira, sobrinho de Nicolau. A obra vilização Brasileira foi uma referên- Dous de Dezembro, em 1850. Além Coração, de Edmundo de Amicis, de cia singular na história da produção de livreiro, era um incentivador da 1891, que foi amplamente adotada de livros no Brasil. Seu principal cultura brasileira e dos escritores nas escolas brasileiras, foi um dos editor e responsável pela sua fama nacionais, tendo publicado obras de grandes acertos de Alves. foi Ênio Silveira. Com um catálogo Joaquim Manuel de Macedo, Martins O mercado escolar também diversificado – além de escritores Pena, Casimiro de Abreu, Machado de foi o carro-chefe da editora Me- brasileiros, o repertório da editora Assis, entre outros. Também criou lhoramentos. O negócio surgiu da era composto por autores estrangei- diversos jornais e editou a primeira sociedade firmada entre o alemão ros inéditos –, o design gráfico que revista feminina do Brasil, A Mulher M. L. Bühnaeds, que trabalhava no conferia unidade visual, sobretudo do Simplício, ou A Fluminense Exaltada, ramo de papelaria, encadernação e às capas, diferenciavam a editora em 1832, impressa por Plancher. importação de papel, com os irmãos das demais. São Paulo: a cidade dos Otto, Alfried e Walther Weiszflog, Sua principal concorrente era a livros didáticos seus conterrâneos. Depois da saída editora José Olympio, estabelecida no No final do século XIX, com do sócio, o trio passou a investir mercado em 1931. Consagrada pela o crescimento da escola pública no também na edição de livros, tendo publicação de autores nacionais, a estado de São Paulo e com o con- como marco a produção, em 1915, casa editorial publicou importantes sequente aumento da produção de do clássico da literatura infantil títulos como Vidas secas, de Graci- livros didáticos, a cidade começou a O patinho feio, de Hans Christian liano Ramos, O Quinze, de Rachel de 8 o Prelo Queiroz, Menino de engenho, de José Lins do Rego, A bagaceira, de José Américo de Almeida, e Grande sertão: veredas, de Guimarães Rosa. A Rua do

Ouvidor, 110, onde ficava a livraria, Olympio José Acervo foi um dos endereços mais agitados do Rio de Janeiro entre as décadas de 1930 e 1940 por conta das reuniões que aconteciam e contavam com a presença de seus autores.

Censura aos livros na ditadura militar A censura prévia, que já ocor- ria com o cinema, televisão, teatro, espetáculos públicos, entre outros, chegou ao mercado editorial depois da centralização do Serviço de Cen- sura e Diversões Públicas (SCDP), O escritor José Lins do Rego na porta da José Olympio Editora em Brasília. O Decreto-Lei que regulamen- tava a censura aos livros era o de nº que infringissem o artigo anterior O negócio do livro hoje 1077/70, cujo artigo 1º dizia que em livros e periódicos. A partir da década de 80, novas não seriam toleradas as publicações Com uma ação confusa e diver- editoras entraram no mercado edi- contrárias à moral e aos bons cos- sa, a censura era feita sem critérios torial brasileiro. Ao mesmo tempo, tumes em qualquer meio de comu- claramente definidos e mesclava algumas casas editoriais foram nicação; e o 2º afirmava que cabia confisco, apreensão, coerção física e incorporadas a outras como, por ao Ministério da Justiça, através do batidas policiais. Um alvo constante exemplo, a Civilização Brasileira e a Departamento de Polícia Federal, foi o editor Ênio Silveira, da editora José Olympio que foram compradas verificar a existência de conteúdos Civilização Brasileira. pelo Grupo Editorial Record, atual- mente o maior da América Latina, que surgiu em 1942 e se tornou Reabertura da Biblioteca do CCBB: uma editora em 1957. Entre as que surgiram neste o retorno de um espaço voltado para o saber período, a Companhia das Letras ganhou notoriedade. A empresa oa notícia para os amantes dos nasceu em 1986, tendo como editor- B livros e da boa leitura. Depois de -proprietário Luiz Schwarcz e, na dois anos fechada para reformas, a virada do século XX para o XXI, Biblioteca do Centro Cultural Banco do

Foto: Divulgação Divulgação Foto: tornou-se uma referência pela qua- Brasil teve as portas abertas novamente lidade técnica e pelo valor cultural para o público no dia 12 de outubro de de seus produtos. 2012. Criada em 1931, a Biblioteca do Na história do livro contem- Banco do Brasil tinha, originalmente, porâneo, as editoras se transfor- seu acervo formado por livros técnicos, maram em grandes empresas de mas após ser incorporada ao Centro Cul- comunicação em âmbito nacional tural Banco do Brasil, em 1989, ela se ou internacional. Neste quesito, a transformou em uma importante fonte Editora Abril, fundada por Victor de pesquisa nas áreas de artes, literatu- Civita e inaugurada em julho de ra e ciências sociais. Aproximadamente 1950, representa bem este modelo 150.000 exemplares compõem seu Sala de leitura após a reforma de negócios. Inicialmente dedicada acervo atualmente, entre eles quatro mil Serviço às publicações de revistas em qua- são de títulos infanto-juvenis devida- Biblioteca do Centro Cultural Banco do Brasil drinhos e fotonovelas, tendo como mente dispostos em um salão especial, Endereço: Rua Primeiro de Março, 66, 5º destaque na década de 70 a publica- que ganhou novo mobiliário após as andar - Telefone: (21) 3808-2030 ção de fascículos, enciclopédias e co- obras. A nova sala de audiolivros, que Funcionamento: de terça a domingo, incluin- do feriados, das 9 às 21h. leções, a editora na década seguinte passa a oferecer cerca de 150 títulos de Empréstimos: mediante cadastramento em se consolidou como um grupo de literatura gravados, pode receber até 10 biblioteca conveniada e apresentação de comunicação e se mantém no posto autorização do bibliotecário responsável. pessoas ao mesmo tempo. até hoje. q o Prelo 9 O Príncipe Rebelde

Há 190 anos, em pleno Campo de Santana, era coroado e sagrado Dom Pedro I. Mas antes, foi preciso rebelar-se contra a pátria mãe.

Daniel Ruela Núcleo de Documentação e Memória do Colégio Pedro II (NUDOM) do Colégio Pedro Memória e Núcleo de Documentação

No princípio do século XIX era sombria a situação financeira e política de Portugal. Erros políticos, imprevidências e hesitações tinham leva- do o país à incrível pobreza. Além disso, a aliança formada com a Inglaterra despertou a ira de um notório imperador francês. Era inimaginável pen- sar em resistir a Napoleão. Fugir e arriscar-se em tempestuosas águas rumo ao mais próximo refú- gio foi a opção escolhida. Sendo assim, pela primei- ra vez um rei abandonava o seu povo no antigo mundo e pisava em solo americano. No Brasil, a família real formaria seu novo lar. João Ribeiro, no livro “História do Brasil”, publicado em 1954 pela livraria São José, descreve a agitação da seguinte maneira: “E quando já os tambores franceses acor- davam os ecos da terra portuguesa, D. João dizia adeuses ao povo, que no cais de Belém se apinhava saudando entre lágrimas o soberano que partia.” Dom Pedro posa como o libertador da Nação Brasileira

O desembarque da família e O Rei voltou, mas a permanên- A resposta do monarca foi uma da corte portuguesa cia do príncipe regente Dom Pedro desobediência formal às cortes por- Com a chegada da família I no decorrer de 1822 e os atos das tuguesas, uma aliança firmada com real o país passou a ser a sede da Cortes em Portugal estimularam os brasileiros e, portanto, o primeiro monarquia luso-brasileira. Neste a independência e a decisão de D. ato de independência. A ameaça de contexto destaca-se a estruturação Pedro de permanecer no Brasil em 9 um iminente bombardeio mobilizou 2 e oficialização da nova casa como, de Janeiro de 1822, conhecido como mil homens a saírem de seus quartéis por exemplo, a libertação das in- o dia do Fico. e apoiarem os patriotas e as tropas dústrias nacionais e a criação da brasileiras. Reuniram-se no Campo de A permanência do príncipe Imprensa Nacional. Dava-se origem Santana, mas o conflito com as forças ao primeiro jornal impresso no país, O ‘Dia do Fico’ foi uma decisão reacionárias lusitanas nunca aconteceu. a Gazeta do Rio de Janeiro. Em con- tomada, a respeito de uma petição Segundo o professor Geraldo trapartida, Portugal pressionava o assinada por oito mil patriotas so- Pinto Vieira, do Núcleo de Documen- retorno de Dom João VI ao seu país licitando a permanência do príncipe tação e Memória do Colégio Pedro e ao seu povo. A imprensa lusitana no país. Ele se pronunciou com base II, influentes jornalistas da época, também se mostraria presente, dis- em uma frase célebre: “Como é para como Gonçalves Ledo do jornal Re- tribuindo panfletos com propaganda o bem do povo e felicidade geral da vérbero Constitucional Fluminense, política, primeiro em Portugal e nação, estou pronto, diga ao povo defendiam a libertação do Brasil de depois no Brasil. que fico”. Portugal. O pesquisador lembra tam- 10 o Prelo bém que no mesmo contexto surge A sagração e coroação Pedro I. Lá foi coroado e sagrado o Correio Braziliense com redações do novo Imperador Imperador do Brasil no dia 1o de libertadoras do jornalista Hipólito da A aclamação de Dom Pedro em dezembro de 1822. O cultuado ar- Costa que seriam importantíssimas 12 de Outubro de 1822, dia de seu tista frânces Jean-Baptiste Debret no processo de promoção do Brasil aniversário, oficializa o movimento foi o responsável pelos desenhos de colônia à nação. de Independência e o consagra como da bandeira do novo império e da Por outro lado a ação de José Bo- Imperador Constitucional do Brasil, nova nação. O verde e o amarelo nifácio com seu Manifesto às Nações iniciando-se o primeiro Reinado. transformaram-se nas cores na- Amigas definiu o episódio do grito do De iminente campo de guerra cionais, e o próprio imperador foi Ipiranga, formalizando a independên- o Campo de Santana passou a ser o responsável pela música do hino cia em 7 de setembro de 1822. local da aclamação pública de D. da independência nacional. q Núcleo de Documentação e Memória do Colégio Pedro II (NUDOM) do Colégio Pedro Memória e Núcleo de Documentação

O imperador compõe o novo hino cercado de seus compatriotas De Campo de Sant’Anna a Praça da República

Em 1753, era chamado seu entorno, como a sede do Corpo de sede dentro do Campo de Santana, E de “Campo de Sant’Anna”, Bombeiros Militar do Estado do Rio de é a responsável pelo fornecimento de por conta da igreja nele cons- Janeiro, a sede da Prefeitura, a Casa da alimento para as aves e as famosas truída, local de reza e devoção Moeda do Brasil - atual Arquivo Nacio- cutias. Além disso, voluntários, ONGs que foi demolido em 1854 para nal - e a Faculdade de Direito da UFRJ. e outras instituições também fazem dar lugar à Estação Ferroviária Recentemente, o Instituto do Pa- um honroso trabalho de proteção e Dom Pedro II. Anos depois, no lugar trimônio Histórico e Artístico Nacional de defesa das espécies do local. da antiga estação, foi inaugurada (Iphan) anunciou o tombamento do O Campo de Santana, ou Praça a Estação Central do Brasil. Nos ar- parque que já era reconhecido, e por da República, serve a muitos como redores do campo que um dia já foi isso protegido, como patrimônio esta- um respiradouro natural encravado no um pântano, se oficializou também a dual. Um reconhecimento pelas belezas fervilhante coração do centro da cidade Proclamação da República em 1881. paisagísticas equilibradas por 155.200 do Rio de Janeiro. Lá, ruas, vielas, par- A partir de então o local é oficial- metros quadrados de área verde. ques e praças conservam lembranças mente nomeado: Praça da República. O parque também é conhecido por de nossa história e de momentos his- Com o passar dos anos, outros abrigar diversas espécies de animais. A tóricos que possibilitaram o progresso edifícios foram sendo erguidos em Fundação Parques e Jardins, que tem e a construção da nação brasileira. o Prelo 11 Quinze anos de Música no Museu Concertos gratuitos difundem o repertório clássico em mais de 40 espaços públicos

Isabel Muniz falam sobre a época em que com- posição foi concebida e dão infor- m dezembro, a série de concer- mações sobre os autores. Os alunos tos gratuitos Música no Museu E que comparecem aos concertos têm completou 15 anos e já tem novida- Fotos: Daniel Ruela Daniel Fotos: uma média de idade entre 11 e 20 des para o início de 2013, como a re- anos, e não são só eles que apren- alização do 1º Festival Internacional dem. “O Música no Museu está me de Jazz. O projeto leva apresentações proporcionando um aprendizado. de música clássica diariamente a Eu também sou um espectador”, mais de 40 museus, palácios, igrejas acrescenta o responsável pela imple- e centros culturais cariocas, além mentação do projeto no país. de estar presente em outros estados brasileiros e até no exterior, como O desejo de renovar a em Portugal, República Tcheca e música clássica Estados Unidos. Ao dar a chance de jovens O advogado e administrador de músicos se apresentarem em locais empresas, Sérgio da Costa e Silva, de prestígio para uma plateia inte- foi quem trouxe em 1997 o Música ressada, conhecedora e que possui no Museu para o Brasil. Com este artistas de renome como espectado- mesmo título, a série era realizada res, o Música no Museu consegue em importantes museus do exterior, Sérgio da Costa e Silva apresenta os instru- renovar o cenário da música clás- no Metropolitan, The Museum of mentistas à plateia em todos os concertos do sica. O projeto tem uma Orquestra Modern Art (MoMA), Guggenheim Música no Museu Jovem, a qual coloca em contato os (Nova York), Louvre, Picasso, novatos com profissionais estran- Montmartre (Paris), Gulbenkian tendo como foco os jovens, e ainda, geiros, o que segundo Sérgio da (Lisboa), Prado (Madrid), entre ou- incentivar a ida aos museus. Fre- Costa e Silva promove um encontro tros. A diferença é que na versão quentemente, escolas públicas levam em que os brasileiros só têm a ga- brasileira os concertos são gratuitos alunos para assistir a apresentações nhar. “Nós temos um intercâmbio e há apoio de embaixadas e consula- do Música no Museu, e logo após o com consulados, embaixadas e ins- dos brasileiros na divulgação. concerto os jovens são levados para titutos culturais de outros países, Em uma de suas viagens para uma visita guiada no local e apre- que com frequência nos oferecem a fora do país, Sérgio da Costa e Silva ciam as exposições. participação de músicos estrangei- resolveu “importar” a ideia. “Eu A professora de ensino fun- ros. Quando isso ocorre realizamos viajava muito e ia aos museus do damental do Centro Institucional oficinas para os músicos da nossa exterior, sempre me dediquei à parte Pedagógico Filipenses em Realengo, Orquestra Jovem, possibilitando cultural dos países em que visitava. Cláudia Xavier, trouxe alunos seus um intercâmbio de experiências.” Os museus mais importantes ti- para visitar o Museu Nacional de Em março de 2013 será re- nham programas de música, aí eu Belas Artes do Rio de Janeiro, onde alizado o VI Concurso de Jovens tive a ideia de fazer no Brasil tam- assistiram à apresentação do Trio Músicos – Música no Museu, cujo bém, com o mesmo nome: Música D’Ambrosio. “Moro no Rio há 40 vencedor estudará por dois anos no Museu. Tudo começou em 1997 anos, e é a primeira vez que venho nos EUA e ganhará uma bolsa de quando apresentei a proposta a aqui e meus alunos também. Nós U$$ 105 mil da James Madison Heloísa Lustosa, diretora do Museu queríamos hoje fazer um passeio University, localizada na Virginia. Nacional de Belas Artes na época, e de despedida do 5º ano, queria Jovens de todo o Brasil podem se ela aceitou. Inicialmente era num proporcionar a eles algo que fosse inscrever: o concurso tem cerca de museu só e uma vez por semana, enriquecedor. A gente pensa que o 100 candidatos por ano. mas com o tempo houve um cresci- Rio é só praia, por isso os trouxe Aos 25 anos de idade, Henrique mento geométrico, a partir de 2010 para um passeio cultural”, relata a Medeiros foi o vencedor do concurso os concertos já eram diários”, conta professora que neste mesmo dia já em 2012 e viaja em agosto deste o advogado que não possui nenhu- havia levado seus alunos a outros ano. “Foi muito emocionante para ma formação musical. centros culturais cariocas. mim, já morei nos EUA anos atrás Um dos principais objetivos do Os concertos são feitos de forma e sempre sonhei estudar música lá, projeto é proporcionar uma melhor didática, no início os músicos con- mas não tive oportunidade”, diz o difusão da música clássica no país, textualizam as obras apresentadas, percussionista que já estudou no 12 o Prelo O Trio D’Ambrosio encanta o público em concerto natalino no Museu Nacional de Belas Artes, mesmo lugar onde o projeto se tornou realidade há 15 anos

Conservatório Brasileiro de Música e religioso será sediado no Rio de de Verão (janeiro/março), de Outono tocou por quatro anos na Orquestra Janeiro, e neste contexto todas as (abril/junho), de Inverno (julho/ Sinfônica Brasileira Jovem. Henrique apresentações do Música no Museu setembro), de Primavera (setembro/ é assíduo participante dos concertos ficarão a cargo de profissionais em novembro), Grandes Concertos de do Música no Museu, tocou em início de carreira. Natal (dezembro). Mensalmente são 2007, 2008 e 2009. E se prepara para Os planos e privilegiados naipes como cordas, se apresentar no projeto no dia 28 novidades para 2013 sopro, piano, voz e harpas. Agosto de fevereiro na Austrália, a convite O projeto mudou o calendário é o mês das cordas e setembro o do do pianista João Carlos Assis Brasil. da música clássica no país, com con- piano. Além disso, os concertos res- peitam temas como música antiga Um universo não certos durante todo o ano. E inova restrito à música novamente ao organizar em janeiro e datas redondas de grandes com- positores. Um diferencial do Música no o I Festival de Jazz. Já no mês se- Outro plano é expandir a versão Museu é que ele não é um proje- guinte, é a vez do Clássicos do Car- internacional do projeto, com apre- to voltado somente aos fatos que naval, em que músicos de formação sentações de artistas brasileiros com ocorrem no âmbito musical, mas clássica tocam versões dos sucessos um repertório nacional em cidades à cultura em geral. De acordo com da festa Momesca. Em março, os da Austrália, Vietnã, Argentina, Sérgio da Costa e Silva este é um dos concertos serão femininos, somente Espanha, Portugal e EUA. ingredientes desta receita de sucesso. com musicistas e compositoras mu- No Brasil o projeto só não está “O Música no Museu é muito atual, lheres. Maio terá como carro-chefe presente na região Centro-Oeste, se adequa a esses movimentos na a harpa com o VIII RioHarpFestival, com exceção de Brasília. Ao longo cidade e no país. Isso, aliás, é uma evento internacional que colocou o destes 15 anos de existência, o Músi- das razões para o seu sucesso, que Rio de Janeiro no circuito mundial ca no Museu já registrou um público se mantém no panorama cultural do instrumento. de 400 mil pessoas. brasileiro nestes 15 anos e sempre Com a preocupação também com destaque. A diferença é que com o mercado de trabalho para o nós procuramos sempre adequar o músico no país, há também uma Serviço projeto à realidade.” atividade paralela ao projeto: o Em- Para saber mais sobre o pro- Em julho o programa irá con- preendedorismo na Área Musical em jeto e o calendário de apresen- dezembro, já na 7ª edição. templar somente músicos jovens, de tações acesse: Música no Museu se divide em até 25 anos, em função da Jornada www.musicanomuseu.com.br Mundial da Juventude. O evento cinco temporadas anuais: Concertos o Prelo 13 Fotos: Matheus Accorsi

Músicos se apresentam em mostra do AJB e prestam tributo ao Musifest, evento Aos 80 anos, o escritor Fernando Borel posa com as integrantes do de música instrumental movimento Ana Clarissa Fernandes e Luana Muller A militância cultural do Arte Jovem

Isabel Muniz acontece mensalmente e reúne artis- nando Borel lançou duas publica- tas musicais, fotógrafos, escritores, ções: Doce Fragilidade e O Menino de poetas, pintores, entre outros artis- Tejipó. O primeiro livro contém poe- ovimento cultural nascido tas. São duas apresentações musicais sias, já o segundo é uma coletânea de M em Niterói, o Arte Jovem por edição, já exposições, cineclubes, textos com histórias e memórias do Brasileira (AJB) está com a con- lançamentos de livros variam em escritor pernambucano de sua terra vocatória aberta para 9ª edição da quantidade. As atividades acontecem natal. Fernando Borel faz parte do Mostra de Arte Livre e Sincera, a ser sempre em uma segunda-feira, no grupo há seis anos. “Em tudo que realizada este ano. No ano passado o Convés, estabelecimento no centro diz respeito à literatura no AJB estou AJB completou 10 anos, nos quais de Niterói. ciente. Aqui cuido do Reboco Literá- deu chance a inúmeros artistas, Para participar basta se inscre- rio, em que os visitantes vêm e es- vindos de diversos lugares do Brasil, ver no site do AJB e se enquadrar em crevem pensamentos, declarações”, de exibir seus trabalhos e promoveu uma das modalidades (artes visuais, relata o autor de 80 anos de idade. debates acerca da política cultural performance, literatura, audiovisu- Cerca de 50 pessoas trabalham niteroiense. al, oficinas de livre expressão e mú- para fazer acontecer os eventos do Segundo um dos fundadores sica). Todos os inscritos automatica- AJB. O movimento também tem do AJB, Carlos Alberto Gomes, o mente irão se apresentar. A última alguns parceiros, que por vezes movimento começou sem preten- mostra foi em dezembro de 2012, e a contribuem.“Toda a quantia é au- sões. “Tudo começou como um próxima ainda não tem data definida togerida, todos os integrantes do grupo que organizava shows a fim para acontecer. Provavelmente em movimento, mesmo os mais novos, de dar espaço a quem não tem. Nós abril ou maio. que participem da reunião em que não pensamos em criar um movi- Desde o início, o Convés cedeu são decididos o uso de recurso, al- mento, as coisas aconteceram. Um gratuitamente o espaço para abrigar guma agenda, têm acesso a todas movimento cultural não é fundado a mostra. Para Adenor Guimarães, as instâncias de decisão. Não temos ou criado, ele nasce. Depois de um dono do estabelecimento, manifes- um coordenador ou presidente. O tempo pensamos em quanta gente tações deste tipo podem contagiar grupo inteiro decide.”, destaca Carlos aparecia para não só curtir o evento as pessoas. “A intenção do Convés Alberto, que acredita que esta é uma mas discutir cultura”, relembra o é apoiar a cultura. Dentro do AJB importante característica do movi- psicólogo e produtor de vídeos. comecei a pintar, estou aprendendo mento e que o diferencia dos demais. Os eventos realizados pelo a tocar um instrumento, isso me Serviço grupo são gratuitos, como peças de inspira”, diz ele. teatro, cineclubes, palestras e ciclos Existe também o selo indepen- Para conhecer todas as ativi- de debate, onde se discutem políti- dente Arte Jovem Brasileira, que dades do grupo e ficar por dentro cas culturais. O maior destaque é a produz música e lança livros. Na da programação do AJB acesse o site: www.artejovem.org. Mostra de Arte Livre e Sincera, que mostra de dezembro, o autor Fer- 14 o Prelo A História na palma da mão Artista baiano retrata grandes personalidades em obras minimalistas

Natan Pereira entre miniaturas de políticos, personalidades do mun- É do da música e literatura, que o artista baiano José Andrade Santos, o popular ceramista Zé Andrade, trabalha em seu ateliê no bairro de Santa Teresa, no centro do Rio Natan Pereira Fotos: de Janeiro. Feitos com argila e água, os bonecos dispostos pelas prateleiras têm tamanho em torno de 12 centímetros. As esculturas de Zé Andrade têm por objetivo eternizar em barro figuras que contribuíram ou contribuem para a his- tória do Brasil e do mundo. A galeria é vasta. Artistas como o cartunista Ziraldo, o escritor Machado de Assis, o compositor Pixinguinha, e até mesmo o atual presidente do Supremo Tribunal Federal, Joaquim Barbosa, são alguns dos personagens retratados pelo artista. “Tento fazer sempre um trabalho que tem a ver com a história. Opto por pessoas que contribuem para a história. O meu trabalho é de humor, ligado ao Pasquim, jornal que lia quando criança”, explica Zé Andrade como é feita a escolha dos seus bonecos. O artista conta com um grande acervo produzido ao longo de quarenta anos. O trabalho é feito de forma artesa- nal. Zé Andrade cuida sozinho de todas as etapas do proces- so, desde a concepção até os detalhes finais, passando pela venda das peças, feita através de seu site. O artista começou Vista da retaguarda da Fortaleza de Santa Cruz da Barra, a quando criança, quando ainda vivia no interior da Bahia partir do ponto de observação do Forte de São Luiz produzindo brinquedos para os irmãos e amigos. Ele com- para a sua profissão com a de cientistas: “O artista é alguém que dá sequência ao trabalho de Deus. São pessoas que querem embelezar a vida”. q Zé Andrade teve a sua primeira exposição em 1987 Homenagem a Augusto dos Anjos o momento, Zé Andrade Nestá mergulhado na histó- ria do poeta paraibano Augusto dos Anjos. Com poesias que continham citações médicas, é considerado um poeta raro. Com a conclusão do curso de direi- to na Universidade de , Augusto dos Anjos nunca foi aceito como poeta pelos intelec- tuais nordestinos. Ele se mudou para o Rio de Janeiro, mas não teve sucesso, uma vez que foi contemporâneo de Olavo Bilac, conhecido como o príncipe da poesia. Depois, mudou-se para Leopoldina, Minas Gerais, e fale- ceu em pouco tempo. Para homenagear o artista como João Batista Melo e Manoel Nordeste) que será impresso na que completaria 130 anos de Santamaria, do jornalista Helio Nova Imprensa Oficial. O tributo nascimento e 100 de morte em Fernandes Filho e do professor se completará com uma exposi- 2014, Zé Andrade contou com a Moacy Bastos, para produzir um ção com bonecos de cerâmica do luxuosa colaboração de poetas cordel (gênero muito comum no poeta. o Prelo 15 Augusto dos Anjos Charles Chaplin Salvador Dali Fernando Pessoa

Monteiro Lobato Dom Quixote

Ferreira Gullar Máscara e boneco foram feitos em homenagem ao jornalista Machado de Assis

Alfred Hitchcock Moacyr Luz Guimarães Rosa 1616 oo PreloPrelo De frade a artesão atural de Ubaíra, interior da Bahia, Zé An- drade nasceu em uma família humilde em N22 de janeiro de 1952. Filho mais velho de Oscar José Santos e Áurea Maria Andrade Santos, ele tem onze irmãos. Sempre habilidoso, sofria diversas críticas por viver em uma época em que o dom para as artes era positivo apenas para o sexo feminino. Os homens deveriam trabalhar na roça e Zé Andrade sempre teve habilidade para criar e produzir brinquedos. A rotina na pequena Ubaíra incluía idas à missa uma vez por mês, acompanhado da tia. Menino, ele se encantava com um mural que existia no teto da igreja baiana e com a luz que entrava através dos vitrais. Sempre tentou imitar as formas arquitetônicas do local. Como tinha muito medo do escuro, sua tia contou, no intuito Detalhe do ateliê do artista: ele cuida do processo de produção de ajudá-lo, uma história de Monteiro Lobato e Zé Andrade ficou fascinado pelo autor. Aos dez anos, mudou-se para Minas Gerais com a família. Porém, sem alcançar o sucesso sonhado pelo seu pai de enriquecerem através da extração do ouro, os Andrade decidem voltar para a Bahia. Com sua família acreditando que o jovem tinha vocação religiosa, ele foi obrigado a frequentar o seminário. A contragosto, tornou-se frade capuchi- nho e percebeu que se mergulhasse nos livros seria menos punido. Ainda no colégio, se tornou o maior produtor de terços da região, mas não ficou muito tempo por lá, nem na vida religiosa. Zé Andrade entendeu que para se especia- lizar como escultor não poderia continuar em sua cidade natal. Acreditava que alcançaria seu objetivo se chegasse ao Rio de Janeiro ou a al- gum outro país. Em 1972, com apenas 20 anos e sem apoio financeiro algum, mudou-se para a capital carioca e enfrentou dias difíceis. Por algum As peças, quem têm em torno de 12 cm, podem ser compradas pelo site tempo, teve por endereço as areias da Praia de Copacabana. Com apenas um alicate, começou trabalhando com bijuterias. Três anos mais tarde, bateu na porta da re- dação do jornal O Pasquim em busca de emprego. Virou colaborador. Em 1978, fez a sua primeira exposição no Sesc – Tijuca. O sucesso foi tanto que animou o cineasta Vitor Lustosa a produzir o curta-metragem Barro Humano. Atualmente, aos 61 anos, Zé Andrade tem uma produção mais restrita. Parte do seu acervo pôde ser vista recentemente no Centro Cultural Banco do Brasil. Ao todo, foram apresentadas 36 miniesculturas de escritores brasileiros na exposição Na Palma da minha mão.

Serviço Zé Andrade www.zeandrade.com Telefones: (21) 2242-1415 (21) 8166-9698 - (21) 9332-3909 Personalidades que contribuíram para a cultura brasileira, como Nelson Cavaquinho e , estão na galeria de personagens o Prelo 17 O ateliê abriga obras como os quadros pintados pelo próprio Burle Marx O jardim em frente à casa de Burle Marx possui espécies de plantas coletadas pelo paisagista ao longo de suas expedições e é considerado uma das mais belas vistas do sítio. O lago e a pequena cascata formam um agradável cenário para os visitantes Preservação, difusão e pesquisa no sítio Burle Marx

Mariana Ghetti O paisagista foi um verdadeiro artista com um acervo de mais de três mil chamado “Sítio Santo Antônio da moradores da região por conta da em um centro de estudos de pai- de “monumentos vivos” e através de e quinhentas espécies. Plantas orna- Bica”, havia, em sua maioria, cul- abundante nascente de água, utili- sagismo, botânica e conservação jardim é a natureza orde- suas obras contribuiu para o enrique- mentais e exóticas, a maioria nativa tivos de frutas no local. Foi então zada atualmente pela administração da natureza. A partir de 1985, “O nada pelo homem e para o cimento cultural do país. proveniente de coletas e expedições que o paisagista começou a trazer para irrigar as espécies. o Sítio passou a se chamar Sítio homem.” Nas palavras de Roberto feitas pelo próprio Burle Marx, fa- novas espécies e iniciou uma das Burle Marx viveu durante 21 Roberto Burle Marx, e de acor- O Sítio Burle Marx, um dos mais importan- zem parte da coleção botânica do mais famosas coleções de plantas anos no Sítio, mudou-se em 1973 do com a vontade de seu doador tes paisagistas brasileiros do século O Sítio Roberto Burle Marx, Sítio. O paisagista costumava fazer nativas e estrangeiras do mundo. e permaneceu lá até sua morte, em transformou-se em um centro de XX, os jardins, importante forma de em Barra de Guaratiba, no Rio de frequentes buscas por espécies nos Antes de pertencer a Burle Marx, 1994. Em 1985, o paisagista doou pesquisa, preservação e difusão de contemplação da natureza, ganham Janeiro, é uma das mais extraor- mais variados ecossistemas, sempre o Sítio era conhecido pela comuni- a propriedade à então Fundação conhecimentos botânicos. um novo significado. Mesmo após dinárias realizações do paisagista. à procura de plantas de interesse dade local graças a Capela de Santo Nacional Pró Memória, hoje IPHAN Depois da morte de Burle Marx, sua morte, em 1994, Burle Marx Com extensão de 360 mil metros ornamental. Antônio, onde até hoje são realiza- (Instituto Patrimônio Histórico e os objetos da casa em que o paisa- figura, ainda hoje, como um dos quadrados, foi nomeado Patrimônio Em 1949, ano em que Burle das procissões e missas. Além da Artístico Nacional). Com a doação, gista viveu passaram por um or- maiores defensores da flora brasileira. Cultural Brasileiro, em 1985, e conta Marx comprou o Sítio, na época Capela, também era visitado pelos ele pretendia transformar o lugar çamento técnico para o inventário, 18 o Prelo o Prelo 19 Fotos: Daniel Ruela concluído em 1999. A partir dessa data a casa foi aberta ao público para visitação. O extenso acervo botânico deixado por Burle Marx começou a ser registrado e mapeado em 1985, trabalho que continua sendo feito até agora. “O inventário botânico do Sítio ainda está em andamento. Estamos realizando uma conferência desse acervo, que é dinâmico. Ainda há espécies que precisam ser identifi- cadas”, explica Marlon Costa, Chefe da Divisão Técnica do Sítio. O paisagista e funcionário da instituição há 13 anos defende a importância do local para a flora brasileira. “O Sítio possui espécies, a maioria em risco de extinção, A fachada do ateliê foi construída com pedras de cantaria de uma antiga construção no Centro do Rio que não se encontram mais na natureza. Aqui é possível produzir conhecimento para a botânica e para o paisagismo desde a identi- ficação até o comportamento das espécies. A coleção pode contribuir ainda com estudos mais avançados em genética das plantas, já que elas se encontram em um único lugar”, explica Marlon. A beleza do Sítio Roberto Burle Marx não se resume somente a sua variedade e abundância de espécies. As construções como o prédio da administração, a casa onde Burle Marx viveu e seu ateliê constituem um belo cenário para os visitantes. “O Sítio procura abrir cada vez mais as portas para a comunidade. Pretendemos aumentar o número de visitas e franquear o local para Do interior da Capela é possível admirar as A Capela de Santo Antônio é usada em dias de espécies do sítio procissão do santo casamenteiro o público que desejar visitar sem prévio agendamento”, assegura além da biblioteca com mais de três A casa de Burle Marx é um dos Marlon Costa. mil títulos na área de botânica. mais belos atrativos do Sítio. O pai- O Sítio recebe, em média, 700 Próximo ao prédio da adminis- sagista foi um grande admirador de pessoas por mês, a maioria turis- tração há dois sombrais - estufas arte, e além de colecionador também tas, estudantes e pesquisadores. As cobertas com telas de sombrite - que foi escultor e pintor. Seu acervo abri- visitas guiadas acontecem de terça filtram a luz do Sol e servem para ga muitas esculturas em cerâmica, a a sábado, às 9h30 e às 13h30, para enviveirar as plantas que necessitam maioria do Vale do Jequitinhonha, grupos de até 35 pessoas. É neces- de sombra. O maior sombral possui em Minas Gerais. Carrancas do Rio sário agendar previamente e pagar cerca de sete mil metros quadrados São Francisco, pinturas e esculturas uma taxa de R$10,00 por pessoa. e foi batizado de Graziela Barroso, confeccionadas pelo próprio Burle Durante o passeio, guias treinados em homenagem à famosa botânica Marx e por outros artistas, arte pré- percorrem o local e contam sua his- brasileira e grande amiga de Burle -colombiana e móveis de decoração tória. O itinerário começa no prédio Marx. Localizada ao lado da casa em madeira também enriquecem o da administração, construído após a onde o paisagista viveu, a Capela de ambiente. doação de Burle Marx. O local abri- Santo Antônio é usada ainda hoje Os visitantes podem conhecer ga diplomas, medalhas e prêmios pela comunidade local em dias de os cômodos que foram mantidos do do renomado paisagista. O prédio procissão. Os devotos percorrem o mesmo jeito de quando o paisagista conta ainda com um auditório, um caminho que começa na entrada do era vivo. No quarto de Burle Marx laboratório e um pequeno herbário, Sítio e termina mais acima, na capela. ainda é possível encontrar roupas 20 o Prelo e itens pessoais. O lago e o jardim chamam a atenção em frente à casa também são ou- de quem passa. Dila tras grandes atrações. A beleza e Bahiense, professora a mistura de cores das plantas se da oficina “Cidada- complementam com o lago e o muro nia Sócio Ambien- construído com pedras de demolição. tal” da Universidade Marlon Costa conta uma his- Aberta da Tercei- tória da época em que o paisagista ra Idade da UERJ, habitava a casa. “Burle Marx gos- aprova o passeio. “O tava de fazer grandes recepções Sítio Roberto Burle e cozinhar para muitos. Cesar, o Marx proporciona mordomo dele, uma vez perguntou um maior contato por que tantas festas e reuniões com o meio ambien- para a sociedade, e Burle Marx mos- te cultural e físico. trou a ele muitos dólares. Durante Trouxe uma tur- as festas ele vendia seus quadros, ma de 21 alunos da joias e objetos confeccionados, e esse terceira idade para dinheiro ajudava a manter o Sítio, que eles possam ter o trabalho de pesquisa e a coleção um momento de de espécies.” integração com a Próximo à casa, encontra-se a natureza ao mes- cozinha de pedra, área externa onde mo tempo em que Burle Marx costumava receber suas percebem a beleza do visitas. Em uma das paredes, sobre local e do trabalho de os azulejos, há uma grande pintura Burle Marx”, conta, feita pelo paisagista. Além do espaço animada. coberto há também uma cascata, Dila analisa ain- que proporciona sensação de refres- da as espécies do Sí- cância aos visitantes, e junto com o tio e elogia a organi- O caminho que leva à casa de Burle Marx é rodeado pelas mais belas jardim completa o ambiente. espécies nativas e estrangeiras zação e estrutura do O prédio mais distante é o ateliê, local. “Olhando os local onde Burle Marx pretendia se e concertos já foram realizados ali. jardins, a gente percebe a forte ca- dedicar à produção de suas obras. “Estamos restaurando o ateliê para racterística do paisagismo do Burle A fachada é oriunda de uma an- melhorar o espaço, trazer as obras Marx. É muito bonito ver como ele tiga construção no Centro do Rio mais importantes de Burle Marx trabalhava com as cores e formas e foi a primeira área estruturada e também abri-lo para o público”, das plantas. Todos os alunos ama- do local. Burle Marx faleceu antes conta Marlon Costa. ram, estão todos maravilhados. É que pudesse utilizar seu ateliê, mas Ao percorrer o Sítio, as mais tudo muito bem organizado e a eventos como apresentações de ballet variadas espécies, comuns e exóticas, infraestrutura para fazer a visita,

Heliconia hirsuta ‘Roberto Burle Marx’: a planta A espécie “Pitcairnia sp” pertence à família Agave wercklei: a beleza da flora é uma das símbolo do Sítio leva o nome do paisagista das bromélias grandes atrações do sítio o Prelo 21 inclusive para a terceira idade, é ótima.” Os elogios e a admiração não ficam somente por conta dos visitantes. Para Marlon Costa, o Sítio representa parte da vida e obra de Burle Marx. “O Sítio Roberto Burle Marx deixa um legado de anos de estudo e dedicação às mais variadas espécies. São testemunhos significativos do comportamento e evolução das plantas aqui cria- das. Nosso principal objetivo é dar continuidade aos estudos de Burle Marx, além de assegurar e difundir sua coleção de grande importância não só para o Brasil, mas para o mundo”, finaliza. q A sala de cerâmica abriga peças do Vale do Jequitinhonha Roberto Burle Marx esde a infância não foi di- carreira. No Brasil, D fícil perceber o talento do destacam-se os pro- pequeno Roberto Burle Marx. jetos para os jardins Filho de uma pernambucana e públicos do Parque do um alemão, o futuro paisagista Flamengo, no Rio de sempre demonstrou interesse Janeiro, e do Parque pelas mais diversas formas de do Ibirapuera, em arte. Desde os seis anos cole- São Paulo. cionava espécies de plantas e Inspirado pela já mostrava entusiasmo pela flora brasileira e sua botânica. De 1928 a 1929 Burle variedade de espé- Marx estudou pintura na Alema- cies, Burle Marx foi nha, e nesse período frequentou um grande defensor o Jardim Botânico de Dahlem, das plantas nativas, em Berlim. Foi lá, longe de sua uma de suas mais terra natal, que se encantou marcantes caracte- pela flora brasileira. rísticas. A preser- Quando voltou ao Brasil, vação ambiental foi ingressou no curso de Belas outra grande preocu- Artes da Universidade Federal pação de Burle Marx, do Rio de Janeiro (UFRJ). Seu que através de sua primeiro projeto paisagístico, obra pôde não só dis- elaborado em 1932, foi um jar- seminar a flora brasi- dim residencial para um imóvel leira, como preservá- cuja arquitetura era assinada -la e torná-la símbolo pelos renomados Lucio Costa e Burle Marx no Sítio que leva seu nome: local de pesquisa e de riqueza cultural e preservação de conhecimentos botânicos Gregori Warchavchik. Por três orgulho nacional. anos, de 1934 a 1937, foi o jardins dentro e fora do Brasil. Diretor de Parques e Jardins de No exterior, os projetos de jardins SERVIÇO Recife, onde projetou diversos privados em Caracas, Venezuela, Sítio Roberto Burle Marx – Estra- jardins, entre eles o da Praça e em Santa Barbara, nos Estados da Roberto Burle Marx, 2019. Barra de Casa Forte. Unidos, são amplamente conhe- de Guaratiba, Rio de Janeiro. Contato: (21)2410-1412. Blog: sitioburlemarx. A inconfundível mistura de cidos. Os jardins da UNESCO, em blogspot.com. Para visitar o Sítio é cores e formas tão caracterís- Paris, e em Longwood Gardens, necessário agendar uma visita pelo ticas de seu trabalho pode ser na Filadélfia, também figuram telefone de contato e pagar uma taxa encontrada em importantes entre os mais importantes de sua de R$10,00 por pessoa.

22 o Prelo Cursos online gratuitos: uma maneira fácil de adquirir conhecimento Instituições e empresas oferecem ambientes virtuais de aprendizagem para usuários interessados em estudar pela internet

Thaís Brito

s cursos online grátis são uma excelente opor- Unicamp tunidade para quem tem vontade de aprender, O http://www.ocw.unicamp.br/ mas não tem tempo para fazer um curso presencial ou dinheiro para pagar. Com uma conexão de internet A Universidade Estadual de Campinas possui um portal, o OpenCourseWare Unicamp, que hospeda conteúdos e um pouco de dedicação e disciplina, o aluno tem a de diferentes disciplinas de cursos de graduação. História Social chance de estudar e investir na formação por conta da Cultura, Química I e Física do Estado Sólido são exemplos própria sem custos e quando quiser com os conteúdos de materiais incluídos recentemente. Além disso, o Centro de disponibilizados por diversas instituições e empresas Computação (www.ggte.unicamp.br/minicurso/) também ofe- renomadas na rede. rece minicursos virtuais como CCS – Cascading Style Sheets, Para a professora da Escola de Comunicação da Busca na Web e Conceitos Básicos sobre Videoconferência. Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e coorde- nadora do Laboratório de Pesquisa em Tecnologias da Sebrae Informação e da Comunicação (LATEC/UFRJ), Cristina http://www.ead.sebrae.com.br/hotsite/cursos/ Jasbinschek Haguenauer, existem semelhanças entre os cursos online gratuitos e os materiais que são ven- O portal de educação do Serviço Brasileiro de Apoio a didos em bancas de jornal há décadas. “O que muda, Pequenas Empresas tem uma vasta gama de cursos para o na verdade, é o suporte: antes, o livro, os fascículos e, internauta escolher. Para quem está dando os primeiros pas- sos, o indicado para começar é o AE: Aprender a Empreender, hoje, a internet. A linguagem atualmente também é de acordo com a recomendação do site. Depois de concluída diferente, com mais movimento e interatividade. Mas a primeira etapa, o aluno pode escolher entre MEG: Primeiros ainda é um autoestudo que depende do interesse e da passos para a Excelência, IPN: Internet para Pequenos Negó- habilidade do aluno para estudar sozinho”, destaca. cio, Sei controlar o meu dinheiro, entre outros. Ficou interessado em experimentar esta moda- lidade de ensino à distância via internet? A revista O FGV Online Prelo fez uma lista com algumas opções: http://www5.fgv.br/fgvonline/Cursos/Gratuitos/

A Fundação Getúlio Vargas oferece cursos abertos em várias áreas do conhecimento para ajudar na formação profissional. Com carga horária entre 5 e 40 horas, o aluno pode optar por estudar assuntos da área de finanças, sus- tentabilidade, direito, educação e comunicação, história e ética, gestão de pessoas, etc.

BMF&Bovespa http://www.bmfbovespa.com.br/pt-br/educacional/cursos

A Bolsa de Valores de São Paulo tem cinco cursos online grátis. São eles: Finanças pessoais, Mercado de ações, Concei- tos básicos do mercado de ações, Guia de Mercado de ações e Tesouro direto: investindo em títulos públicos.

Receita Federal http://www.receita.fazenda.gov.br/atendvirtual/CentroAtendVirtual/ead.htm O órgão disponibiliza cursos, tutorias e dicas para escla- recer dúvidas sobre o funcionamento do Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica (CNPJ), Pedido eletrônico de Restituição, Ressarcimento ou Reembolso e Declaração de compensação de receitas administradas pela Receita, Simples Nacional e mais.

o Prelo 23 Cinema para o povo

Aulas gratuitas ensinam jovens da Baixada Fluminense a dominar as técnicas e a linguagem cinematográfica Fotos: Daniel Ruela Rafael Ribeiro

ma idéia na cabeça e uma U câmera na mão, mais do que lema do Cinema Novo, é uma reali- dade para os alunos da Escola Livre de Cinema de Nova Iguaçu (ELC). O projeto foi criado há quase sete anos com o objetivo de incentivar os jovens da Baixada Fluminense a do- minarem as técnicas e a linguagem cinematográfica. Atualmente, a ELC oferece cursos gratuitos voltados para diferentes áreas do cinema e do audiovisual. Entre várias atividades, os alunos saem às ruas com uma câ- mera na mão para colher imagens e voltam à sala de aula, onde transfor- Professor Diego Bion ensina Luiz Carlos a fotografar em atividade externa mam os seus conteúdos em vídeos, filmes ou simplesmente fotografias. Desde a sua criação, a escola já aten- 17 anos, sem limite de idade, e que de Clipes ativistas é interessante, pois deu mais de três mil estudantes. Hoje esteja cursando ou tenha concluído os alunos podem sair às ruas para conta, em média, com cerca de 150 o ensino médio, além do chamado produzir filmes ativistas, como o pessoas que buscam conhecimento Cinema na Sala de Aula, no qual o próprio nome diz, e fazer vídeos sobre a arte cinematográfica. público-alvo são educadores, que sobre denúncias ou coisas boas da A ELC foi desenvolvida pela podem ser professores, pedagogos, cidade de Nova Iguaçu”, explica organização não governamental ativistas culturais ou profissionais Luana. Avenida Brasil Instituto de Criati- envolvidos com projetos na área da Outro grande parceiro é o La- vidade Social, situada também em educação. Todos os anos, segundo a boratório Cultural, que abriga as Nova Iguaçu. O objetivo da ONG, produtora da escola Luana Pinhei- oficinas do Senac dentro da escola. criada pelos artistas Marcos Vinicius ro, a metodologia de ensino muda, “O Laboratório Cultural nos apoia Faustini, Anderson Barnabé, Ale- então novos cursos para pessoas com relação ao espaço e à produção. xandre Damasceno e Cristiane Brás, maiores de 17 anos podem surgir. Eles ajudam a carregar o piano, é estabelecer e manter as demandas Fora as aulas de videoarte, que literalmente. Já o Cineclube Bura- sociais e culturais, atuando princi- são ministradas pelos mediadores co do Getúlio tem como principal palmente na capacitação de jovens e da ELC, as outras são realizadas mediador no curso de videoarte seu crianças para se destacarem na área por parceiros do projeto. Clipes coordenador Diego Bion”, diz a pro- do audiovisual. ativistas, por exemplo, é dado pelo dutora. A Petrobras colabora com Embora o carro-chefe seja o Cineclube Mate com Angu, que tem o projeto, patrocinando-o desde o curso de videoarte, para jovens de o objetivo de atender a Baixada Flu- início de 2011. 12 a 16 anos, podendo o aluno ficar minense e visa discutir amplamente “A cada aula nós temos um estudando durante os quatro anos a produção e exibição de filmes no produto.” Essas foram as palavras ou até completar 16 de idade, a ins- âmbito social e estético da região. do professor do curso de videoarte tituição também oferece as aulas de A Universidade Federal Fluminense Diego Bion, ilustrando como as clipes ativistas, destinadas a qual- (UFF), outra parceira, aplica o curso aulas funcionam. Os alunos sem- quer pessoa interessada a partir de de Cinema na Sala de Aula. “O curso pre produzem algo novo. Ele exalta 24 o Prelo Aula de videoarte ministrada por Diego Bion também a importância do curso no pelos alunos com a ajuda dos media- chamado “Carnaval, Bexiga, Funk e desenvolvimento do jovem. “O ob- dores, como “As aventuras de Iguaçu Sombrinha”, que trata do universo jetivo é possibilitar experimentação e sua turma”, série de animação que dos clóvis, fantasia carnavalesca ca- para os alunos. Nós temos uma conta a história da personagem Igua- racterística dos subúrbios cariocas, relação de troca com eles muito çu e sua irmã Iguaçuana, que tem a Faustini e sua equipe, que formam importante”, explica. missão de resolver os problemas de a Avenida Brasil Instituto de Cria- Luiz Carlos, de 14 anos, um Nova Iguaçu. A série rodou em vários tividade Social, foram convidados dos alunos, gosta muito das aulas festivais de cinema pelo Brasil. pelo então prefeito de Nova Iguaçu, e quer seguir carreira no meio cine- Outra grande realização muito Lindberg Farias, a criarem um pro- matográfico. “Pensei em entrar no importante foi a idealização do Igua- jeto de cinema. curso para conhecer melhor a área cine, festival de cinema promovido Sua inauguração teve a ilustre e atualmente as aulas estão sendo e produzido pela própria escola, e já presença do cineasta Cacá Diegues, bastante satisfatórias. Quero inclu- teve três edições. “O Iguacine – Festi- que produziu filmes como Deus é sive, quando crescer, me tornar um val de Cinema de Nova Iguaçu - teve Brasileiro, O Maior Amor do Mundo profissional no cinema”, diz. edições em 2008, 2009 e 2010. Esta- e Xica da Silva. Ele, que doou seu Luana conta que a escola tem mos confiantes que a quarta edição nome à biblioteca da escola, conta por pilar a tríade palavra, corpo e seja em breve”, conta Luana. Em que se sente orgulhoso com a ho- território. “A ideia é fazer com que 2007, a ELC teve a oportunidade de menagem. “Me sinto muito feliz e os jovens conheçam e reconheçam produzir uma vinheta de animação honrado, pois a Escola Livre de Ci- melhor o lugar em que vivem, que para a Rede Globo, durante a trans- nema de Nova Iguaçu é um projeto seria corpo e território. Palavra fica missão dos Jogos Pan-Americanos. exemplar. Ela consegue realmente por conta do Diário de Bordo, no preparar os alunos para realizarem qual os alunos podem colocar to- Como tudo começou atividades cinematográficas”, conta. das as impressões. Com isso, nós podemos acompanhar o seu desen- A Escola Livre de Cinema de Serviço volvimento.” Nova Iguaçu foi fundada em 2006 Escola Livre de Cinema de Nova Iguaçu A ELC teve a oportunidade de pelo diretor de teatro Marcos Vi- Endereço: Rua Candido Lima, nº 13. participar do Festival do Rio, um dos nicius Faustini, que já tinha uma Austin, Nova Iguaçu principais eventos de cinema do Rio Escola Livre de Teatro na época. Telefone: (21) 2763-7570 de Janeiro, com mostras produzidas Após produzir um documentário Site: www.escolalivredecinemani.com.br o Prelo 25 Fotos:Daniel Ruela

Ricardo Rodrigues em açãxxxxxxxxxx ruasx

O museu conta com réplicas de inventos de Leonardo da Vinci O público tem à disposição 32 guias Um museu dedicado à ciência e à vida Interatividade é o ponto alto do espaço que atrai cada vez mais público em Duque de Caxias

Natan Pereira melhor forma de se conhecer um que podem ser tocadas e testadas pelo museu é com um grupo de amigos. público. O instituto conta também m dos maiores polos indus- Consegui fazê-lo agora e achei in- com textos e esboços dos desenhos do U triais do Estado do Rio de Ja- crível a interatividade que existe aqui, cientista e pintor. neiro, Duque de Caxias, na Baixada nas exposições”. Exposições itinerantes Fluminense, também tem opções nas Quem apostar na visita vai áreas da cultura e da ciência. Inau- conhecer, por exemplo, um outro Ao entrar no prédio de quatro an- gurado em 2010, O Museu Ciência lado do grande pintor renascentista dares que abriga o museu, o visitante e Vida mostra as exposições de uma Leonardo Da Vinci (1452 – 1519). O logo se depara com a Exposição Nascer forma diferente. Ao contrário da autor do famoso La Gioconda, mais que mostra a vida de um ser humano maioria dos espaços dessa natureza, conhecido como a Mona Lisa, também desde o encontro dos seus pais até o nesse é possível o visitante interagir foi um grande cientista. A exposição nascimento da criança. Fotos com com os objetos expostos. Projeto da Leonardo Da Vinci: Maravilhas Mecâ- nascimentos de crianças de diversas Fundação Cecierj – Divulgação Cien- nicas mostra a criatividade de uma tribos ilustram o percurso. tífica, o museu conta ainda com um pessoa que viveu no distante século Além das mostras sobre Leonar- cineclube e um planetário. A entrada XV. Entre as suas invenções está o do Da Vinci e da Exposição Nascer, há é gratuita e as visitas guiadas podem tanque militar equipado com canhões no museu outras exposições itineran- ser feitas de terça-feira a domingo, que eram carregados e manobrados tes. Ao todo, são oito: Elementar – A incluindo feriados. de dentro do veículo. O aparelho é Química que faz o mundo, Tesouros do Único na região, o espaço atrai considerado um antecessor do tanque Museu Nacional, Reflexos dos Mares, um público que não está acostu- blindado, que entra para a história Pequenos Companheiros e Fotografias mado a frequentar museus, como a 500 anos mais tarde, na 1ª Guerra da Ciência na Amazônia. Uma das que professora e advogada aposentada Mundial. Da Vinci inventou também mais recebem destaque é a primeira. Elza Mendonça, moradora da região, a churrasqueira, a ponte móvel e uma Com o objetivo de revelar os segredos que fazia sua primeira incursão: cidade planejada. Todas as invenções da química, ela exibe a presença desta “Nunca estive aqui. Achava que a contam com protótipos ou maquetes ciência em nosso dia-a-dia. É possí- 26 o Prelo Fotos: Daniel Ruela vel interagir com um computador e com a tabela periódica, que tem os elementos químicos devidamente representados por símbolos físicos. Ao encostá-los junto ao aparelho, toma-se conhecimento do que são e suas propriedades. Além disso, pode- -se acessar vídeos, painéis e módulos interativos. Já a mostra Fotografias da Ciência na Amazônia traz relatos fotográficos de excursões de nomes como o escri- tor e repórter jornalístico Euclides da Cunha e dos cientistas Evandro Chagas e Oswaldo Cruz à Amazônia. Para a assessora de comunicação do museu, Renata Bohmer, o visitante percebe a importância da imagem como instru- mento de pesquisa. O instituto conta ainda com as exposições Reflexos dos Mares, sobre os Salas da aula cheixxxxxxxxxx xxxxxxxxxxxxxx xxxxxxxxxxxxxxxx manguezais, expostos em 35 fotogra- fias tiradas no Brasil e no mundo. Por fim, a mostra Tesouros do Museu Na- cional revela parte do acervo do Museu Nacional, localizado em São Cristovão, Único na Baixada Fluminense, o planetário Marcos Pontes comporta 68 pessoas na zona norte da cidade do Rio de Janei- interessante é a Pequenos Companheiros, Com filmes e documentários, são ro e dono de um dos maiores acervos onde é possível conhecer o primeiro promovidas sessões de filmes que científicos da América Latina. satélite artificial da Terra, através de tenham caráter científico às terças- O estudante Mateus Gabriel e a uma réplica em tamanho real. Lança- -feiras e quintas-feiras. Já aos sábados sua mãe Márcia Regina, moradores de do em 1957, o Sputnik foi o precursor e domingos, o local se transforma em Nilópolis, acham que a exposição mais da Era Espacial. “ Podemos conhecer os um pequeno cinema com a exibição vários satélites que já foram lançados e de blockbusters e títulos do grande descobrir que o Brasil teve participação circuito. em alguns deles mesmo que apenas O museu, inaugurado em 2010, financeiramente”, disse Márcia Regina. já recebeu, em dois anos, mais de O museu conta também com 85 mil visitantes, dos quais, apro- uma atração extra: um Planetário. ximadamente, 65% são público Único existente na Baixada Flumi- espontâneo. Este índice supera o do nense, o Planetário recebeu o nome de Museu de Ciência e Vida de Barcelo- Marcos Pontes, primeiro astronauta na, na Espanha. brasileiro, e conta com 68 lugares A instituição está sendo preparada para receber aqueles que desejam para receber até o final de 2013 mais conhecer melhor as constelações e o exposições permanentes. No total, céu ao longo das quatro estações do serão três: Energia que Move o mundo; ano. Com entrada franca, a direção Viagem pelo Corpo Humano; e Da Gota distribui senhas meia hora antes das d’Água ao Meio Ambiente que ocuparão projeções na cúpula que acontecem todo o espaço do edifício, erguido no de terça a domingo. A assessora de Centro de Duque de Caxias. q comunicação explica a diferença do Planetário Marcos Pontes para os ou- Serviço tros que existem no estado. “O nosso, Endereço: Rua Aílton da Costa, s/n por contar com capacidade reduzida, é - 25 de Agosto, Duque de Caxias, mais intimista. Aqui, há uma pessoa Rio de Janeiro. que explica e interage com o público, Telefone: 2671-7797 Horários: terça a sábado, das 09h diferente dos outros em que a plateia às 17h; domingos e feriados das apenas acompanha a exibição.” 13h às 17h A alquimia está representada na exposição O Cineclube é outra atração A entrada é gratuita. Elementar - a química que faz o mundo oferecida pelo Museu Ciência e Vida. www.museucienciaevida.com.br o Prelo 27 Teresópolis Fotos:Divulgação

Montanhas e bucolismo estão presentes em todas as paisagens de Nova Friburgo, como nesta imagem do Country Club

O Dedo de Deus, mais tradicional símbolo fluminense, domina a paisagem de Teresópolis Glamour e tradição aos pés do Dedo de Deus

Luiz Augusto Erthal stampado no brasão e na ban- apenas com o indicador apontado para E deira fluminense, o Dedo de Deus o céu, é a própria imagem-símbolo é seguramente o mais tradicional da cidade. símbolo do Estado do Rio. Desponta, Majestosa, altaneira e encanta- do alto de seus 1.692 metros, no dora como o próprio Dedo de Deus, cenário alcantilado da Serra dos Ór- Teresópolis estaria destinada a ser gãos, designação dada ao conjunto de a capital fluminense pelo fato de se montanhas posicionadas entre Petró- localizar no centro geográfico do es- polis e Nova Friburgo, integrantes do tado. A tese, de influência positivista, complexo geológico da Serra do Mar, era bastante aceita pelos políticos pelos imigrantes que associaram as do final do século XIX e chegou a formações rochosas com os órgãos de se realizar utopicamente, através de tubos das igrejas europeias. um decreto do governador Francisco O pico, cuja conquista, em 1912, , de 6 de outubro de 1890, por escaladores teresopolitanos, repre- transferindo simbolicamente a capi- senta um marco no alpinismo brasi- tal, de Niterói para Teresópolis. Mas, leiro, encontra-se no centro da cadeia ao contrário do que se consumou montanhosa, dominando, a seus pés, no plano federal com a mudança da a cidade de Teresópolis, fundada no capital da República para o Planalto vale do rio Paquequer e assim batizada Central após a criação de Brasília, no em homenagem à imperatriz Teresa início dos anos 60 do século passado, Cristina, mulher do imperador Pedro Teresópolis jamais abrigaria efetiva- II. Embora localizada em território do mente a sede do governo do estado.

município de Guapimirim, a sugestiva A imperatriz Teresa Cristina, que inspirou o A vocação da cidade seria mes- montanha em forma de mão cerrada, nome de Teresópolis mo aquela descoberta pela família 28 o Prelo Fotos:Luiz Augusto Erthal Augusto Fotos:Luiz

Vista parcial da Granja Comary com o lago ao centro Fachada do antigo Hotel Higino, no bairro do Alto imperial brasileira, que encontrou , no bairro de através da Granja Comary, antiga na paz das montanhas, no frescor Araras. propriedade da família. O empre- do clima ameno, com temperaturas O mesmo pode-se dizer dos sário Carlos Guinle sonhou criar médias anuais entre 16 e 20 graus, Guinle, que protagonizaram na ali uma fazenda modelo dentro da e no esplendor da Mata Atlântica – segunda metade do século passado Mata Atlântica, mas o projeto não até hoje preservada por importantes a derrocada financeira de um dos chegou a prosperar e a área, após ser parques ecológicos – um refúgio ideal mais poderosos clãs brasileiros, mas loteada, transformou-se em requin- para escapar da canícula do Rio de deixaram em Teresópolis marcas tado condomínio residencial aos pés Janeiro no verão. De uma simples indeléveis do seu fausto – também do Dedo de Deus. A Granja também rota de ligação da Corte com Minas presentes em monumentos como é conhecida por abrigar o centro de Gerais, inaugurada ainda nos tempos o Copacabana Palace e o Palácio treinamentos da Seleção Brasileira coloniais para escoar o ouro brasilei- Laranjeiras, atual residência oficial de futebol, atraindo as atenções de ro com destino a Portugal, a região do governador do Estado do Rio – todo o país e até do exterior nos estaria destinada principalmente ao períodos de preparação para compe- turismo de lazer e de veraneio. tições internacionais, como a Copa Não um turismo qualquer. do Mundo e as Olimpíadas. Teresópolis iria, ao longo do século O centro de referência da ele- XX, se destacar das demais cidades de gância teresopolitana dos tempos veraneio da serra fluminense por sua dos Guinle e dos Bloch era o Hotel sofisticação e elegância. Foi – e ainda Higino, no bairro do Alto. O luxuoso é – frequentada por grandes empre- hotel – hoje também transformado sários e suas famílias, que construí- em um condomínio de apartamen- ram casas deslumbrantes, formando tos – foi frequentado por veranistas bairros requintados sob a franja das de todo o país, muitos dos quais montanhas. O gosto exigente desses atraídos pelo cassino que funcionou habitués levaria ao surgimento de so- no hotel até a proibição do jogo no fisticados clubes, hotéis, restaurantes Brasil. e casas de arte. A tradição de sofisticação hote- Uma das famílias que elegeram leira vem sendo mantida por outros Teresópolis como destino frequente estabelecimentos, como o tradicio- nas férias e finais de semana foram nal Hotel Alpina, entre muitas ou- os Guinle. Eles podem mesmo ser tras opções de hospedagem dentro considerados precursores dessa pre- e fora da cidade. Neste último bloco ferência burguesa em relação à cida- se encontram alguns bons repre- de serrana e certamente contribuíram sentantes da alta hotelaria, como o para atrair outros magnatas, como São Moritz e o Le Canton, ambos Adolpho Bloch, criador da revista e da no chamado Circuito Terê-Fri, um rede Manchete de televisão. Seu im- conjunto de excelentes hotéis e pério de comunicação já desapareceu, restaurantes à margem da RJ 130, mas sua presença na cidade permanece rodovia que liga Teresópolis a Nova através da Casa de Cultura Adolpho Friburgo e oferece inúmeras opções Bloch, construída em 1985 na Praça Exposição e venda de flores no Orquidário Aranda de lazer, além de belos sítios, fa- o Prelo 29 zendas e a maior concentração de Capril Genève foi construído em a Frialp, uma queijaria-escola que produtores hortifrutigranjeiros do 1995, inspirado na arquitetura produz e ensina os segredos dos estado. Entre as atrações existentes suíça, e conta com um rebanho de bons queijos suíços. Os queijos nesses hotéis figuram SPAs, pis- 250 animais, sendo 70% de raça nobres, porém, não são os únicos cinas aquecidas, cavalos de raça, Saanen e 30% da raça Parda Alpina. representantes da tradição culinária pistas de boliche, além de outras A ordenha é mecânica, feita duas suíça e alemã da região. Na subida criações excêntricas, como um rink vezes por dia, e grande parte da da serra, mais precisamente no mu- de patinação no gelo e a réplica de alimentação dos animais é produ- nicípio de Guapimirim, na salsicha- um castelo medieval. zida na própria fazenda. O Capril ria Alemão da Serra é de onde saem Ainda na Teresópolis-Fribur- recebe visitantes, que são cicerone- salsichas, linguiças, kassaler, eisbein go, a par das opções da alta gas- ados por um guia que os conduz e muitos outros produtos para tronomia oferecidas por alguns por todas as etapas de fabricação abastecer restaurantes com cardá- restaurantes, desperta grande do queijo e descreve os detalhes da pio alemão, não só em Teresópolis, interesse uma fazenda de criação criação dos animais. como a tradicional Taberna Alpina, de caprinos onde são produzidos Mais adiante, na RJ 130, já como também no Rio de Janeiro e queijos finos de leite de cabra. O no município de Friburgo, existe em várias outras cidades. q Portal ICMBio Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade/Foto: Ernesto Viveiros Ernesto Biodiversidade/Foto: da Conservação de Instituto Chico Mendes ICMBio Portal O majestoso cenário formado pelos picos do Parque Nacional da Serra dos Órgãos, paraíso do montanhismo Um paraíso ecológico

ocalizado entre os municípios O parque tem a maior rede Criado em 1939 para pre- L de Teresópolis, Guapimirim, de trilhas do Brasil. São mais servar a excepcional paisagem e Magé e Petrópolis, o Parque Na- de 130 quilômetros em todos a biodiversidade deste trecho da cional da Serra dos Órgãos é uma os níveis de dificuldade, desde Serra do Mar, o parque tem 20.024 das maiores áreas de preserva- a trilha suspensa, acessível até hectares protegidos e abriga mais ção ambiental de mata atlântica para cadeirantes, até a pesada de 2.800 espécies de plantas cata- do Brasil e certamente a principal travessia Petrópolis-Teresópolis, logadas pela ciência, 462 espécies atração turística da região. Sua com 30 quilômetros de subidas de aves, 105 de mamíferos, 103 de importância, porém, não reside e descidas pela parte alta das anfíbios e 83 de répteis, incluindo apenas na preservação ecológica. montanhas. Entre as escaladas 130 animais ameaçados de extin- A área, com vários picos escarpa- destacam-se o Dedo de Deus, ção e muitas espécies endêmicas, dos, é um dos melhores locais do considerado o marco inicial da que só existem na região. A sede país para a prática de esportes de escalada no país, e a Agulha do principal fica localizada na altura montanha, como escalada, cami- Diabo, escolhida como uma das do quilômetro 89 da BR 116, pró- nhada, e rapel, além de possuir 15 melhores escaladas em rocha ximo ao mirante do Soberbo e à fantásticas cachoeiras. do mundo. entrada da cidade de Teresópolis. 30 o Prelo Entrada principal da cervejaria Salão principal, chamado de Bierfest Primeira cervejaria multitemática eresópolis ganhou recente- na Europa, no ano de 613 dc. O ria, onde se pode conhecer todo o T mente uma atração turística conjunto todo foi projetado com o processo de produção da bebida. que tem levado não só visitantes propósito de remeter o visitante a Os mais interessados podem se de outras cidades fluminenses, um autêntico povoado germânico matricular nos cursos ministrados mas também de fora do estado a medieval, com o prédio principal, pelo mestre cervejeiro João Veiga subir a serra. Primeira cervejaria as casas e até mesmo uma capela para aprender teoria e prática da multitemática do país, a Vila St. construídos ao redor de uma pra- produção de cervejas artesanais. Gallen, no bairro do Alto, reúne ça, onde desponta a estátua de Nesse ambiente existe uma linha requinte e sofisticação ao am- um arlequim zombeteiro. do tempo contando a história da biente alegre e descontraído que Como em qualquer parque cerveja no mundo, com destaque caracteriza esses estabelecimen- temático, o objetivo é convidar os para o estabelecimento da Lei da tos. Além de reafirmar o estilo visitantes a permanecerem por Pureza, de 1516, que definiu os glamoroso da cidade, o lugar ofe- várias horas, sendo que neste as quatro elementos essenciais da rece aos frequentadores uma aula principais atrações, por suposto, cerveja: malte de cevada, lúpulos de história em torno do mundo são as cervejas e a gastronomia. aromáticos, água e fermento. Eles cervejeiro que pode resultar até Mas, ao optar pelo ambiente de são representados por uma estrela mesmo no aprendizado prático da cada salão, os clientes estarão de seis pontas, das quais as outras produção de cervejas artesanais. escolhendo um tema diferente de duas simbolizam mais dois elemen- Construída pela família decoração e de estilo do serviço. tos da alquimia responsável pela Claussen, fabricante das tradi- Garçons se apresentam vestidos obtenção da cerveja: o ar e o fogo. cionais marcas Therezópolis, Sul de forma diferente no Bistrô 1912 Serviço Americana e St. Gallen, a vila é, (estilo belle epoque), na Abadia na verdade, um complexo ergui- (monástico), no Bierfest (rústico A Vila St. Gallen fica locali- zada na Rua Augusto do Amaral do em uma área de 1.324 metros germânico), no Biergarten (cam- Peixoto, 166, Alto, Teresópolis. quadrados em estilo bávaro, ins- pestre, ao ar livre) e no Pub Ale- Telefone: (21) 2642-1575. Site: pirada na cidade suíça-alemã de mão (urbano). www.vilastgallen.com.br. Visitas Sankt Gallen, em cujo mosteiro se Uma das principais atrações guiadas de grupos podem ser deu início à produção de cerveja do complexo é uma minicerveja- agendadas pelo telefone.

Vista parcial da Vila St. Gallen A figura do arlequim no centro da praça o Prelo 31 Foto: Álbum de família Da Sibéria para Teresópolis, o requinte da culinária aristocrática russa

ntre várias e excelentes opções E gastronômicas, um restaurante se destaca em particular, não só pela qualidade de seus pratos, mas pela história incomum de seus fun- dadores – o casal siberiano Mikahil Flegonotovitch Smolianikoff e Eu- praxia Wladimirovna Smolianikoff, a “Dona Irene”, que dá nome ao estabelecimento. Eles já estavam na casa dos 70 anos quando, em 1964, após correrem o mundo em sucessivas aventuras, criaram na zona rural de Teresópolis aquele que viria a ser considerado o mais notório restaurante russo do país e um ícone da sofisticação culinária da cidade. A tradição da boa mesa rus- Dona Irene em trajes festivos na China sa, com todos os seus requintes e circunstâncias, foi o que restou mais bem-sucedidos casos da alta Viveram em várias cidades, à aristocrática dona Irene – nome gastronomia brasileira. como Pequim e Beijing, ganhan- adotado por ela no Brasil – após O caminho de dona Irene até do dinheiro e status novamente sobreviver a duas das mais ex- Teresópolis foi pavimentado por através do comércio de peles. No plosivas e sangrentas revoluções experiências dramáticas. Aos 17 entanto, mais uma vez ela iria se do século XX. Descendente de anos ela se casou com Mikahil, ver no epicentro de um dos mais uma rica família siberiana, ela um capitão da guarda imperial do devastadores furacões políticos do criava porcos em uma pequena czar russo Nicolau II, mas pouco século passado. Outra revolução propriedade à margem da rodovia aproveitou da vida aristocrática comunista, esta liderada por Mao Teresópolis-Friburgo, quando, por após o casamento. Sua família Tsé Tung, iria tragar o resultado influência de um amigo, resolveu foi dizimada em um ataque dos do trabalho do casal, forçando- começar modestamente o seu bolcheviques à sua casa, do qual -o a fugir mais uma vez, agora restaurante. Os primeiros fregue- ela foi a única sobrevivente. Após para o Japão, que se recuperava ses eram servidos em sua própria haverem escapado da perseguição da derrota na II Guerra Mundial. mesa de jantar, numa casa que em dos revolucionários comandados Passaram, ainda, por outros paí- nada lembrava os palacetes da sua por Lenin, ela e o marido fugiram ses, como Filipinas, onde viveram infância na Rússia, mas a riqueza para a China numa longa viagem em praias, alimentando-se apenas dos pratos e a elegância do serviço de três anos através da Sibéria, dos peixes que pescavam, até começaram a atrair mais e mais deixando para trás todos os bens chegarem ao Brasil, entrando pelo comensais. Nascia, assim, um dos e títulos. Paraná. 3232 oo PreloPrelo Uma das requintadas salas de refeições do restaurante Dona Irene

Quando se mudaram para negócio, que se mantém até hoje, Na segunda etapa vem a Teresópolis, eles pouco tinham mesmo depois de vários anos após sopa borscht, acompanhada de além das memórias dramáticas, sua morte, como uma das mais pequenos pastéis – os pirozhkis. da enraizada cultura aristocrática importantes referências gastro- A seguir são servidas diversas russa e da requintada formação nômicas não só da região serrana entradas quentes, como asas de recebida na Sibéria. Dona Irene fluminense, mas de todo o país. frango gratinadas, panquecas de falava vários idiomas – russo, fran- O estabelecimento é o único do camarão, blinis, suflês etc. Na cês, chinês, mongol e o português, respeitado Guia Quatro Rodas a terceira, serve-se o prato princi- que aos poucos aprendia. Certo manter as suas duas estrelas por pal, à escolha do cliente: frango a dia ela recebeu em seu modesto mais de 20 anos. Kiev, varênique, pojarsky, podja- restaurante a visita de Adolpho Almoçar no Dona Irene é como rk, caquille e strogonoff. Por fim, Bloch, de origem ucraniana e que experimentar uma viagem no tem- na quarta e última etapa, entram também havia deixado a Rússia po à Rússia imperial e às tradições as sobremesas: Charlotte russa, após a revolução bolchevique. aristocráticas de uma das culinárias supremo de nozes com chocolate, Impressionado com a história de mais requintadas do mundo. A re- pavê de pitanga e panquecas flam- vida de dona Irene e com a qua- feição é servida numa sequência badas no conhaque. lidade de sua cozinha, produziu que pode ser dividida em quatro reportagens sobre ela na revista etapas. Na primeira, servem-se os Serviço Manchete, àquela época uma das zakuskis, que podem ser traduzidos O restaurante Dona Irene fica mais importantes do Brasil, trans- por “pequenos bocados”: uma va- na Rua Ten. Luiz Meirelles, formando rapidamente o seu negó- riedade de frios, como o caviar, o 1800, Bom Retiro, Teresópolis. cio com a repentina notoriedade. arenque, o salmão, patês e saladas, Reservas devem ser feitas pe- Dona Irene mudou-se, com acompanhados de pequenos e in- los telefones (21) 2742-2901 e seu restaurante, da localidade ru- contáveis cálices de vodka caseira, 2643-3813. Site: www.donaire- ral de Albuquerque para o centro produzida artesanalmente e consi- ne.com.br. de Teresópolis, onde expandiu o derada a alma da refeição russa. o Prelo 33 Fotos: ASCOM/Gerson Peres TERESÓPOLIS arredores &

Magé preserva a estação da primeira estrada de ferro do Brasil O antigo píer de Guia de Pacobaíba, no fundo da Baía de Guanabara Por montanhas e vales, entre a ivulgação d Guanabara e o Paraíba do Sul Foto: Foto: eresópolis se encontra no das, são marcos históricos de Magé. T centro geográfico e econô- Emancipado há poucas décadas mico de uma região que se estende de Magé, Guapimirim herdou a honra dede o recôncavo da baía de Guana- de abrigar o Dedo de Deus, que, ao bara até a margem do rio Paraíba do contrário do que muitos pensam, não Sul, na divisa com Minas Gerais. No se encontra no território de Teresópo- seu entorno estão municípios que, de lis, apesar da sua proximidade com alguma forma, se relacionam econô- essa cidade. Também a Guapimirim mica e culturalmente com a cidade pertencem boa parte do Parque Na- da imperatriz Teresa Cristina: Magé, cional da Serra dos Órgãos, incluindo Guapimirim, Sumidouro e Sapucaia. uma de suas sub-sedes, e o Museu Magé é uma das cidades de Vom Martius, onde podem ser apre- maior carga histórica da região, ten- ciadas diversas espécies da flora e da do alcançado importância econômica fauna típicas da mata atlântica. e geográfica considerável em alguns Acima de Teresópolis estão lo- momentos de desenvolvimento do calizados os municípios de Sapucaia país. Localizada no fundo da baía de e Sumidouro, este já confrontando Guanabara, tinha no porto de Estrela com o território mineiro, através do uma rota importante para o esco- rio Paraíba do Sul. Entre as várias amento da produção cafeeira. Em atrações naturais do município está a 1854, Irineu Evangelista de Souza, Cascata Conde D’Eu, com uma queda o Barão e Visconde de Mauá, inau- d’água de 160 metros, a mais alta do gurou no município, juntamente rio Paquequer, descrita por José de com o Imperador Pedro II, a primeira Alencar no livro O Guarani. Sapucaia, estrada de ferro do Brasil. A estação por sua vez, se destaca pelo turismo de Guia de Pacobaíba, assim como as rural, tendo sido uma importante Em Sumidouro, a Cascata do Conde D’Eu é atração estruturas do píer, ainda preserva- região produtora de café no passado.q de Janeiro: CCBB, 2004, p.10 Facchinetti / curadoria Carlos Martins e Valéria Piccolo - Rio Sindiclei Baião/Mult Mix Sindiclei Baião/Mult

Prédio da prefeitura de Sapucaia é destaque arquitetônico da cidade Fazenda de Sapucaia retratada por Nicolau Francchinetti (1880) 34 o Prelo

GOVRJ-IOERJ-CertDIGITAL_AncRev211x281mm.pdf 1 18/10/12 14:27 GOVRJ-IOERJ-CertDIGITAL_AncRev211x281mm.pdf 1 18/10/12 14:27 Você com estágio, salário e um futuro inteiro pela frente.

Os alunos da 2ª série do Ensino Médio da rede estadual, a partir de agora, terão estágio remunerado nas secretarias e órgãos do Governo do Rio de Janeiro. Assim, o jovem conhece uma carreira e fica mais fácil definir seu futuro. Inscreva-se: www.rj.gov.br/educacao

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