7 Dossiê 4 XAMANISMO E REDES DE RELAÇÕES INTERINDÍGENAS

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7 Dossiê 4 XAMANISMO E REDES DE RELAÇÕES INTERINDÍGENAS XAMANISMO E REDES DE RELAÇÕES INTERINDÍGENAS: AMAZÔNIA E NORDESTE BRASILEIRO SHAMANISM AND INTER-INDIGENOUS RELATIONSHIP NETWORKS: AMAZON AND BRAZILIAN NORTHEAST Ugo Maia Andrade [email protected] Programa de Pós-Graduação em Antropologia e Programa de Pós-Graduação em Arqueologia da Universidade Federal de Sergipe. Doutor em Antropologia/USP. Orcid: https://orcid.org/0000-0002-0359-3214 RESUMO Trata-se de produzir considerações a partir de dois contextos etnográfi cos distintos de relações de trocas interindígenas baseadas no xamanismo: o submédio São Francisco (divisa BA/PE) e o baixo Oiapoque e rio Uaçá (fronteira Brasil/Guiana Francesa). Ca- racterizadas por suas respectivas literaturas etnológicas como antigas zonas de contato entre índios e entre índios e não índios – experimentando densamente as presenças colonial e missionária – as regiões em pauta apresentam ainda hoje relevantes circuitos de trocas xamânicas que vão da complementaridade ritual à dissensão provocada por dossiê | dossier acusações de feitiçaria, modulando relações políticas intra e intercomunitárias. Essas permutas estão conectadas a outras de tipos matrimonial, comercial, etc., não confi gu- rando um domínio autônomo de relações intersociais. Contudo, dada a importância dos intercâmbios rituais nos registros das relações interindígenas em ambas regiões, faz-se necessário indagar e cotejar os princípios que os ordenam e suas transformações nas respectivas histórias regionais. Palavras-chave: Xamanismo. Submédio São Francisco. Baixo Oiapoque e rio Uaçá. ABSTRACT It is about producing considerations from two distinct ethnographic contexts of interin- digenous relations based on shamanism: the sub-middle São Francisco River (BA-PE limits) and the lower Oiapoque River (Brazil-French Guiana border). Characterized by their respective ethnological literatures as ancient zones of contact between Indians and 84 between Indians and non-Indians, densely experiencing the colonial and missionary presences – the regions on the agenda still present relevant circuits of shamanic ex- changes that range from ritual complementarity to dissension caused by sorcery accu- sations, establishing intra and inter-community political relations. These exchanges are 54 connected to matrimonial and commercial exchanges, not confi guring an autonomous domain of inter social relations. However, given the importance of ritual exchanges in both regions, it is necessary to inquire and compare the principles that order them and their transformations in respective regional histories. vivência ANTROPOLOGIA DE REVISTA n. 54|2019|p. 84-100 Keywords: Shamanism. Sub-middle San Francisco River. Lower Oiapoque River and Uaçá River. INTRODUÇÃO Este artigo tem por tema relações interindígenas de trocas baseadas no xamanismo em dois contextos etnográfi cos distintos onde há vinte anos venho pesquisando: submédio rio São Francisco e baixo rio Oiapoque e rio Uaçá, respectivamente na divisa Bahia/Pernambuco e fronteira Brasil/Guiana Francesa. Em ambas as regiões os intercâmbios interindígenas excedem o âmbito do xamanismo, mas encontram aí um dos principais vetores a sustentar redes de relações regionais, transnacionais e de longa duração (ANDRADE, 2007; 2008; 2012b; 2018) que colocam em evidência múltiplas dinâmicas intra e intercomunitárias, de maneira que as trocas entre os coletivos indígenas acontecem simultâneamento e nos mesmos circuitos das trocas estabelecidas com os espíritos auxiliares dos pajés (Karuãna e Encantados). Penso o xamanismo como sistema de idéias e práticas, ou de pensamento e ação (BUTT, 1966), cujo propósito precípuo é produzir, por meio de técnicas e teorias diversas, a comunicação controlada entre distintos mundos, domínios ou camadas do cosmos a fi m de permitir a continuidade da sociedade humana em meio a uma série de sociedades não humanas (de animais, de plantas, de artefatos, de mestres de espécies, de mortos, etc.), todas relacio- nadas em fl uxos transformacionais que, simultaneamente, reafi rmam as dife- renças objetivas e a unidade na pessoa (sujeito) a elas subjacente (DESCOLA, 2013, pp. 5-13), possibilitando que o conhecimento produzido pelo xamanismo almeje “assumir o ponto de vista do que deve ser conhecido” (VIVEIROS DE CASTRO, 2004, p. 468), uma vez que “é preciso saber personifi car, porque é preciso personifi car para saber” (VIVEIROS DE CASTRO, 2002, p. 360). O xamanismo enquanto instituição social se ocuparia dos efeitos dos fl uxos de energias, representadas pelas sociedades não humanas, sobre o bem estar dos humanos, procurando interferir em tais fl uxos (LANGDON, 1992, p. 13). As dimensões ritual, política, terapêutica e religiosa do xamanismo revelam estratégias diferentes de gestão de relações com não humanos e necessitam ser analisadas de forma integrativa a fi m de possibilitar que o xamanismo seja compreendido holisticamente (ib., p. 20) O BAIXO RIO OIAPOQUE E BACIA DO RIO UAÇÁ Na área compreendida entre os rios Oiapoque e Cassiporé, a BR-156 e o Parque Nacional do Cabo Orange, no extremo norte do estado do Amapá, estão as Terras Indígenas Uaçá, Galibi e Juminã, habitadas pelos índios Palikur, Galibi-Marworno, Galibi-Kali’na e Karipuna. São falantes, respectivamente, das línguas parikwaki (arawak), patois (pidgin originário da Guiana Francesa), galibi (karib) e patois, esta a língua franca da região, mais falada entre os índios que o português. O baixo Oiapoque passou a constar do território brasileiro apenas em 1900 a partir de um arbítrio internacional a favor do Brasil que pôs 85 fi m a uma antiga contestação francesa dos limites de seu território Ultramarino na América do Sul, estipulando-se o rio Oiapoque como fronteira natural entre as duas nações. Durante o longo tempo de vigência do território contestado – cujos limites longitudinais iam do rio Branco (RR) ao Oceano Atlântico – a 54 área em litígio esteve completamente aberta ao fl uxo de pessoas originárias de vivência ANTROPOLOGIA DE REVISTA n. 54|2019|p. 84-100 diferentes nacionalidades e etnias que ora agiam politicamente como unidade autônoma, ora subordinavam-se a interesses do governo francês. Essa região inclui a baía onde deságua o rio Oiapoque e a bacia do rio Uaçá, formada pelos afl uentes Curipi e Urukauá e por uma rede de igarapés que alimenta lagos e lagoas. A foz do rio Uaçá, caracterizada pela presença de grandes manguezais, manifesta singular importância para a cosmologia dos Karipuna, Galibi-Marworno e Palikur, além de ser forte referência na obtenção de caranguejo e caramujo, proteínas complementes à caça e ao peixe. Figura 1 – Localização das Terras Indígenas do Oiapoque, com suas respectivas aldeias Fonte: CCPIO (2019, p. 18-19) No que concerne à morfologia social, os Galibi-Marworno e Palikur tendem a seguir um padrão de residência uxorilocal, com o ideal de autonomia do núcleo familiar. Sem adotarem o mesmo padrão de residência, os Karipuna vêm ocupando novas áreas ao longo do rio Curipi e da BR 156 a partir da for- mação de assentamentos motivada pelo ideal da dispersão dos grupos locais com tendência pendular ao fechamento (adotando o casamento avuncular ou com primos patrilaterais como preferenciais) e à abertura (casando os homens com mulheres Galibi-Marworno ou as mulheres com brasileiros e franceses vizinhos das TIs Uaçá e Juminã) (TASSINARI, 2003). Os Palikur, com descendência patrilinear regida por regras de casamento entre seis clãs exogâmicos, proíbem, implicitamente, uniões entre todos os primos, exceto os paralelos patrilaterais, 86 restando somente dois grupos casáveis para cada clã que poderão repetir as uniões entre si após quatro gerações (CAPIBERIBE, 2007, p. 67). Os clãs palikur são provavelmente oriundos de povos multilingues (PASSES, 2006, p. 76; GALLOIS-CEDI, 1983, p. 27) que passaram a adotar a organização social 54 do grupo majoritário, de língua arawak. No passado esses clãs eram treze e hoje estão reduzidos a seis, mas preservando a descedencia patrilinear e a regra de casamentos fora do clã (CAPIBERIBE, 2007, pp. 67-69). vivência ANTROPOLOGIA DE REVISTA n. 54|2019|p. 84-100 Os núcleos domésticos Galibi-Marworno são denominados de hã (VIDAL; TASSINARI, 2002, p. 4; TASSINARI, 2006, p. 19) e constituem-se de um casal α, suas fi lhas casadas, seus maridos e os fi lhos desses casais, além dos fi lhos solteiros de α. É defi nido pelos Galibi-Marworno como “um mutirão de pessoas” ou “um grupo que trabalha junto” (TASSINARI, 2006, p. 19) e podem manter-se unido até em ocasiões de escolhas eleitorais (VIDAL; TASSINARI, 2002, p. 6). Corresponde à unidade doméstica matrilocal presente na região das Guianas que conforma a autoridade dos sogros sobre os genros mediante o controle sobre suas fi lhas, sendo a uxorilocalidade “o meio pelo qual a família natal pode manter controle sobre as capacidades produtivas e reprodutivas de suas mulheres jovens” (RIVIÈRE, 2001, p. 68). Os pais da mulher do casal α podem ainda integrar o conjunto doméstico, mas é comum que passem a habitar uma outra residência quando velhos, de modo que difi cilmente haverá quatro gerações co-habitando a mesma casa. Para os Galibi-Marworno, e também para os Palikur do Urukauá (CAPIBERIBE, 2007, p. 56), um casal recém formado e sem fi lhos habita a casa dos pais da mulher temporariamente, período em que o genro terá seu comportamento matrimonial “avaliado” pelos sogros e receberá do pai de sua esposa instruções complementares sobre como desempenhar com efi ciência as atividades de subsistência necessárias à manutenção de sua família. SOBRE O XAMANISMO NAS RELAÇÕES REGIONAIS Dentre as múltiplas qualidades
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