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UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ CENTRO DE HUMANIDADES MESTRADO ACADÊMICO EM HISTÓRIA E CULTURAS LIA MIRELLY TÁVORA MOITA “A LEI DA MEGALÓPOLE” PARA A CRONISTA NA DITADURA MILITAR: ASPECTOS DA MODERNIZAÇÃO CONSERVADORA NA ESCRITA DE RACHEL DE QUEIROZ (1964 – 1984). FORTALEZA-CEARÁ 2018 LIA MIRELLY TÁVORA MOITA “A LEI DA MEGALÓPOLE” PARA A CRONISTA NA DITADURA MILITAR: ASPECTOS DA MODERNIZAÇÃO CONSERVADORA NA ESCRITA DE RACHEL DE QUEIROZ (1964 – 1984). Dissertação apresentada ao Curso de Mestrado Acadêmico em História e Culturas do Centro de Humanidades da Universidade Estadual do Ceará, como requisito parcial à obtenção do título de Mestre em História e Culturas. Área de Concentração: História e Culturas. Orientador: Prof. Dr. Gleudson Passos Cardoso FORTALEZA – CEARÁ 2018 2 Dados Internacionais de Catalogação na Publicação Universidade Estadual do Ceará Sistema de Bibliotecas Moita, LiaMirelly Távora. “A Lei da Megalópole” para a Cronista da Ditadura Militar: Aspectos da Modernização Conservadora na Escrita de Rachel de Queiroz (1964 – 1984). [recurso eletrônico] / Lia Mirelly Távora Moita. - 2018. 1 CD-ROM: il.; 4 ¾ pol. CD-ROM contendo o arquivo no formato PDF do trabalho acadêmico com 169 folhas, acondicionado em caixa de DVD Slim (19 x 14 cm x 7 mm). Dissertação (mestrado acadêmico) - Universidade Estadual do Ceará, Centro de Humanidades, Mestrado Acadêmico em História e Culturas, Fortaleza, 2017. Área de concentração: História e Culturas. Orientação: Prof. Ph.D. Gleudson Passos Cardoso. 1. Igreja Católica. 2. Práticas Letradas. 3. Temporalidades. 4. Poder. I. Título. 3 LIA MIRELLY TÁVORA MOITA “A LEI DA MEGALÓPOLE” PARA A CRONISTA DA DITADURA MILITAR: ASPECTOS DA MODERNIZAÇÃO CONSERVADORA NA ESCRITA DE RACHEL DE QUEIROZ (1964 – 1984). Dissertação apresentada ao Curso de Mestrado Acadêmico em História e Culturas do Centro de Humanidades da Universidade Estadual do Ceará, como requisito parcial à obtenção do título de Mestre em História e Culturas. Área de Concentração: História e Culturas. 4 Para os meus pais e meu Joãozinho 5 AGRADECIMENTOS Agradeço aos meus pais, que sempre priorizaram os meus estudos e, hoje, são meus principais incentivadores. Agradeço as minhas irmãs, Karol Moita e Liana Rodrigues, por sempre torcerem pelo meu êxito, ouvirem minhas angústias e compartilharem minhas alegrias, acreditando que eu daria conta de tudo antes mesmo da seleção de mestrado. Agradeço as minhas tias, pelo incentivo e pelas alegrias compartilhadas em cada passo acadêmico meu. Agradeço, especialmente, aos meus dois grandes amigos, Nágila Maia e Rodrigo Cavalcante, por todo incentivo, palavras duras e doces, pela confiança e por toda ajuda, por todas as leituras e críticas que só me ajudaram a crescer. Sem vocês, eu nunca teria saído do imobilismo. Agradeço aos amigos feitos durante o Mestrado, por todas as discussões enriquecedoras que extrapolaram as questões históricas e por todas as vezes que eles ajudaram aliviar esse período tão extenuante da minha vida. Obrigada Eustáquio, pelas palavras doces e maduras, Thiago, por toda ajuda e disponibilidade, Thais, por toda leveza, sintonia e por todas as risadas despendidas em momentos aleatórios. Agradeço a minha amiga, Germana Dantas, por toda a ajuda, incentivo e por todas as revisões textuais que vinham carregadas de “puxões de orelha” bem amorosos. Agradeço, também, a minha outra corretora Nágela Ferreira, que abdicou de várias atividades pessoais para me ajudar no momento final da dissertação. Agradeço a minha prima Kécya Moita, um grande exemplo de nordestina “arretada” no mundo acadêmico do Sudeste, que gastou um dia inteiro na Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro para me ajudar na coleta de fontes para a pesquisa. Agradeço aos meus amigos, que compreenderam minha ausência, meu humor terrível, minha ansiedade, meus dramas, estando sempre ao meu lado, quando possível: Ronaldo Lourenço, Ricardo Melo, Ívila Bessa, Rafaella Fernandes, Fabiana Cordeiro, Thiala Carvalho, Aline Torres, Tatianna Beserra, Nájila Cunha, João Victor Santos, Fabiano Sousa e Elen Costa. Agradeço à banca de qualificação, Prof.ª Valéria Aparecida Alves e Prof. Edmilson Alves Maia Júnior, que, contribuíram com comentários e com sugestões extremamente enriquecedores, incorporadas, na medida do possível, ao texto final. 6 Agradeço aos professores e funcionários do MAHIS, em especial ao Samuel Maupeou, que contribuiu muito para esta pesquisa, acerca de uma bibliografia voltada para a área de estudos urbanos, culturais e sociais nas suas disciplinas. Agradeço ao Professor Gleudson Passos Cardoso, orientador e novo amigo, por todas as contribuições no processo de escrita, por toda disponibilidade e paciência com todas as minhas angústias acadêmicas. 7 “Até então, para mim, paredes eram feitas de livros, sem o seu suporte desabariam casas como a minha, que até no banheiro e na cozinha tinha estantes do teto ao chão. E era nos livros que eu me escorava, desde muito pequeno, nos momentos de perigo real ou imaginário, como ainda hoje nas alturas grudo as costas nas paredes ao sentir vertigem. E quando não havia ninguém por perto, eu passava horas a andar de lado rente às estantes, sentia certo prazer em roçar a espinha de livro em livro.” (Chico Buarque, 2014) “Palavra prima Uma palavra só, a crua palavra Que quer dizer Tudo Anterior ao entendimento, palavra Palavra viva Palavra com temperatura, palavra Que se produz Muda Feita de luz mais que de vento, palavra Palavra dócil Palavra d'agua pra qualquer moldura Que se acomoda em balde, em verso, em mágoa Qualquer feição de se manter palavra Palavra minha Matéria, minha criatura, palavra Que me conduz Mudo E que me escreve desatento, palavra Talvez à noite Quase-palavra que um de nós murmura Que ela mistura as letras que eu invento Outras pronúncias do prazer, palavra Palavra boa Não de fazer literatura, palavra Mas de habitar Fundo O coração do pensamento, palavra” (Chico Buarque, 1995) 8 RESUMO O governo militar, no Brasil, possibilitou um processo denominado modernização conservadora, que gerou ações que pareciam contraditórias, produzindo, ao mesmo tempo, impulsos conservadores e modernizadores. Essas ações não eram excludentes e sim complementares, já que o desejo modernizador implicava em um desenvolvimento econômico e tecnológico, gerando a expansão industrial, urbanização e mecanização do campo, transformações na máquina do Estado e o incentivo às atividades empresariais. Já o impulso conservador estava ligado à vontade de preservar a ordem social e os valores tradicionais, além de promover a integração da sociedade brasileira. Dessa forma, à luz desse contexto histórico, esta dissertação pretende analisar as crônicas de Rachel de Queiroz, publicadas na seção Última Página da revista O Cruzeiro, entre os anos de 1964 e 1975, e as do jornal O Povo, no segmento de política, entre os anos de 1977 e 1984. Esses textos também traziam algumas características que aparentavam ser paradoxais, uma vez que podemos observar o alinhamento da escritora com as ideias dos generais chefes do Executivo no país, como também podemos observar seu incômodo com os frutos da modernização conservadora. Ou seja, ora estava afinada com as transformações estruturais, econômicas e educacionais de cunho liberais, com a vertente conservadora, que desejava mais do que apenas o expurgo da esquerda revolucionária e da corrupção da nação; ora se mostrava enfadada com os frutos da modernização conservadora, com a excessiva mecanização, com os grandes prédios de concreto erguidos, com os muros que tornavam a vida cotidiana cada vez mais impessoal e rápida, nas grandes cidades, alterando costumes e comportamentos de jovens e mulheres. Desta forma, o objetivo dessa pesquisa é compreender como a cronista viu, sentiu e experimentou as mudanças nos equipamentos urbanos, nas inovações tecnológicas e científicas, que se efetivavam nas cidades do país e como esta escritora, fenômeno literário dos anos 1930 e 1940, teve sua obra sombreada durante a ditadura militar por causa de suas relações de adesão com o governo militar e de suas declarações polêmicas. Obviamente, sem deixar de considerá-la um sujeito múltiplo cuja trajetória foi marcada por um percurso que se alterou ao longo do tempo. Palavras-chave: Rachel de Queiroz. Ditadura Militar. Modernização Conservadora. Crônicas. 9 ABSTRACT The military government, in Brazil, enabled a process called conservative modernization, generating actions that it seemed contradictory, producing, at the same time, conservative and modernizing impulses. These actions were not excluding, but complementary, as the modernizing ambition implied in an economical and technological development, generating the industrial expansion, urbanization and mechanization of the field, transformations in the State machinery and the incentive to the business activities. The conservative impulse was connected to the willingness of preserving the social order and the traditional values, besides promoting the integration of the Brazilian society. Thus, according to this historical background, the present study intends to analyze the Rachel de Queiroz’s chronicles, published in the section ÚltimaPágina of the O Cruzeiro magazine, between 1964 and 1975, and other chronicles of the O Povo newspaper, in the politician segment, between 1977 and 1984. These texts also presented some characteristics that seemed to be paradoxical, because it is possible to observe the writer’s alignment with the head generals’ ideas of the Executive Branch in the country, as also her discomfort with the results